Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 38
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JOÃO
JERÔNIMO
RODRIGO
POTIRA
RITINHA
PAULA
HERNANI
DUDA
DALVA
MARIA DE LARA
PADRE BENTO
ESTELA
DELEGADO FALCÃO
JUCA CIPÓ
SEBASTIÃO
JAGUNÇOS
GARIMPEIROS
JOÃO
JERÔNIMO
RODRIGO
POTIRA
RITINHA
PAULA
HERNANI
DUDA
DALVA
MARIA DE LARA
PADRE BENTO
ESTELA
DELEGADO FALCÃO
JUCA CIPÓ
SEBASTIÃO
JAGUNÇOS
GARIMPEIROS
CENA 1 - RANCHO CORAGEM - QUARTO DE JOÃO - INT. - DIA.
João se preparava para a cerimônia de casamento, preocupado com as perspectivas de uma possível represália do coronel. O homem não sabia perder, e muito menos perdoar aos que o conseguiam superar. Jerônimo o ajudava a se vestir. Incomodava-o o nó apertado da gravata; o sapato pesava-lhe nos pés.
JOÃO - (convidou o irmão) Cê num vem, irmão?
JERÔNIMO - Só se for preciso.
JOÃO - Eu quero sua presença.
JERÔNIMO - Prefiro ficá com os home tocaiando a casa. Qualqué enguiço, eu entro na festa!
JOÃO - Assim não. Se ajeite bem e vem comigo...
JERôNIMO - Na casa de Pedro Barros? Não, eu tenho vergonha.
JOÃO - Isso é indireta?
JERôNIMO - Você tem seus motivo. Eu não tenho.
CORTA PARA:
CENA 2 - RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
Rodrigo aparecia para oferecer sua ajuda e se despedir. Viajaria para o Rio no dia seguinte. Viera dar um abraço no amigo que casava e na mestiça que amava profundamente.
RODRIGO - Você me espera, índia. Vou e levo você no meu pensamento. É sua imagem a única recordação boa que levo daqui. Sua inocência, sua pureza me dão a esperança de que é possível uma vida melhor. Uma vida de que eu preciso, índia. Calma, simples, pura... pra compensar todo o ódio que guardo dentro de mim. (estreitou a noiva nos braços) Adeus, índia. Eu volto.
CORTA PARA:
CENA 3 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - TARDE.
RITINHA - Desde a manhã estou tentando uma ligação com Porto Alegre, moça. Será que vai demorar tanto assim? (fez uma pausa) É este número mesmo... é de um hotel... Oito horas! É muita coisa. Mas tente, por favor!
Ritinha sentia o corpo estranho dentro de seu lar. Paula, lixando as unhas displicentemente, deixava escapar pelo nariz afilado dois jatos de fumaça esbranquiçada.
PAULA - (irônica) Conseguiu a ligação?
RITINHA - (com azedume) Não. Há demora de oito horas e eu não agüento mais uma hora em sua companhia.
PAULA - (sugeriu displicente) Só há uma solução, minha cara...
RITINHA - A minha raiva é que nem a polícia me ajudou. Nem deram bola. Acho que pensaram que fosse trote.
PAULA - (riu gostosamente) Simplesmente... eu telefonei depois desmentindo sua queixa. Questão de cabeça, linda menina da roça... Questão de cabeça...
Hernani acabava de chegar e, sem permissão, penetrou no apartamento.
HERNANI - Paula, vim te buscar.
PAULA - Pra quê, irmãozinho?
HERNANI - Você não pode ficar aqui, Paula. Isto não está direito!
Hernani falava com sinceridade e procurava sensibilizar a irmã para a situação da rival.
HERNANI - Dona Rita de Cássia, eu não estou de acordo com isso...
Ritinha se descontrolou de vez com a chegada do homem que Eduardo detestava por motivos óbvios...
RITINHA - Agora é que eu não fico nem mais um minuto aqui. Os dois... é que eu não agüento. Você soube dar o golpe, Paula. Você venceu. (voltou-se para a cozinha) Isaura! Venha me ajudar a arrumar as malas! Vamos de qualquer jeito mesmo. Vai levando tudo isso para o elevador. (agrupou algumas malas e embrulhos junto á porta de saída e a criada os levou para o hall de espera) Vamos sair daqui, imediatamente.
Rita de Cássia tirou o fone do gancho e discou.
RITINHA - De onde fala? A Carmen está? Não? Vai demorar? (a expressão era de desespero ao ouvir o que lhe informavam do outro lado) Foi viajar? Pra onde? Petrópolis? Como? Um mês fora? Não, não quero deixar recado... Não, obrigada.
João se preparava para a cerimônia de casamento, preocupado com as perspectivas de uma possível represália do coronel. O homem não sabia perder, e muito menos perdoar aos que o conseguiam superar. Jerônimo o ajudava a se vestir. Incomodava-o o nó apertado da gravata; o sapato pesava-lhe nos pés.
JOÃO - (convidou o irmão) Cê num vem, irmão?
JERÔNIMO - Só se for preciso.
JOÃO - Eu quero sua presença.
JERÔNIMO - Prefiro ficá com os home tocaiando a casa. Qualqué enguiço, eu entro na festa!
JOÃO - Assim não. Se ajeite bem e vem comigo...
JERôNIMO - Na casa de Pedro Barros? Não, eu tenho vergonha.
JOÃO - Isso é indireta?
JERôNIMO - Você tem seus motivo. Eu não tenho.
CORTA PARA:
CENA 2 - RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
Rodrigo aparecia para oferecer sua ajuda e se despedir. Viajaria para o Rio no dia seguinte. Viera dar um abraço no amigo que casava e na mestiça que amava profundamente.
RODRIGO - Você me espera, índia. Vou e levo você no meu pensamento. É sua imagem a única recordação boa que levo daqui. Sua inocência, sua pureza me dão a esperança de que é possível uma vida melhor. Uma vida de que eu preciso, índia. Calma, simples, pura... pra compensar todo o ódio que guardo dentro de mim. (estreitou a noiva nos braços) Adeus, índia. Eu volto.
CORTA PARA:
CENA 3 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - TARDE.
RITINHA - Desde a manhã estou tentando uma ligação com Porto Alegre, moça. Será que vai demorar tanto assim? (fez uma pausa) É este número mesmo... é de um hotel... Oito horas! É muita coisa. Mas tente, por favor!
Ritinha sentia o corpo estranho dentro de seu lar. Paula, lixando as unhas displicentemente, deixava escapar pelo nariz afilado dois jatos de fumaça esbranquiçada.
PAULA - (irônica) Conseguiu a ligação?
RITINHA - (com azedume) Não. Há demora de oito horas e eu não agüento mais uma hora em sua companhia.
PAULA - (sugeriu displicente) Só há uma solução, minha cara...
RITINHA - A minha raiva é que nem a polícia me ajudou. Nem deram bola. Acho que pensaram que fosse trote.
PAULA - (riu gostosamente) Simplesmente... eu telefonei depois desmentindo sua queixa. Questão de cabeça, linda menina da roça... Questão de cabeça...
Hernani acabava de chegar e, sem permissão, penetrou no apartamento.
HERNANI - Paula, vim te buscar.
PAULA - Pra quê, irmãozinho?
HERNANI - Você não pode ficar aqui, Paula. Isto não está direito!
Hernani falava com sinceridade e procurava sensibilizar a irmã para a situação da rival.
HERNANI - Dona Rita de Cássia, eu não estou de acordo com isso...
Ritinha se descontrolou de vez com a chegada do homem que Eduardo detestava por motivos óbvios...
RITINHA - Agora é que eu não fico nem mais um minuto aqui. Os dois... é que eu não agüento. Você soube dar o golpe, Paula. Você venceu. (voltou-se para a cozinha) Isaura! Venha me ajudar a arrumar as malas! Vamos de qualquer jeito mesmo. Vai levando tudo isso para o elevador. (agrupou algumas malas e embrulhos junto á porta de saída e a criada os levou para o hall de espera) Vamos sair daqui, imediatamente.
Rita de Cássia tirou o fone do gancho e discou.
RITINHA - De onde fala? A Carmen está? Não? Vai demorar? (a expressão era de desespero ao ouvir o que lhe informavam do outro lado) Foi viajar? Pra onde? Petrópolis? Como? Um mês fora? Não, não quero deixar recado... Não, obrigada.
Hernani se aproximou, prestativo.
HERNANI - Posso lhe ser útil em alguma coisa?
RITINHA - (com raiva, olhos faiscantes) Não Você e sua irmã só atrapalham a minha vida!
PAULA - (maliciosa) Quer a chave? Pode levá-la no meu carro, Hernani . Ela precisa de sua ajuda, maninho. E muito...
RITINHA - Mas eu não quero ir no carro de ninguém. E não preciso de sua companhia! (a voz lhe embargava) Eu... me arrumo sozinha. Não sou tão tonta como vocês pensam!
Hernani estava penalizado com a situação da moça. Buscava um meio de ganhar-lhe a confiança e de lhe ser útil na trama enredada pela irmã.
HERNANI - Eu a levo para um lugar decente...
Ritinha não acreditava na atitude leal do rapaz.
RITINHA - Mas eu não quero! Não preciso.
HERNANI - Orgulho nesta hora não vai adiantar... Vamos, dê-me esta mala.
Segurou-a pelo braço, evitando o safanão que a jovem ameaçou dar. A criada tremia de medo, encostada á porta do elevador.
HERNANI - (puxando-a com força) Ora, vamos indo...
Rita chorava ao cruzar o grande portão de ferro espelhado do edifício.
CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - TARDE.
O telefone tilintou duas, três vezes. Paula arrancou o fone do gancho, enfurecida.
PAULA - Alô! Ah, de Porto Alegre? Pode ligar.
Duda entrou na linha.
DUDA - Alô, Ritinha? Ela não está? Quem está falando? Paula? Que é que você está fazendo ai? O que?
PAULA - (explicava, histérica e mentirosa) Sua mulher acaba de sair daqui, agora mesmo. Ela quis desocupar o apartamento. Disse para esperar por você. Nada fiz para obrigá-la, meu bem.
DUDA - Por que... ela fez isso? Para onde foi? (aguardou resposta) Não sabe? Como é que pode? Quem levou? Hernani?
A revelação descontrolou-lhe os nervos. Duda gesticulava e cerrava os punhos, como se discutisse com alguém a poucos centímetros de suas mãos.
DUDA - Mas... eu disse a ela que não tinha de aceitar favores do Hernani. E você fez muito mal em fazer negócio com o apartamento que eu alugava. Vamos ajustar as nossas contas! Agora, quero saber o que foi feito da minha mulher. (gritava nervoso do outro lado do bocal) É isso mesmo! O que foi feito da minha mulher? Se ela sumir... você é quem vai me pagar, está me ouvindo? Você e aquele calhorda do seu irmão. Manda ele ligar pra mim. Manda ele ligar! Imediatamente!
Duda desligou, possesso.
CORTA PARA:
CENA 5 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - QUARTO DE LARA - INT. - TARDE.
Dalva manifestava seu desagrado com o casamento de Lara e confessava isso á sobrinha nos instantes que entecediam a cerimônia. Não perdoava a atitude submissa de Pedro Barros. Para ela, a união de Lara com João Coragem era uma desgraça...
DALVA - Você está se deixando dominar completamente pela “outra”. Não devia aceitar essa união.
MARIA DE LARA - Não posso mais fugir a isso.
DALVA - Porque gosta dele...
MARIA DE LARA - E que culpa tenho disso?
DALVA - Então, confessa duma vez. Você ama esse sujeito!
MARIA DE LARA - (confessou, cabisbaixa) Pelo menos não consigo deixar de pensar nele.
DALVA - (maldosa) Sabe o que é isso? É a outra sujeita. Vai acabar perdendo sua própria personalidade. E nunca mais quero olhar para você, porque sinto nojo de gente dessa espécie!
MARIA DE LARA - (implorou, com os olhos marejados) Titia, por favor, não me torture mais.
DALVA - Lembre-se. Eu não vou descer... Até o último momento, você pode desistir. Se não conseguir, é uma prova de sua fraqueza.
CORTA PARA:
CENA 6 - FAZENDA DE PEDRO BARROS - SALA - INT. - TARDE.
Os poucos convidados conversavam baixinho, aguardando o início da cerimônia. Padre Bento pediu silencio.
PADRE BENTO - Dona Estela... acho que não é preciso apresentar João...
ESTELA - (sorrindo graciosa para o garimpeiro) Já nos conhecemos.
João fez as apresentações.
JOÃO - Meu pai, minha irmã de criação...
Olhou para trás e viu a jagunçada de Lourenço armada até os dentes. Juca Cipó se destacava, impaciente.
DELEGADO FALCÃO - (interpelou o noivo) Sabe? Casamento desta espécie é palhaçada.
JOÃO - Talvez o senhor teja querendo o meu lugar...
DELEGADO FALCÃO - Voce me roubou ele... não é natural que eu queira reaver?
JOÃO - Pra isso trouxe a jagunçada?
DELEGADO FALCÃO - Quem sabe?
João sorriu. Fez um discreto sinal para as bandas do terreiro.
JOÃO - Pois bem... acho então que tenho o direito de me defender...
Lentamente, os garimpeiros assomaram á porta da casa-grande, armados de facas e revólveres. Padre bento se espantou e fez o sinal da cruz.
PADRE BENTO - Meu Deus do céu, mas o que é isso?
JOÃO - (para todo mundo ouvir) São meus convidados, Padre Bento. (e dirigindo-se aos companheiros) Vocês não provoque, mas reaja, em caso de necessidade.
Braz antecipou-se, como sempre ansioso pela vingança.
BRAZ - Pode deixá, João! A gente sabe se portá como gente... Lá fora tem mais home, mas acho que não vai sê preciso fazê entrá...
FIM DO CAPÍTULO 38
O casamento de |João Coragem e Maria de Lara |
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