sábado, 31 de dezembro de 2011

IRMÃOS CORAGEM - Capítulo 112


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 112
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
INDAIÁ
DELEGADO FALCÃO
RODRIGO
PROMOTOR
BRANCA
JERÔNIMO
LÍDIA
EMPREGADA
ALBERTO
JOÃO
DELEGADO CASTRO
MULHER

CENA 1  -  COROADO  -  CASA DE RODRIGO  -  QUARTO DE POTIRA  -  INT.  -  DIA.

Potira não insistia, mas esperava que Indaiá lhe contasse o segredo. Pelo menos fôra para isso que a mulher a chamara. E agora, face a face, com os grandes olhos negros mais profundos do que nunca, a mestiça ouvia as revelações inacreditáveis.


INDAIÁ  -  Tu era criancinha de colo, quando deixei teu pai por Sebastião. Deixei tu, também. Teu pai foi atrás de mim, disposto a tudo. Numa briga, Bastião deu fim nele e fugiu. Eu fiquei e tomei toda a culpa. Fui presa e condenada. Achei que eu merecia o castigo e aceitei a pena que eu mesma me impus. Achei que merecia o castigo e com isso me limpei. (as duas mulheres não podiam esconder a emoção)  Sebastião, então, te pegou e levou pra longe. E guardou o segredo até o fim da vida.

CORTA PARA:

CENA 2  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  INT.  -  DIA.

Falcão não acreditava no que Rodrigo dizia.


DELEGADO FALCÃO  -  O que tá me dizendo? Estêve com João e Alberto?

RODRIGO  -  Sim... e ouvi coisas muito interessantes...  (voltou-se para a mulher que se escondera por trás de seu corpo forte)  Por favor, Dona Branca! (Falcão olhou, abismado, para a mulher)  Ela tem revelações a lhe fazer, delegado.

Falcão sentou-se, preparando-se para ouvir. Havia como que um silencio macabro no interior da delegacia.

CENA  3  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  INT.  -  DIA.


DELEGADO FALCÃO  -  Confesso que tou besta com tudo isso que acabo de ouvir! Parece mentira!

RODRIGO  -  Eu também... embora... já tivesse havido suspeita de que Lourenço estava vivo. Depois da exumação do corpo dele, qualquer dúvida existente foi afastada. Dona Branca acabou de confessar e creio que todos entenderam muito bem.  Houve dois crimes e em nenhum deles João Coragem teve a menor participação. (andava de um lado para outro dentro da pequena sala, esfregando as mãos, nervosamente)  A confissão dela e do Sr. Laport é o suficiente para que ele me tome como advogado e eu encete as providencias que o caso requer. Não, senhor promotor?

O novo promotor fez que sim com a cabeça. Também ele estava presente á confissão da mulher de Lourenço.

DELEGADO FALCÃO  -  (buscou uma derradeira saída)  Agora... é preciso apelar para uma instância superior, né, seu doutor promotor?

PROMOTOR  -  Evidente. Mas o Doutor Rodrigo sabe o que fazer.

RODRIGO  -  Claro.  Como advogado de João vou pedir a revisão criminal imediatamente. (virou-se para o delegado)  Eu sou responsável por Alberto. Quando voltar, o trarei para que seja julgado...

As mãos da mulher buscaram a face, enquanto um soluço rouco lhe saía de dentro do peito.


BRANCA  -  Me prendam no lugar dele! Ele não é responsável pelo que fêz! Eu e o pai dele é que fomos os verdadeiros culpados! É um menino bom! Eu mereço a punição... ele, não!

CORTA PARA:

CENA 4  -  COROADO  -  CASA DE JERÔNIMO  -  SALA  -  INT.  -  NOITE.

Os constantes e diários atritos infernizavam a vida de Jerônimo e Lídia. O fantasma de Potira tornara-se forma viva e não deixava o pensamento do rapaz. A mulher percebia-lhe o sofrimento. E as brigas se tornavam diárias.

Naquela noite a mulher tomara uma decisão. Aguardara a chegada do marido para romper de uma vez com os vínculos e com.. a vida. Esperara horas o retorno do marido ao lar. E agora, apontava o revólver, friamente, em sua direção. Jerônimo rodeava-a à procura de uma oportunidade para lhe tirar a arma.


JERÔNIMO  -  Olha aqui, Lídia... (movia as mãos em sinal de calma)  Num vim aqui pra te matar... não que você num mereça. Mas eu num tou pra me desgraçar por tua causa.

LÍDIA  -  Mas eu vou me desgraçar e não tenho medo de nada.

Jerônimo falou-lhe do pai e de sua vida na cidade.


JERÔNIMO  -  Escuta... vou te dar até amanhã pra deixar esta cidade.

LÍDIA  -   ...e eu te dou um minuto pra você se despedir da vida.

JERÔNIMO  -  (engrossou)  Deixa de ser bêsta! Larga mão de tragédia. Se eu quissesse dar fim a você, já tinha dado... e não seria esse teu revólver que me assustaria...

Lídia não se movia. Ereta. Tranquila. Apontando a arma como se torturasse um condenado à morte.


LÍDIA  -  Te digo uma coisa... cheguei a um ponto que não suporto mais. Prefiro te ver morto, do que saber que você tá junto daquela sujeitinha...

Veio a confirmação brutal.


JERÔNIMO  -  Será que você não entende... que eu não gosto de você?

LÍDIA  -  Por causa dela?

JERÔNIMO  -  Por causa de ninguém, Lídia! Mulher nenhuma pode obrigar um homem a ter amor por ela! E a mulher que gosta de verdade, não faz o que você costuma fazer...

LÍDIA  -  Eu queria lutar pra te conquistar! Mas agora eu quero que você morra!

O  dedo ia premir o gatilho. Num golpe rápido, Jerônimo agarrou-lhe a mão, voltando inadvertidamente o cano na direção da esposa. O tiro ecoou forte em meio à luta do casal. Lídia abriu os olhos, arregalando-os de forma inumana Incontinenti pôs a mão sobre o estômago. Lídia aos poucos foi caindo ao chão.


EMPREGADA  -  Dona Lídia! Dona Lídia!

A voz trêmula da empregada despertou Jerônimo da inércia momentânea. Atirou o revólver para longe.


JERÔNIMO  -  Eu... não queria! Juro... foi... sem querer.

A empregada não suportou a cena e gritou descontrolada, enquanto Jerônimo fugia.


EMPREGADA  -  Socorro! Socorro! Socorro!

CORTA PARA:

CENA  5  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  INT.  -  DIA.

Falcão retirou as algemas do prisioneiro diante dos olhares vigilantes dos soldados.


DELEGADO FALCÃO  -  Caiu como um patinho!

ALBERTO  -  Eu tinha prometido ao doutor promotor que ia me entregar... não precisava nada disso. Queria só era agarrar o sujeito que está com o diamante do João, é o mesmo que matou meu pai.

DELEGADO FALCÃO  -  Pois é... seu pai. Tão bonzinho! Coitadinho dele! Não fez nada para merecer o destino que teve!

O  gesto do delegado despertava instintos incontroláveis no adolescente. Os dentes rangiam-lhe. As mãos, agrilhoadas pelas algemas, moviam-se como que à procura da garganta do inimigo. Alberto chorava de raiva.


ALBERTO  -  Ele pode ter feito o que fez, mas era meu pai. E não tem direito de fazer piada de um negócio tão grave.

DELEGADO FALCÃO  -  Minha raiva é que o João não voltou com você!

ALBERTO  -  E nem vai voltar!  Pode perder as esperanças... porque pra esta cadeia ele não volta nunca mais!

DELEGADO FALCÃO  -  Veremos!  Ele pode tá aguardando a decisão da justiça... mas enquanto não dão a última palavra... ele tem que ficar aqui com você! Os dois na cadeia, mofando! Com ou sem culpa no cartório!

CORTA PARA:

CENA  6  -  BELO HORIZONTE  -  BOUTIQUE  -  INT.  -  NOITE.

A esta altura, João Coragem se encontrava longe. Viajara para a capital, seguindo a trilha que o levava aos responsáveis pela trama e pelo roubo do diamante. A boutique com suas vitrinas de letras douradas e decoração de bom gosto, ali estava. Era aquela. Não havia ninguém, devido o adiantado da hora. João entrou. E interrogava sem pena a mulher que estava à sua frente.


MULHER  -  Basta! Estou cansada disso tudo. Eu vou dizer o que sei...

JOÃO  -  A gente tá ouvino. Diga.

MULHER  -  É verdade, sim. Eu fui procurar a moça, enfermeira, à procura da pedra. Como é verdade que estive em São Paulo, com Lourenço. Foi ele quem me garantiu que o diamante estava com ela. E tudo o que tenho feito é procurar esta pedra... e se você fosse mais esperto, João, teria a certeza de que Iolanda é uma farsante. Ela engana você, seu bobo. Engana todo mundo. Leva ela à polícia e a obriga a dizer onde escondeu o diamante!

João olhou espantado para a mulher.

CORTA PARA:

CENA  7  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  INT.  -  DIA.

A grande notícia correu Coroado de ponta a ponta. Diogo Falcão fôra destituído das funções de delegado. Já não mandava. Já não impunha a sua lei tendenciosa na pequena mas atormentada cidade do sertão mineiro.


O novo delegado, Castro, viera de outra região. Tipo caladão, porte médio, cabelos lisos. Ele ergueu os olhos para atender o ex-promotor, que acabara de chegar, esbaforido.


RODRIGO  -  Senhor delegado... tenho uma queixa muito grave a lhe fazer!

DELEGADO CASTRO  -  (franziu a testa)  De que se trata? Sente-se.

RODRIGO  -  Já sabe que Jerônimo Coragem tentou matar a mulher dele e que escapou de ser preso em flagrante...

DELEGADO CASTRO  -  Sei. O antigo delegado deixou que ele fugisse.

RODRIGO  -  Mas se o senhor quiser, agarra ele... ele ainda está por aqui!

DELEGADO CASTRO  -  (levantou, agitado, incrédulo, segurando a arma que lhe pesava no cinto)  Sabe então onde ele está escondido?

RODRIGO  -  Não... mas com um pouco de inteligencia, o senhor encontra fácil. Ele estava esperando um encontro com outra pessoa, para escapar pra longe daqui... E essa pessoa foi ao encontro dele... na noite passada.

DELEGADO CASTRO  -  E daí? Quem é essa pessoa?

RODRIGO  -  Minha mulher. A índia Potira!

DELEGADO CASTRO  -  E o senhor sabe onde está sua mulher?

RODRIGO  -  Não, mas sei de quem sabe. O Dr. Maciel, o médico. Ele está por dentro. Sabe de tudo!


FIM DO CAPÍTULO  112
  e no próximo capítulo...

*** Pedro Barros, quase falido, decide vender sua fazenda e tem uma terrível surpresa quando o novo proprietário se apresenta para tomar posse das terras!!!

***   No próximo capítulo, importantes revelações sobre o roubo do diamante de João!

NÃO PERCA O CAPÍTULO 113 DE
ÚLTIMOS CAPÍTULOS! EMOÇÕES FINAIS!  


E VEM AÍ...
BASEADA NA NOVELA DE DIAS GOMES, GRANDE SUCESSO 
NOS ANOS 70!

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