Novela de Toni Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes
CAPÍTULO 14
Participam deste capítulo:
D. DIDI (Gracinda Freire)
LAURO LEMOS (Carlinhos de Oliveira)
DELEGADO FONTOURA (Urbano Lóes)
ZÉ GREGÓRIO (Adalberto Silva)
MARIO MALUCO (Osmar Prado)
SAMUCA (Paulo José)
RICARDINHO (Carlos Vereza)
MARIA LÚCIA (Aizita Nascimento)
JUREMA (Arlete Salles)
OLIVEIRA RAMOS) Mario Lago)
RENATÃO (Jardel Filho)
SUSI (Maria Claúdia)
HELÔ (Dina Sfat)
CENA 1 - APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS - SALA - INT. - NOITE
HELÔ CHEGARA DA CASA DOS PAIS DE NÍVEA AINDA TRANSTORNADA COM AS ACUSAÇÕES QUE LHE FIZERA D. MARIETA. CRUZOU A SALA COMO UM FURACÃO.
O BANQUEIRO ESTAVA NA SALA E TENTOU DETÊ-LA.
OLIVEIRA RAMOS - Helô! Helô, espere, minha filha!
A JOVEM FOI DIRETAMENTE PARA SEU QUARTO E TRANCOU A PORTA ATRÁS DE SI.
CENA 2 - APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS - CORREDOR - INT. - NOITE.
OLIVEIRA RAMOS FOI NO ENCALÇO DA FILHA E BATEU NA PORTA DO QUARTO.
OLIVEIRA RAMOS - Abra essa porta, pelo amor de Deus, minha filha!
TIROU UMA CHAVE DO BOLSO DO PIJAMA E ABRIU A PORTA DO QUARTO.
CORTA PARA:
CENA 3 - APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS - QUARTO DE HELÔ - INT. - NOITE
O ROSTO DO BANQUEIRO DESANUVIOU-SE. HELÔ SOLUÇAVA, DEITADA NA CAMA.
OLIVEIRA RAMOS - Que aconteceu?
A RAIVA DA MOÇA AINDA NÃO SE DISSIPARA.
HELÔ - Maldita estúpida! Você acha que eu sou culpada da morte de Nívea?
Houve uma pausa. Depois, a moça continuou, apàticamente.
HELÔ - Foi o que ela disse... a mãe de Nívea!
OLIVEIRA FECHOU BEM OS OLHOS, RESISTINDO A UMA ONDA DE INDIGNAÇÃO.
OLIVEIRA RAMOS - Não diga isso! Você não tem culpa de nada! Não pode ter! Vou lhe dar um calmante... Miss July!
HELÔ - (repetia baixinho) Eu sou culpada! Eu sou culpada!
OLIVEIRA RAMOS - Não fique dizendo isso, que alguém pode ouvir... depois acabamos envolvidos nessa encrenca! (e voltando o rosto na direção da porta entreaberta) Miss July, o calmante de Helô! Telefone também para o Dr. Oto vir aqui, depressa!
COM A MÃO DIREITA, O BANQUEIRO ESTALOU UMA BOFETADA NO ROSTO DA FILHA, PARA FAZÊ-LA VOLTAR A SI. A MOÇA PRORROMPEU NUM PRANTO NERVOSO.
CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA - INT. - DIA
QUANDO O PLAYBOY CHEGOU EM CASA, SUSI O AGUARDAVA E ATIROU-SE EM SEUS BRAÇOS COM UM LEVE SUSPIRO.
SUSI - Já sabe o que aconteceu?
RENATÃO - (com uma estranha dureza e cinismo na voz) Puxa, tanta coisa aconteceu! O dólar subiu, os egípcios derrubaram um avião judeu, Otan bombardeia a Síria, Kadafi continua foragido...
SUSI - (cortou, bastante agitada) - Falo de Nívea!...
RENATÃO - Li nos jornais. Coitada... impressionante.
SUSI - Fiquei preocupada...
RENATÃO - (curiosamente interessado) Por quê?
SUSI - Por causa daquela história que você me contou... das fotos... e da ameaça que ela fez...
RENATÃO - É. O prazo que ela me deu para devolver as fotos terminava ontem á meia-noite. Que coincidência, não? Foi uma morte horrível...
CORTA PARA:
CENA 5 - APARTAMENTO DE JUREMA - SALA - INT. - DIA.
JUREMA ESTAVA BASTANTE NERVOSA QUANDO RICARDINHO E MARIO MALUCO CHEGARAM.
JUREMA - Você já soube, Ricardinho?
RICARDINHO FITOU-A E DEU UM SORRISO, COMO SE DESCONFIASSE DELA.
RICARDINHO - Claro!
JUREMA - (na defensiva) Não entendi o sorrisinho de ironia...
RICARDINHO - (provocou) Não mesmo?
JUREMA - Não. Se quer saber, eu também desconfio de você. E essa suspeita aumentou ainda mais depois que eu soube que Nívea ia se casar com o padre e te deu um fora! Por isso você andava naquele baixo astral! E eu que pensava que era por ter de escolher entre mim e ela...
RICARDINHO DEU UMA GARGALHADA NERVOSA. BATEU NO OMBRO DE JUREMA E CONCLUIU:
RICARDINHO - Você acha que eu ia hesitar? Eu tava gamado por ela! Gamado mesmo! E ela ia casar com aquele padre! Não ia não! Eu disse isso a ela!
JUREMA OLHOU PARA RICARDINHO COM CERTA CONSTERNAÇÃO. O SILENCIO, POR ALGUNS INSTANTES, FOI PERTURBADOR. SEUS OLHOS TREMERAM BREVE E DIVERTIDAMENTE.
JUREMA - Você disse? E alguém sabe disso?
RICARDINHO - Não. Somente você sabe agora!
JUREMA - Mas por quê?
RICARDINHO COÇOU A NUCA NO GESTO DE QUEM REFLETE.
RICARDINHO - Porque, se souberem, vão suspeitar é de você!
CORTA PARA:
CENA 6 - DELEGACIA DE POLÍCIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA - INT. - DIA.
O DELEGADO FONTOURA OUVIA COM TODA ATENÇÃO O DEPOIMENTO DO COLUNISTA LAURO LEMOS.
LAURO LEMOS - (chocado) Ainda não dá para acreditar, delegado, que uma moça tão bela e meiga tenha sido brutalmente assassinada. Só não entendo por que fui chamado pra depor...
DELEGADO FONTOURA - Sou o delegado encarregado desse caso e estou intimando todas as pessoas que estavam no Castelinho à hora do assassinato.
LAURO LEMOS - (embaraçado) O pior é que eu estava sim, doutor, com alguns amigos... e nós ouvimos uns gritos de socorro vindos da praia... Infelizmente, pensamos que se tratava de mais um escândalo entre casais...
DELEGADO FONTOURA - (com frieza) E então?
LAURO LEMOS - Por isso ninguém se importou...
CORTA PARA:
CENA 7 - PENSÃO PRIMAVERA - RECEPÇÃO - INT. - DIA.
ZÉ GREGÓRIO, A ESPOSA D. DIDI, A FILHA, MARIA LÚCIA E SAMUCA, QUE TAMBÉM ERA HÓSPEDE DA PENSÃO, DISPUTAVAM UM ESPAÇO Á FRENTE DO JORNAL, PARA LER A NOTÍCIA QUE CAUSOU GRANDE IMPACTO JUNTO AOS HÓSPEDES.
D. DIDI - Coitada...
SAMUCA - Ainda não tou acreditando...
ZÉ GREGÓRIO - (balançou a cabeça, com pesar) Mas é verdade, Seu Samuca. Fui eu que encontrei o corpo nas pedras...
NESSE INSTANTE O DELEGADO FONTOURA ADENTROU NO RECINTO, ACOMPANHADO POR DOIS DETETIVES.
DELEGADO FONTOURA - Seu Zé Gregório?
TODOS SE VOLTARAM, ASSUSTADOS.
ZÉ GREGÓRIO - (adiantou-se, tranquilo) Pois não, sou eu!
DELEGADO FONTOURA - O senhor está preso como suspeito do assassinato de Nívea Louzada!
CORTA PARA:
CENA 8 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA - INT. DIA.
NA DELEGACIA, HÁBILMENTE INTERROGADO, ZÉ GREGÓRIO DEU O SERVIÇO.
ZÉ GREGÓRIO - A moça tinha um namorado, um tal de Ricardinho, o mesmo que, quando ela ia se afogando, nada fez para salvá-la. Estou lhe dizendo, doutor, ele queria que ela morresse!
CORTA PARA:
CENA 9 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA - INT. - DIA.
D. DIDI E MARIA LÚCIA ENTRARAM NA SALA E SE DIRIGIRAM AO DELEGADO FONTOURA.
DIDI - Boa tarde, seu delegado. Queremos saber os motivos da detenção do meu marido!
DELEGADO FONTOURA - (seco) Não há nenhum motivo! Apenas a lei faculta ao delegado deter por vinte e quatro horas qualquer pessoa para interrogatório.
D. DIDI - Ah! Mas garanto que os amiguinhos grã-finos que ela tinha, o senhor não prendeu. Para esses o doutor não usou a lei! É sempre assim, a corda só estoura pro lado mais fraco!
A SURPRESA ENCOBRIU O ROSTO DE FONTOURA.
DELEGADO FONTOURA - (voz baixa e contida) Como é que a senhora sabe que a vítima tinha amiguinhos grã-finos? A senhora a conhecia?
D. DIDI - Não, mas minha filha era amiga dela.
MARIA LÚCIA - (completou) Amiga da praia... Ela vivia numa roda de grã-finos, embora fosse filha de um bancário.
DELEGADO FONTOURA - (desconfiado) Está certo... Estou sentindo que há algo de suspeito nisso... mas não consigo imaginar o que é. Bem, é provável que eu queira ouvi-la qualquer dia desses. Mandarei chamar.
D. DIDI - Olha, seu Delegado, viemos aqui pra buscar meu marido, um homem de bem, honesto e trabalhador! Se ele ficar preso, o senhor vai ter que prender eu e minha filha, porque não arredamos o pé daqui sem ele!
MARIA LÚCIA - (encarou o delegado, desafiadora) É isso mesmo! Ou o senhor solta meu pai... ou prende a gente com ele!
FIM DO CAPÍTULO 14
Mario Maluco (Osmar Prado) |
e no próximo capítulo...
*** Sob forte comoção dos pais, amigos e repórteres, Nivea é enterrada.
*** Sem saber da tragédia, Vítor retorna de São Paulo.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 15 DE