Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 108
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
RITINHA
DUDA
DEOLINDA
PADRE BENTO
PEDRO BARROS
MARGARIDA
JUCA CIPÓ
SINHANA
JOÃO
DELEGADO FALCÃO
DUDA
DEOLINDA
PADRE BENTO
PEDRO BARROS
MARGARIDA
JUCA CIPÓ
SINHANA
JOÃO
DELEGADO FALCÃO
CENA 1 - CASA DO RANCHO CORAGEM - SALA - INT. - DIA.
Na cesta algumas frutas maduras, exalando um aroma apetitoso. Nas mãos flores colhidas no percurso. Ritinha chegou à casa dos Coragem, depois de uma longa caminhada pela estrada barrenta que ligava o rancho á cidade de Coroado.
RITINHA - Sinhana! Sinhana! Tou aqui. Mandou me chamar?
Silencio.
Uma porta rangeu, de repente, assustando a moça e a voz de alguém muito conhecido despertou-lhe a atenção.
DUDA - Fui eu que mandei te chamar.
A cesta foi ao chão, por causa do nervosismo da jovem.
RITINHA - Eduardo! O que você tá fazendo aqui?
DUDA - O quê? (perguntou, dando largos passos na direção da mulher) O quê? Vim te buscar, sua trouxa!
Ritinha atirou-se nos braços do marido, com os olhos cheios de lágrimas. Não havia palavras. Só a linguagem dos beijos, dos carinhos, poderia expressar o que ia na alma dos dois. Separaram-se depois de longos minutos.
RITINHA - Por quê? Por quê tá me xingando, benzinho? Tá zangado comigo?
DUDA - Você não merece... não merece todo o meu sacrifício. Claro que tou zangado! Isso é coisa que se faça?
RITINHA - Mas... o quê? (aflita) Que foi que eu fiz?
DUDA - Pensa que eu não sei? Quatro! Quatro admiradores!
RITINHA - Nossa Mãe! Quem te contou uma coisa dessas?
DUDA - Uma carta de amigos, avisando das coisas todas que tão acontecendo aqui com você!
Um leve sorriso abriu por segundos os lábios da mulher.
RITINHA - Virgem mãe! Eduardo, é mentira!
DUDA - (segurou-a firme, pelo pulso. Quase a machucando) Vamos lá... uma carta de amor do tal de Alberto D’Ávila. Você pode negar?
RITINHA - (baixando a cabeça, encabulada) Bem... essa eu não nego.
DUDA - Convite pra passear dum tal vereador Jacinto! Nega?
RITINHA - Também não...
DUDA - Uma paquerada de um tal de promotor novo. Um Doutor Luís! Você confirma?
Ela fez que sim com a cabeça e um muxôxo de confirmação.
RITINHA - Aham!
DUDA - E por último... o sem-vergonha do Hernani! Que montou um cinema aqui em Coroado, só pra ficar perto de você. Você pode negar isso?
RITINHA - Hum, hum...
DUDA - Pois então! (fuzilava de ciúme) O que foi que você virou? Conquistadora?
Ritinha resolveu retrucar à altura, apesar de estar levando na brincadeira a reação amoroso do marido.
RITINHA - Meu querido, eu não tenho culpa. Tou separada de você, abandonada! Afinal de contas, não sou nenhuma bruxa... todo mundo diz que sou uma gracinha... que culpa eu tenho?
DUDA - Uma gracinha... uma gracinha! (com raiva) Mas não é pro bico de qualquer sujeito, não!
RITINHA - Claro, meu amorzinho. Eu não dei confiança pra ninguém. Como é que podia dar, se meu pensamento tava com você? O tempo todo.
DUDA - Sei não... essa gente toda dando em cima de você... não é só pelo seu palminho de cara, não!
RITINHA - Tá bom! Muito bom, mesmo! Você veio aqui, em vez de sê pra me proteger, veio pra brigar comigo! Pois não devia ter vindo, ora! Eu não te chamei, chamei?
DUDA - Não chamou, mas vou te levar! Nem que seja amarrada. O médico não queria me deixar sair do hospital. Tive que ameaçar fugir de novo. Aí ele me deu um dia de licença.
RITINHA - Como tá tua perna?
DUDA - Vai indo... tou em tratamento rigoroso... já me sinto melhor. Tava era abandonado... (puxou a esposa para seu colo, abraçando-a apaixonadamente).
Ritinha encostou a cabeça no ombro do marido, alisando-lhe o rosto barbado.
RITINHA - Agora eu cuido de você, amorzinho. Nenhum de nós vai mais ficar abandonado.
DUDA - Vamos já... tenho uma coisa a te dizer... em particular.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - CASA DE DEOLINDA - SALA - INT. - DIA.
DEOLINDA - (parecia uma fera, diante da realidade) Ele não vem, padre!
PADRE BENTO - Vem, vem! Falcão foi buscá-lo à força!
DEOLINDA - (tremia de impaciencia e raiva) Era só o que faltava! Justamente minha filha... ter que casar na polícia!
PADRE BENTO - Não será assim, Dona Deolinda. Para não dar essa impressão sugiro que vamos todos para a igreja, onde será realizado o casamento...
DEOLINDA - Mesmo assim, é um casamento obrigado... e a culpada é ela!
Deolinda levantou, bruscamente, o rosto de Margarida, até àquele instante, cabisbaixa e inerte.
DEOLINDA - (recriminativa) Não se envergonha de nos obrigar a passar por esta situação?
Padre Bento interveio, enérgico, como bom pastor de almas. Via na atitude da mãe um começo de infelicidade para a vida que se descortinava para a filha.
PADRE BENTO - Deixe a moça, Dona Deolinda! Não complique mais a situação!
DEOLINDA - Ver ninho de coruja... é no que dá! Essas moças de hoje! Ainda bem que meu Jorginho não está aqui. Ele morreria de novo, de vergonha!
CORTA PARA:
CENA 3 - COROADO - IGREJA - INT. - DIA.
PEDRO BARROS - Juca!
A voz firme e grossa de Pedro Barros varreu a igrejinha de Coroado, como o dobre do sino. O moleque levantou-se, assustado, tentando escapulir pela porta aberta. O coronel agarrou-o pelo fundo das calças.
JUCA CIPÓ - (tentou correr) Ai!
PEDRO BARROS - Vamos simbora, larga de manha, safado!
JUCA CIPÓ - Num vou! Num vou! Me larga!
PEDRO BARROS - Eu quero que case, ora! E vai casá...
JUCA CIPÓ - Num quero casá! (esbravejava, lunático) Com Margarida, num quero! Num fui eu! Num fui eu! Tou jurando, num fui eu!
Pedro Barros fechou as mãos e aplicou alguns cascudos, com força, na cabeça do filho. Juca berrava como um garoto.
Margarida esperava-o, com um véu claro a cobrir-lhe o rosto meigo. O juiz conferiu a documentação, enquanto o sacerdote preparava tudo para o ato sagrado. Pedro Barros, sempre com o filho preso pelos fundilhos das calças, aproximou-se do altar.
PEDRO BARROS - Tá ele aqui, Padre! Filho meu não faz papel sujo com moça!
DEOLINDA - (pôs as mãos nos quadris, em atitude insolente) Que papel, hem, Juca? Que papelão!
JUCA CIPÓ - Papel é o dela, não o meu!
PADRE BENTO - Psiu! Silencio! Respeitem a casa de Deus! (advertiu, já com as vestes sacramentais) Meus filhos, é preciso viver em paz. Com tranquilidade, com Deus e com nossas próprias consciências.
Pedro Barros cortou a palavra do sacerdote, sem a mínima atenção.
PEDRO BARROS Nada de sermão, padre! Casa logo, antes que o noivo fuja de novo!
O juiz pôs a mão sobre a boca, evitando rir das advertencias do coronel e da cara emburrada do jagunço.
PADRE BENTO - É preciso que os noivos se dêem as mãos, que se reconciliem. Deus quer assim!
O coronel deu um tapa com força no ombro do filho.
PEDRO BARROS - Dá a mão pra tua noiva, Juca!
JUCA CIPÓ - (batendo com o pé no chão, respondeu) Num dou!
O coronel insistiu, já com outra atitude, os olhos pareciam jatos de fogo.
PEDRO BARROS - Dá, Juca. Acaba logo com isso! Tenho coisa mais importante a fazer. Pelo amor de Deus! (tornou a aplicar cascudos violentos na cabeça do filho) Dá, desgraçado!
Juca estendeu a mão para Margarida, de olhos baixos e vermelha como crista de galo.
PEDRO BARROS - (ordenou, cofiando a barba grisalha) Começa logo essa geringonça!
Padre Bento virou-se para a imagem no altar, abriu os braços e iniciou o casamento religioso.
PADRE BENTO - Senhor, meu Deus...
Ao fundo, observando com olhar irônico a solenidade, Hernani isolava-se de todos. Havia um quê de mistério no leve sorriso que lhe entreabria os lábios.
PADRE BENTO - (prosseguia) Juca de Almeida Barros... é de sua livre e espontânea vontade que deseja se casar com Margarida Vieira?
Não houve resposta. Um arrepio percorreu a assistência. Barros cutucou com o cotovelo as costelas do jagunço.
JUCA CIPÓ - Que remédio, né?
PADRE BENTO - Margarida Vieira, é de sua livre e espontânea vontade que deseja se casar com Juca de Almeida Barros?
MARGARIDA - É, sim, senhor!
Benzendo as alianças, Padre Bento ajudou os recém-casados a colocá-las nos dedos.
JUCA CIPÓ - (disse baixinho, ao ouvido da mulher) Tu me paga!
Estava findo o casamento.
CORTA PARA:
CENA 4 - COROADO - DELEGACIA - SALA DE VISITAS - INT. - DIA.
Sinhana correra à delegacia para dar as novidades ao filho.
SINHANA - Não passa de hoje. Vim só te avisá!
Um riso de felicidade alegrou a face do garimpeiro.
JOÃO - Puxa vida! Meu filho tá pra nascê. Logo hoje... quando vai sê decidido meu destino!
SINHANA - Deus faz as coisa certa, meu filho!
JOÃO - Moleque levado! Tá é aflito pra sabê o destino do pai! E ela, como tá?
SINHANA - Sentida de num tá presente, hoje...
JOÃO - Bobage... (repentinamente entristecido. A lembraça da esposa, distante, afastada, necessitada de sua presença, deixava-o irritado) Primeiro nosso filho, uai!
SINHANA - E tu... tá animado?
JOÃO - Sei lá, mãe. Tou é louco pra me ver livre daqui. Reza, mãe. Pede pra Deus, pras coisa terminá bem.
CORTA PARA:
CENA 5 - COROADO - DELEGACIA - EXT. - DIA.
Falcão dava ordens rigorosas aos soldados que se agrupavam na porta da delegacia.
DELEGADO FALCÃO - Todo mundo de ôlho. Vigilância redobrada. O negócio hoje vai esquentar com o julgamento de João Coragem. Vocês me apertem o cêrco. Todo mundo conhece os homens dele. Não deixem nenhum daqueles cabras entrá. Eles estão doidos e são capazes de tudo...
Na cesta algumas frutas maduras, exalando um aroma apetitoso. Nas mãos flores colhidas no percurso. Ritinha chegou à casa dos Coragem, depois de uma longa caminhada pela estrada barrenta que ligava o rancho á cidade de Coroado.
RITINHA - Sinhana! Sinhana! Tou aqui. Mandou me chamar?
Silencio.
Uma porta rangeu, de repente, assustando a moça e a voz de alguém muito conhecido despertou-lhe a atenção.
DUDA - Fui eu que mandei te chamar.
A cesta foi ao chão, por causa do nervosismo da jovem.
RITINHA - Eduardo! O que você tá fazendo aqui?
DUDA - O quê? (perguntou, dando largos passos na direção da mulher) O quê? Vim te buscar, sua trouxa!
Ritinha atirou-se nos braços do marido, com os olhos cheios de lágrimas. Não havia palavras. Só a linguagem dos beijos, dos carinhos, poderia expressar o que ia na alma dos dois. Separaram-se depois de longos minutos.
RITINHA - Por quê? Por quê tá me xingando, benzinho? Tá zangado comigo?
DUDA - Você não merece... não merece todo o meu sacrifício. Claro que tou zangado! Isso é coisa que se faça?
RITINHA - Mas... o quê? (aflita) Que foi que eu fiz?
DUDA - Pensa que eu não sei? Quatro! Quatro admiradores!
RITINHA - Nossa Mãe! Quem te contou uma coisa dessas?
DUDA - Uma carta de amigos, avisando das coisas todas que tão acontecendo aqui com você!
Um leve sorriso abriu por segundos os lábios da mulher.
RITINHA - Virgem mãe! Eduardo, é mentira!
DUDA - (segurou-a firme, pelo pulso. Quase a machucando) Vamos lá... uma carta de amor do tal de Alberto D’Ávila. Você pode negar?
RITINHA - (baixando a cabeça, encabulada) Bem... essa eu não nego.
DUDA - Convite pra passear dum tal vereador Jacinto! Nega?
RITINHA - Também não...
DUDA - Uma paquerada de um tal de promotor novo. Um Doutor Luís! Você confirma?
Ela fez que sim com a cabeça e um muxôxo de confirmação.
RITINHA - Aham!
DUDA - E por último... o sem-vergonha do Hernani! Que montou um cinema aqui em Coroado, só pra ficar perto de você. Você pode negar isso?
RITINHA - Hum, hum...
DUDA - Pois então! (fuzilava de ciúme) O que foi que você virou? Conquistadora?
Ritinha resolveu retrucar à altura, apesar de estar levando na brincadeira a reação amoroso do marido.
RITINHA - Meu querido, eu não tenho culpa. Tou separada de você, abandonada! Afinal de contas, não sou nenhuma bruxa... todo mundo diz que sou uma gracinha... que culpa eu tenho?
DUDA - Uma gracinha... uma gracinha! (com raiva) Mas não é pro bico de qualquer sujeito, não!
RITINHA - Claro, meu amorzinho. Eu não dei confiança pra ninguém. Como é que podia dar, se meu pensamento tava com você? O tempo todo.
DUDA - Sei não... essa gente toda dando em cima de você... não é só pelo seu palminho de cara, não!
RITINHA - Tá bom! Muito bom, mesmo! Você veio aqui, em vez de sê pra me proteger, veio pra brigar comigo! Pois não devia ter vindo, ora! Eu não te chamei, chamei?
DUDA - Não chamou, mas vou te levar! Nem que seja amarrada. O médico não queria me deixar sair do hospital. Tive que ameaçar fugir de novo. Aí ele me deu um dia de licença.
RITINHA - Como tá tua perna?
DUDA - Vai indo... tou em tratamento rigoroso... já me sinto melhor. Tava era abandonado... (puxou a esposa para seu colo, abraçando-a apaixonadamente).
Ritinha encostou a cabeça no ombro do marido, alisando-lhe o rosto barbado.
RITINHA - Agora eu cuido de você, amorzinho. Nenhum de nós vai mais ficar abandonado.
DUDA - Vamos já... tenho uma coisa a te dizer... em particular.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - CASA DE DEOLINDA - SALA - INT. - DIA.
DEOLINDA - (parecia uma fera, diante da realidade) Ele não vem, padre!
PADRE BENTO - Vem, vem! Falcão foi buscá-lo à força!
DEOLINDA - (tremia de impaciencia e raiva) Era só o que faltava! Justamente minha filha... ter que casar na polícia!
PADRE BENTO - Não será assim, Dona Deolinda. Para não dar essa impressão sugiro que vamos todos para a igreja, onde será realizado o casamento...
DEOLINDA - Mesmo assim, é um casamento obrigado... e a culpada é ela!
Deolinda levantou, bruscamente, o rosto de Margarida, até àquele instante, cabisbaixa e inerte.
DEOLINDA - (recriminativa) Não se envergonha de nos obrigar a passar por esta situação?
Padre Bento interveio, enérgico, como bom pastor de almas. Via na atitude da mãe um começo de infelicidade para a vida que se descortinava para a filha.
PADRE BENTO - Deixe a moça, Dona Deolinda! Não complique mais a situação!
DEOLINDA - Ver ninho de coruja... é no que dá! Essas moças de hoje! Ainda bem que meu Jorginho não está aqui. Ele morreria de novo, de vergonha!
CORTA PARA:
CENA 3 - COROADO - IGREJA - INT. - DIA.
PEDRO BARROS - Juca!
A voz firme e grossa de Pedro Barros varreu a igrejinha de Coroado, como o dobre do sino. O moleque levantou-se, assustado, tentando escapulir pela porta aberta. O coronel agarrou-o pelo fundo das calças.
JUCA CIPÓ - (tentou correr) Ai!
PEDRO BARROS - Vamos simbora, larga de manha, safado!
JUCA CIPÓ - Num vou! Num vou! Me larga!
PEDRO BARROS - Eu quero que case, ora! E vai casá...
JUCA CIPÓ - Num quero casá! (esbravejava, lunático) Com Margarida, num quero! Num fui eu! Num fui eu! Tou jurando, num fui eu!
Pedro Barros fechou as mãos e aplicou alguns cascudos, com força, na cabeça do filho. Juca berrava como um garoto.
Margarida esperava-o, com um véu claro a cobrir-lhe o rosto meigo. O juiz conferiu a documentação, enquanto o sacerdote preparava tudo para o ato sagrado. Pedro Barros, sempre com o filho preso pelos fundilhos das calças, aproximou-se do altar.
PEDRO BARROS - Tá ele aqui, Padre! Filho meu não faz papel sujo com moça!
DEOLINDA - (pôs as mãos nos quadris, em atitude insolente) Que papel, hem, Juca? Que papelão!
JUCA CIPÓ - Papel é o dela, não o meu!
PADRE BENTO - Psiu! Silencio! Respeitem a casa de Deus! (advertiu, já com as vestes sacramentais) Meus filhos, é preciso viver em paz. Com tranquilidade, com Deus e com nossas próprias consciências.
Pedro Barros cortou a palavra do sacerdote, sem a mínima atenção.
PEDRO BARROS Nada de sermão, padre! Casa logo, antes que o noivo fuja de novo!
O juiz pôs a mão sobre a boca, evitando rir das advertencias do coronel e da cara emburrada do jagunço.
PADRE BENTO - É preciso que os noivos se dêem as mãos, que se reconciliem. Deus quer assim!
O coronel deu um tapa com força no ombro do filho.
PEDRO BARROS - Dá a mão pra tua noiva, Juca!
JUCA CIPÓ - (batendo com o pé no chão, respondeu) Num dou!
O coronel insistiu, já com outra atitude, os olhos pareciam jatos de fogo.
PEDRO BARROS - Dá, Juca. Acaba logo com isso! Tenho coisa mais importante a fazer. Pelo amor de Deus! (tornou a aplicar cascudos violentos na cabeça do filho) Dá, desgraçado!
Juca estendeu a mão para Margarida, de olhos baixos e vermelha como crista de galo.
PEDRO BARROS - (ordenou, cofiando a barba grisalha) Começa logo essa geringonça!
Padre Bento virou-se para a imagem no altar, abriu os braços e iniciou o casamento religioso.
PADRE BENTO - Senhor, meu Deus...
Ao fundo, observando com olhar irônico a solenidade, Hernani isolava-se de todos. Havia um quê de mistério no leve sorriso que lhe entreabria os lábios.
PADRE BENTO - (prosseguia) Juca de Almeida Barros... é de sua livre e espontânea vontade que deseja se casar com Margarida Vieira?
Não houve resposta. Um arrepio percorreu a assistência. Barros cutucou com o cotovelo as costelas do jagunço.
JUCA CIPÓ - Que remédio, né?
PADRE BENTO - Margarida Vieira, é de sua livre e espontânea vontade que deseja se casar com Juca de Almeida Barros?
MARGARIDA - É, sim, senhor!
Benzendo as alianças, Padre Bento ajudou os recém-casados a colocá-las nos dedos.
JUCA CIPÓ - (disse baixinho, ao ouvido da mulher) Tu me paga!
Estava findo o casamento.
CORTA PARA:
CENA 4 - COROADO - DELEGACIA - SALA DE VISITAS - INT. - DIA.
Sinhana correra à delegacia para dar as novidades ao filho.
SINHANA - Não passa de hoje. Vim só te avisá!
Um riso de felicidade alegrou a face do garimpeiro.
JOÃO - Puxa vida! Meu filho tá pra nascê. Logo hoje... quando vai sê decidido meu destino!
SINHANA - Deus faz as coisa certa, meu filho!
JOÃO - Moleque levado! Tá é aflito pra sabê o destino do pai! E ela, como tá?
SINHANA - Sentida de num tá presente, hoje...
JOÃO - Bobage... (repentinamente entristecido. A lembraça da esposa, distante, afastada, necessitada de sua presença, deixava-o irritado) Primeiro nosso filho, uai!
SINHANA - E tu... tá animado?
JOÃO - Sei lá, mãe. Tou é louco pra me ver livre daqui. Reza, mãe. Pede pra Deus, pras coisa terminá bem.
CORTA PARA:
CENA 5 - COROADO - DELEGACIA - EXT. - DIA.
Falcão dava ordens rigorosas aos soldados que se agrupavam na porta da delegacia.
DELEGADO FALCÃO - Todo mundo de ôlho. Vigilância redobrada. O negócio hoje vai esquentar com o julgamento de João Coragem. Vocês me apertem o cêrco. Todo mundo conhece os homens dele. Não deixem nenhum daqueles cabras entrá. Eles estão doidos e são capazes de tudo...
FIM DO CAPÍTULO 108
e no próximo capítulo...
*** Tem início o julgamento de João Coragem, com todas as autoridades presentes ao Tribunal do Juri. Na tribuna, a população de Coroado aguarda, ansiosa, a sentença do juiz!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 109 DE
Mingas (Ana Ariel), Pedro Barros (Gilberto Martinho), Falcão (Dollabela), Juca (Emiliano Queiroz) e Margarida (Leda Lucia), no divertido casamento de Juca Cipó |
*** Tem início o julgamento de João Coragem, com todas as autoridades presentes ao Tribunal do Juri. Na tribuna, a população de Coroado aguarda, ansiosa, a sentença do juiz!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 109 DE
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