quinta-feira, 3 de maio de 2012

ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - Capítulo 41

Novela de Toni Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes

http://youtu.be/zIuryHGvAVc

CAPÍTULO 41

Personagens deste capítulo:
 
CARLINHA
KONSTANTÓPULUS
TIA COLÓ
RENATÃO
VÍTOR
HELÔ
ELISA
MANOLO
MARIETA
MISS JULY
OLIVEIRA RAMOS
SUSI

CENA 1  – APARTAMENTO DE HELÔ  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

VÍTOR CHEGOU EM CASA E HELÔ FOI AO SEU ENCONTRO, TRAJANDO UM  AVENTAL.

HELÔ  -  Oi, amor! Estava na cozinha, tentando decifrar o livro de receitas da Miss July, pra  fazer um suflê de legumes pra  você. Quero muito saber cozinhar para o meu maridinho...

ABRAÇOU-O, APAIXONADA. VÍTOR PARECEU NÃO OUVI-LA.

VÍTOR  -  (falou, a voz grave) Helô... você se encontrou com Nívea, na noite em que ela foi assassinada?

HELÔ  -  (fitou-o, atordoada) Nossa, que pergunta, assim, sem mais nem menos...

VÍTOR  -  Esteve ou não?

HELÔ  -  Não. Você acha que se eu tivesse me encontrado com ela naquela noite, não teria lhe contado?

CORTA PARA:

CENA  2  -   APARTAMENTO DE RENATÃO  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

TIA COLÓ ESTAVA CONCENTRADA FAZENDO UMA MANTA DE CROCHÊ, ENQUANTO CARLINHA BRINCAVA COM SUAS BONECAS. RENATÃO APROXIMOU-SE E SENTOU-SE AO LADO DA TIA.

 RENATÃO  -  (procurando as palavras com cuidado) Tia... eu estou preocupado, sabe?

TIA COLÓ  -  (ergueu os olhos sobre os óculos) Preocupado com o quê, Renatinho? 

RENATÃO  -  A senhora conhece a minha profissão... os perigos que tenho de enfrentar como agente internacional, não sabe?

TIA COLÓ  -  (sacudindo a cabeça) Ai, Natinho, você precisa arrumar outra profissão! Não gosto nem de pensar nos riscos que você corre!

RENATÃO  -  Pois é, tia... Tem uns espiões russos que estão vindo para o Rio, à minha procura... e vou ter que enfrentá-los. Tenho pensado muito na senhora e na Carlinha... Não quero que façam nada de mal a vocês... Por isso, acho melhor passarem um tempo em Niterói, como medida de segurança...

TIA COLÓ  -  (assustada) Que horror, Renatinho! Então, acho melhor irmos todos pra minha casa! Assim você também não corre risco! Fica escondido lá até eles irem embora!

RENATÃO  -  Não, de jeito nenhum, tia! E se eles me descobrirem lá? Vão saber onde é sua casa, também! Não, não! Não posso pôr a vida de vocês em perigo...

TIA COLÓ  -  Mas e você? E se capturarem você? Vão te torturar, Natinho, até contar tudo o que sabe!

RENATÃO  -  Eu sei me cuidar, tia. Pode deixar...

TIA COLÓ -  Sendo assim, é melhor eu e Carlinha voltarmos pra Niterói. Natinho, eu adoro você, meu filho, mas estou morrendo de saudades da minha casa, das minhas plantinhas... Sabia que Carlinha também vive perguntando pelas amiguinhas? Vai ser muito bom pra nós, voltar pra casa.... Mas,  e você?

RENATÃO  -  Vai dar tudo certo, prometo! E vou ver vocês toda semana, como sempre fiz, tia!

TIA COLÓ  -  (fitou-o, carinhosamente) Ah, Natinho, você é um menino de ouro! 

RENATÃO BEIJOU A TIA NA TESTA E PISCOU, DISFARÇADAMENTE PARA KONSTANTÓPULUS, QUE ASSISTIA A TUDO COM UM LEVE SORRISO DE IRONIA NOS LÁBIOS.

CORTA PARA:

CENA  3  -  CASTELINHO  -  INT.  -  DIA.

VÍTOR ACORDOU CEDO. ANTES DE IR À ESCOLA EM COPACABANA TRATAR DO EMPREGO DE PROFESSOR, PASSOU NO CASTELINHO, POIS A CONVERSA COM ARAKEN TEIXEIRA NO DIA ANTERIOR NÃO LHE SAÍA DA CABEÇA.

VÍTOR  -  Bom dia! Eu gostaria de falar com o senhor Manolo... ele é garçom.

AO OUVIR SEU NOME, MANOLO, UM HOMEM EM TORNO DE 40 ANOS, APROXIMOU-SE.

MANOLO  -  Sou eu. Em que posso servi-lo?

VÍTOR  -  Como vai? Meu nome é Vítor Mariano. Sou amigo de Araken Teixeira. Queria lhe falar sobre o assassinato de Nívea Louzada. Ele me disse que o senhor viu Nívea conversando com uma morena, de olhos grandes, pouco antes do crime...

MANOLO  -  Olha, moço, não foi bem assim. Aqui vêm muita gente, e não tem como lembrar de todos que vem aqui...

VÍTOR  -  (insistiu) Eu entendo, Seu Manolo... mas o senhor se recorda que Nívea esteve aqui, com uma moça, momentos antes de ser assassinada?

MANOLO  -  (desconfiado) Sim... sim, isso eu não posso negar.

VÍTOR  -  Por favor, é muito importante... o senhor lembra de algo, de alguma conversa entre elas, uma frase?...

MANOLO  -  (comprimiu os olhos, puxando pela memória) Tem uma coisa que me chamou a atenção, sim... Dona Nívea falava muito no nome de uma mulher, e isso irritava bastante a outra morena!

VÍTOR  -  (ansioso)  O senhor lembra desse nome? Por favor, tente recordar...

MANOLO  -  Sim, lembro o nome! Duas vezes fui levar bebidas. Duas vezes ouvi Nívea falar de uma tal Lucrécia.

VÍTOR  -  Lucrécia? Quem era Lucrécia? A moça que estava com ela?

MANOLO  -   Não sei. Não deu pra entender. Só sei que a morena disse, da segunda vez: “se falar novamente este nome, eu te dou na cara”. Mais nada.

CORTA PARA:

CENA 4  -  APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS  -  SALA  - INT.  -  DIA.

HELÔ CHEGOU À CASA DO PAI E FOI RECEBIDA COM ALEGRIA POR MISS JULY.

MISS JULY  -  (abraçando-a) Que saudade, minha querida! Me conta, como está a vida de casada?

HELÔ  -  (beijou-a no rosto, carinhosa) Melhor, impossível, Miss July! Vítor é um homem maravilhoso. Amável e cheio de cuidados para comigo. Não posso me queixar.

MISS JULY  -  Fico feliz em saber. Você sabe que torço e rezo muito pela sua felicidade!

HELÔ  -  Eu sei, Miss July. Você é a referencia que eu tive em toda a minha vida como a mãe que sempre cuidou de mim, me deu carinho, broncas... (respirou fundo e falou, séria) Miss July... tem uma coisa que não me sai da cabeça: minha mãe. 

MISS JULY FITOU-A, APREENSIVA, ADIVINHANDO OS RUMOS QUE A CONVERSA TOMARIA…

HELÔ  -  (continuou)  Miss July... por favor, eu confio muito em você, e sei que não mentiria pra mim. É sobre aquela mulher que invadiu meu quarto no dia do meu casamento... Me diga, Miss July... ela... é minha mãe, não é?

MISS JULY  -  (após uma breve pausa, afirmou) Não há como negar isso, Helô. Sim, Elisa é sua mãe.

HELÔ  -  (reagiu, emocionada) Eu sabia! Desde aquele dia ela não me saiu mais da cabeça! Miss July, eu preciso encontrá-la. Você sabe onde ela está, não sabe?

MISS JULY – É verdade. Eu sei onde fica a Casa de Saúde que sua mãe está internada.

HELÔ  -  (quase suplicante) Então... me leve até ela! Por favor!

CORTA PARA:

CENA  5  -  APARTAMENTO DE EMILIANO  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

A CAMPAINHA TOCOU E MARIETA ABRIU A PORTA. ERA VÍTOR.

MARIETA  -  Vítor! Que surpresa! Já voltaram da lua-de-mel?

VÍTOR  -  (beijou-a no rosto) Voltamos ontem. Como vai, D. Marieta? E seu Emiliano?

MARIETA  -  Tudo na mesma. Emiliano está no banco, trabalhando. Estou indo para o salão daqui a pouco...

VÍTOR  -  D. Marieta, mesmo estando casado, não vou desistir de descobrir por que fizeram aquilo com Nívea...   É por isso que estou aqui. Por acaso, a senhora já ouviu falar de uma mulher chamada Lucrécia?

MARIETA  -  (fez uma pausa, pensativa)  Lucrécia... Lucrécia... já ouvi este nome... Já sei! Li esse nome no diário dela! Vamos ver!

OS DOIS ENCAMINHARAM-SE PARA O QUARTO DE NÍVEA.

CORTA PARA:

CENA 6  -  CASA DE SAÚDE  -  PÁTIO  -  EXTERIOR  -  DIA.

O DR. LEIVAS DIRIGIU-SE PARA O ENORME PÁTIO DA CASA DE SAÚDE, SEGUIDO DE PERTO POR HELÔ E MISS JULY.

DR. LEIVAS  -  Ela gosta muito de ficar aqui. Costuma ficar horas sozinha, fazendo seus bordados.

HELÔ  -  (emocionada) Meu Deus... esperei tanto por esse momento... nunca pensei que fosse encontrar minha mãe num lugar como esse!...

DR. LEIVAS  -  Desculpe, Helô, mas sua mãe é muito bem tratada aqui.... Seu pai não deixa faltar nada... As enfermeiras cuidam muito bem dela.

HELÔ  -  Eu não quis dizer isso, doutor. É que me fizeram acreditar que minha mãe morava em Nova York, que era uma pessoa realizada, saudável, independente...

MISS JULY  -  (apontou para um banco, onde Elisa bordava uma toalha, distraída) Helô, querida... veja... aquela é sua mãe!

COM O CORAÇÃO AOS PULOS, HELÔ APROXIMOU-SE DA SENHORA, SOB O OLHAR ATENTO DE MISS JULY E DO DR. LEIVAS.

HELÔ  -  Mamãe! Minha mãe!
 
ELISA ERGUEU OS OLHOS, SURPRESA, E FITOU HELÔ POR ALGUNS INSTANTES. EM SEGUIDA, LEVANTOU-SE, DEIXANDO O BORDADO CAIR NO CHÃO.

ELISA  -  Heloísa... minha filha!  É você mesma?

HELÔ  -  (abriu os braços, com lágrimas nos olhos) Sou eu, minha mãe. Vim buscar você.

ELISA  -  Minha filha! Verdade mesmo? Vai me levar... pra casa?

HELÔ  -  Vou, minha querida.

ELISA  -  (apanhou o pano do chão) Eu... posso levar meus bordados?

HELÔ SORRIU, COM TERNURA NO OLHAR.

HELÔ  -  É claro que pode, minha querida. Pode levar o que quiser.

A jovem acariciou os cabelos prateados da mãe, sob o olhar emocionado de Miss July e do Dr. Leivas.

CORTA PARA;

CENA  7  -  APARTAMENTO DE EMILIANO  -  QUARTO DE NÍVEA  -  INT.  -  DIA.

MARIETA ABRIU UMA GAVETA, RETIROU O DIÁRIO E FOLHEOU ALGUMAS PÁGINAS.

MARIETA  -  Achei! Quer ver? Está aqui, olhe: “Hoje Lucrécia me encheu a paciência. Estou desesperada! Não sei mais o que fazer!!” São palavras de minha filha.

VÍTOR  -  Mas então... a senhora e seu Emiliano nem imaginam quem seja Lucrécia?

MARIETA  -  Não temos a menor idéia! Aliás, nunca soubemos que Nívea tivesse uma amiga com esse nome.

VÍTOR  -  (constatou)  Porém amiga, conhecida, seja o que fosse, Lucrécia existe, eu agora tenho certeza! E Nívea estava desesperada, o que torna a coisa mais misteriosa!

CORTA PARA:

CENA 8  -  APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS  -  SALA  -  INT.  -  NOITE.

ERAM QUASE 7 DA NOITE, QUANDO HELÔ ADENTROU O APARTAMENTO DO PAI EM COMPANHIA DE MISS JULY E DA MÃE, ELISA.

HELÔ  -  (mostrou à mãe uma confortável poltrona) Sente-se aqui, minha mãe. (e para Senhorinha)  Onde está meu pai?

MISS JULY  -  Pela hora, deve estar no escritório...

CENA  9  -  APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS  -  ESCRITÓRIO  -  INT.  -  NOITE.

OLIVEIRA RAMOS FUMAVA UM CHARUTO E LIA UM JORNAL, QUANDO HELÔ ENTROU NO RECINTO.

HELÔ  -  Meu pai!

OLIVEIRA RAMOS  -  (ergueu os olhos e sorriu, feliz) Filha! Mas que surpresa boa!

ABRAÇARAM-SE, EMOCIONADOS.

HELÔ  -  Estava morrendo de saudades!

OLIVEIRA RAMOS  -  Nem me fale! Me conte, como foi a viagem? E Vítor?

HELÔ  -  Saiu cedo. Estava ansioso pra ver se consegue um emprego de professor numa escola em Copacabana.

OLIVEIRA RAMOS  -  Você sabe que, se ele concordasse, poderia trabalhar comigo no banco. Só que ele, educadamente,  recusou minha proposta...

HELÔ  - Pois é, ele quer procurar seu próprio caminho, sabe como é...

OLIVEIRA RAMOS  -  (resignado)  Eu entendo. Vítor é um homem íntegro, correto... e orgulhoso.

HELÔ  -  Pai... eu trouxe uma pessoa comigo.... ela está na sala...

OLIVEIRA RAMOS  -  Quem?

HELÔ  -  Minha mãe.

OLIVEIRA EMPALIDECEU.

OLIVEIRA RAMOS  -  Sua mãe? Então você... descobriu tudo?

HELÔ  -  (assentiu)  Sim... Obriguei Miss July a me levar até ela.

OLIVEIRA RAMOS  -  Filha, me perdoe. Só inventei aquela história dos Estados Unidos pra poupar você de mais um sofrimento... Tentei proteger você e fiz tudo errado...

HELÔ  -  (tranquilizou-o)  Miss July me contou tudo. Sei que você teve a melhor das intenções... Mas agora, temos que fazer o que é certo. Minha mãe, finalmente, está em casa. Na casa que, por direito, lhe pertence. Quero pedir seu consentimento para recebê-la de volta!

OLIVEIRA RAMOS  -  (aflito) Mas Helô, sua mãe é uma esquizofrênica! Ela precisa de tratamento.

HELÔ  -  Eu sei que ela é esquizofrênica. Já me convenci disso, e nesse estado, precisa de cuidados, ao invés de ficar relegada ao esquecimento numa Casa de Saúde. Podemos contratar uma enfermeira para cuidar dela aqui, 24 horas por dia.

OLIVEIRA RAMOS  -  (suspirou, resignado)  Filha, eu não tenho como negar isso a você. Mas... e Susi? Como vai reagir quando souber?

A PORTA SE ABRIU E SUSI ENTROU, NERVOSA.

SUSI  -  Posso saber o que está acontecendo aqui? O que aquela mulher está fazendo, na sala?

HELÔ  -  (indignada)  Quem você pensa que é pra falar assim? Dobre a língua quando falar dela! Aquela mulher é minha mãe e eu exijo respeito!

SUSI  -  Falo como esposa de seu pai! (e para o marido) Oliveira... eu não acredito que vai trazer esta mulher pra morar aqui! Diga que estou enganada!

OLIVEIRA RAMOS  -  Calma, Susi, vamos conversar...

SUSI  -  Se for isso, é um desaforo, uma imoralidade sua, trazer para dentro de casa uma ex-mulher! Daqui a pouco o senhor traz as outras também e transforma isto num harém! Oliveira, o sultão!   Essa,  não!   Da  minha  parte,  pode  ficar  com  todas!  Ou melhor: se trouxer esta senhora pra morar aqui, eu vou embora! A escolha é sua!

HELÔ  -  (avançou, fora de si) Mas o que é que essa Gata Amarela está querendo? Expulsar minha mãe daqui? De jeito nenhum. Ou ela fica aqui, ou vai morar comigo!

SUSI  -  Ótimo! Acho que o lugar dela é mesmo com você!

HELÔ  -  Que é que você tá querendo dizer?

SUSI  -  Não estou querendo dizer nada. Tou falando claro: se ela não sair desta casa, saio eu!

HELÔ  -  (gritou) Pois então, saia você!

SUSI -  (ofendida)  É pra já! Depois eu aviso pra onde você, Oliveira, deve mandar minhas coisas.

HELÔ  -  (fez um gesto de mofa) Não é preciso. Todo mundo sabe pra onde você vai: pro apartamento de Renatão! (e arrematando) Todo mundo sabe que você é gamada por ele e só está esperando uma chance de pedir o divórcio, pegar uma bolada e se mandar! Só meu pai não enxerga isso!

OLIVEIRA RAMOS  -  (indignado) Mas... que história é essa?! Isso é verdade? Fale, Susi. Exijo uma explicação!

FIM DO CAPÍTULO 41

    e no próximo capítulo...

*** Vítor continua suas investigações, na tentativa de descobrir quem é a mulher por trás de um nome: Lucrécia!

*** Susi não aceita a presença de Elisa na casa do marido. Elisa, por sua vez, começa a provocá-la.

*** Vítor recebe um estranho telefonema de uma mulher identificando-se como Lúcrécia. O que fará? Será uma nova cilada?

NÃO PERCA O CAPÍTULO 42 DE
   
  

terça-feira, 1 de maio de 2012

ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - Capítulo 40

Novela de Toni Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes

http://youtu.be/ttLxPjDdeMA

CAPÍTULO 40

Personagens deste capítulo:

VÍTOR
HELÔ
ARAKEN
D. CONSUELO
JOANINHA
SAMUCA
DELEGADO FONTOURA
MARIO MALUCO
RICARDINHO
ADELAIDE
PADRE
ENFERMEIRAS

CENA 1  -  APARTAMENTO DE JUREMA  -  SALA  -  INT.  -  NOITE.

O TELEFONE TOCOU INSISTENTEMENTE. RICARDINHO ATENDEU. ERA ADELAIDE.

ADELAIDE  -  Ricardinho, como vai? Aqui é Adelaide, mãe do Mariozinho. Preciso falar com ele, com urgência.

RICARDINHO  -  A senhora deu sorte, D. Adelaide. A gente tava saindo nesse instante....

MARIO MALUCO ATENDEU. ADELAIDE FALOU, MUITO NERVOSA.

ADELAIDE  -  Filho, estou ligando pra te alertar! Teu pai está indo aí pra te prender! Ele acha que você tá envolvido em roubo de carros, com esse Ricardinho. Pelo amor de Deus, diz que isso não é verdade, Mariozinho! Eu não acreditei quando ele veio com essa conversa...

MARIO MALUCO  -  Ele vem pra cá? Agora?

ADELAIDE  -  Deve estar chegando aí a qualquer momento! Cuidado, filho! Ele está muito nervoso!

MARIO MALUCO  -  Valeu, mãe! Obrigado! (desligou e olhou para Ricardinho, aturdido)  Velho, vamos sair daqui agora! Meu pai tá vindo aí pra me prender! O negócio dos carros sujou. Pior é que ele acha que você também tá envolvido!

RICARDINHO  -  (seco) Tá vendo, seu otário? Eu te falei pra não entrar nessa roubada com aquele nó cego do Mãozinha! Vou me mandar com você porque não ia deixar um amigo na mão, mas era isso que tu merecia! Devia deixar tu se ferrar porque, nessa eu tou limpo!

MARIO MALUCO  -  Que isso, bróder! Tu sabe que eu faria o mesmo por você!

RICARDINHO  -  É por isso mesmo que tou te dando essa moral! E agora vamo deixá de conversa mole e meter o pé, senão teu velho chega e pega a gente aqui!

MARIO MALUCO  -  Vamo, vamo!

SAÍRAM, APRESSADOS.

CORTA PARA:

CENA  2  -  PRÉDIO DO APARTAMENTO DE JUREMA  -  EXTERIOR  -  DIA

ALGUNS MINUTOS DEPOIS, O CARRO DO DELEGADO FONTOURA PAROU EM FRENTE AO PRÉDIO. O PORTEIRO INFORMOU QUE RICARDINHO E MARIO MALUCO TINHAM ACABADO DE SAIR.

FONTOURA ENTROU NO CARRO E DEU PARTIDA.

CORTA PARA:

CENA 3  -  TERESÓPOLIS  -  SÍTIO DE OLIVEIRA RAMOS  -  EXTERIOR  -  DIA.

HELÔ ENTROU NO QUARTO COM UMA BANDEJA DE CAFÉ DA MANHÃ, APROXIMOU-SE DA CAMA E BEIJOU O MARIDO NO ROSTO. VÍTOR ACORDOU, ESPREGUIÇANDO-SE.

HELÔ  -  Bom dia, dorminhoco!

VÍTOR  -  Hum... (examinando a bandeja) Que bonito! Que esposa prendada eu fui arrumar! Queijo, frutas, torradas, café, suco, bolo de fubá.... Isso parece delicioso...

HELÔ  -  Tive umas aulinhas básicas com Miss July, pra fazer bonito diante do meu marido! E então? Tou me saindo bem?

VÍTOR  -  (mordendo uma maçã)  Maravilhosamente bem! Desse jeito vou ficar mal acostumado!

HELÔ SENTOU-SE A SEU LADO, NA CAMA, E TOMARAM CAFÉ JUNTOS, FELIZES.

CORTA PARA:

CENA 4  -  TERESÓPOLIS  -  SÍTIO DE OLIVEIRA RAMOS  -  EXT.  -  DIA.

ERA UM BELO DIA DE SOL. VÍTOR E HELÔ CONTORNARAM A BELA MANSÃO E CHEGARAM AO ESTÁBULO, ONDE O CASEIRO JÁ OS AGUARDAVA COM DOIS CAVALOS DEVIDAMENTE SELADOS. MONTARAM E SAÍRAM CAVALGANDO PELOS CAMPOS VERDES NOS ARREDORES DO SÍTIO.

ALGUM TEMPO DEPOIS, DESMONTARAM SOB UMA FRONDOSA AROEIRA. HELÔ DEITOU-SE NA RELVA. VÍTOR JUNTOU-SE A ELA. ROLARAM NA GRAMA E BEIJARAM-SE APAIXONADAMENTE.

HELÔ  -  Sabe, eu não lembro de ter sido tão feliz em toda minha vida!

VÍTOR  -  É o que eu mais quero, Helô... te fazer muito feliz!

HELÔ  -  Eu te amo muito, Vítor.

VÍTOR  -  Eu estou aprendendo a te amar. Te conhecendo a cada dia... e tá sendo muito bom! Você é uma mulher linda. Linda, inteligente, voluntariosa... enfim, cheia de predicados....

HELÔ  -  (cortou) Você quer dizer, geniosa também, pavio curto, não é?

VÍTOR  -  Também! Mas uma mulher geniosa pode ser muito interessante... desde  que  haja  equilíbrio  (beijou-a novamente. De repente, pareceu lembrar-se de algo)  Helô... nós vamos morar no apartamento do seu pai, não é?

HELÔ  -  Bem, isso seria uma surpresa na nossa volta ao Rio, mas como você perguntou... Eu tenho um apartamento, na Barão da Torre, próximo ao do meu pai. Mandei arrumar pra nossa volta. Ficou uma gracinha! Você vai gostar!

VÍTOR  -  Por enquanto, eu concordo, mas não quero ficar dependendo do seu dinheiro e do seu pai. O emprego de professor numa escola em Copacabana está quase acertado. Vou me sentir muito melhor quando puder sustentar minha mulher.

HELÔ  -  Como você quiser, senhor meu marido. Agora, me beija, vai!

CORTA PARA:

CENA  5  -  HOSPITAL  -  QUARTO DE D. CONSUELO  -  INT.  -  DIA.

ALGUNS DIAS DEPOIS...

SAMUCA ENTROU NO QUARTO DE D. CONSUELO E APROXIMOU-SE DO LEITO DA VELHA SENHORA.

SAMUCA  -  Estou aqui, D. Consuelo... mandou me chamar?

D. CONSUELO  -  (estendeu-lhe a mão, trêmula) Samuquito... necesito hablar con usted...

SAMUCA  -  Fale... mas procure não se cansar. A enfermeira recomendou...

D. CONSUELO  -  Io tengo que hablar... es muy importante!... Samuca... sólo tengo seis meses de vida... No quiero morir solo. Después, no tiene a quien  dejar mi fortuna, mi bienes... Samuquito... quieres casarte conmigo?

SAMUCA  -  (piscou, nervosamente) Eu... não sei o que dizer...

D. CONSUELO  -  Pense, Samuquito... pense em mi proposta... Mas non se demore... o puede ser demasiado tarde...

CORTA PARA:

CENA  6 – APARTAMENTO DE RENATÃO  -  SALA  -  INT.  -  NOITE.

RENATÃO DEU UMA GARGALHADA E ERGUEU AS MÃOS PARA SAMUCA, QUE ESTAVA ALI SENTADO FAZIA HORAS.

RENATÃO  -  Então, a velha te pediu em casamento! Como é que você tá se sentindo como noiva, donzela, prometida?

SAMUCA  -  Tô suando frio!

RENATÃO  -  Calma, minha querida, isto é natural. É a  emoção... depois passa.

SAMUCA  -  Renatão, você já esteve numa situação dessas? Não? Então é por isso que você acha graça. Estou vivendo o maior drama da minha vida e você aí, insensível, fazendo gracinhas!

RENATÃO  -  Maior drama por quê? Você ainda não deu o “sim”?

SAMUCA  -  Não, eu pedi 48 horas pra pensar.

RENATÃO  -  Pra pensar? Mas a velha tem 200 milhões de dólares e você ainda quer pensar? Decididamente, você está louco!

SAMUCA  -  Eu penso em Joaninha... como vai reagir quando souber que a velha me pediu em casamento? Poxa, ela não tem para quem deixar sua herança, seus bens... Talvez, se Joaninha quisesse cooperar... Afinal, D. Consuelo só tem seis meses de vida! Não podemos perder uma chance dessas! A sorte bateu na nossa porta... ela tem que entender isso!

RENATÃO  -  Nem tem o que pensar, meu velho! O negócio é partir pro abraço! Casa com a velha e pronto! E não pensa muito, hem! Vai que ela morre antes... Aí, babau, você dança!

CORTA PARA:

CENA  7  -  PRÉDIO DO APARTAMENTO DE HELÔ  -  FRENTE  -  EXTERNA  -  DIA.

VÍTOR E HELÔ RETORNARAM AO RIO. O AUTOMÓVEL ESTACIONOU EM FRENTE AO PRÉDIO DA BARÃO DA TORRE E OS RECÉM-CASADOS RETIRARAM ALGUMAS MALAS DO VEÍCULO. O PORTEIRO AJUDOU-OS A LEVAR A BAGAGEM PARA O ELEVADOR.

CORTA PARA;

CENA  8  -  APARTAMENTO DE HELÔ  -  CORREDOR  -  INT.  -  DIA.

AO SAIR DO ELEVADOR, A JOVEM GIROU A CHAVE NA FECHADURA. VÍTOR, SEM DIZER PALAVRA, TOMOU-A NOS BRAÇOS E EMPURROU A PORTA COM O PÉ.

VÍTOR  -  A tradição não manda o noivo entrar pela primeira vez em casa com a noiva nos braços?

HELÔ  -  (aninhou-se em seus braços) Que pecado, amor, eu ia esquecendo.... Que bom que você lembrou a tempo!

VÍTOR GIROU COM A JOVEM NOS BRAÇOS. BEIJARAM-SE. SÓ ENTÃO, HELÔ LEVOU-O PARA CONHECER A NOVA CASA.

HELÔ  -  E então, o que você acha? Gostou?

VÍTOR  -  Muito. Muito bom. Claro, arejado, simples, sem ostentação. Para o início de um casamento, está perfeito!

HELÔ  -  Eu sabia que você ia gostar! Achei a sua cara! (puxou-o pela mão) Vem, vem conhecer o nosso quarto!
 
CORTA PARA:

CENA 9 -   PRAÇA GENERAL OSÓRIO  -  EXTERNA  -  NOITE.

SAMUCA E JOANINHA CAMINHAVAM PELA PRAÇA. CONVERSAVAM.

SAMUCA  -  Joaninha, você não confia em mim?

JOANINHA  -  (sorriu, irônica) Depois de tantas trapalhadas, quer mesmo que eu responda?

SAMUCA  -  Meu amor, dessa vez não tem como dar errado! A velhota tá com os dias contados, tem apenas seis meses de vida! É podre de rica. Quer  casar  comigo  porque   não  tem herdeiros...A sorte está batendo outra vez na nossa porta. Você acha que podemos desperdiçar? Joana, daqui a seis meses, estaremos milionários! Vamos passar nossa lua-de-mel no Caribe! Vou comprar pra você uma mansão na Barra da Tijuca, com piscina! Vou te transformar numa dondoca emergente das colunas sociais!

JOANINHA  -  (desconfiada) Samuca, quando você vem com essas idéias malucas, me dá até urticária! Alguma coisa sempre dá dá errado!

SAMUCA  -  Não tem como dar errado, amor! Dessa vez não tem erro!

JOANINHA  -  E... quando seria o casamento? Onde?

SAMUCA  -  Renatão tá me ajudando. Vai ser no hospital mesmo. Vai ser tudo às pressas. Numa situação dessas, chama-se casamento “In extremis”. Tudo porque a velhota tá com o pé na cova! Pensa, meu amor, pensa! Logo vamos estar ricos! Milionários!

JOANINHA  -  Ai, Samuca, não sei, não...

SAMUCA  -  Confia em mim, só mais essa vez, vai!

JOANINHA  -  Sabe o pior de tudo? Você sempre vem com essa conversa, eu cedo, caio como um patinho e me estrepo junto!

SAMUCA  -  Vai por mim, amor! Dessa vez não tem erro!

CORTA PARA:

CENA 10 - “FOLHA DO RIO”   -  SALA DE ARAKEN   -  INT.  -  DIA.

VÍTOR MARIANO ESTAVA SENTADO DIANTE DE ARAKEN TEIXEIRA NA REDAÇÃO DA “FOLHA DO RIO”. CONVERSAVAM.

ARAKEN  -  Como você sabe, Vítor, passei a me interessar pelo caso de Nívea Louzada, apesar de já ter largado a história quando o diretor do jornal resolveu partir pra grossura. Tenho pensado no caso dia e noite, e fiquei com uma idéia fixa: desvendar o mistério. Há pelo menos meia dúzia de pessoas que podem ter matado Nívea. E o instinto profissional me diz que Jurema de Alencar está inocente! Estou agindo desinteressadamente, só para livrar uma inocente da cadeia.

VÍTOR  -  Entendo, Araken. Uma das minhas prioridades nesta vida é descobrir por quê fizeram isso com Nívea... Mas por que mandou me chamar?

ARAKEN  -  Consegui o depoimento de um garçom do Castelinho, o qual não consta nos autos, mas é muito importante. Chama-se Manolo. Ele contou que Nívea esteve no bar, mais ou menos uma hora antes de ser assassinada...

VÍTOR  -  (interessado)  Sim, e então?...

ARAKEN  -  Ele disse que ela não estava só, mas acompanhada de uma moça com quem discutiu muito e depois as duas saíram. Era uma moça morena e de olhos grandes.

VÍTOR MAL DISFARÇOU O EMBARAÇO. PENSOU NA ESPOSA. MORENA E DE OLHOS GRANDES. GRANDE AMIGA DE NÍVEA. MAS NÃO...

VÍTOR  -  E onde está esse “Manolo”?

ARAKEN  -  Se quiser, posso levá-lo até o Castelinho para falar com ele... Mas essa informação, de cara, já elimina Jurema  de Alencar, que é loura. Por isso é que preciso da sua ajuda.

VÍTOR  -  Ajudar, como?

ARAKEN  -  Identificando a pessoa que esteve com Nívea poucos minutos antes.

VÍTOR  -  Não, não estou de acordo. Desejo, claro, saber por que aquilo aconteceu com Nívea. A razão das coisas sempre foi minha maior preocupação. Quanto a descobrir quem a matou, isso é com a Polícia, e não me parece o mais importante. Deus se encarregará de punir o verdadeiro culpado.

ARAKEN  -  OK, mas peço só a sua ajuda, pois o garçom seria capaz de reconhecer a pessoa que estava com Nívea... Se você suspeitar de alguém, poderia levar ao Castelinho. Assim o garçom veria essa pessoa e diria se é a mesma...

VÍTOR  -  (levantou-se) Está bem, prometo voltar a falar com você, caso lembre de alguém. Bem, agora tenho que ir. Tenho umas coisas a fazer...

VÍTOR SAIU. O JORNALISTA FICOU ALGUM TEMPO PARADO.

ARAKEN  -  (coçou a cabeça) Ele percebeu que desconfio de Helô. Bem.... está lançada a isca!

CORTA PARA:

CENA  11 -  HOSPITAL  -  QUARTO DE D. CONSUELO  -  INT.  -  DIA.

COM A INTERVENÇÃO DE RENATÃO, UM PADRE FOI CHAMADO ÀS PRESSAS, PARA REALIZAR O CASAMENTO NO HOSPITAL. NA PRESENÇA   DE   ALGUMAS   ENFERMEIRAS,    QUE   SERVIRAM     DE  TESTEMUNHA,   O   PADRE   ABENÇOOU   OS NOIVOS. D. CONSUELO NO LEITO, AR ABATIDO, SEGURANDO UM BUQUÊ DE FLORES, E DE PÉ, AO SEU LADO, UM CONSTRANGIDO SAMUCA.

PADRE  -  ... em nome de Deus, eu os declaro marido e mulher.

RENATÃO  -  (com uma ponta de ironia na voz) Pode beijar a noiva, Samuca.

SAMUCA FITOU-O, COM RAIVA. OLHOU PARA OS PRESENTES, QUE AGUARDAVAM SUA REAÇÃO. SEM SAÍDA, BEIJOU D. CONSUELO NA TESTA.

D. CONSUELO  -  Samuquito... ahora  puedo morir en paz...

ENFERMEIRA  -  Agora quero pedir-lhes que deixem D. Consuelo sozinha. Ela precisa descansar.

TODOS SE RETIRARAM DO QUARTO. SAMUCA VOLTOU-SE AO OUVIR A VOZ DA ESPOSA.

D. CONSUELO  -  Samuquito... mi esposo querido!

CORTA PARA:

CENA 12  -  APARTAMENTO DE RENATÃO  -  SALA DE JANTAR  -  INTERIOR  -  DIA.

NO DIA SEGUINTE, FAZIA UM BELO DIA DE SOL. RENATÃO TOMOU UM CAFÉ E PREPARAVA-SE PARA IR À PRAIA, QUANDO SAMUCA SURGIU NA SALA, AINDA SONOLENTO.

RENATÃO  -  Acordando a essa hora, meu velho? São quase 11 da manhã! Tem que mudar esses hábitos... afinal, você, agora, é um homem casado!

SAMUCA  -  (servindo-se de uma xícara de café) Você tem prazer em me atormentar, não é mesmo, Renatão? Poxa, nem dormi direito essa noite, pensando, pensando... 
 
O TELEFONE TOCOU. KONSTANTÓPULUS ATENDEU E DIRIGIU-SE A SAMUCA.

KONSTANTÓPULUS  -  Seu Samuca, é pro senhor! É do hospital!

SAMUCA FICOU PARALISADO. ENCAROU RENATAÕ, APREENSIVO.

SAMUCA  -  Nossa! Será que...

RENATÃO  -  (cortou) Atende logo, pô!

SAMUCA TOMOU O APARELHO, AS MÃOS TRÊMULAS.

SAMUCA  -  Alô! Sim, sim, é ele! Aconteceu alguma coisa?... Sei, sei... entendi. Pra ir com urgência?... Tá bem... Estou indo!  Até logo!

SOB O OLHAR DE CURIOSIDADE DE RENATÃO E DO MORDOMO, SAMUCA DESLIGOU E FITOU-OS, ANSIOSO.

RENATÃO  -  E então... não vá me dizer que a velha bateu as botas um dia depois do casamento!

SAMUCA  -  (os olhos brilhando, mal conseguia disfarçar a emoção)  Cara... eles querem que eu vá pra lá com a maior urgência! (sem se conter, abraçou Renatão)  Velho! Deu tudo certo! Tudo indica... que teu amigo tá milionário! Milionário, Renatão! (e abraçou o mordomo) Konstan! Eu tou rico, Konstan! Tou rico! Rico!
     
CORTA PARA:

CENA  13  -  HOSPITAL  -  CORREDOR  -  INT.  -  DIA.

SAMUCA DIRIGIU-SE AO HOSPITAL, COM O CORAÇÃO AOS PULOS. CAMINHOU PELO LONGO CORREDOR, ESFORÇANDO-SE PARA ESCONDER A ALEGRIA QUE O DOMINAVA POR DENTRO.

SAMUCA  -  (murmurava) É bom demais para ser verdade! Será que ela bateu as botas tão depressa? Calma, Samuca, tem que fazer cara de tristeza... Caramba, só de pensar em cadáver, me dá um frio na barriga.... Coragem, Samuca! Isso logo vai passar. Vai dar tudo certo! Depois, é só alegria!

PAROU DIANTE DA PORTA DO QUARTO, RESPIROU FUNDO, FEZ CARA DE ENTÊRRO E ENTROU.

CORTA PARA:

CENA  14  -  HOSPITAL  -  QUARTO DE D. CONSUELO  -  INT.  -  DIA.

SAMUCA ENTROU E ESTACOU, EMPALIDECENDO. NÃO QUERIA ACREDITAR NO  QUE  SEUS  OLHOS  VIAM:  SENTADA  NUMA  POLTRONA, COM A AJUDA DE UMA ENFERMEIRA, D. CONSUELO FAZIA UM COQUE NOS CABELOS. AO VÊ-LO, SORRIU, FELIZ.

D. CONSUELO  -  Samuquito, mi amor! Usted me devolvió la vida! Nunca me senti tan bien como ahora! El doctor dijo que puedo volver a hotel!

SAMUCA APOIOU-SE NA PAREDE PARA NÃO CAIR.
 
FIM DO CAPÍTULO 40
Helô (Dina Sfat) e Samuca (Paulo José)

 e no próximo capítulo...

*** Vítor está muito preocupado, temendo que Helô tenha algo a ver com a morte de Nívea, começa a investigar e acaba descobrindo uma pista sobre o caso: o nome de uma mulher - Lucrécia!

*** Helô procura Miss July, querendo saber quem é a mulher que invadiu seu quarto no dia do casamento!

NÃO PERCA O CAPÍTULO 41 DE