Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 5
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DELEGADO FALCÃO
PREFEITO JORGINHO
SINHANA
RITINHA
DUDA
JOÃO
RODRIGO
BRAZ CANOEIRO
DR. MACIEL
DOMINGAS
E O POVO DE COROADO
DELEGADO FALCÃO
PREFEITO JORGINHO
SINHANA
RITINHA
DUDA
JOÃO
RODRIGO
BRAZ CANOEIRO
DR. MACIEL
DOMINGAS
E O POVO DE COROADO
CENA 1 - COROADO - SALÃO DA PREFEITURA - INT. - NOITE.
O cheiro do churrasco, da carne assada na brasa, enchia o salão da prefeitura de Coroado, engalanado para o baile em homenagem a Eduardo Coragem. Barris de chope amontoavam-se a um canto e um conjunto regional animava a festa. Os pares dançavam no estilo roceiro das cidadezinhas do interior. Simplicidade em tudo. Nas cadeiras rústicas que envolviam o salão, matronas e solteironas comentavam a vida dos presentes. De repente o delegado Falcão correu para a porta. Duda chegava, seguido da comitiva que não o largava desde o instante em que pisara na cidade.
DELEGADO FALCÃO - (saudando) Oh, mas aí está o rei da festa! – saudou o delegado.
PREFEITO JORGINHO - Seja bem-vindo! Esta é a nossa prefeitura, enfeitada pra receber o orgulho de nossa cidade.
Duda agradeceu, olhando detidamente as pessoas que se movimentavam no grande salão. Divisou Sinhana sentada numa das cadeiras de pista. Partiu em direção á mãe, rodeado de admiradores.
Ritinha procurava a oportunidade de falar com Eduardo. Mas agora, ao lado de Sinhana, procurava fugir á presença do jovem.
SINHANA - (retendo-a pela mão) Fica aí, menina.
RITINHA - Não quero passar vergonha.
DUDA - (alcançando a mãe) Olá, mãe... com quem a senhora veio?
SINHANA - (respondeu, perguntando) Tu não se lembra aqui desta moça, Duda?
DUDA - Desculpe, não tou lembrado não.
SINHANA - (sem se dar por vencida) Olha bem, Duda. ( E virando-se para a moça) Sorri para ele, menina. Eu acho que o sorriso dela ocê não pode ter se esquecido. Vai se lembrá de todo um passado... um passado que tá muito ligado a esse sorriso...
Duda fixou os olhos no rosto da jovem. Rebuscou a memória. Nada.
DUDA - Meu Deus, me perdoe, mas eu não sei quem é.
De repente Ritinha levantou a cabeça, olhou nos olhos de Duda e sorriu meigamente para ele.
DUDA - (empalidecendo) Jesus! Ou estou ficando doido... ou essa é a... a Rita de Cássia! A Ritinha!
Ritinha sorriu-chorando, mesclando a alegria com as lágrimas da emoção que lhe tomava a alma. Duda a reconhecera. Num instante o rapaz abraçava a amiga de infância, levantando-a no colo, esquecendo-se por completo das pessoas que observavam a cena. Rita de Cássia ria mais. E chorava mais...
A festa varava a madrugada.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - DELEGACIA - INT. - NOITE.
As dependências rústicas da cadeia de Coroado traduziam a realidade da região. Pobreza em tudo. Até na vida sem diversões ou interesses. Coroado, zona rica em pedras preciosas, nada oferecia á sua população humilde. Ao longe ouvia-se o ruído do baile da prefeitura. Três homens conversavam. João Coragem, Rodrigo, o novo promotor, e o negro Braz Canoeiro.
RODRIGO - É este o homem?
JOÃO - É este, seu doutô promotor... trouxe aqui pro senhor vê... e mais o seu doutô delegado Diogo Falcão.
RODRIGO - Falcão está no baile, mas já mandei chamá-lo.
Rodrigo voltou-se para Braz Canoeiro, sentado no banco central da sala. O negro mostrou-lhe os ferimentos por todo o corpo.
RODRIGO - Então, meu amigo, o que foi isso?
BRAZ CANOEIRO - Quisero me mandá pro outro mundo, seu doutô.
JOÃO - (esclarecendo) Dero purga nele e depois a sova brava. Veja aí, ta todo ferido.
RODRIGO - (espremendo os olhos, horrorizado) Uma desumanidade! É aquilo mesmo que eu lhe disse, João. Isto precisa ter um fim.
O delegado Falcão chegava, enraivecido, acompanhado pelo cabo do grupamento policial da cidade.
DELEGADO FALCÃO - Isto é um desafôro. Me arrancar do baile a uma hora destas, para tomar conhecimento de uma queixa!
RODRIGO - (severo) Fui eu que lhe mandei chamar, Falcão.
DELEGADO FALCÃO - (mudando de atitude) Seu Doutor Rodrigo César, eu... não sabia... tinham me falado num negro doente...
RODRIGO - Êste homem foi vítima de uma violência, Falcão. Quero que você registre a queixa.
Falcão mostrava-se indeciso, lembrando-se das ordens do coronel. Eram claras: “não registre a queixa, se quiser continuar mandando em Coroado”.
DELEGADO FALCÃO - Sim, é justo, mas não é este o garimpeiro que roubou um diamante de Pedro Barros? Tenho já a denúncia contra ele... o senhor devia era mandar prender ele, não defender, seu doutor...
RODRIGO - Mesmo que este homem fosse um ladrão, Pedro Barros não tem o direito de espancar ninguém. Exijo que você registre a queixa e que abra inquérito para apurar a violência de que foi vítima este homem.
DELEGADO FALCÃO - (com ira nos olhos, preencheu o documento exigido pelo Promotor Rodrigo César) Tá certo... vou fazer o que o senhor está mandando, seu doutor.
CENA 3 - BEIRA DE UM RIACHO - EXT. - NOITE
O frescor da madrugada, o clarão da lua iluminando a vastidão dos campos, o cantar dos primeiros pássaros, serviam de pano de fundo para as recordações de Duda e Ritinha.
Ao longe, o marulho do riacho, eterno viajante dos caminhos do sertão. O casal passeava de mãos dadas.
RITINHA - (apontando um trecho das águas) Veja se se lembra deste lugar.
DUDA - Me lembro. A gente vinha nadar aqui todas as tardes.
RITINHA - Bandido! Um dia você escondeu a minha roupa. Tive de ir de maiô para casa, enrolada na toalha. O pai quase me matou de pancada.
No tronco de uma árvore, meio apagado pelo tempo, os dizeres la estavam, escritos á ponta de canivete.
“Duda e Ritinha. Amor para sempre”.
DUDA - (propondo) Vamos cair n’água, como antigamente?
Os risos do casal podiam ser ouvidos no silencio da madrugada. Os corpos se uniam no sentimento da saudade. E os lábios respondiam ás perguntas que não precisariam ser feitas.
CORTA PARA:
CENA 4 - MARGEM DO RIACHO - SEQUENCIA - EXT. - AMANHECER.
Duda e Ritinha estavam deitados á margem do riacho, de mãos dadas. De repente a lembrança do tempo sacudiu a moça. Os raios de sol já se refletiam, dourados, sobre o leito do riacho.
RITINHA - Seu maluco! Sabe que horas são?
DUDA - Não, nem quero saber.
RITINHA - Acho que umas cinco e meia. O sol já ta nascendo.
DUDA - (olhando, espantado, para o céu) O quê? Puxa, Ritinha, que coisa! Não dá vontade de pedir pra Deus parar a vida aqui?
RITINHA - Que dá, dá. Só assim você não fugia mais de mim.
Beijam-se novamente. Terna e demoradamente.
RITINHA - (murmurou ao ouvido do amado) Queria nunca mais te deixar.
Uma nuvem de tristeza vedou o semblante da moça.
RITINHA - Sei que vai ter que voltar pra sua vida no Rio, no Flamengo...
DUDA - Sim. Devo voltar daqui a uns dois ou três dias. Logo que terminar o prazo da minha licença...
RITINHA - E tudo vai ficar como antes. Juro que nunca mais, nunca mais vou ver o sol nascer, só pra não me lembrar de você.
DUDA - Diga o que quer que eu faça...
RITINHA - Quero que não me deixe, que me leve com você.
Duda segurou docemente o rosto de Ritinha, contornando com as mãos a curva da fronte, a forma do nariz, a linha dos lábios. Beijou-lhe os olhos. As faces. Até que seus lábios se colassem, parecendo a eles que a natureza era um carrossel a girar, a girar, a girar...
EDUARDO - Agora... não posso, Ritinha. Mas eu volto um dia qualquer pra te buscar.
CORTA PARA:
CENA 5 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - EXT. - DIA.
Na porta da casa do Doutor Maciel havia uma agitação incomum para aquela hora. Domingas olhava as pessoas que passavam rumo ao trabalho. Maciel, mais ébrio que nunca, sentava-se numa enorme pedra na entrada da casa. Foi quando perceberam o casal que se aproximava. Domingas voltou-se, tensa, para o médico viciado. Eduardo falou primeiro.
DUDA - Eu... eu trouxe a Ritinha... A gente... andou passeando... recordando os tempos de criança...
RITINHA - A gente não sentiu passar as horas, pai.
Maciel não pôde controlar a cólera, aumentada com doses excessivas de cachaça.
DR. MACIEL - Seus... seus desavergonhados!
Ritinha tentou falar. Maciel não deu chance.
DR. MACIEL - Seu cachorro da cidade! Pensa que pode abusar das moças do interior? Pensa que pode vir, almofadinha... fazer aqui o que lhe der na telha?
DUDA - (enérgico) Doutor, o senhor está me ofendendo.
Maciel não tomou conhecimento da revolta do moço.
DR. MACIEL - Vai ter que pagar por isso. Vai ter que pagar, seu cachorro.
Ameaçador, suspendeu a bengala na direção do rapaz.
RITINHA - Pai, a gente não fez nada de mal.
DR. MACIEL - Se não fez, mesmo, vai ter que dar conta na polícia. Esses safados da cidade... pensam que a filha da gente é lixo.
RITINHA - O senhor está muito enganado. Passamos a noite conversando, brincando... sem maldade.
DR. MACIEL - (sem acreditar) Vem dizer isso a mim? A mim?
DOMINGAS - Deixa a menina entrá, patrão. Pra acabá com o escândalo.
DR. MACIEL - Entrá, onde? Nesta casa? Ela que fique na rua. Na rua com este sujeitinho. Pra voltar a passar nesta porta, só depois de casar na polícia.
DUDA - (reagindo, colérico) O senhor... o senhor está bêbado.
Maciel apontava o dedo para as serras que se viam no horizonte.
DR. MACIEL - Rua! Rua! Os dois. Rua!
Duda abraçou Ritinha e, juntos, saíram correndo ante os olhos escandalizados dos vizinhos e das pessoas que por ali passavam ás primeiras horas da manhã. Coroado saberia de tudo logo que a boca do povo começasse a espalhar a triste nova da filha do Dr. Maciel.
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# DUDA CHEGA COM RITINHA AO RANCHO CORAGEM E OUVEM DA FAMÍLIA A SENTENÇA - VAI TER QUE CASAR!
# DIANA LEMOS É PRESA, ACUSADA DE ROUBAR O DINHEIRO DA IGREJA
# O CAPATAZ DE PEDRO BARROS VAI AO RANCHO CORAGEM AVISAR QUE A CIDADE EM PESO ESTÁ ESPERANDO O CASAMENTO DE DUDA E RITINHA!
O cheiro do churrasco, da carne assada na brasa, enchia o salão da prefeitura de Coroado, engalanado para o baile em homenagem a Eduardo Coragem. Barris de chope amontoavam-se a um canto e um conjunto regional animava a festa. Os pares dançavam no estilo roceiro das cidadezinhas do interior. Simplicidade em tudo. Nas cadeiras rústicas que envolviam o salão, matronas e solteironas comentavam a vida dos presentes. De repente o delegado Falcão correu para a porta. Duda chegava, seguido da comitiva que não o largava desde o instante em que pisara na cidade.
DELEGADO FALCÃO - (saudando) Oh, mas aí está o rei da festa! – saudou o delegado.
PREFEITO JORGINHO - Seja bem-vindo! Esta é a nossa prefeitura, enfeitada pra receber o orgulho de nossa cidade.
Duda agradeceu, olhando detidamente as pessoas que se movimentavam no grande salão. Divisou Sinhana sentada numa das cadeiras de pista. Partiu em direção á mãe, rodeado de admiradores.
Ritinha procurava a oportunidade de falar com Eduardo. Mas agora, ao lado de Sinhana, procurava fugir á presença do jovem.
SINHANA - (retendo-a pela mão) Fica aí, menina.
RITINHA - Não quero passar vergonha.
DUDA - (alcançando a mãe) Olá, mãe... com quem a senhora veio?
SINHANA - (respondeu, perguntando) Tu não se lembra aqui desta moça, Duda?
DUDA - Desculpe, não tou lembrado não.
SINHANA - (sem se dar por vencida) Olha bem, Duda. ( E virando-se para a moça) Sorri para ele, menina. Eu acho que o sorriso dela ocê não pode ter se esquecido. Vai se lembrá de todo um passado... um passado que tá muito ligado a esse sorriso...
Duda fixou os olhos no rosto da jovem. Rebuscou a memória. Nada.
DUDA - Meu Deus, me perdoe, mas eu não sei quem é.
De repente Ritinha levantou a cabeça, olhou nos olhos de Duda e sorriu meigamente para ele.
DUDA - (empalidecendo) Jesus! Ou estou ficando doido... ou essa é a... a Rita de Cássia! A Ritinha!
Ritinha sorriu-chorando, mesclando a alegria com as lágrimas da emoção que lhe tomava a alma. Duda a reconhecera. Num instante o rapaz abraçava a amiga de infância, levantando-a no colo, esquecendo-se por completo das pessoas que observavam a cena. Rita de Cássia ria mais. E chorava mais...
A festa varava a madrugada.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - DELEGACIA - INT. - NOITE.
As dependências rústicas da cadeia de Coroado traduziam a realidade da região. Pobreza em tudo. Até na vida sem diversões ou interesses. Coroado, zona rica em pedras preciosas, nada oferecia á sua população humilde. Ao longe ouvia-se o ruído do baile da prefeitura. Três homens conversavam. João Coragem, Rodrigo, o novo promotor, e o negro Braz Canoeiro.
RODRIGO - É este o homem?
JOÃO - É este, seu doutô promotor... trouxe aqui pro senhor vê... e mais o seu doutô delegado Diogo Falcão.
RODRIGO - Falcão está no baile, mas já mandei chamá-lo.
Rodrigo voltou-se para Braz Canoeiro, sentado no banco central da sala. O negro mostrou-lhe os ferimentos por todo o corpo.
RODRIGO - Então, meu amigo, o que foi isso?
BRAZ CANOEIRO - Quisero me mandá pro outro mundo, seu doutô.
JOÃO - (esclarecendo) Dero purga nele e depois a sova brava. Veja aí, ta todo ferido.
RODRIGO - (espremendo os olhos, horrorizado) Uma desumanidade! É aquilo mesmo que eu lhe disse, João. Isto precisa ter um fim.
O delegado Falcão chegava, enraivecido, acompanhado pelo cabo do grupamento policial da cidade.
DELEGADO FALCÃO - Isto é um desafôro. Me arrancar do baile a uma hora destas, para tomar conhecimento de uma queixa!
RODRIGO - (severo) Fui eu que lhe mandei chamar, Falcão.
DELEGADO FALCÃO - (mudando de atitude) Seu Doutor Rodrigo César, eu... não sabia... tinham me falado num negro doente...
RODRIGO - Êste homem foi vítima de uma violência, Falcão. Quero que você registre a queixa.
Falcão mostrava-se indeciso, lembrando-se das ordens do coronel. Eram claras: “não registre a queixa, se quiser continuar mandando em Coroado”.
DELEGADO FALCÃO - Sim, é justo, mas não é este o garimpeiro que roubou um diamante de Pedro Barros? Tenho já a denúncia contra ele... o senhor devia era mandar prender ele, não defender, seu doutor...
RODRIGO - Mesmo que este homem fosse um ladrão, Pedro Barros não tem o direito de espancar ninguém. Exijo que você registre a queixa e que abra inquérito para apurar a violência de que foi vítima este homem.
DELEGADO FALCÃO - (com ira nos olhos, preencheu o documento exigido pelo Promotor Rodrigo César) Tá certo... vou fazer o que o senhor está mandando, seu doutor.
CENA 3 - BEIRA DE UM RIACHO - EXT. - NOITE
O frescor da madrugada, o clarão da lua iluminando a vastidão dos campos, o cantar dos primeiros pássaros, serviam de pano de fundo para as recordações de Duda e Ritinha.
Ao longe, o marulho do riacho, eterno viajante dos caminhos do sertão. O casal passeava de mãos dadas.
RITINHA - (apontando um trecho das águas) Veja se se lembra deste lugar.
DUDA - Me lembro. A gente vinha nadar aqui todas as tardes.
RITINHA - Bandido! Um dia você escondeu a minha roupa. Tive de ir de maiô para casa, enrolada na toalha. O pai quase me matou de pancada.
No tronco de uma árvore, meio apagado pelo tempo, os dizeres la estavam, escritos á ponta de canivete.
“Duda e Ritinha. Amor para sempre”.
DUDA - (propondo) Vamos cair n’água, como antigamente?
Os risos do casal podiam ser ouvidos no silencio da madrugada. Os corpos se uniam no sentimento da saudade. E os lábios respondiam ás perguntas que não precisariam ser feitas.
CORTA PARA:
CENA 4 - MARGEM DO RIACHO - SEQUENCIA - EXT. - AMANHECER.
Duda e Ritinha estavam deitados á margem do riacho, de mãos dadas. De repente a lembrança do tempo sacudiu a moça. Os raios de sol já se refletiam, dourados, sobre o leito do riacho.
RITINHA - Seu maluco! Sabe que horas são?
DUDA - Não, nem quero saber.
RITINHA - Acho que umas cinco e meia. O sol já ta nascendo.
DUDA - (olhando, espantado, para o céu) O quê? Puxa, Ritinha, que coisa! Não dá vontade de pedir pra Deus parar a vida aqui?
RITINHA - Que dá, dá. Só assim você não fugia mais de mim.
Beijam-se novamente. Terna e demoradamente.
RITINHA - (murmurou ao ouvido do amado) Queria nunca mais te deixar.
Uma nuvem de tristeza vedou o semblante da moça.
RITINHA - Sei que vai ter que voltar pra sua vida no Rio, no Flamengo...
DUDA - Sim. Devo voltar daqui a uns dois ou três dias. Logo que terminar o prazo da minha licença...
RITINHA - E tudo vai ficar como antes. Juro que nunca mais, nunca mais vou ver o sol nascer, só pra não me lembrar de você.
DUDA - Diga o que quer que eu faça...
RITINHA - Quero que não me deixe, que me leve com você.
Duda segurou docemente o rosto de Ritinha, contornando com as mãos a curva da fronte, a forma do nariz, a linha dos lábios. Beijou-lhe os olhos. As faces. Até que seus lábios se colassem, parecendo a eles que a natureza era um carrossel a girar, a girar, a girar...
EDUARDO - Agora... não posso, Ritinha. Mas eu volto um dia qualquer pra te buscar.
CORTA PARA:
CENA 5 - COROADO - CASA DO DR. MACIEL - EXT. - DIA.
Na porta da casa do Doutor Maciel havia uma agitação incomum para aquela hora. Domingas olhava as pessoas que passavam rumo ao trabalho. Maciel, mais ébrio que nunca, sentava-se numa enorme pedra na entrada da casa. Foi quando perceberam o casal que se aproximava. Domingas voltou-se, tensa, para o médico viciado. Eduardo falou primeiro.
DUDA - Eu... eu trouxe a Ritinha... A gente... andou passeando... recordando os tempos de criança...
RITINHA - A gente não sentiu passar as horas, pai.
Maciel não pôde controlar a cólera, aumentada com doses excessivas de cachaça.
DR. MACIEL - Seus... seus desavergonhados!
Ritinha tentou falar. Maciel não deu chance.
DR. MACIEL - Seu cachorro da cidade! Pensa que pode abusar das moças do interior? Pensa que pode vir, almofadinha... fazer aqui o que lhe der na telha?
DUDA - (enérgico) Doutor, o senhor está me ofendendo.
Maciel não tomou conhecimento da revolta do moço.
DR. MACIEL - Vai ter que pagar por isso. Vai ter que pagar, seu cachorro.
Ameaçador, suspendeu a bengala na direção do rapaz.
RITINHA - Pai, a gente não fez nada de mal.
DR. MACIEL - Se não fez, mesmo, vai ter que dar conta na polícia. Esses safados da cidade... pensam que a filha da gente é lixo.
RITINHA - O senhor está muito enganado. Passamos a noite conversando, brincando... sem maldade.
DR. MACIEL - (sem acreditar) Vem dizer isso a mim? A mim?
DOMINGAS - Deixa a menina entrá, patrão. Pra acabá com o escândalo.
DR. MACIEL - Entrá, onde? Nesta casa? Ela que fique na rua. Na rua com este sujeitinho. Pra voltar a passar nesta porta, só depois de casar na polícia.
DUDA - (reagindo, colérico) O senhor... o senhor está bêbado.
Maciel apontava o dedo para as serras que se viam no horizonte.
DR. MACIEL - Rua! Rua! Os dois. Rua!
Duda abraçou Ritinha e, juntos, saíram correndo ante os olhos escandalizados dos vizinhos e das pessoas que por ali passavam ás primeiras horas da manhã. Coroado saberia de tudo logo que a boca do povo começasse a espalhar a triste nova da filha do Dr. Maciel.
FIM DO CAPÍTULO 5
João (Tarcísio Meira) e Maria de Lara (Gloria Menezes)
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# DUDA CHEGA COM RITINHA AO RANCHO CORAGEM E OUVEM DA FAMÍLIA A SENTENÇA - VAI TER QUE CASAR!
# DIANA LEMOS É PRESA, ACUSADA DE ROUBAR O DINHEIRO DA IGREJA
# O CAPATAZ DE PEDRO BARROS VAI AO RANCHO CORAGEM AVISAR QUE A CIDADE EM PESO ESTÁ ESPERANDO O CASAMENTO DE DUDA E RITINHA!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 6 DE
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