Novela de Antonio Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes
Inspirada na Obra de Dias Gomes
Fonte: http://youtu.be/zIuryHGvAVc
CAPÍTULO 71
Personagens deste capítulo:
OLIVEIRA RAMOS
MISS JULY
ELISA
RENATÃO
GOUVEIA NETO
ARAKEN
VÍTOR
HELÔ
DR. CELSO BARROSO
RICARDINHO
MARIO MALUCO
JUREMA
LEOPOLDO
CENA 1 -
APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS
- SALA -
INT. - NOITE.
UMA HORA
DEPOIS, DOIS ENFERMEIROS ADENTRARAM A RESIDENCIA DO BANQUEIRO, QUE MOSTROU-LHES
O QUARTO DE ELISA. OS HOMENS DIRIGIRAM-SE AO LOCAL, SOB O OLHAR DE OLIVEIRA
RAMOS, QUE ESBOÇAVA UM LEVE SORRISO DE TRIUNFO.
MISS JULY -
(balançava a cabeça, inconformada) Coitada!...
OLIVEIRA RAMOS - Nós
não tínhamos outra saída, Miss July, e você é testemunha disso. Não esqueça de
dizer isso a Helô, quando contar que a mãe dela voltou pro sanatório.
MISS JULY -
(fitou-o, preocupada) E se Helô não concordar, doutor? O que o senhor
vai fazer?
OLIVEIRA RAMOS - Nem
me fale, Miss July. Só sei de uma coisa: para minha casa essa mulher não volta
mais!
OS
ENFERMEIROS VOLTARAM DO QUARTO, CONDUZINDO ELISA, QUE, SEM REAGIR, DEIXOU-SE
LEVAR. MISS JULY ESTENDEU-LHE A MÃO, COM LÁGRIMAS NOS OLHOS.
MISS JULY -
Elisa!... Vá em paz, minha querida! Prometo que vou visitá-la toda semana!...
ELISA
- (fitou-a, com ternura no olhar)
Promete?
MISS JULY -
(sorriu, entre lágrimas) Prometo!
ELISA SORRIU
PARA OS ENFERMEIROS E DEU-LHES OS BRAÇOS.
ELISA
- Vamos, rapazes. Afinal, eu
sempre dependi da bondade de estranhos...
E SAÍRAM.
CORTA PARA:
CENA
2 - APARTAMENTO DE HELÔ -
QUARTO - INT.
- DIA.
VÍTOR
EMPURROU A PORTA DO QUARTO COM O OMBRO E ENTROU, COM UMA BANDEJA DE CAFÉ DA
MANHÃ.
VÍTOR
- (depositou a bandeja na cama e
deitou-se ao lado da mulher, sussurrando-lhe no ouvido) Acorda, dorminhoca!
HELÔ ABRIU
OS OLHOS, PREGUIÇOSAMENTE E SORRIU PARA O MARIDO.
HELÔ
- Bom dia, meu amor. Que horas
são? Dormi muito?
VÍTOR
- Quase nove da manhã. Trouxe seu
café.
HELÔ
- (olhou a bandeja, surpresa)
Hum, que delícia! Olha que vou ficar mal acostumada, hem?
VÍTOR - Pode
ficar. Farei isso, sempre que você quiser, meu amor.
HELÔ DEU-LHE
UM SELINHO E, FAMINTA, SERVIU-SE DE CAFÉ COM LEITE E EXPERIMENTOU UMA TORRADA
COM GELÉIA.
VÍTOR PEGOU
O CONTROLE REMOTO E LIGOU A TELEVISÃO. O LOCUTOR DEU A NOTÍCIA:
LOCUTOR - “E
atenção! A Câmara Criminal que julgou hoje o pedido de revisão do processo que
condenou Jurema de Alencar acolheu por unanimidade o voto do relator absolvendo
a ré”.
HELÔ
- Vítor! Você ouviu? Jurema de
Alencar foi absolvida!
VÍTOR
- (atônito) Absolvida como? Não
pode ser!
ELES SE
OLHARAM, AINDA PERPLEXOS, SEM UMA REAÇÃO CLARA.
VÍTOR
- Bem... isso é bom pra ela... Eu
acho que Jurema era mesmo inocente. Nunca tive dúvidas sobre isso.
HELÔ
- Eu também não... quer dizer, dúvidas
eu tinha... Mas agora ela vai ser posta em liberdade...
CORTA PARA:
CENA 3 -
“FOLHA DO RIO” - SALA DE GOUVEIA NETO -
INT. - DIA.
GOUVEIA
FALAVA AO TELEFONE, ENQUANTO ARAKEN O AGUARDAVA, SENTADO NUMA POLTRONA À SUA
FRENTE.
GOUVEIA NETO - (ao
telefone) Claro, rapaz. Primeira página: Absolvida Jurema de Alencar! No tipo
maior que você puder compor.
GOUVEIA
DESLIGOU.
ARAKEN -
(provocou, irônico) Você já consultou o patrão sobre essa manchete?
GOUVEIA NETO - Quem?
Oliveira Ramos? Que é que eu vou fazer? É um fato jornalístico! Não vou poder
esconder.
CORTA PARA:
CENA
4 - APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS - SALA -
INT. - DIA.
MISS JULY
TRANSMITIA A NOTÍCIA PARA O BANCO.
MISS JULY - (ao celular) Acabou
de dar na TV, doutor Oliveira. Jurema de Alencar foi absolvida!
OLIVEIRA RAMOS - (do
outro lado da linha) Só deu isso? Não disse se vão denunciar ou prender outra
pessoa?
MISS JULY - Não.
Mais nada.
OLIVEIRA RAMOS -
(preocupado) Preciso falar com um advogado. Dr. Nascimento deve saber mais detalhes.
CORTA PARA;
CENA
5 - APARTAMENTO DE JUREMA - SALA -
INT. - DIA.
MARIO MALUCO
ENTROU CORRENDO NO APARTAMENTO DE JUREMA, À PROCURA DE RICARDINHO.
MARIO MALUCO - Mermão!...
RICARDINHO -
(cortou-lhe a palavra) Olha, o detetive Jonas esteve aqui hoje te
procurando...
MARIO MALUCO - Se
ele esteve aqui, já viu que eu não tou... não volta mais. Tu ainda não sabe?
(fez uma pausa) Jurema! Vai ser solta! Deu na televisão!... Não sei como é que
foi... só sei que ela foi absolvida!
RICARDINHO
ESTAVA PERPLEXO. A ALEGRIA DE MARIO ERA UM POUCO NERVOSA; NO FUNDO ELE PARECIA
PREOCUPADO, MUITO TENSO.
RICARDINHO - Por
essa eu não esperava. Juro que não...
MARIO MALUCO - Será
que ela sai logo?
RICARDINHO - Não
sei como é esse troço... Mas ela tá com raiva de mim. Eu não tenho ido lá em
Bangu... Tu sabe, é longe pra caramba.
MARIO MALUCO - Essa
raiva passa logo (e ficou sério) O chato é que vai começar tudo de novo. Isto
é, eles vão querer achar outro pato. Escreve aí. Se Jurema sair mesmo... alguém
vai pro lugar dela.
RICARDINHO -
(pensativo) É mesmo...
CORTA PARA:
CENA
6 - APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS -
SALA - INT. - DIA.
PARECIA UM
VELÓRIO A SALA DA CASA DE OLIVEIRA. O BANQUEIRO ESTAVA REUNIDO COM A FILHA E O
GENRO.
OLIVEIRA RAMOS -
Falei com o Dr. Nascimento, meu advogado particular. Ele me pareceu
preocupado. Com a absolvição de Jurema, recomeça tudo de novo.
HELÔ
- (explodiu, nervosa) Por que
você não diz logo tudo?
HOUVE UMA
PEQUENA PAUSA.
OLIVEIRA RAMOS -
(ergueu os olhos para a filha) Ele me aconselhou a fazer você sair do
país.
VÍTOR
- (reagindo negativamente)
Fugir?!
HELÔ
- (completou) De jeito nenhum!
OLIVEIRA RAMOS - Foi
o que o Dr. Nascimento me aconselhou. Vocês podiam pegar um avião e ir pra
Paris, esperar lá até ver no que vai dar tudo isso.
VÍTOR
- O senhor não acha que é um
exagêro?
HELÔ
- Mas é claro, eu não tenho nada
com isso!
VÍTOR
- E quem não deve, não teme! Que
é que ele acha que podem fazer? Acusá-la?
OLIVEIRA RAMOS - É...
um novo inquérito, um novo processo, um novo julgamento!
HELÔ
- Agora tendo eu como acusada!
Essa não! Agora que sei que não tenho culpa de nada.
VÍTOR
- É claro, não tem sentido fugir.
Assim, você ia se confessar culpada. Se surgir alguma coisa contra Helô, Dr.
Oliveira, ela vai se defender de peito aberto.
OLIVEIRA RAMOS -
Certo, não vai acontecer nada. (T) Minha filha, depois tenho uma coisa
pra falar com você.
HELÔ TEVE UM
PRESSENTIMENTO. OLHOU PARA O PAI E EM SEGUIDA PARA MISS JULY.
HELÔ
- Minha mãe... cadê ela?
OLIVEIRA RAMOS -
Agora ela está bem. Sua mãe voltou para o sanatório. Tivemos que
reinterná-la.
HELÔ
- (perplexa) O quê?! Mas, como? E
fizeram isso sem falar comigo!
OLIVEIRA RAMOS -
Minha filha, isso foi ontem. Era tarde da noite, quando ela teve uma
nova crise e chegou até a morder Miss July! Não me restou outra alternativa, a
não ser ligar pro Dr. Leivas. Ele, então, achou melhor mandar uma ambulância
pra levá-la de volta pro sanatório.
HELÔ
- (procurou os olhos de Miss
July) Miss July... foi isso mesmo que aconteceu?
MISS JULY
ASSENTIU, PESAROSA.
MISS JULY - Foi,
minha querida. Mas olha... fique tranquila. Ela estava mais calma, quando saiu.
Eu prometi que vou visitá-la toda semana.
EMOCIONADA,
HELÔ ABRAÇOU MISS JULY.
HELÔ
- Obrigada, Miss July. Minha
pobre mãe... Logo que estivermos mais calmos, vou vê-la.
OLIVEIRA RAMOS -
Minha filha, tenho outra coisa pra falar com você. Mas depois... Num
dia em que
estivermos mais despreocupados.
Não é nada de sua mãe. É um problema pessoal, meu.
CORTA PARA:
CENA
7 - BANGU
- PRESÍDIO FEMININO -
EXT. - DIA.
O POLICIAL
ABRIU O ENORME PORTÃO DE FERRO E JUREMA SAIU, USANDO UM VESTIDO SIMPLES, ÓCULOS
DE SOL E UMA PEQUENA MALA NA MÃO. CELSO BARROSO, QUE A AGUARDAVA, ENCOSTADO A
UM CARRO, APROXIMOU-SE.
DR. CELSO - Bem-vinda
á liberdade, Jurema.
JUREMA -
(sorriu, aliviada) Dr. Celso! Que bom ver um rosto conhecido neste fim
de mundo...
DR. CELSO - Vim
buscá-la. (apontou o carro) Venha. Vou levá-la a sua casa.
JUREMA -
Muito obrigada, doutor. Nem sei como agradecer.
ENCAMINHARAM-SE
PARA O AUTOMÓVEL, ENTRARAM E PARTIRAM. EM SEGUIDA, UM TAXI PAROU EM FRENTE AO
PRESÍDIO E LEOPOLDO REIS SALTOU. DIRIGIU-SE À ENTRADA DO PRESÍDIO. APÓS BREVE
VERIFICAÇÃO, O POLICIAL INFORMOU-O QUE JUREMA HAVIA ACABADO DE SAIR.
DESANIMADO, LEOPOLDO RETORNOU AO PONTO DE TAXI.
LEOPOLDO -
(chutou uma pedra, inconformado) Droga!
CORTA PARA:
CENA 8 -
APARTAMENTO DE JUREMA - SALA - INT.
- DIA.
JUREMA GIROU
A CHAVE NA FECHADURA E ENTROU NO APARTAMENTO, SEGUIDA POR CELSO BARROSO. OLHOU
EM VOLTA, ADMIRADA.
JUREMA - Está
tudo diferente... Ricardinho deve estar morando aqui...
DR. CELSO - Bom,
eu vou indo. Jurema, se precisar de alguma coisa, é só me ligar. Boa sorte.
JUREMA
- (fitou-o, emocionada) Dr.
Celso... nem sei como lhe agradecer. Se não fosse o senhor, eu não teria minha
vida de volta, muito menos minha casa...
DR. CELSO - Não
precisa agradecer. O importante é que a justiça está sendo feita e você, agora,
é uma mulher livre. Tenha um bom dia.
JUREMA -
Obrigada. O senhor também, doutor.
CELSO
BARROSO SAIU. JUREMA FICOU ALGUNS INSTANTES PARADA NO MEIO DA SALA. NÃO SABIA O
QUE FAZER, POR ONDE COMEÇAR. PENSOU EM TELEFONAR, MAS DESISTIU. DE REPENTE,
SENTIU A PRESENÇA DE RICARDINHO. ESTAVA PARADO NA PORTA.
JUREMA -
Ricardinho!
ELA CORREU
AO SEU ENCONTRO. ABRAÇARAM-SE, BEIJANDO-SE DESESPERADAMENTE.
JUREMA - Eu
quase não acredito... não acredito...
RICARDINHO - Nem
eu... poxa, que sorte, hem?
JUREMA - Eu
estava com raiva de você, Ricardinho. Tinha jurado a mim mesma nunca mais olhar
pra sua cara...
RICARDINHO - Se
você quiser, eu vou embora...
ELA
AGARROU-O NOVAMENTE, BEIJANDO-O COM FUROR. CAÍRAM NO SOFÁ.
NESSE
INSTANTE, A PORTA SE ABRIU E ENTROU LEOPOLDO.
LEOPOLDO -
(constrangido) Jurema! Eu estive na penitenciária. Disseram que você já
tinha saído. Eu... só queria lhe dar os parabéns.
RICARDINHO
IGNOROU A PRESENÇA DO PAI.
LEOPOLDO -
Depois, outro dia a gente conversa (e retirou-se).
JUREMA -
(olhou séria para Ricardinho) Por que você trata ele assim?
RICARDINHO - Ele
tá gamado por você.
JUREMA - Como
é que você pode dizer isso? Ele é como um pai pra mim!
RICARDINHO -
Deixa isso pra lá.
CORTA PARA:
CENA 9 -
APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA - INT.
- NOITE.
RENATÃO
ARRUMAVA-SE, DIANTE DO ESPELHO, PARA IR AO CASTELINHO, QUANDO KONSTANTÓPULUS
ANUNCIOU QUE TINHA VISITA.
RENATÃO -
(ganhou a sala) Ora, mas é Mario Maluco...
MARIO MALUCO -
(sorriu, sem graça) Como vai, Renatão? Desculpe ter vindo assim, sem
avisar... Eu tava aqui por perto e resolvi subir...
RENATÃO -
(mostrou-lhe o divã) Tudo bem, Mario. Senta aí. Só não posso me demorar.
Combinei encontrar uns amigos no Castelinho.
MARIO MALUCO -
Olha, não quero atrapalhar. Se você achar melhor, vou embora e...
RENATÃO -
Relaxa. Fica tranquilo. Já tá aqui mesmo... senta aí. Não tenho pressa.
Bebe alguma coisa? Uísque?
MARIO MALUCO -
Aceito, sim, obrigado.
RENATÃO
PREPARAVA O UÍSQUE, ENQUANTO OBSERVAVA COM CURIOSIDADE O COMPORTAMENTO INQUIETO
DE MARIO MALUCO.
RENATÃO - Tá
tudo bem, mesmo?
MARIO MALUCO - Não.
Não tá nada bem. Mãozinha me entregou de bandeja pro meu velho! Agora tou sendo
procurado pelo meu próprio pai, que tá me caçando como um bandido, um assassino
qualquer! Não sei o que fazer, mano. Tou ferrado!
FIM DO CAPÍTULO 71
e no próximo capítulo...
*** Samuca despede-se de Renatão, após ter decidido voltar a morar na Pensão Primavera.
*** Oliveira Ramos comunica a Vítor e Helô que vai dar uma festa para apresentar sua futura esposa.
*** Vítor, muito preocupado, diz a Oliveira Ramos que acha melhor cancelar a festa, pois Helô foi intimada a depor nesse mesmo dia!
EMOÇÕES FINAIS!!! ÚLTIMOS
CAPÍTULOS!!!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 72 DE
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