segunda-feira, 26 de setembro de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 69


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 
CAPÍTULO 69

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JOÃO
JERÔNIMO
SINHANA
POTIRA
RODRIGO
SOUZA
DELEGADO FALCÃO
HORÁCIO

CENA 1  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  CELA DE JOÃO  -  INT.  -  DIA.

Na cela Jerônimo transmitia ao irmão as idéias que vinham amadurecendo há vários dias. João perturbou-se diante da insistência.


JOÃO  -  Que plano é esse?

Antes de abrir a boca, Jerônimo olhou cuidadosamente para fora do xadrez. Sua voz era quase inaudível, quando tornou a dirigir-se ao irmão.

JERÔNIMO  -  Eu e mais Braz Canoeiro. A gente te tiramo daqui.

JOÃO  -  Só os dois?

JERÔNIMO  -  Braz é o único que ficou do teu lado. Não se pode contá com mais nenhum dos garimpeiro. Até contra mim, eles tão. (descansou a mão no ombro do irmão)  O plano é perfeito. Não falha. Eu e ele estudamo muito a melhor maneira. A gente depende, agora, só de uma palavra tua.

JOÃO  -  (meditou por alguns instantes e falou sombrio, entredentes)  E tu? Que vai sê da tua vida? Acha que vou te arrastá na minha desgraça?

JERÔNIMO  -  Eu deixo tudo... todas as minha idéia de grandeza.

JOÃO  -  E fica em paz com ocê mesmo, mano?

JERÔNIMO  -  (inexpressivo)  Isso num tem mais importância.

JOÃO  -  Tem sim, Jerônimo. Tu sempre foi, de nós três, o mais impulsivo, o mais agressivo. E tudo porque queria subi na vida... e não via jeito. Agora, te aparece a oportunidade... tu tá subino... já conseguiu um cargo bão... pode subi mais... pode sê prefeito de Coroado! (falava com a cara quase colada á do irmão)  Já pensou bem no que é isso procê, irmão?

JERÔNIMO  -  (sacudiu a cabeça, desconsolado)  Se eu pensei, João? Se eu pensei! Essa oportunidade veio pelas mãos do homem que gosta da mulher que eu amo.

JOÃO  -  As coisa da vida são assim, Jerônimo.  A gente num recebe uma graça de Deus sem tê que dá alguma coisa em troca. Me entende? A gente tem sempre que pagá um preço... (pesou por alguns segundos o resultado de suas palavras. Jerônimo ouvia, cabisbaixo)  Não é o teu caso, Jerônimo. Tua ambição é mais forte que teu amor por Potira. Chance como esta, nunca mais vai aparecê na vida! Tu tem que sê prefeito de Coroado. Pra começá. Porque tua ambição vai te levá muito mais alto, ainda!

JERÔNIMO  -  (sorriu um sorriso triste)  Tudo isso... é pra me dizê que não aceita a minha ajuda?

JOÃO  -  Tudo isso... é pra acordá teu juízo. A idéia da fuga é uma tentação pra mim. Tou enlouquecendo dentro destas quatro paredes. Mas eu agüento um pouco mais... e é por ocê. Pra te salvá enquanto é tempo. Porque tu também é arrimo da mãe. Tem que sê o orgulho da família.

Jerônimo levantou-se, desvencilhando-se das mãos do irmão. Deu um passo até as grades, agarrando-as com força. Experimentou a resistência do ferro.

JERÔNIMO  -  Eu acho que tu num sabe, mas os garimpeiro tão tudo contra ocê. E vão exigi que eu rompa pùblicamente com ocê... (antes que João respondesse, concluiu)  Isso eu num faço!

Deixou a cela, a passos largos, enquanto João ficou sozinho, entregue aos seus pensamentos. Ao lado um bêbado gemia sofridamente.

CORTA PARA:

CENA 2  -  COROAODO  -  CASA DE RODRIGO E POTIRA  -  INT. E EXT.  -  DIA.


Potira acabara de visitar a casinha modesta, de cores alegre e móveis modernos, que Rodrigo montara para a vida de casado. O promotor não podia esconder a alegria, coisa que a índia vira desaparecer, com a proximidade do ato nupcial. O casamento seria no dia seguinte. Sem explicações, deu as costas ao noivo e desapareceu, porta a fora, á procura de Sinhana que a esperava no jardim.


SINHANA  -  Se tu num tem juízo, eu te sento o chicote!

POTIRA  -  Pode me sentá!  Pode me matá. É mais melhó de bão...

SINHANA  -  Num tem vergonha de fazê um papel desses?

POTIRA  -  É justo que eu me case... enganando ele?

SINHANA  -  Escuta, Jeromo desapareceu durante o dia de hoje. Pra fugi de ocê. Porque ele já escolheu o caminho que deve de segui. O caminho, sem você.

A mestiça retirou a anel que Rodrigo lhe havia entregue. Lembrança da falecida mãe.


POTIRA  -  Juro... por este anel, por tudo o que Rodrigo disse. Se Jeromo não me quisé... – e vai prová esta noite, véspera do meu casamento – eu deixo ele em paz.

Sinhana aproximou-se. Havia qualquer coisa de estranho em suas feições sofridas.

SINHANA  -  Tu jurô, índia. Fartá com juramento é pecado.

POTIRA  -  Eu cumpro.  Chama Rodrigo, faz favô.

A velha voltou-se para a casa e chamou o promotor.

RODRIGO  -  Meu bem, o que você tem?

POTIRA  -  Se preocupa não. Eu tou muito nervosa, pensando apenas na tua felicidade. (abriu a mão e entregou a jóia ao noivo)  Toma isto!

RODRIGO  -  (ressentido)  Não quer usar o anel que te dei?

POTIRA  -  Eu vou usá, Rodrigo, mas... só amanhã... é que eu vô merecê andá cum ele. Dia de nosso casamento. Antes disso, não.

CORTA PARA:

CENA 3  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  INT.  -  DIA.


Antes mesmo do comércio adquirir a agitação comum do dia-a-dia, manhã ainda, Falcão recebeu a visita dos dois homens. Souza e um indivíduo desconhecido.


SOUZA  -  Bom dia!

DELEGADO FALCÃO  -  Dia!

SOUZA  -  Delegado Falcão?

DELEGADO FALCÃO  -  Eu mesmo.

SOUZA  -  Sou Rodolfo Souza, diretor do Clube Campestre. (virou-se para o homem que o acompanhava)  Trouxe aqui o meu amigo Horácio, que tem uma coisa pra lhe entregar.

DELEGADO FALCÃO  -  Pois não.

Com visível má vontade, o homem retirou da culatra um revólver usado, de cabo de madrepérola e colocou-o sobre a mesa de Falcão. A ferrugem corroia parte do cano e da coronha.


DELEGADO FALCÃO  -  (perguntou, meio desconfiado)  O que é isso?

HORÁCIO  -  (com azedume)  É um revólver, não tá vendo?

DELEGADO FALCÃO  -  Eu quero saber que significado tem essa arma!

SOUZA  -  Eu explico. Seu Horácio retirou ela das mãos de Diana Lemos.

DELEGADO FALCÃO  -  (estremeceu)  Como assim?

SOUZA  -  Ela se engraçou com ele, uma noite...

HORÁCIO  -  A zinha queria me passá pra trás! (grunhiu)  Depois de ter me tapeado durante uma noite inteira.

Falcão observava a arma meticulosamente. Rodou-a entre os dedos.

DELEGADO FALCÃO  -  Eu reconheço este revólver. É do pai dela.

SOUZA  -  Foi o que eu pensei.  Uma mulher esteve ontem no clube, procurando pela arma. A tia da moça. Eu tive o trabalho de procurar o Horácio. Por sorte ele pegou a arma depois que a moça desapareceu.

DELEGADO FALCÃO  - Bem... um momento. (refletiu apressadamente)  Eu acho bom vocês contarem essa história pro marido dela. João Coragem. Está aqui, preso. (curvou o tronco e gritou para o interior das celas)  Cabo Elias! Vai chamar o Coragem. (ao mesmo tempo discou para o centro telefônico de Coroado)  Minha filha, me liga para a casa do Coronel Pedro Barros.

FIM DO CAPÍTULO 69
João, Sinhana e Jerônimo
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

*** PARA DESESPÊRO DE JERÔNIMO, POTIRA CASA-SE COM RODRIGO!

*** LARA VISITA O MARIDO NA CADEIA, MAS O CASAL NÃO SE ENTENDE!


NÃO PERCA O CAPÍTULO 70 DE

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