segunda-feira, 6 de junho de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 27


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 27
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
BRAZ CANOEIRO
ANTONIO
JUCA CIPÓ
DUDA
RITINHA
HERNANI
REPÓRTER
JOÃO
SINHANA
LOURENÇO
JERÔNIMO
CEMA
MARIA DE LARA
CAPANGAS

CENA  1  -  GARIMPO DOS CORAGEM  -  EXT.  -  DIA.

Os garimpeiros conversavam animadamente. Braz ria trincando um naco de carne-seca, a farinha caindo-lhe pelo queixo.

BRAZ CANOEIRO  -  Num dianta, minha gente. Vai todo mundo morrê preso aí dentro. Daqui a pouco essa gruna vai desmoroná, porque a pedra que Deus mandô já foi encontrada...

O mulato Antonio verberou o pessimismo do negro.


ANTONIO  -  Cala essa boca e larga mão de agourá. Pode sê que a pedra grande deixou filhote...

BRAZ CANOEIRO  -  Ela é só no mundo.  (riu alegremente)   É pedra solteira!

A voz de Juca Cipó chamou-o á realidade.

JUCA CIPÓ  -  Braz! Braz!

O negro recuou, receoso.

JUCA CIPÓ  -  Tenha medo, não. Só meu patrão que deseja trocá duas palavrinha...

BRAZ CANOEIRO  -  Mas... eu não quero falá com seu patrão!

JUCA CIPÓ  -  Custa nada obedecê.

Outros dois asseclas agarraram o garimpeiro pelas costas. Mãos firmes. O negro estrebuchou. 

JUCA CIPÓ  -  (irônico)  É melhó ir por bem!

Manietado, o negro foi empurrado para a montada. Gritou para a esposa, que a tudo assistia, impotente.

BRAZ CANOEIRO  -  Avisa João! Avisa João!

CENA  2  -  RIO DE JANEIRO  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

RITINHA  -  (dirigindo-se ao marido, deitado no sofá)  Ele não tem nada que fazer aqui!

DUDA  -  Pensei que você tivesse mandado chamar.

RITINHA  -  Chamei não, Eduardo! Eu ia fazer uma coisa destas? Hoje chegou esta carta de Coroado, onde meu pai diz que está chegando ao Rio de Janeiro... Nunca me deu uma palavra de carinho e agora... chega essa notícia de repente... só pra me deixar preocupada...

DUDA  -  Você sabe que eu não gosto dele e ele também não gosta de mim. (acentuando as palavras)  Bom, podia ser pior. Agora é esperar por ele e ter paciência. Eu me dou muito mal com o velho, mas vamos ver como é que a gente se arruma. Como fico a maior parte do tempo fora, não vou ter lá grandes problemas...

Duda lia a carta que lhe chegara, também de Coroado. Da família. E matutava nas novidades. 

DUDA  -  (virou-se para a esposa)  Escuta esta... Olha o que é que o João diz nesta carta. (leu para a mulher ouvir)  “Pode largá de chutá a bola. Tamo rico. Achei o diamante maior do mundo...”

Ritinha achegou-se ao marido, afagando-lhe o peito.

RITINHA  -  Se for verdade... é a realização dos sonhos de João e Jerônimo.

DUDA  -  Uai... por que não pode ser verdade?


CENA 3  -  RIO DE JANEIRO  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  SALA  -  INT.  -  DIA.


Hernani mostrava os jornais ao jogador e o destaque da manchete de ponta a ponta – DUDA NO CORÍNTIANS.

DUDA  -  É... esses caras da imprensa fazem uma fofoca desgraçada. Eu nem falei ainda com o diretor do Coríntians.

HERNANI  -  Onde há fumaça há fogo...

DUDA  -  Vamos esperar mais um pouco. Quem sabe se no fim o Flamengo dá o que eu pedi? Você viu que no último jogo a torcida só gritava o meu nome. E cartaz pesa pra burro!
   
HERNANI  -  (concordou)  Pode ser que a pressão da torcida faça o Flamengo entregar os pontos. Mas, se eu fosse você, topava logo a parada, não perdia tempo.

O dinheiro das luvas já dá para um bom pé-de-meia...

DUDA  -  Vida de jogador é assim, Hernani. Ás vezes o coração pede um time, mas a necessidade o leva para outro. A torcida não entende nem perdoa isso...

CORTA PARA:

CENA 4  -  RANCHO CORAGEM  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

   
Com o lápis correndo pelo bloco de papel, o repórter anotava as declarações de João Coragem. A notícia correra célere por todo o Estado. Em Coroado fora achado o maior diamante do mundo.


REPÓRTER  -  Então... pràticamente,  o senhor está bilionário!

JOÃO  -  Eu sei lá, seu moço! Vai dá um dinheirão, isso eu sei que vai!

REPÓRTER  -  Pretende vender a pedra aqui mesmo, em Coroado?

JOÃO  -  Vou vendê na cidade grande. Já tenho plano pra viajá, levando a pedra.

REPÓRTER  -  Por que não vende aqui mesmo?

JOÃO  -  Porque aqui, a gente não pode fazê preço. Compradô só tem um... e eu num quero vendê pra ele.

REPÓRTER  -  (mudou de tom, preparando a pergunta)  Dizem que, quando uma pedra deste valor é encontrada, o comum é se fazer mistério em torno do achado.

Mas com o senhor aconteceu o contrário. É o que se diz na cidade.

JOÃO  -  (meio atrapalhado, corando excessivamente)   É... eu acho que eu e meu irmão... a gente exagerou... pela alegria... pela vontade que a gente tinha de encontrá. A gente num devia de tê feito aquilo, né?

REPÓRTER  -  Acha que sua segurança corre perigo... ou melhor, que alguém será capaz de  tentar roubar o diamante?
  
JOÃO  -  (coçou a cabeça, intrigado)  Tudo é possível, moço. Mas eu confio muito na minha gente... não vão fazê isso comigo, não.

O jornalista deu um passo e olhou pela janela e apontou para o exterior.

REPÓRTER  -  Se confia tanto... por que aquele moço ali, de tocaia, armado?

Jerônimo podia ser visto, atento, sentado sobre uma tora de madeira.

JOÃO  -  É meu irmão.  Ele ta ali porque nós temo inimigo forte. E ele tá preparano um golpe. A gente espera tudo. Mas tamo preparado.

O jornalista insistiu, descobrindo o filão da reportagem. Poderia estar ali a grande manchete.

REPÓRTER  -  Pode dizer o nome do seu inimigo?

JOÃO  -  Não. Eu num quero provocá ninguém. Tudo pode acontecê. Até dele mudá. A gente tá só prevenido.
  
REPÓRTER  -  Mas... uma foto sua com o diamante você permite, não? Bota a pedra bem na frente, pra destacar.

O modesto rapaz olhou para a família.


JOÃO  -  Num há mal deu chamá a índia, mãe, pai...

REPÓRTER  -  (sorridente)  Não.  Chama todo mundo. Vai sair a turma toda na primeira página.

CENA  5  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  CASA-GRANDE  -  EXT.  -  DIA.

Lourenço barrava a entrada de Cema e Jerônimo com rispidez, girando ameaçadoramente a arma na direção dos dois.


LOURENÇO  -  Calma, mocinho, calma! O que quer aqui?

JERÔNIMO  -  (decidido)  Onde está o Braz Canoeiro?

LOURENÇO  -  Deve está na casa dele.
  
CEMA  -  Se tivesse eu não tinha vindo aqui. Sou a mulhé dele e você bem sabe.
  
LOURENÇO  -  (remendou a mentira)  Foi posto em liberdade, agora mesmo.

JERÔNIMO  -  (com altivez)  Por que? Ele tava preso?

LOURENÇO  -  Preso... preso,  não. ( embaraçado)  Estava só sob os cuidados do meu patrão. Foi muito bem tratado, até. Posso garantir.

JERÔNIMO  -  Eu compreendo!  Braz tava com João quando ele achô o diamante. Com certeza ocês quer que Braz traia ele...

LOURENÇO  -  Não... nada disso.  Meu patrão queria convencê o negro a reclamá seus direito.

JERÔNIMO  -  Que direito?

LOURENÇO  -  Da pedra. Se Braz ajudou a cavá, também é dono dela!

CEMA  -  (com aspereza)  Quem achô foi João. E a mina é dele. Braz não tem direito a nada.
   
LOURENÇO  -  (insistiu, irônico)  Eu acho que o próprio Braz já num pensa assim...

O diálogo foi cortado pela voz macia de Maria de Lara. Ela ouvira o bastante para se inteirar de tudo. Dirigiu-se ao jovem Coragem.

MARIA DE LARA  -  Um momento... Diga ao seu irmão... que fiquei satisfeita em saber... que ele encontrou o diamante.

Dos olhos de Jerônimo pareciam saltar chispas de ódio. Sem responder á moça virou as costas e retirou-se apressado.

FIM DO CAPÍTULO 27  
Duda (Claudio Marzo) e Ritinha (Regina Duarte)
... E NO PRÓXIMO CAPÍTULO:

--->JERÔNIMO VAI Á FAZENDA DE PEDRO BARROS EM BUSCA DE BRAZ CANOEIRO E DESCONFIA QUE JOÃO FOI TRAÍDO PELO GARIMPEIRO.

--->JERÔNIMO DIZ A RODRIGO QUE PEDRO BARROS ESTÁ TENTANDO, DE TODAS AS MANEIRAS, ROUBAR OS DIREITOS DE SEU IRMÃO Á PEDRA ENCONTRADA NO GARIMPO.

--->JOÃO FAZ PLANOS PARA O FUTURO E VAI Á CIDADE COM A FAMÍLIA TIRAR FOTOGRAFIA E FAZER EMPRÉSTIMO NO BANCO.



NÃO PERCA O CAPÍTULO 28 DE


Nenhum comentário:

Postar um comentário