quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 13

CAPÍTULO 13

  
     Duda procurava as malas e algumas roupas trazidas do Rio, para a estada no rancho da família. Entrou no quarto dos irmãos. Deparou com Ritinha, sentada ao fundo, dobrando algumas peças do seu vestuário.
     -Oi... você está aí?
     -Tava te esperando, Duda.
     -Pra que tava me esperando?
     -Pra te dizer o quanto lamento tudo o que está acontecendo com a gente. E pra lhe dizer também... que não quero te forçar a nada. Não quero que se case comigo obrigado. Mesmo porque não tem graça, não é? Você se casar sem gostar.
     Eduardo se sentou na cama e forçou a moça a fazer o mesmo.
     -Não. Não é esse o problema, Ritinha. O caso... é que não tenho condições de me casar nem com você... nem com ninguém. A minha vida é dura... é dura, viu? Uma vida sem parada. Hoje eu estou aqui, amanhã posso estar em São Paulo, Recife. Não é vida que a gente possa se dedicar a uma mulher. Não é a vida que mulher nenhuma deseje ter.
     Rita abraçou Eduardo, com ternura.
     -Duda. Se fosse só isso... eu te digo: estou disposta a enfrentar qualquer coisa. Disposta a me sacrificar por você, a passar a vida esperando por você... mas eu quero ser sua mulher. Mas o caso, Duda, eu sei... é que você não gosta de mim.
     -Gostar, eu gosto, mas não é como você merece, Rita.
     Rita de Cássia sentia que o sonho de sua vida poderia transformar-se em realidade. Bastava um pouco mais de estímulo para que tudo pudesse dar certo.
     -Se gosta um pouquinho, Duda, case comigo. Me leve com você... Eu não quero forçar, é claro. Mas gostaria tanto de partir com você. Desejo tanto ser sua mulher.
     As feições de Eduardo traduziam o conflito que lhe ia nalma.
     -Eu sinto... mas não dá pé, Ritinha. Não tem jeito não.
     Saiu apressadamente, com a mala segura pela mão. A velha Sinhana interveio, surgindo do fundo da casa.
     -Onde vai?
     -Embora pro Rio, mãe. Aluguei um táxi que vai me levar de volta amanhã cedo.
     -Teu pai quer te dizer duas palavras.
     -O que é, mãe?
     -Isso que você vai fazer, filho, não é próprio de gente de bem.
     -Eu não quero ouvir mais nada.
     -Vem. O pai te espera.


     Já próximo á choupana de Braz Canoeiro, João e a desconhecida beijaram-se ardentemente sobre a cela do cavalo. A moça saltou, lépida e, correndo pela margem do riacho, arrancou uma planta, atirando-a ao rosto do rapaz. Ele, perseguindo-a, conseguiu alcançá-la e, derrubando-a. a abraçou.
     -Sabe, moça, nunca vi ninguém como você.
     -Nunca viu mulher?
     -Mulher, já. Não do seu jeito.
     -E o que é que tem meu jeito?
     -Ocê tem cara de santa, mas... parece um demônio. Um demônio de tentação... de fogo...
     O apelo era forte demais. Os braços de João Coragem envolviam o delicado corpo da moça. Seus lábios se uniram num desejo mútuo. Cema surgiu á porta da choupana, deparando com a cena amorosa. João percebeu a presença da mulher de Braz Canoeiro.
     -Vem cá, Cema. Eu trouxe essa moça pra ocê olhar pra ela. Olha bem pra cara dela. Veja se não é a mesma que roubou meu cavalo?
     -Parecer, se parece muito. Só que a outra... não vi sorrir nenhuma só vez, Jão.
    João pediu a Cema para hospedar a desconhecida por algum tempo no pobre casebre do garimpeiro.
     -Pode, Jão. Tenho confiança em ocê.
     -O caso é que eu não tenho nela...
     -Ocê fica á vontade. Amanhã... de manhãzinha eu tou de volta com meu Braz.
     Cema saiu, trouxa á cabeça, deixando o rapaz no meio do terreiro, imerso em pensamentos. A voz da moça acordou-o das reflexões.
     -Ei, João Coragem, vem ou não vem?
     Amarrou o cavalo no troco de uma árvore e, desajeitado, entrou apressadamente na choupana de Braz.
     O diálogo foi breve.
     -Eu quero ser sua. Você não me comprou? Sim... a fiança... não foi meu preço?
     -Não vê que isso não pode ser. Cê tem que ter alguém que cuide de sua vida. Não pode ter vindo de qualquer lugar.
     -E vim.
     -De onde?
     -De uma cidade que você não conhece. Longe daqui. Mas eu acho que isso agora não tem grande importância.
     -Não tem?
     -Porquê eu agora sou sua.
     João observou a moça, espantado com a ousadia de suas palavras.
     -Ou... você não me quer?
     -Escute aqui... você é doida? Fugiu de algum manicômio?
     Encarando o olhar do rapaz, a moça principiou um sorriso até alcançar a intensidade de uma gargalhada.
     -Eu nem sei o seu nome!
     -Diana. Diana Lemos.
     A noite avançava. O silencio quebrado apenas pelo tritinar dos grilos na beira do riacho.
     Diana e João dormiam.

FIM DO CAPÍTULO 13
Diana (Gloria Menezes) e João Coragem (Tarcisio Meira)

 NÃO PERCA O CAPÍTULO 14 DE IRMÃOS CORAGEM

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