Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 119
penúltimo capítulo!
penúltimo capítulo!
Participam deste
capítulo
Cyro -
Tarcísio Meira
Ester -
Gloria Menezes
Vanda - Dina
Sfat
Lia -
Arlete Salles
Catarina -
Lidia Mattos
Paulus -
Emiliano Queiroz
Válter - Dary
Reis
Delegado -
Vinicius Salvatori
Inspetor
Baby -
Claudio Cavalcanti
CENA 1 -
PORTO AZUL - DELEGACIA
- INTERIOR - NOITE
CYRO - Boa noite, Dr.
Miguez!
INSPETOR - (inteiriçou-se ao ver o rapaz) Dr. Cyro!
Julgávamos que estivesse morto.
VÁLTER - E que eu o tivesse matado...
INSPETOR - Exato. Que você o tivesse matado.
CYRO - (abraçou o
ex-inimigo, com gesto carinhoso) Válter veio comigo... e eu faço questão de
dizer que ele me salvou a vida. Aceitou a ordem para me eliminar... e sua
intenção foi apenas impedir que outros o fizessem.
VÁLTER - Eu não fiz mais do que minha obrigação.
CYRO - Bem, Dr. Miguez... Dr. Moreira... eu estou às
ordens de ambos. Voltei porque tenho muita coisa a esclarecer... mas voltei,
também, para deslindar meu caso com a justiça.
INSPETOR - O senhor nada deve à justiça.
CYRO - (atônito) Como assim?
DELEGADO - Os culpados já confessaram os seus crimes.
VANDA - (abraçou-o, alegre) Puxa! Que bacana!
Então... ele está livre?
INSPETOR - Será levado a julgamento, apesar de tudo, mas
as novas provas irão absolvê-lo.
CYRO - Obrigado... isso me alegra... era aí que eu
queria chegar... embora falte ainda alguma coisa... talvez o mais importante para ser esclarecido. Eu me refiro à morte de
Ivanzinho, o filho de Ester.
DELEGADO - (aproximou-se do médico, fisionomia grave) O
senhor sabe quem matou o menino?
CYRO - (fez uma pausa de alguns segundos, antes de
responder) Sim... eu sei. E sei também quem deu a ordem para matá-lo.
DELEGADO - Para matar o menino?!
CYRO - Exatamente. Aquele tiro não era para mim.
Era para a criança.
A VOZ NERVOSA DA MULHER DO PREFEITO ECOOU NA SALA E LIA
APARECEU CAMBALEANTE. MAL RESPIRAVA.
LIA - Cyro!
CYRO - Lia!
OS DOIS ABRAÇARAM-SE.
LIA - Venha comigo! Precisamos de você! Telefonaram
do hospital e disseram que Otto acabou de morrer! Eu não acredito! Você chegou
e pode salvar a vida dele!
VANDA - (intercedeu, mostrando as costas do médico)
Cyro também está muito ferido. Olhem... vejam as costas dele. Estão em carne
viva! Seu Otto mandou matar Cyro e querem que Cyro vá até lá pra salvar sua
vida! Essa não!
CYRO - (falou, tranquilo) Espere, Vanda! Os outros
médicos tem capacidade de salvá-lo. É só seguirem o que o Dr. Max vinha
fazendo...
LIA - (insistiu) Não podemos perder tempo!
VANDA - (berrou) Cyro! Você ainda vai salvar a vida
desse assassino?
CORTA PARA:
CENA 2 -
HOSPITAL - QUARTO DE OTTO -
INTERIOR - NOITE
DONA CATARINA CONTINUAVA ABRAÇADA SOBRE O CORPO DO FILHO. A
PORTA SE ABRIU E CYRO ENTROU, EM COMPANHIA DA ESPOSA DO PREFEITO. ESTER FICOU
PARALISADA.
ESTER - Cyro!
O JOVEM ABRAÇOU-A APERTADAMENTE, ENQUANTO IDENTIFICAVA, UM A
UM, TODOS OS PRESENTES: PADRE MIGUEL E SEU LIVRO DE ORAÇÕES; CATARINA, TULA,
DONA CONCEIÇÃO, A NEGRA; OS MÉDICOS E RICARDO.
LIA - (balançou, excitada, o corpo da mãe em
desespero) Dona Catarina... Cyro chegou. Cyro vai salvar Otto!
CATARINA - (levantou-se molemente, liberando o corpo)
Veja... se é possível... ainda... se fazer alguma coisa.
CYRO APROXIMOU-SE DO LEITO E EXAMINOU, COM MÃOS HÁBEIS, OS
OLHOS DO MORTO. BAIXOU A CABEÇA, PENALIZADO.
CYRO - Não há mais nada a fazer! Eu faria alguma coisa
se tivesse chegado a tempo.
ESTER - Mesmo sabendo que ele mandou dar cabo de sua
vida?
CYRO - Ele não era responsável por tudo. Não que eu
queira inocentá-lo. Não... era um temperamental... doentio e perigoso. Por isso mesmo, fácil de ser manejado. As pessoas que o
cercavam o orientavam mal.
ESTER - Mas deve existir um responsável!
CYRO - E existe! Ester... eu quero que venha comigo
até a cadeia. Você vai saber tudo a respeito da morte de Ivanzinho.
A MULHER ESTREMECEU. SAÍRAM JUNTOS.
QUATRO VELAS JÁ ILUMINAVAM O CORPO DO PREFEITO DE PORTO AZUL.
CENA 3 -
PORTO AZUL - DELEGACIA
- INTERIOR -
NOITE
DELEGADO - Espere aí!
PAULUS, ABORRECIDO, ESFREGAVA OS OLHOS, SONOLENTO. PASSAVA
DAS DUAS HORAS DA MADRUGADA.
PAULUS - Para que me trouxeram para cá? O que querem
de mim a esta hora?
CYRO - Achei que Ester devia estar presente,
inspetor.
PAULUS ESTREMECEU AO OUVIR A VOZ DO HOMEM QUE ACREDITAVA
MORTO E ENTERRADO.
CYRO - venha, Ester... eu quero que você olhe bem
para esse homem (apontou o advogado) Você não está diante de gente... Está
diante de um monstro. Ele mandou atirar na praça, naquele domingo, depois da
missa. (Paulus esbugalhou os olhos) O tiro não era para mim. Era para seu
filho, porque ele sabia que, se o menino morresse, você se voltaria contra
mim... e o menino representava um empecilho aos desejos dele. Sabia que poderia
convencê-la de que eu era indiretamente culpado. Sabia que você se tornaria um
joguete em suas mãos. Ele premeditou tudo.
ESTER ESTAVA HORRORIZADA E SUAS FEIÇÕES LEMBRAVAM UMA MÁSCARA
MORTUÁRIA DE UM TORTURADO.
ESTER - A ordem... então... era para matar Ivan?
CYRO - Era.
ESTER - Você não se defende, Paulus?
O ADVOGADO MANTINHA A CABEÇA ABAIXADA CONTRA O PEITO.
ARRASADO.
CYRO - Ele não tem defesa!
ESTER - (descontrolou-se e investiu contra o bandido)
Monstro! Assassino! Assassino!
CYRO AGARROU-A COM FORÇA E ABRAÇOU-A. ESTER SOLUÇAVA AGARRADA
A ELE.
PAULUS - (insensível diante do quadro) Deixem-me ir
embora. Não há mais nada a dizer, não é?
INSPETOR - Ainda há, sim. Existem dois crimes, também
hediondos, que precisam ser esclarecidos.
CYRO - Baby está aí?
DELEGADO - Está.
CYRO - Pois faça-o entrar, por favor.
O RAPAZ DEU ENTRADA NO RECINTO E ABRAÇOU O AMIGO.
BABY - Que bom ver você de volta são e salvo, Cyro!
INSPETOR - O Dr. Cyro fez questão de sua presença.
CYRO - É a nossa hora da verdade, Baby, e eu quero
que você saiba quem mandou acender o estopim da dinamite que ocasionou a morte
dos mineiros.
BABY - (olhou para Paulus com ódio) Eu tenho uma
desconfiança de que foi ele.
CYRO - Você não se enganou!
PAULUS - Eu só cumpria ordens de Otto e Von Muller.
Foram eles que me forçaram a mandar a mina pelos ares!
BABY - Para jogarem a culpa sobre mim?
PAULUS - Eu não tinha nada contra você, Baby!
BABY - Miserável!
O DELEGADO MAL TEVE TEMPO DE CONTER O JOVEM. O SEU PUNHO JÁ
HAVIA ATINGIDO VIOLENTAMENTE A CARA DO ADVOGADO. PAULUS CAIU AO CHÃO COM A BOCA
CHEIA DE SANGUE.
DELEGADO - (gritou) Espere! Não pode ser assim!
INSPETOR - (manuseando as anotações) Existe ainda a
morte de Pedrão. Resta esta explicação. Também tem resposta para isto, Dr.
Cyro?
CYRO - Foi a mesma pessoa que o matou... o executor
das ordens de Paulus. Aquela bala era para mim, mas acertou no meu amigo.
DURANTE ALGUNS SEGUNDOS UM SILENCIO DESAGRADÁVEL CAIU SOBRE A
SALA. TODOS ESPERAVAM A SOLUÇÃO DO MISTÉRIO. A PALAVRA FINAL. O NOME DO
EXECUTOR.
BABY - (transtornado) Quem é esse miserável
pistoleiro, Cyro?
CYRO APONTOU PARA O DR. PAULUS, QUE LIMPAVA O SANGUE QUE LHE
ESCORRIA DO FERIMENTO. UM DENTE ESTAVA PARTIDO.
O DR. MOREIRA DEU TRÊS PASSOS E SEGUROU FIRME O BRAÇO DO DR.
PAULUS. TODOS OS OLHARES FIXAVAM-SE NO ADVOGADO. PAULUS DEMOROU A ATENDER A
ORDEM QUE O DELEGADO ACABARA DE LHE DAR.
DELEGADO - Vamos, diga quem era o carrasco que executava
suas ordens,Dr. Paulus!
PAULUS - Era... Cesário!
O INSPETOR PROCUROU DE IMEDIATO O OLHAR DO COMPANHEIRO DE
TRABALHO. FEZ UM SINAL IMPERCEPTÍVEL.
ESTER - Cesário!
PAULUS - Sempre foi pago para isso... Regiamente pago.
INSPETOR - Prenda esse sujeito, imediatamente!
CYRO - Sabem onde ele está?
DELEGADO - Sim, nós sabemos! Está na casa de Dona
Bárbara, dormindo no quarto dos fundos.
CYRO - (adiantou-se e pediu aos policiais) Eu quero falar
com ele. Você pode me esperar, Ester?
A MULHER ESTAVA PÁLIDA E QUASE DESFALECENDO.
INSPETOR - (preocupado) Está sentindo alguma coisa, Dona
Ester?
ESTER - Não, Dr. Miguez. Apenas nojo... na presença
desse homem sinto ânsias de vomitar de horror.
BABY OFERECEU-SE PARA LEVÁ-LA EM CASA.
E NESTA SEXTA, NÃO PERCA O ÚLTIMO CAPÍTULO!
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