Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 119
PENÚLTIMO CAPÍTULO
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JOÃO
DELEGADO CASTRO
BRAZ
SINHANA
DALVA
CEMA
MARIA DE LARA
MÉDICO
JOÃO
DELEGADO CASTRO
BRAZ
SINHANA
DALVA
CEMA
MARIA DE LARA
MÉDICO
CENA 1 - MATAGAL - EXT. - NOITE.
JOÃO - Que foi isso?
À luz dos archotes, João Coragem saltou lépido da sela e debruçou-se sobre os corpos.
DELEGADO CASTRO - Eu fiz tudo para evitar...
JOÃO - (a voz saiu-lhe grave, engasgada) Jeromo... índia. Por quê, gente? Por quê fizero isso com eles?
DELEGADO CASTRO - João... eu ofereci a vida em troca da prisão deles...
JOÃO - Ofereceu... mas não cumpriu a palavra.
DELEGADO CASTRO - Ia cumprir... mas parece que estes homens vieram atrás do diamante que estava com ele... e era o diamante o que visavam. Não fui eu que o matei... foram os homens... pela ambição.
O garimpeiro ergueu os olhos, fitando um a um os soldados do ex-delegado. O contingente policial de reforço afastava-se lentamente.
DELEGADO CASTRO - Um deles atirou na moça... isso estragou tudo. Teu irmão perdeu a cabeça...
JOÃO - Some daqui... o senhô também!
DELEGADO CASTRO - João... eu tentei... acredite em mim.
JOÃO - Já entendi tudo. Saia!
O delegado levantou-se e deixou o local, lento. Um dos homens aproximou-se de João Coragem, que tinha a cabeça baixa e os olhos cheios de lágrimas. Com uma das mãos alisava os cabelos negros da mestiça, com a outra, o rosto do irmão.
HOMEM - Eu vi... assisti a tudo... a polícia teve culpa. Mas não tinha toda... se não fosse os home que atiraro na Potira. Disso eu tenho prova. Não foi o delegado. Foi um dos home que queria o diamante.
JOÃO - (sem desligar os olhos dos corpos inanimados) Eles queria o diamante...
HOMEM - O diamante foi a perdição!
JOÃO - Mais uma vez o diamante foi a perdição... Mais uma vez. Mas... não foi só o diamante! Foi a maldade! Não foi só o diamante! Foi a falta de humanidade! A falta de amor! A falta de bondade! No entanto... esses dois... tinha tanto amor pra dá... tanto amor!
O garimpeiro ajoelhou-se com as mãos postas e os olhos perdidos no infinito.
Braz Canoeiro aproximou-se do amigo.
BRAZ - João...
JOÃO - Num diz nada, Braz. Ninguém diz nada. É melhó. Ninguém diz... eu sei o que faço... eu sei, Braz!
Os lábios tremiam-lhe e os olhos embaçavam-se, inundados de lágrimas. Os homens foram chegando, um a um. Homens rudes da aldeia de João Coragem. João retirou o diamante da bolsinha de couro, presa no interior da calça do irmão.
JOÃO - (mostrou-o aos companheiros) Tá aqui, gente! Tá aqui ele... quem quisé ficá rico que me acompanhe! Me acompanhe!
Como um desvairado, João Coragem embrenhou-se por entre os homens, enquanto Braz ordenava que o ajudassem a levar os corpos para Coroado.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - RUAS - EXT. - DIA.
A cidade parou para assistir à passagem do rapaz, seguido por uma multidão de velho,s jovens, negros e brancos.
JOÃO - (entrou na praça, gritando) Venha todo mundo! Todo mundo que qué ficá rico depressa! Eu vou distribuí diamante! Vou distribuí riqueza! Meu irmão e a índia morrero! Cês num qué festejá? Vem! Vem festejá com o diamante do João Coragem! Todo aquele que condenô eles, vem festejá! A intolerância, a incompreensão! Vem festejá, gente! Vem festejá!
Desceu do cavalo e chamou as pessoas, completamente fora de si. O Padre Bento tentou aproximar-se do amigo. A multidão impediu-o. Todos queria ver a loucura de João Coragem. O garimpeiro colocou o diamante sobre uma pedra no centro da praça, pegou uma espingarda e, com tiros certeiros, partiu a pedra em vários pedaços. Como uma leva de famintos sobre pratos de comida, os seguidores e curiosos atiraram-se sobre os pedaços de carbono que refletiam a vida e a morte!
CORTA PARA:
CENA 3 - COROADO - RUAS - EXT. - DIA.
A cidade parou para assistir à chegada dos corpos, trazidos pelos homens de Braz Canoeiro. Envoltos em panos brancos, os corpos vinham suspensos por cavalos. Como restos de uma batalha.
Sinhana tentou conter o grito, mas não pôde. Na escadaria da igreja, aos seus pés, os corpos dos dois filhos – ele, o legítimo; ela, a de criação – ali estavam, sem vida. A velha debruçou-se sobre o casal ensangüentado. As lágrimas a se confundir com o sangue. Diamante sobre veludo vermelho.
CORTA PARA:
CENA 4 - RIO DE JANEIRO - CASA DE SAÚDE - QUARTO DE LARA - INT. - DIA.
JOÃO - Vem, Cema!
O rapaz, triste, entrou no quarto branco da casa de saúde. Dalva arrumava as malas quando a porta se abriu.
DALVA - João!
CEMA - (com o menino no colo) Ai, João, tou inté tonta!
DALVA - Meu Deus, que felicidade!
CEMA - Tou tonta daquele avião, Virge Mãe!
JOÃO - Ela veio pra cuidá do Antonio. A mãe... a mãe ficô lá, pra missa.
DALVA - Eu soube, João...
JOÃO - (mudou de assunto) Cadê minha mulhé?
DALVA - No jardim. Vá ao encontro dela.
JOÃO - Como é que ela tá?
DALVA - Você verá com seus próprios olhos. Está totalmente recuperada. Sua personalidade definida.
JOÃO - E... qual... das três?
DALVA - Vá, João! (tocou no braço do rapaz, impelindo-o) Não faça perguntas.
CORTA PARA:
CENA 5 - RIO DE JANEIRO - CASA DE SAÚDE - JARDIM - EXT. - DIA.
Os pássaros brincavam no cimo das árvores e a moça admirava-os, embevecida. João divisou-a de costas e aproximou-se, amedrontado. O riso cristalino da jovem chegou-lhe aos ouvidos. Lembrando o de Diana. A moça brincava com um pássaro, atirando-lhe migalhas de pão. O médico chegou por trás, assustando o rapaz.
MÉDICO - Olha, você vai ter uma surpresa.
JOÃO - (balbuciou) Diana! (a moça não se moveu; ele se animou mais e insistiu) Márcia! (nada. A jovem permanecia estática. Tentou mais uma vez) Lara!
A jovem voltou-se. Um sorriso a iluminar-lhe os lábios. Atirou-se aos braços do marido, abraçando-o amorosamente.
JOÃO - Quando te vi de longe... tive tanto medo!
MARIA DE LARA - Medo de quê, amor?
JOÃO - Sei lá... de que tu não tivesse se curado... ou se tava curada... em outra.
MARIA DE LARA - Nunca me senti tão bem... tão realizada... tão feliz. Só me faltava você mesmo... e o nosso filho.
JOÃO - Ele taí
MARIA DE LARA - Você trouxe?
JOÃO - Uai... num fui buscá ele? Você num pediu?
MARIA DE LARA - Quando pedi não estava tão consciente das coisas. Agora estou, João. E me sinto bem porque me recordo de tudo o que aconteceu. Sem o menor sofrimento, sem a menor mágoa.
JOÃO - Se lembra de tudo... tudo?
MARIA DE LARA - Tudo, João! É até espantoso! Como as coisas mudam de aspecto. Tudo dependendo do seu estado de espírito. O bom é a gente se sentir assim. De alma limpa. Como eu me sinto agora com relação a todas as coisas que me aconteceram. O importante é a gente se sentir com vontade de viver. E isso, em mim, parece que veio em dose dupla. (riu) Acho que fizeram um transplante de otimismo dentro do meu cérebro...
JOÃO - É que você tá curada, bem.
MARIA DE LARA - (levantou-se do banco e puxou o marido pela mão) Venha... onde está nosso filho?
JOÃO - Que foi isso?
À luz dos archotes, João Coragem saltou lépido da sela e debruçou-se sobre os corpos.
DELEGADO CASTRO - Eu fiz tudo para evitar...
JOÃO - (a voz saiu-lhe grave, engasgada) Jeromo... índia. Por quê, gente? Por quê fizero isso com eles?
DELEGADO CASTRO - João... eu ofereci a vida em troca da prisão deles...
JOÃO - Ofereceu... mas não cumpriu a palavra.
DELEGADO CASTRO - Ia cumprir... mas parece que estes homens vieram atrás do diamante que estava com ele... e era o diamante o que visavam. Não fui eu que o matei... foram os homens... pela ambição.
O garimpeiro ergueu os olhos, fitando um a um os soldados do ex-delegado. O contingente policial de reforço afastava-se lentamente.
DELEGADO CASTRO - Um deles atirou na moça... isso estragou tudo. Teu irmão perdeu a cabeça...
JOÃO - Some daqui... o senhô também!
DELEGADO CASTRO - João... eu tentei... acredite em mim.
JOÃO - Já entendi tudo. Saia!
O delegado levantou-se e deixou o local, lento. Um dos homens aproximou-se de João Coragem, que tinha a cabeça baixa e os olhos cheios de lágrimas. Com uma das mãos alisava os cabelos negros da mestiça, com a outra, o rosto do irmão.
HOMEM - Eu vi... assisti a tudo... a polícia teve culpa. Mas não tinha toda... se não fosse os home que atiraro na Potira. Disso eu tenho prova. Não foi o delegado. Foi um dos home que queria o diamante.
JOÃO - (sem desligar os olhos dos corpos inanimados) Eles queria o diamante...
HOMEM - O diamante foi a perdição!
JOÃO - Mais uma vez o diamante foi a perdição... Mais uma vez. Mas... não foi só o diamante! Foi a maldade! Não foi só o diamante! Foi a falta de humanidade! A falta de amor! A falta de bondade! No entanto... esses dois... tinha tanto amor pra dá... tanto amor!
O garimpeiro ajoelhou-se com as mãos postas e os olhos perdidos no infinito.
Braz Canoeiro aproximou-se do amigo.
BRAZ - João...
JOÃO - Num diz nada, Braz. Ninguém diz nada. É melhó. Ninguém diz... eu sei o que faço... eu sei, Braz!
Os lábios tremiam-lhe e os olhos embaçavam-se, inundados de lágrimas. Os homens foram chegando, um a um. Homens rudes da aldeia de João Coragem. João retirou o diamante da bolsinha de couro, presa no interior da calça do irmão.
JOÃO - (mostrou-o aos companheiros) Tá aqui, gente! Tá aqui ele... quem quisé ficá rico que me acompanhe! Me acompanhe!
Como um desvairado, João Coragem embrenhou-se por entre os homens, enquanto Braz ordenava que o ajudassem a levar os corpos para Coroado.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - RUAS - EXT. - DIA.
A cidade parou para assistir à passagem do rapaz, seguido por uma multidão de velho,s jovens, negros e brancos.
JOÃO - (entrou na praça, gritando) Venha todo mundo! Todo mundo que qué ficá rico depressa! Eu vou distribuí diamante! Vou distribuí riqueza! Meu irmão e a índia morrero! Cês num qué festejá? Vem! Vem festejá com o diamante do João Coragem! Todo aquele que condenô eles, vem festejá! A intolerância, a incompreensão! Vem festejá, gente! Vem festejá!
Desceu do cavalo e chamou as pessoas, completamente fora de si. O Padre Bento tentou aproximar-se do amigo. A multidão impediu-o. Todos queria ver a loucura de João Coragem. O garimpeiro colocou o diamante sobre uma pedra no centro da praça, pegou uma espingarda e, com tiros certeiros, partiu a pedra em vários pedaços. Como uma leva de famintos sobre pratos de comida, os seguidores e curiosos atiraram-se sobre os pedaços de carbono que refletiam a vida e a morte!
CORTA PARA:
CENA 3 - COROADO - RUAS - EXT. - DIA.
A cidade parou para assistir à chegada dos corpos, trazidos pelos homens de Braz Canoeiro. Envoltos em panos brancos, os corpos vinham suspensos por cavalos. Como restos de uma batalha.
Sinhana tentou conter o grito, mas não pôde. Na escadaria da igreja, aos seus pés, os corpos dos dois filhos – ele, o legítimo; ela, a de criação – ali estavam, sem vida. A velha debruçou-se sobre o casal ensangüentado. As lágrimas a se confundir com o sangue. Diamante sobre veludo vermelho.
CORTA PARA:
CENA 4 - RIO DE JANEIRO - CASA DE SAÚDE - QUARTO DE LARA - INT. - DIA.
JOÃO - Vem, Cema!
O rapaz, triste, entrou no quarto branco da casa de saúde. Dalva arrumava as malas quando a porta se abriu.
DALVA - João!
CEMA - (com o menino no colo) Ai, João, tou inté tonta!
DALVA - Meu Deus, que felicidade!
CEMA - Tou tonta daquele avião, Virge Mãe!
JOÃO - Ela veio pra cuidá do Antonio. A mãe... a mãe ficô lá, pra missa.
DALVA - Eu soube, João...
JOÃO - (mudou de assunto) Cadê minha mulhé?
DALVA - No jardim. Vá ao encontro dela.
JOÃO - Como é que ela tá?
DALVA - Você verá com seus próprios olhos. Está totalmente recuperada. Sua personalidade definida.
JOÃO - E... qual... das três?
DALVA - Vá, João! (tocou no braço do rapaz, impelindo-o) Não faça perguntas.
CORTA PARA:
CENA 5 - RIO DE JANEIRO - CASA DE SAÚDE - JARDIM - EXT. - DIA.
Os pássaros brincavam no cimo das árvores e a moça admirava-os, embevecida. João divisou-a de costas e aproximou-se, amedrontado. O riso cristalino da jovem chegou-lhe aos ouvidos. Lembrando o de Diana. A moça brincava com um pássaro, atirando-lhe migalhas de pão. O médico chegou por trás, assustando o rapaz.
MÉDICO - Olha, você vai ter uma surpresa.
JOÃO - (balbuciou) Diana! (a moça não se moveu; ele se animou mais e insistiu) Márcia! (nada. A jovem permanecia estática. Tentou mais uma vez) Lara!
A jovem voltou-se. Um sorriso a iluminar-lhe os lábios. Atirou-se aos braços do marido, abraçando-o amorosamente.
JOÃO - Quando te vi de longe... tive tanto medo!
MARIA DE LARA - Medo de quê, amor?
JOÃO - Sei lá... de que tu não tivesse se curado... ou se tava curada... em outra.
MARIA DE LARA - Nunca me senti tão bem... tão realizada... tão feliz. Só me faltava você mesmo... e o nosso filho.
JOÃO - Ele taí
MARIA DE LARA - Você trouxe?
JOÃO - Uai... num fui buscá ele? Você num pediu?
MARIA DE LARA - Quando pedi não estava tão consciente das coisas. Agora estou, João. E me sinto bem porque me recordo de tudo o que aconteceu. Sem o menor sofrimento, sem a menor mágoa.
JOÃO - Se lembra de tudo... tudo?
MARIA DE LARA - Tudo, João! É até espantoso! Como as coisas mudam de aspecto. Tudo dependendo do seu estado de espírito. O bom é a gente se sentir assim. De alma limpa. Como eu me sinto agora com relação a todas as coisas que me aconteceram. O importante é a gente se sentir com vontade de viver. E isso, em mim, parece que veio em dose dupla. (riu) Acho que fizeram um transplante de otimismo dentro do meu cérebro...
JOÃO - É que você tá curada, bem.
MARIA DE LARA - (levantou-se do banco e puxou o marido pela mão) Venha... onde está nosso filho?
FIM DO CAPÍTULO 119
Diante do povo de Coroado, João destrói o diamante!
NÃO PERCA O ÚLTIMO CAPÍTULO DE
E VEM AÍ...
ESTRÉIA DIA 01 DE FEVEREIRO
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