CAPÍTULO 12
Duda abriu a conversa:
-Mas... o que está havendo?
-A gente quer que ocê, meu irmão, tome uma atitude de homem no caso da Ritinha – explicou João.
-Se eu não tivesse respeitado ela. Mas não houve nada, João. Coisa de louco.
Jerônimo ponderou:
-O nome dela caiu na boca do povo. Isso não é nada, Duda?
-A gente não quer forçá, mas ocê não vai perder nada se casando com ela. É uma boa moça e gosta de você – considerou João.
-Mas ele não pode casar com ninguém.
A voz viera da porta de entrada da igreja. Ninguém notara a presença estranha.
-Diga a eles, Duda, que você não pode se casar com essa moça.
Duda replicou, grosseiro:
-Cale a boca, Paula. Eu me defendo e não é preciso que você diga nada.
-Mas agora eu quero sabê – João estava sério.
-Eu e Duda somos... somos noivos. Estamos de casamento marcado.
João não se deu por vencido com a intervenção de Paula.
-Tão de casamento marcado, mas não tão de papel passado. Sinto muito, dona, mas a senhora acaba de perder um noivo.
-Está de acordo com isso, Duda?
-Ei! Esperem aí! De acordo coisa nenhuma. Quem decide a minha vida sou eu.
Mudo até aquele instante, Padre Bento sentiu a ameaça da explosão, diante dos rumos tomados pela conversa.
-Meus filhos...respeitem a casa de Deus.
Duda, acompanhado de Paula, deixou o recinto do templo. João e Jerônimo permaneceram ao lado do Padre.
-Esse idiota vai dar pano pra manga... pros nosso inimigo zombar de nós. Eu, João Coragem, você, Jerônimo... O pai e a mãe... nossa família que tem fama de justiceira, de gente boa, sem mancha... a gente que só pensa em acabar com a maldade desta terra... que temos a nosso favor a confiança de todo o povo, vamos ser arrasado por causa de um erro do nosso irmão.
-Ele tem razão, Jerônimo. Nesta terra, quem lutar contra o Coronel Pedro Barros tem que ter a honra inatacável.
A estranha ladra de Coroado dormia serenamente na cela da cadeia local. Fôra apanhada roubando dinheiro da caixa da Igreja. Esperava a visita de João Coragem, a quem dissera conhecer e mandara chamar, logo que fô ra levada á delegacia.
João entrou, abruptamente, na sala do delegado. Falcão virou-se, atento.
-Olá, João. Aí está ela. Conhece?
-Olá, meu amigão. Me tira daqui que eu juro que não se arrepende.
O delegado esclareceu a ocorrência:
-Seu irmão trouxe ela. Viu roubar todo o dinheiro da caixa da igreja. Conhece ela?
O espanto do rapaz se traduzia na expressão do rosto. Boquiaberto. Pasmo.
-Claro que eu conheço. Tira ela daqui. Eu me responsabilizo por ela.
O delegado estava atônito.
-Juro que não entendo mais nada. Pensei que fosse a filha do seu Pedro Barros.
João olhou espantado para a autoridade policial. E para a moça que saía calmamente do interior da cela.
-Filha dele?
Graças a Deus que não é. Ficou provado que não é. Telefonei e a moça estava lá. Por Deus, nunca vi duas pessoas se parecerem tanto.
A jovem desconhecida aproximou-se do rapaz.
-Então. Bonitão. Muito obrigada. Você é bacana pra burro.
João agarrou-a pelo braço.
-Onde pensa que vai?
-Cuidar da minha vida!
-Tá enganada. Agora sou responsável por você. Você vem comigo.
Ela tentou desvencilhar-se das mãos fortes do mancebo.
-Você não é meu dono! Não me comprou!
A moça subiu a garupa do cavalo de João Coragem e o rapaz fez o animal galopar. Riam alegres. Durante alguns minutos atravessaram as ruas da pequena cidade, sob os olhos curiosos da população. Pouco depois ganharam o campo, num galope firme, decidido. Homem e mulher se confundindo com a natureza.
FIM DO CAPÍTULO 12
Gentil Palhares (Artur Costa Filho) e Diana (Gloria Menezes) |
NÃO PERCA O CAPÍTULO 13 DE IRMÃOS CORAGEM
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