sexta-feira, 26 de agosto de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 57


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 57
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
ESTELA
PEDRO BARROS
JOÃO
MARIA DE LARA


CENA 1  - FAZENDA DE PEDRO BARROS - CASA-GRANDE - ESCRITÓRIO  -  INT.  -  DIA.
 
Estela procurou o marido no silêncio do escritório, onde Pedro Barros remexia documentos e calculava preços de diamantes para revendas aos intermediários nas capitais do sul.


ESTELA - (entrou sem bater) Pedro... qual é o seu jogo?

PEDRO BARROS  - (ajeitando os óculos de aro de tartaruga) É duro viver debaixo do mesmo teto da mulher do seu ex...
   
ESTELA  -  (cortou) Isto é uma sujeira! É uma infâmia de sua parte!

PEDRO BARROS  -  Você vai penar! (vermelho de raiva)  Vai penar mais do que se estivesse nas chamas do inferno!

ESTELA  -  Eu tenho uma arma contra você (ameaçou, sem medo do descontrôle do marido) Não brinque comigo, Eu posso dizer a todo mundo que foi você quem mandou Lourenço roubar o diamante de João Coragem. Eu digo e arraso com você, Pedro. Tenha muito cuidado comigo! Eu acabo com você, Pedro! Você sabe disso!
      
PEDRO BARROS  -  (em tom baixo, com toda a fúria retida dentro de si) Experimente... diz a alguém uma palavra e vai ver o que te acontece.

ESTELA -  Podia dizer ao João Coragem... e ele teria uma forte razão para se defender das acusações que lhe fazem agora. Podia contar a verdade à nossa filha. Dizer que o golpe que você praparou para João foi o roubo do diamante, com auxílio do Lourenço.

PEDRO BARROS - E como é que você pode ter certeza disso?
   
ESTELA  -  (franca e ousada)  Lourenço me disse!

PEDRO BARROS  -  Se ele disse, é porque você estava de combinação com ele. Tinham já o plano de me trair, não tinham?

A mulher engasgou, ante a maquiavélica rede de idéias construída pelo marido.


ESTELA  -  Não... não é isso.

PEDRO BARROS  -  Portanto... você também está envolvida nisso. Diga alguma coisa e quem vai ficar desmoralizada é você. Diante de todo o povo... diante da mulher dele. E tem mais... Eu sei que você deu suas jóias como metade do pagamento das suas dívidas de jogo. A outra metade... tem que pagar já, porque passou o tempo que o tal de Souza te deu.(Estela estava lívida, com os lábios trêmulos. Vencida) Ele vem aí pra cobrar. Ou você paga... ou ele pode te meter na cadeia. (enquanto acendia um charuto, olhou o rosto branco da esposa. Estela estava a ponto de sofrer uma crise de histeria. Continuou, sádico) O Souza telefonou. Está me intimando a pagar, e eu não pago. A dívida é sua. Você que se arranje. Mas... estou lhe dando uma ótima oportunidade pra você sumir da minha vida. A dívida é boa desculpa. Você sai quase limpa. Não espere que eu te enxote desta casa, como você merece...

A mulher chegara ao cume do desespero e desceu ao chão da humildade.


ESTELA  -  Pedro... Pedro, você não quer me ajudar?

O coronel olhou-a, com desprezo, amassando com força, entre as mãos poderosas, um punhado de papel rabiscado. Estela observou a cena. Talvez fosse ela um pedaço desvalorizado daquele papel amassado... 


PEDRO BARROS  -  (dono da situação) Você tem três dias pra sumir. Não posso nem olhar pra sua cara.

Deixou o escritório, sem olhar para trás. Estela perambulou pelo compartimento e abandonou-se aos pensamentos, evitando as lágrimas que forçavam saída. Pedro teria a resposta. Mais tempo, menos tempo, pensava ela, daria ao brutamontes o troco que  merecia. Ou achava ele que era o dono do mundo?

CORTA PARA:

CENA 2  -  RANCHO CORAGEM  -  GALPÃO  -  INT.  -  DIA.


O dia clareava, os galos cantavam em sucessivas repetições e o gado mugia, dando conta de que a vida retornava com os primeiros raios de sol. A vida no rancho entrara na rotina diária. O sol alcançava o ponto central de seu passeio pela terra, quando João acordou. Dormira numa esteira forrada com lençol alvo e perfumado. Lara não arredara pé do seu lado.


JOÃO  -  Eu dormi?

MARIA DE LARA  -  Desde ontem, amor. Foi um sono só!

JOÃO  -  Puxa vida! Como tava cansado!

A mulher encheu uma xícara com o café que Potira lhe entregara, minutos antes. O bolo de milho estava fresco e saboroso. E o queijo desmanchava na boca.

JOÃO  -  Ocê ficô aqui, comigo?

Ela fez que sim, movendo a cabeça, encabulada. O rapaz afagou as mãos da moça. Puxou-a para si e beijou-a nos lábios, acariciando de leve os bicos dos seus seios, por sobre a camisola fina.

JOÃO  -  Como tão as coisas?

MARIA DE LARA  -  Parece que os soldados estão rondando a casa. Jerônimo pediu pra você ficar aqui, por enquanto.

JOÃO  -  Bobage do Jerônimo. Tenho que tratá da minha vida. Não vô passá a vida toda fugino, como se tivesse culpa.

MARIA DE LARA  -  Acho que ele está esperando a vinda do Dr. Rodrigo, pra saber o que vocês devem fazer.

JOÃO  -  Que nada... Resolvo sozinho os meus problema. Preciso lá do conselho dos outro? Eu fiquei aqui, mas foi de cansaço...

Tornou a brincar com os seios da esposa.
   
MARIA DE LARA  -  (protestou, fracamente) Pára com isso, João...

JOÃO  -  Tá meio envergonhada... Que é isso? Já se esqueceu que a gente é marido e mulhé?

MARIA DE LARA  -  Não, João. É a única coisa da qual me recordo a todo momento e sempre com muita emoção. Porque você é o único bem da minha vida.

Os dois se olharam apaixonadamente, mas num movimento repentino, a moça desviou os olhos do marido e fixou-os num ponto qualquer do galpão.


JOÃO  -  Que foi?

MARIA DE LARA  -  Havia um outro bem... que eu perdi, amor.

   
JOÃO  -  (levantou-se, de estalo)  Já sabe? (a esposa confirmou, num gesto triste) Diacho... quem te contô?

MARIA DE LARA  -  Eu já andava desconfiada. Tinha de saber.

JOÃO  -  Ficou muito triste?

MARIA DE LARA  -  Você não imagina quanto. Fiquei tão chocada que perdi a noção das coisas, mais uma vez.

À lembrança de Diana, uma ruga de preocupação traçou um risco largo na testa do rapaz.


JOÃO  -  Perdeu?

MARIA DE LARA  -  É... aquela coisa horrível, eu acho que voltou. Porque não me lembro de ter pegado meu carro. Nem sei como fui aparecer no dia seguinte, dentro do carro, sozinha e sem sentidos.

João vestia a camisa, ainda transtornado com a notícia. 


MARIA DE LARA  -  O que houve? Ficou preocupado...

JOÃO  -  Pensei... que você tava curada daquelas coisa. O Dr. Rafael disse que o casamento ia te curá.

MARIA DE LARA  - (agasalhando-se entre os braços robustos do esposo) Que acha você que eu fiz, João?

JOÃO  -  Não posso sabê. Nem me interessa. Num precisa lembrá disso. Nem fale mais nisso. A gente tem uma vida inteira pela frente. A gente pode fazê uma outra vida... de paz... daqui pro futuro. Se ocê tá disposta a viver a minha vida, simples... a gente vive bem. Vou voltá a garimpar de novo... vou voltá firme ao trabalho, sem grande ambição. (fêz o sinal da cruz, com a cabeça erguida) Acho que foi castigo porque sonhei alto demais. Deus Nosso Senhô me deu uma lição... a gente tem que se conformá com o que tem. E eu tenho ocê, que é tudo pra mim. Ganhando pro gasto... eu vou continuando meu garimpo. E a gente faz a nossa casinha simples... e vamo tê uma dúzia de filho... uma dúzia só, não. Minha vó teve vinte filho. A gente vai tê vinte e dois. Vinte e dois garimpeirinho... tudo home.

Lara sorria ante a ingenuidade do marido e mais ainda, ao reconhecer a natureza do seu caráter, firme, leal, bondoso. Um homem para ser amado apaixonadamente.


FIM DO CAPÍTULO 57
Estela e Pedro Barros tem uma conversa tensa e decisiva.

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

*** DOMINGAS REVELA A RITINHA QUE O DR. MACIEL NÃO RETIROU A BALA DA PERNA DE DUDA, DEIXANDO-A DESESPERADA.

*** JOÃO VAI, POR VONTADE PRÓPRIA Á DELEGACIA FALAR COM FALCÃO. ENFURECIDO POR TENTAREM PRENDÊ-LO, ESPANCA VIOLENTAMENTE O DELEGADO DE COROADO!

 

NÃO PERCA O CAPÍTULO 58 DE

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