CAPÍTULO 9
Sinhana (Zilka Salaberry) e Ritinha (Regina Duarte) |
-Oh, mas aí está o rei da festa! – saudou o delegado.
E o prefeito:
-Seja bem-vindo! Esta é a nossa prefeitura, enfeitada pra receber o orgulho de nossa cidade.
Duda agradeceu, olhando detidamente as pessoas que se movimentavam no grande salão. Divisou Sinhana sentada numa das cadeiras de pista. Partiu em direção á mãe, rodeado de admiradores.
Ritinha procurava a oportunidade de falar com Eduardo. Era coisa que não lhe saía da cabeça, desde que tomou conhecimento da visita que ele faria a Coroado. Mas agora, ao lado de Sinhana, procurava fugir á presença do jovem. Sinhana reteve-a pela mão.
-Fica aí, menina.
-Não quero passar vergonha.
Duda alcançara a mãe.
-Olá, mãe... com quem a senhora veio?
Sinhana respondeu, perguntando:
-Tu não se lembra aqui desta moça, Duda?
-Desculpe, não tou lembrado não.
Sinhana não se deu por vencida.
-Olha bem, Duda. – E virando-se para a moça: - Sorri para ele, menina. Eu acho que o sorriso dela ocê não pode ter se esquecido. Vai se lembrá de todo um passado... um passado que tá muito ligado a esse sorriso...
Duda fixou os olhos no rosto da jovem. Rebuscou a memória. Nada.
-Meu Deus, me perdoe, mas eu não sei quem é.
De repente Ritinha levantou a cabeça, olhou nos olhos de Duda e sorriu meigamente para ele. Duda empalideceu.
-Jesus! Ou estou ficando doido... ou essa é a... a Rita de Cássia! A Ritinha!
Ritinha sorriu-chorando, mesclando a alegria com as lágrimas da emoção que lhe tomava a alma. Duda a reconhecera. Num instante o rapaz abraçava a amiga de infância, levantando-a no colo, esquecendo-se por completo das pessoas que observavam a cena. Rita de Cássia ria mais. E chorava mais...
A festa varava a madrugada.
As dependências rústicas da cadeia de Coroado traduziam a realidade da região. Pobreza em tudo. Até na vida sem diversões ou interesses. Coroado, zona rica em pedras preciosas, nada oferecia á sua população humilde. Ao longe ouvia-se o ruído do baile da prefeitura. Três homens conversavam. João Coragem, Rodrigo, o novo promotor, e o negro Braz Canoeiro.
Rodrigo indagou:
-É este o homem?
-É este, seu doutô promotor... trouxe aqui pro senhor vê... e mais o seu doutô delegado Diogo Falcão.
-Falcão está no baile, mas já mandei chamá-lo.
Rodrigo voltou-se para Braz Canoeiro, sentado no banco central da sala. O negro mostrou-lhe os ferimentos por todo o corpo.
-Então, meu amigo, o que foi isso?
-Quisero me mandá pro outro mundo, seu doutô.
João esclareceu.
-Dero purga nele e depois a sova brava. Veja aí, ta todo ferido.
O promotor espremeu os olhos, horrorizado.
-Uma desumanidade! É aquilo mesmo que eu lhe disse, João. Isto precisa ter um fim.
O delegado Falcão chegava, enraivecido, acompanhado pelo cabo do grupamento policial da cidade.
-Isto é um desafôro. Me arrancar do baile a uma hora destas, para tomar conhecimento de uma queixa!
Rodrigo retrucou, severo:
-Fui eu que lhe mandei chamar, Falcão.
O delegado mudou de atitude.
-Seu Doutor Rodrigo César, eu... não sabia... tinham me falado num negro doente...
-Êste homem foi vítima de uma violência, Falcão. Quero que você registre a queixa.
Falcão mostrava-se indeciso, lembrando-se das ordens do coronel. Eram claras: “não registre a queixa, se quiser continuar mandando em Coroado”.
-Sim, é justo, mas não é este o garimpeiro que roubou um diamante de Pedro Barros? Tenho já a denúncia contra ele... o senhor devia era mandar prender ele, não defender, seu doutor...
-Mesmo que este homem fosse um ladrão, Pedro Barros não tem o direito de espancar ninguém. Exijo que você registre a queixa e que abra inquérito para apurar a violência de que foi vítima este homem.
-Tá certo... vou fazer o que o senhor está mandando, seu doutor.
Falcão, com ira nos olhos, preencheu o documento exigido pelo Promotor Rodrigo César.
FIM DO CAPÍTULO 9
NÃO PERCA O 10. CAPÍTULO DE IRMÃOS CORAGEM!!!
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