Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 110
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
RODRIGO
JUIZ
PEDRO BARROS
ESTELA
PROMOTOR
SINHANA
DR. MACIEL
MÁRCIA
JUIZ
PEDRO BARROS
ESTELA
PROMOTOR
SINHANA
DR. MACIEL
MÁRCIA
CENA 1 - COROADO - TRIBUNAL DO JURI - INT. - DIA.
Rodrigo dirigiu-se ao juiz mais uma vez solicitando a palavra, depois do depoimento de Cema e Braz Canoeiro.
RODRIGO - Meritíssimo, senhores jurados, peço a vossa atenção para a testemunha que agora irá depor. Seu depoimento vai jogar por terra toda a brilhante argumentação do meu ilustre colega, do Ministério Público. Dentro de alguns minutos estareis inteiramente convencidos de que não foi João Coragem quem matou Lourenço D’Ávila. Se alguém devia estar sentado no banco dos réus, não devia ser ele. (depois de uma pequena pausa e de manusear um bloco de anotações, Rodrigo voltou a falar) Meritíssimo, peço que seja chamada a testemunha... Estela Barros!
A citação do nome da ex-mulher do coronel provocou intenso rebuliço no recinto do tribunal.
JUIZ - Dona Estela Barros, queira se apresentar para depor.
Elegantemente trajada e com os cabelos bem penteados, Estela sentou-se no banco das testemunhas.
Pedro Barros bufava, com os braços cruzados e o charuto empesteando o ambiente.
PEDRO BARROS - Essa sujeita! Teve coragem de vir depor!
Depois da identificação da testemunha, o juiz entregou-a ao advogado de defesa.
JUIZ - A defesa pode interrogar a testemunha.
RODRIGO - (dirigiu-se à mulher) Dona Estela... quais eram suas relações com a vítima?
ESTELA - Bem... ele era empregado de meu marido. Isto é, de meu ex-marido...
RODRIGO - Só empregado? Ele não costumava acompanhá-la a alguns lugares?
ESTELA - Sim. Ele ás vezes me fazia companhia quando eu ia ao clube, jogar, por exemplo. Era muito amável e...
RODRIGO - (cortou o complemento da frase) Essa amabilidade não era fruto de um sentimento mais íntimo?
ESTELA - O senhor está querendo insinuar que ele era apaixonado por mim. Sim... isto é verdade!
Pedro Barros inchou de raiva.
RODRIGO - Essa paixão era do conhecimento de seu ex-marido? O Coronel Pedro Barros sabia dos sentimentos do empregado para com a senhora?
ESTELA - No princípio, não. No fim ele acabou descobrindo. Depois do roubo do diamante.
PROMOTOR - (ergueu-se, possesso) Protesto, meritíssimo. A defesa está tentando enlamear a honra de um homem que nada tem a ver com o crime que estamos julgando.
RODRIGO - Ao contrário. O que a defesa quer provar é justamente que esse homem tem muito a ver com esse crime.
JUIZ - Protesto recusado!
RODRIGO - Dona Estela, sendo tão íntima da vítima, ela não lhe confidenciou coisa alguma a respeito do roubo do diamante?
ESTELA - Claro! Ele me contou tudo, antes mesmo do roubo ser efetuado.
O depoimento alcançara o grau de gravidade que interessava à defesa. Dali era seguir pela trilha da verdade e encontrar a estrada da liberdade para o réu.
RODRIGO - Contou o quê?
ESTELA - Que meu ex-marido, Coronel Pedro Barros, havia mandado roubar o diamante!
O silencio que antecedera à revelação contrastava com a balbúrdia provocada pela confissão de Estela Barros.
PEDRO BARROS - (berrou do fundo do auditório, desesperado) Isto é mentira! Esta mulher é uma mentirosa!
JUIZ - (repicava a sinêta desesperadamente) Lembro mais uma vez ao auditório que não pode se manifestar!
RODRIGO - Mas... se Lourenço D’Ávila roubou o diamante a mando do coronel, por que não entregou a ele a pedra?
ESTELA - Lourenço traiu. Fugiu com o diamante deixando Pedro louco de raiva.
RODRIGO - E o coronel, que medidas tomou?
ESTELA - Chamou o delegado, furioso, e exigiu que Lourenço fosse preso.
RODRIGO - Não mandou, também, seus capangas em perseguição do fugitivo?
ESTELA - Não sei. Mas é bem possível. Ele é homem pra isso.
Houve um protesto imediato do promotor, acatado pelo juiz. A defesa prosseguiu, logo após.
RODRIGO - A testemunha disse que, depois do roubo e da fuga de Lourenço, o Coronel Pedro Barros descobriu as relações amorosas que ela, testemunha, mantinha com a vítima.
ESTELA - Eu não disse que nós mantínhamos relações. Disse, apenas, que ele era apaixonado por mim. Eu não tinha culpa disso. E nunca lhe dei esperanças.
RODRIGO - Mas... o coronel acreditou nisso?
ESTELA - Não. Ele não acreditou. Expulsou-me de casa. E por isso nós nos desquitamos.
RODRIGO - Obrigado. É só, meritíssimo.
JUIZ - A testemunha está dispensada.
RODRIGO - Vejam, senhores jurados! Após este depoimento o caso muda de figura. Está claro agora que Lourenço D’Ávila roubou o diamante de João Coragem a mando de seu patrão, o Coronel Pedro Barros. O próprio filho do coronel, Juca Cipó, participou do assalto que teve requintes de bestialidade, conforme o depoimento da testemunha Cema. Após o roubo, entretanto, Lourenço traiu Pedro Barros, seu patrão, fugindo com o diamante. Daí para frente, Pedro Barros teria tantas razões quanto João Coragem para eliminar o antigo capanga. E como se isso não bastasse, veio ele a descobrir que sua própria esposa o traía com Lourenço. Para um homem como Pedro Barros, ser duplamente traído é inadmissível. Desde aquele momento, Lourenço D’Ávila estava marcado para morrer. Peço aos senhores jurados que meditem sobre isso. Antes de cometer uma injustiça condenando um homem absolutamente inocente!
Ao retirar-se do recinto, Rodrigo fitou o rosto pálido do coronel. Uma máscara de ódio.
JUIZ - (voltou a falar, dirigindo-se aos presentes) Peço às pessoas que aqui estão, com excessão dos senhores jurados, e dos senhores advogados de acusação e defesa, que se retirem da sala. Os senhores jurados vão permanecer para deliberar sobre a culpabilidade do réu. Está suspensa a sessão até a leitura da sentença.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - TRIBUNAL DO JURI - INT. - DIA.
Durante hora e meia os jurados deliberaram sobre a inocência ou não de João Coragem. Agora o Tribunal novamente recolhia o público das primeiras horas. Eletrizado, João se mantinha ereto, absolutamente impassível, entre os dois soldados do destacamento policial.
O juiz levantou-se, no alto de seu estrado, e começou a ler a decisão da equipe de jurados.
JUIZ - ...assim, de acôrdo com as respostas dos senhores jurados, aos quesitos formulados, declaro o réu... culpado (mal se pôde ouvir o restante da sentença, ante a confusão que se estabeleceu) ... e condeno-o à pena de 20 anos de prisão celular.
SINHANA - Meu filho! (gritou, desolada) Meu filho é inocente! Meu Deus do Céu! Mas isso é uma maldade muito grande!
Grossas lágrimas desciam incontroláveis dos olhos da velha. Jerônimo procurava acalmá-la.
CORTA PARA:
CENA 3 - COROADO - HOSPITAL - INT. - DIA.
Do outro lado da cidade, Maciel erguia nos braços a criança que acabara de nascer.
DR. MACIEL - Mas é uma beleza de menino!
MÁRCIA - Um menino? (perguntou, feliz. Com o pensamento ligado ao marido distante).
DR. MACIEL - Por Deus que agora preciso de um trago. Duplo: para matar a sêde e saudar uma nova vida que surge!
Rodrigo dirigiu-se ao juiz mais uma vez solicitando a palavra, depois do depoimento de Cema e Braz Canoeiro.
RODRIGO - Meritíssimo, senhores jurados, peço a vossa atenção para a testemunha que agora irá depor. Seu depoimento vai jogar por terra toda a brilhante argumentação do meu ilustre colega, do Ministério Público. Dentro de alguns minutos estareis inteiramente convencidos de que não foi João Coragem quem matou Lourenço D’Ávila. Se alguém devia estar sentado no banco dos réus, não devia ser ele. (depois de uma pequena pausa e de manusear um bloco de anotações, Rodrigo voltou a falar) Meritíssimo, peço que seja chamada a testemunha... Estela Barros!
A citação do nome da ex-mulher do coronel provocou intenso rebuliço no recinto do tribunal.
JUIZ - Dona Estela Barros, queira se apresentar para depor.
Elegantemente trajada e com os cabelos bem penteados, Estela sentou-se no banco das testemunhas.
Pedro Barros bufava, com os braços cruzados e o charuto empesteando o ambiente.
PEDRO BARROS - Essa sujeita! Teve coragem de vir depor!
Depois da identificação da testemunha, o juiz entregou-a ao advogado de defesa.
JUIZ - A defesa pode interrogar a testemunha.
RODRIGO - (dirigiu-se à mulher) Dona Estela... quais eram suas relações com a vítima?
ESTELA - Bem... ele era empregado de meu marido. Isto é, de meu ex-marido...
RODRIGO - Só empregado? Ele não costumava acompanhá-la a alguns lugares?
ESTELA - Sim. Ele ás vezes me fazia companhia quando eu ia ao clube, jogar, por exemplo. Era muito amável e...
RODRIGO - (cortou o complemento da frase) Essa amabilidade não era fruto de um sentimento mais íntimo?
ESTELA - O senhor está querendo insinuar que ele era apaixonado por mim. Sim... isto é verdade!
Pedro Barros inchou de raiva.
RODRIGO - Essa paixão era do conhecimento de seu ex-marido? O Coronel Pedro Barros sabia dos sentimentos do empregado para com a senhora?
ESTELA - No princípio, não. No fim ele acabou descobrindo. Depois do roubo do diamante.
PROMOTOR - (ergueu-se, possesso) Protesto, meritíssimo. A defesa está tentando enlamear a honra de um homem que nada tem a ver com o crime que estamos julgando.
RODRIGO - Ao contrário. O que a defesa quer provar é justamente que esse homem tem muito a ver com esse crime.
JUIZ - Protesto recusado!
RODRIGO - Dona Estela, sendo tão íntima da vítima, ela não lhe confidenciou coisa alguma a respeito do roubo do diamante?
ESTELA - Claro! Ele me contou tudo, antes mesmo do roubo ser efetuado.
O depoimento alcançara o grau de gravidade que interessava à defesa. Dali era seguir pela trilha da verdade e encontrar a estrada da liberdade para o réu.
RODRIGO - Contou o quê?
ESTELA - Que meu ex-marido, Coronel Pedro Barros, havia mandado roubar o diamante!
O silencio que antecedera à revelação contrastava com a balbúrdia provocada pela confissão de Estela Barros.
PEDRO BARROS - (berrou do fundo do auditório, desesperado) Isto é mentira! Esta mulher é uma mentirosa!
JUIZ - (repicava a sinêta desesperadamente) Lembro mais uma vez ao auditório que não pode se manifestar!
RODRIGO - Mas... se Lourenço D’Ávila roubou o diamante a mando do coronel, por que não entregou a ele a pedra?
ESTELA - Lourenço traiu. Fugiu com o diamante deixando Pedro louco de raiva.
RODRIGO - E o coronel, que medidas tomou?
ESTELA - Chamou o delegado, furioso, e exigiu que Lourenço fosse preso.
RODRIGO - Não mandou, também, seus capangas em perseguição do fugitivo?
ESTELA - Não sei. Mas é bem possível. Ele é homem pra isso.
Houve um protesto imediato do promotor, acatado pelo juiz. A defesa prosseguiu, logo após.
RODRIGO - A testemunha disse que, depois do roubo e da fuga de Lourenço, o Coronel Pedro Barros descobriu as relações amorosas que ela, testemunha, mantinha com a vítima.
ESTELA - Eu não disse que nós mantínhamos relações. Disse, apenas, que ele era apaixonado por mim. Eu não tinha culpa disso. E nunca lhe dei esperanças.
RODRIGO - Mas... o coronel acreditou nisso?
ESTELA - Não. Ele não acreditou. Expulsou-me de casa. E por isso nós nos desquitamos.
RODRIGO - Obrigado. É só, meritíssimo.
JUIZ - A testemunha está dispensada.
RODRIGO - Vejam, senhores jurados! Após este depoimento o caso muda de figura. Está claro agora que Lourenço D’Ávila roubou o diamante de João Coragem a mando de seu patrão, o Coronel Pedro Barros. O próprio filho do coronel, Juca Cipó, participou do assalto que teve requintes de bestialidade, conforme o depoimento da testemunha Cema. Após o roubo, entretanto, Lourenço traiu Pedro Barros, seu patrão, fugindo com o diamante. Daí para frente, Pedro Barros teria tantas razões quanto João Coragem para eliminar o antigo capanga. E como se isso não bastasse, veio ele a descobrir que sua própria esposa o traía com Lourenço. Para um homem como Pedro Barros, ser duplamente traído é inadmissível. Desde aquele momento, Lourenço D’Ávila estava marcado para morrer. Peço aos senhores jurados que meditem sobre isso. Antes de cometer uma injustiça condenando um homem absolutamente inocente!
Ao retirar-se do recinto, Rodrigo fitou o rosto pálido do coronel. Uma máscara de ódio.
JUIZ - (voltou a falar, dirigindo-se aos presentes) Peço às pessoas que aqui estão, com excessão dos senhores jurados, e dos senhores advogados de acusação e defesa, que se retirem da sala. Os senhores jurados vão permanecer para deliberar sobre a culpabilidade do réu. Está suspensa a sessão até a leitura da sentença.
CORTA PARA:
CENA 2 - COROADO - TRIBUNAL DO JURI - INT. - DIA.
Durante hora e meia os jurados deliberaram sobre a inocência ou não de João Coragem. Agora o Tribunal novamente recolhia o público das primeiras horas. Eletrizado, João se mantinha ereto, absolutamente impassível, entre os dois soldados do destacamento policial.
O juiz levantou-se, no alto de seu estrado, e começou a ler a decisão da equipe de jurados.
JUIZ - ...assim, de acôrdo com as respostas dos senhores jurados, aos quesitos formulados, declaro o réu... culpado (mal se pôde ouvir o restante da sentença, ante a confusão que se estabeleceu) ... e condeno-o à pena de 20 anos de prisão celular.
SINHANA - Meu filho! (gritou, desolada) Meu filho é inocente! Meu Deus do Céu! Mas isso é uma maldade muito grande!
Grossas lágrimas desciam incontroláveis dos olhos da velha. Jerônimo procurava acalmá-la.
CORTA PARA:
CENA 3 - COROADO - HOSPITAL - INT. - DIA.
Do outro lado da cidade, Maciel erguia nos braços a criança que acabara de nascer.
DR. MACIEL - Mas é uma beleza de menino!
MÁRCIA - Um menino? (perguntou, feliz. Com o pensamento ligado ao marido distante).
DR. MACIEL - Por Deus que agora preciso de um trago. Duplo: para matar a sêde e saudar uma nova vida que surge!
FIM DO CAPÍTULO 110
e no próximo capítulo...
NÃO PERCA O CAPÍTULO 111 DE
ÚLTIMOS CAPÍTULOS! EMOÇÕES FINAIS!
Lídia (Sonia Braga), Rodrigo (José A. Branco), Alberto (Michel Robin) e Cema (Suzana Faini) |
*** Falcão explode de contentamento ao comunicar na delegacia que João foi condenado!
*** Dalva vai á delegacia comunicar a João que seu filho nasceu.
*** Alberto se revolta com a mãe, Branca, e exige que conte a verdade, inocentando João. Como ela se recusa, o rapaz resolve contar tudo o que sabe a Rodrigo.
*** Jer|ônimo é afastado do cargo de prefeito de Coroado!
ÚLTIMOS CAPÍTULOS! EMOÇÕES FINAIS!
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