CAPÍTULO 14
No rancho humilde da família Coragem, Jerônimo e Potira estavam almoçando. Sinhana acabara de colocar os pratos sobre a mesa e sentava-se também para acompanhar os filhos. De repente a porta da frente se abriu e Duda e Ritinha deram um passo em direção á sala. As atenções se concentraram no casal. Jerônimo, surpreso, não tirava os olhos dos dois.
Duda quebrou o silencio repentino.
-Entra, Ritinha, esta casa agora é sua.
Ritinha entrou, quase chorando.
-Vem, não se acanhe não. – E virando-se para os presentes: - O pai dela expulsou a pobre de casa.
Enquanto o jovem entrava em seus aposentos, no interior da casa, Jerônimo fez a pergunta:
-Que foi que andou fazendo com você, Rita?
-Ninguém fez nada, gente. Não houve nada. A gente brincou sem mal. Se jogou na água. A gente... só se beijou... sem mal. Será que ninguém acredita nisso?
Sinhana ponderou:
-É. O mal todo é esse, menina. É que ninguém vai acreditar.
-E agora como vai ser? – quis saber Jerônimo.
Duda voltara do quarto após tomar banho.
-Já sei, vocês também estão pensando coisas horríveis a nosso respeito.
Jerônimo segurou o irmão pelos ombros. Mãos firmes.
-A realidade é esta, mano: mesmo que não tenha acontecido nada... você vai ter que casar com ela.
Duda teve um choque ao ouvir as palavras do irmão.
-O que!? Ca... casar... com... com ela. Mas... isto é um disparate!
Sinhana entrou na conversa. Incisiva.
-Vai ter, Duda. Honra de moça é um negócio muito sério. Compreenda, filho. Não é problema se você errou ou não errou. O problema é ela ficar falada, desmoralizada.
-Vai ter que casar, Duda. Num tem pra onde.
No centro da cidade vários homens se divertiam vendo o cavaleiro puxar uma moça enlaçada pela cintura. Descalça, sapatos atirados no meio da rua, a jovem vestida de chita, gritava e esbravejava.
-Desgraçado! Patife! Me solta!
O cavaleiro, objeto da fúria da moça, respondia aos insultos.
-Devolve o dinheiro. Devolve, vagabunda. Ou vai ter de sambar na corda aqui pra gente ver.
Alguém perguntou – “Quem é ela?”
-Uma ladra. Roubou dinheiro da venda do Peixoto.
O grupo havia se afastado, dispersando-se. A jovem permanecera sozinha. Calçava os sapatos de fivela e ajeitava os cabelos revoltos. Uma voz surpreendeu o seu silencio.
-Será que estou ficando doido ou você não é a moça que roubou meu cavalo?
-Epa... lá vem mais um. Será que nesta cidade todo mundo é gira?
João coragem insistiu.
-Nós dois...quero dizer... a gente já não se viu, não?
-Nunca vi sua cara. Você viu a minha? Agora sou também ladra de cavalos. Olha aqui, nunca vi seu cavalo, e muito menos você, bonitão. Mas se quer que a gente se conheça melhor, não me custa nada. É só dizer... “me ajude”.
-Olha, juro que rezei pra te encontrar de novo.
-Onde foi que você me viu? Eu não me lembro.
-Por quê ta fingindo? Eu te socorri, te cuidei...
-Está brincando...se é desculpa pra gente entrar num entendimento, tá perdendo seu tempo.
-Não... não é isso... eu precisava te ver de novo.
Uma voz chamou o rapaz. Era o Promotor Rodrigo César. João esqueceu por uns instantes a presença da moça.
-Sei que esteve em minha casa. – Virando-se á procura da jovem misteriosa. – Aquela moça...cadê ela?
Mais uma vez a mulher desaparecera sem explicação.
Do interior da casa, Potira e Sinhana ouviram o galope do cavalo. Chegaram á porta do rancho. O cavaleiro era Lourenço, capataz de Pedro Barros.
-O moço Duda ta aí?
-Tá não. O que qué dele?
-Recado do meu patrão. Ele que se prepare pra casar com a filha do Dr. Maciel, ainda hoje.
-Meu filho não precisa ser obrigado. Se é o certo, ele casa. Se não é, ninguém obriga.
-Certo ou não, ele vai casá. É uma ordem. Coroado em peso está esperando. E vai ser hoje. Na igreja do padre Bento.
Lourenço deu a volta ao cavalo e saiu em disparada.
FIM DO CAPÍTULO 14
João (Tarcisio Meira) e Maria de Lara (Gloria Menezes) NÃO PERCA O CAPÍTULO 15 DE IRMÃOS CORAGEM |
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