Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 32
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JOÃO
JERÔNIMO
RODRIGO
PEDRO BARROS
BRAZ
JUCA CIPÓ
DALVA
DR. RAFAEL
MARIA DE LARA
SINHANA
SEBASTIÃO
POTIRA
ESTELA
CENA 1 - COROADO - ASSOCIAÇÃO DOS GARIMPEIROS - EXT. - DIA.João apontava para a porta da Associação e conversava com Potira. A índia se mostrava impulsiva, forçando a todo instante entrada na sede, á procura de notícia das eleições. Apesar das manobras desleais do coronel, tudo se processara num ambiente de calma. O episódio da rua fora a derradeira tentativa de Pedro Barros de tentar impedir a realização do pleito. Depois, não se registrara anormalidade.
JOÃO - (animado) Olha só praquilo, índia. Acha que se Jerônimo tivesse perdido, tava naquela alegria?
E, de fato, o garimpeiro mal podia dar um passo, abraçado, apertado, por centenas de companheiros, falando em voz alta e gesticulando excessivamente. A muito custo conseguiu alcançar a rua e se aproximar dos familiares.
Abraçaram-se, emocionados.
Abraçaram-se, emocionados.
JERÔNIMO - Quase nem acredito! Será que tou sonhando?
Rodrigo reuniu-se aos dois, radiante, extravasando alegria.
RODRIGO - (sorridente) Temos agora nas mãos uma arma infalível na luta contra as pouca-vergonhas desta cidade.
Jerônimo via os garimpeiros se aproximarem. Com um aceno, pediu-lhes silencio. Pedro Barros se encostou na traseira do carro. Os olhos faiscavam-lhe de ódio. A voz do garimpeiro chegava-lhe possante aos ouvidos.
JERÔNIMO - ...agora, a gente pode botá lei no garimpo... pode fazê muita coisa por todos vocês. Pelo menos, ninguém vai sê mais explorado. Isto eu garanto!
O coronel, sisudo, ouvia as palavras de encorajamento do novo presidente da Associação dos Garimpeiros. Estava rubro, quase roxo, da ira que o consumia.
João percebeu a reativação do clima de desordem. Mais alguns minutos e tudo poderia se modificar da calma para a violência e – quem sabe? – até para o crime. Interveio seguro, ponderado, puxando o irmão para longe do grupo.
João percebeu a reativação do clima de desordem. Mais alguns minutos e tudo poderia se modificar da calma para a violência e – quem sabe? – até para o crime. Interveio seguro, ponderado, puxando o irmão para longe do grupo.
JOÃO - Larga mão da provocação, mano. Agora, não carece mais.
Braz e seus garimpeiros abandonaram a praça, eufóricos, gritando o nome do novo presidente. Pedro Barros, cabeça baixa, atravessou a praça e, seguido de perto por Juca Cipó e seus jagunços, tomou o rumo da delegacia.
PEDRO BARROS - Preciso conversar com o delegado Falcão.
CORTA PARA:
CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. - DIA.
Maria de Lara ouviu as leves batidas na porta do quarto. Dalva entrou com um senhor de cabelos ligeiramente grisalhos, rosto jovem e sorriso encantador.
CENA 2 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. - DIA.
Maria de Lara ouviu as leves batidas na porta do quarto. Dalva entrou com um senhor de cabelos ligeiramente grisalhos, rosto jovem e sorriso encantador.
DALVA - Lara, este é o Dr. Rafael, de quem lhe falei.
DR. RAFAEL - Muito prazer, Maria de Lara.
MARIA DE LARA - Prazer, doutor...
O médico apertou confiante a mão da jovem. Notou-lhe as olheiras, o olhar triste e os gestos nervosos. As mãos de Lara tremiam, apoiadas á borda da cama.
DR. RAFAEL - É preciso que tenha confiança em mim. Absoluta. Sua tia me disse que tem sentido dores de cabeça muito fortes... e certas crises. Pode me explicar que tipo de crises?
Lara se mexeu, nervosa, procurando o termo exato para responder ao médico.
MARIA DE LARA - Não sei explicar. Ás vezes penso que seja amnésia... é isso mesmo. Crises de amnésia.
DR. RAFAEL - Amnésia é falta de memória. É isso que lhe acontece?
MARIA DE LARA - Acho que sim. Uma, duas vezes por semana. Primeiro, vem essa dor de cabeça, uma coisa terrível... e, então... as crises.
DR. RAFAEL - Quando diz crises, quer dizer que tem desmaios ou qualquer coisa semelhante?
MARIA DE LARA - Não, não é bem isso... não chega a ser um desmaio. Vem a dor de cabeça e tudo desaparece... Da última vez, acordei numa casa abandonada que existe por aqui.
Durante longo tempo o especialista conversou com a jovem, anotando mentalmente todos os pontos essenciais da entrevista. Formava um quadro clínico, após a delicada anamnese.
CORTA PARA:
CENA 3 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA - INT. - DIA.
DALVA - E então, doutor?
DR. RAFAEL - (sério) Bem, D. Dalva, á primeira vista, trata-se de um caso extremamente complexo.
CENA 4 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - NOITE.
A velha Sinhana admirava a personalidade e a firme decisão do promotor de Coroado. Ele fornecia, diante das atenções da família Coragem, os pormenores de sua vida. Os esforços empreendidos para alcançar a posição privilegiada que o tinham elevado, de garoto pobre e órfão, a promotor de uma cidade pequena mas importante na extração e no comércio de pedras preciosas. Acabara de concluir o relato. Voltou-se para o velho Sebastião.
A velha Sinhana admirava a personalidade e a firme decisão do promotor de Coroado. Ele fornecia, diante das atenções da família Coragem, os pormenores de sua vida. Os esforços empreendidos para alcançar a posição privilegiada que o tinham elevado, de garoto pobre e órfão, a promotor de uma cidade pequena mas importante na extração e no comércio de pedras preciosas. Acabara de concluir o relato. Voltou-se para o velho Sebastião.
RODRIGO - Falei muito de mim... e até agora, não me disseram se consentem no meu casamento com Potira.
Jerônimo levantou-se perturbado. Tentou sair. Sinhana, discretamente, segurou-o pelo braço.
SEBASTIÃO - (expressão feliz) Já disse que faço muito gosto!
JOÃO - Da minha parte... eu concedo... só falta Jerônimo e mãe falá.
RODRIGO - (encorou o companheiro) O que me diz, Jerônimo? E a senhora, dona Sinhana?
A velha permanecera atenta, á espera da pergunta. Conhecia a paixão que envolvia o filho e a filha adotiva, e a luta interna que convulsionava naquele instante, os sentimentos de Jerônimo. Procurou adiar a solução.
SINHANA - A gente acha... que é bão esperá mais um pouco.
RODRIGO - Eu espero. Não digo que posso me casar já... mas quero ficar, desde já, comprometido.
JOÃO - (em favor do amigo) Mãe, seu promotô é nosso amigo. A gente não pode recusá um pedido deste... A gente deve muita coisa a ele. A defesa das nossas terra do Matão... se não fosse ele, essa cambada tinha interditado a nossa mina e a Justiça vinha pra cima de nós, pra me tirá o diamante. Mas ele fez tudo pra prová que a nossa escritura era verdadeira. Além disso, Jerônimo conseguiu o que queria... Agora é presidente da Associação dos Garimpeiros. Isso é muito importante pra nós, que até onte era dominado por um home só. Atenta nisso, mãe...como é que a gente pode negá alguma coisa pro seu dotô?
Jerônimo deu um passo á frente, pousando a mão direita no ombro do amigo e protetor. Suas palavras saíram da garganta com dificuldade.
JERÔNIMO - É claro... seu doutô... tem sido muito nosso amigo. A gente tem que sê leal, honesto pra ele. E a Potira tá de acordo...
Sorridente com a decisão, Rodrigo retirou do bolso uma caixinha com duas alianças douradas.
João chamou a mestiça, que a tudo assistia sem dizer palavra, olhos voltados para o chão, dedos entrelaçados, expressão de desgosto.
João chamou a mestiça, que a tudo assistia sem dizer palavra, olhos voltados para o chão, dedos entrelaçados, expressão de desgosto.
JOÃO - Vem cá, índia!
Potira se aproximou, tímida, meio assustada.
JOÃO - Bota aí o anel no dedão dela. E tá comprometido!
CENA 5 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA DE JANTAR - INT. - DIA.
Bolo de milho, café forte, queijo fresco, broa e muito leite. A mesa do coronel era farta. A manhã nascera radiante, sol quente, pouco vento. O cheiro do gado penetrava as dependências da casa-grande trazido pela brisa. O mugir rouquenho dos bois contrastava com o pipilar agudo da passarada nos arvoredos.
Bolo de milho, café forte, queijo fresco, broa e muito leite. A mesa do coronel era farta. A manhã nascera radiante, sol quente, pouco vento. O cheiro do gado penetrava as dependências da casa-grande trazido pela brisa. O mugir rouquenho dos bois contrastava com o pipilar agudo da passarada nos arvoredos.
Pedro Barros cumprimentava o Dr. Rafael que, desacostumado á vida de fazenda, atrasara-se para o café.
PEDRO BARROS - Senta aí e come, home!
Os modos rudes do coronel não chegaram a surpreender o psiquiatra. Conhecia a natureza dos homens do sertão.
PEDRO BARROS - Que é que minha filha tem? É grave?
DR. RAFAEL - Estou ainda estudando o caso, seu Barros. Não tenho uma resposta por enquanto. Parece-me um caso raro, mas não fora do comum. Pelo que pude deduzir, Lara não consegue enfrentar determinada realidade... pelo menos a realidade que ela conhece. E foge dela. Meu trabalho consiste em descobrir quais as razões que a levam a procurar essa fuga.
Dalva retirou do seio um papel amarelado, entregando-o ao médico.
DALVA - Doutor, quero que o senhor leia esse papel. É um documento de... de uma moça que se chama Diana... e que se parece muito com Lara. Eu já lhe falei sobre isso. Ela deu sua filiação nesse documento ao delegado Falcão... e é muito estranho que os nomes dos pais dela... sejam os nomes... dos avós de Lara.
ESTELA - (completou) Nome do nosso pai e de nossa mãe, doutor.
O médico examinou demoradamente o documento.
DR. RAFAEL - Onde está Lara?
DALVA - (entendera a preocupação do especialista e rezava intimamente para que tudo desse certo) Saiu cedo para o campo.
DR. RAFAEL - Com licença!
O médico levantou-se e deixou a sala.
FIM DO CAPÍTULO 32
Jerônimo (Claudio Cavalcanti) e Duda (Claudio Marzo) |
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# O PROMOTOR RODRIGO CESAR OFICIALIZA SEU NOIVADO COM A ÍNDIA POTIRA
# O DR. RAFAEL SAI Á PROCURA DE MARIA DE LARA E DESVENDA O MISTÉRIO DE DIANA LEMOS!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 33 DE
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