Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 10
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
RITINHA
PAULA
DIANA
JERÔNIMO
SINHANA
JOÃO
RECEPCIONISTA
RITINHA
PAULA
DIANA
JERÔNIMO
SINHANA
JOÃO
RECEPCIONISTA
CENA 1 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
Ritinha, deitada, voltou o pensamento á sua cidade. Sua gente. Ali, no Glória, tudo era tão contrário da simplicidade de Coroado. O telefone tocou.
RECEPCIONISTA - Madame. Tem uma moça na portaria que quer subir para falar com a senhora.
RITINHA - Quem é?
RECEPCIONISTA - Dona Carmen Valéria.
RITINHA - Carmen? Ah, sei! A cantora. Estou esperando por ela. Faça o favor de mandar subir. Ah, e pode ver também a minha conta. Em nome de Eduardo Coragem.
Ritinha levantou-se célere. Ajeitou alguns pertences na mala. Rapidamente contou o dinheiro na bolsa. A campainha soou.
Paula entrou.
PAULA - Boa noite! É a mulher do Duda?
RITINHA - Sou. É Dona Carmen?
PAULA - Sou Carmen Valéria. A mulher do Neca.
RITINHA - Que bom que a senhora veio. Estava me sentindo sozinha... parecia que habitava outro planeta... ou que estava perdida, rodando em órbita, no espaço...
Paula examinava-a de todos os ângulos.
PAULA - Você, então, é a jovenzinha que agarrou o Duda, do interior, hein?
RITINHA - Agarrei? Como?
PAULA - Ele me contou, rapidamente, por telefone, em que circunstância teve que casar com você. Foi... obrigado, não foi?
RITINHA - Não. Não foi bem assim...
PAULA - Vocês, meninas do interior, são mais espertas que as da cidade. Vou te contar! Que golpe deram no rapaz!
Ritinha se sentiu chocada com a grosseria da outra.
RITINHA - Eu... eu não forcei ele a nada. Não queria o casamento... Não queria obrigar Eduardo, nem havia motivo pra ele se casar comigo... A senhora me entende?
PAULA - Pois é. Mas o fato é que ele está casado. E você vai ser uma pedra na vida dele.
RITINHA - Pedra?
PAULA - Pedra, rochedo, ou coisa parecida.
RITINHA - Por quê?
PAULA - Por quê? Porque Duda não tem tempo para se dedicar a esposa, nem a filhos. Tem uma vida louca. Nunca lhe disseram o que é a vida de um jogador de futebol, menina?
Ritinha se sentia aborrecida com a conversa da estranha amiga do marido.
RITINHA - Ele me disse por alto.
PAULA - Bem. Então você vai ter a experiência. Vamos embora. (Chama o boy) Rapaz, leve estas malas. Ela vai deixar o apartamento. (e para Ritinha) Já jantou?
RITINHA - Não. Fiquei com vergonha de ir no restaurante, sozinha.
PAULA - Pois eu te levo num lugar pra comer.
RITINHA - Que não seja longe da minha casa, Dona Carmen.
PAULA - (sem se conter) Sua casa, hein? Golpe de sorte! Sim, senhor! Duda aluga apartamento para se casar com outra... a outra ajeita as coisas, compra tudo a seu gosto. De repente, você aparece casada com ele... e rouba tudo da outra.
RITINHA - (chocada) Que outra?
PAULA - Duda não te disse? Safado. Devia ter contado que estava de casamento marcado com outra mulher.
RITINHA - Casamento marcado?
PAULA - (fingiu mudar de assunto) Vamos embora. Tenho de te proteger. Sabe como é. Se a outra te encontra é capaz de te esganar...
Ritinha se assustou. Pegou a bolsa e saiu. Paula seguiu atrás, tendo refletida nos olhos toda a revolta que a dominava.
CORTA PARA:
CENA 2 - RANCHO DOS CORAGEM - EXT. - DIA.
Diana livrou-se dos sapatos e examinava os pés, observada com hostilidade por Jerônimo.
DIANA - ô garotão, me arruma um pouco de agua quente, vai. Preciso lavar os pés.
Jerônimo virou-se e entrou na casa, voltando alguns minutos depois com uma panela de água fervente. Aproximou-se da jovem, colocou a água ao seu lado e esbarrou, propositadamente.
DIANA - (soltou um grito de dor) Aiiiiiiiiiii!!! Viu o que voce fez? Queimou minha perna! Quer saber? Não fico mais aqui. Pra mim chega!
JERôNIMO - (murmurou, entrando na casa) Já vai tarde!
A moça deixou o rancho, capengando, e se dirigiu, lentamente para o centro de Coroado.
CORTA PARA:
CENA 3 - RANCHO CORAGEM - INT. - DIA.
O tropel do cavalo acordou Sinhana do longo cochilo. Jerônimo levantou-se da esteira.
JERÕNIMO - Continua dormindo, mãe. João vem aí.
SINHANA - Jão? Ele vai perguntar, Jerome.
JERÔNIMO - Eu respondo prele. Vai.
Sinhana entrou no quarto, receosa do resultado da conversa dos irmãos. João entrou.
JOÃO - Cadê mãe? E a moça? Como é que ela chama, mesmo? Ah, Diana. Êta nome bonito. Nunca pensei que fosse casar com mulher de nome Diana.
JERÔNIMO - E cê pensa em casar com uma mulher que mal sabe o nome? Uma mulher que nem sabe quem é?
JOÃO - Ela é o que é. Eu gosto porque gosto. Quem ela é não tem importância. Nem um nome. Pode ser Lara ou Diana. O pai dela pode ser Pedro Barros ou Antonio. Ela não tem culpa de ser filha de quem é. Cada um de nós é dono de si mesmo. Tu me entende, mano? Demorei porque fui acordar o Padre Bento. Ele tá disposto a fazer o casamento e dá sua bênção.
JERÔNIMO - Mas, o que carece ocê saber, irmão, é que ela podia ser Lara ou Diana... de acôrdo, que não tem a menor importância. Quando a mulher é boa, honesta. Quando a gente gosta porque ela merece... tudo dá certo. Mas, quando a mulher é doida... só pensa na sua liberdade... quando a mulher diz as coisas que a Lara ou Diana disse aqui... o caso muda de figura.
JOÃO - O que foi que ela disse?
JERÔNIMO - Honra... moral... ela não conhece. Só conhece uma coisa: a liberdade. Ela não se amarra a ninguém. Se isso acontece, ela bota na tua cabeça um chapéu furado...
JOÃO - (irritado com os modos do irmão) Te pedi pra respeitar ela!
JERÔNIMO - Mas, respeito ela não merece!
JOÃO - Jerônimo, acho que, pela primeira vez na vida, vamos ter que brigar, irmão.
Sinhana surgiu na porta do quarto, enrolada num xale.
SINHANA - Ainda não disse prêle?
JOÃO - O quê?
JERÔNIMO - A tua noiva foi... embora.
João ficou estático. Dirigiu-se a Sinhana.
JOÃO - Já vi tudo. Cê mandou ela ir?
SINHANA - Ela foi de gosto, filho.
Furioso, João encarava a mãe e o irmão.
JOÃO - De gosto não pode ser! Não pode ser!
A porta escancarou-se com a violência do rapaz. No fundo da noite, apenas o canto dos grilos e o mugir dolente do gado. A escuridão tomava conta de tudo. Até mesmo de João Coragem.
Ritinha, deitada, voltou o pensamento á sua cidade. Sua gente. Ali, no Glória, tudo era tão contrário da simplicidade de Coroado. O telefone tocou.
RECEPCIONISTA - Madame. Tem uma moça na portaria que quer subir para falar com a senhora.
RITINHA - Quem é?
RECEPCIONISTA - Dona Carmen Valéria.
RITINHA - Carmen? Ah, sei! A cantora. Estou esperando por ela. Faça o favor de mandar subir. Ah, e pode ver também a minha conta. Em nome de Eduardo Coragem.
Ritinha levantou-se célere. Ajeitou alguns pertences na mala. Rapidamente contou o dinheiro na bolsa. A campainha soou.
Paula entrou.
PAULA - Boa noite! É a mulher do Duda?
RITINHA - Sou. É Dona Carmen?
PAULA - Sou Carmen Valéria. A mulher do Neca.
RITINHA - Que bom que a senhora veio. Estava me sentindo sozinha... parecia que habitava outro planeta... ou que estava perdida, rodando em órbita, no espaço...
Paula examinava-a de todos os ângulos.
PAULA - Você, então, é a jovenzinha que agarrou o Duda, do interior, hein?
RITINHA - Agarrei? Como?
PAULA - Ele me contou, rapidamente, por telefone, em que circunstância teve que casar com você. Foi... obrigado, não foi?
RITINHA - Não. Não foi bem assim...
PAULA - Vocês, meninas do interior, são mais espertas que as da cidade. Vou te contar! Que golpe deram no rapaz!
Ritinha se sentiu chocada com a grosseria da outra.
RITINHA - Eu... eu não forcei ele a nada. Não queria o casamento... Não queria obrigar Eduardo, nem havia motivo pra ele se casar comigo... A senhora me entende?
PAULA - Pois é. Mas o fato é que ele está casado. E você vai ser uma pedra na vida dele.
RITINHA - Pedra?
PAULA - Pedra, rochedo, ou coisa parecida.
RITINHA - Por quê?
PAULA - Por quê? Porque Duda não tem tempo para se dedicar a esposa, nem a filhos. Tem uma vida louca. Nunca lhe disseram o que é a vida de um jogador de futebol, menina?
Ritinha se sentia aborrecida com a conversa da estranha amiga do marido.
RITINHA - Ele me disse por alto.
PAULA - Bem. Então você vai ter a experiência. Vamos embora. (Chama o boy) Rapaz, leve estas malas. Ela vai deixar o apartamento. (e para Ritinha) Já jantou?
RITINHA - Não. Fiquei com vergonha de ir no restaurante, sozinha.
PAULA - Pois eu te levo num lugar pra comer.
RITINHA - Que não seja longe da minha casa, Dona Carmen.
PAULA - (sem se conter) Sua casa, hein? Golpe de sorte! Sim, senhor! Duda aluga apartamento para se casar com outra... a outra ajeita as coisas, compra tudo a seu gosto. De repente, você aparece casada com ele... e rouba tudo da outra.
RITINHA - (chocada) Que outra?
PAULA - Duda não te disse? Safado. Devia ter contado que estava de casamento marcado com outra mulher.
RITINHA - Casamento marcado?
PAULA - (fingiu mudar de assunto) Vamos embora. Tenho de te proteger. Sabe como é. Se a outra te encontra é capaz de te esganar...
Ritinha se assustou. Pegou a bolsa e saiu. Paula seguiu atrás, tendo refletida nos olhos toda a revolta que a dominava.
CORTA PARA:
CENA 2 - RANCHO DOS CORAGEM - EXT. - DIA.
Diana livrou-se dos sapatos e examinava os pés, observada com hostilidade por Jerônimo.
DIANA - ô garotão, me arruma um pouco de agua quente, vai. Preciso lavar os pés.
Jerônimo virou-se e entrou na casa, voltando alguns minutos depois com uma panela de água fervente. Aproximou-se da jovem, colocou a água ao seu lado e esbarrou, propositadamente.
DIANA - (soltou um grito de dor) Aiiiiiiiiiii!!! Viu o que voce fez? Queimou minha perna! Quer saber? Não fico mais aqui. Pra mim chega!
JERôNIMO - (murmurou, entrando na casa) Já vai tarde!
A moça deixou o rancho, capengando, e se dirigiu, lentamente para o centro de Coroado.
CORTA PARA:
CENA 3 - RANCHO CORAGEM - INT. - DIA.
O tropel do cavalo acordou Sinhana do longo cochilo. Jerônimo levantou-se da esteira.
JERÕNIMO - Continua dormindo, mãe. João vem aí.
SINHANA - Jão? Ele vai perguntar, Jerome.
JERÔNIMO - Eu respondo prele. Vai.
Sinhana entrou no quarto, receosa do resultado da conversa dos irmãos. João entrou.
JOÃO - Cadê mãe? E a moça? Como é que ela chama, mesmo? Ah, Diana. Êta nome bonito. Nunca pensei que fosse casar com mulher de nome Diana.
JERÔNIMO - E cê pensa em casar com uma mulher que mal sabe o nome? Uma mulher que nem sabe quem é?
JOÃO - Ela é o que é. Eu gosto porque gosto. Quem ela é não tem importância. Nem um nome. Pode ser Lara ou Diana. O pai dela pode ser Pedro Barros ou Antonio. Ela não tem culpa de ser filha de quem é. Cada um de nós é dono de si mesmo. Tu me entende, mano? Demorei porque fui acordar o Padre Bento. Ele tá disposto a fazer o casamento e dá sua bênção.
JERÔNIMO - Mas, o que carece ocê saber, irmão, é que ela podia ser Lara ou Diana... de acôrdo, que não tem a menor importância. Quando a mulher é boa, honesta. Quando a gente gosta porque ela merece... tudo dá certo. Mas, quando a mulher é doida... só pensa na sua liberdade... quando a mulher diz as coisas que a Lara ou Diana disse aqui... o caso muda de figura.
JOÃO - O que foi que ela disse?
JERÔNIMO - Honra... moral... ela não conhece. Só conhece uma coisa: a liberdade. Ela não se amarra a ninguém. Se isso acontece, ela bota na tua cabeça um chapéu furado...
JOÃO - (irritado com os modos do irmão) Te pedi pra respeitar ela!
JERÔNIMO - Mas, respeito ela não merece!
JOÃO - Jerônimo, acho que, pela primeira vez na vida, vamos ter que brigar, irmão.
Sinhana surgiu na porta do quarto, enrolada num xale.
SINHANA - Ainda não disse prêle?
JOÃO - O quê?
JERÔNIMO - A tua noiva foi... embora.
João ficou estático. Dirigiu-se a Sinhana.
JOÃO - Já vi tudo. Cê mandou ela ir?
SINHANA - Ela foi de gosto, filho.
Furioso, João encarava a mãe e o irmão.
JOÃO - De gosto não pode ser! Não pode ser!
A porta escancarou-se com a violência do rapaz. No fundo da noite, apenas o canto dos grilos e o mugir dolente do gado. A escuridão tomava conta de tudo. Até mesmo de João Coragem.
FIM DO CAPÍTULO 10
João (Tarcísio Meira) e Diana (Gloria Menezes) |
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# CARMEN VALÉRIA AMEAÇA CONTAR TODA A VERDADE A RITINHA, MAS PAULA A
CONVENCE A FICAR QUIETA E CONTINUAR ENGANANDO A CAIPIRA DE COROADO.
#O PROMOTOR RODRIGO TENTA CONVENCER JOÃO A ELEGER-SE PRESIDENTE DA
ASSOCIAÇÃO DOS GARIMPEIROS.
#POTIRA TENTA SEDUZIR JERÔNIMO, QUE REAGE COM VIOLÊNCIA.
CONVENCE A FICAR QUIETA E CONTINUAR ENGANANDO A CAIPIRA DE COROADO.
#O PROMOTOR RODRIGO TENTA CONVENCER JOÃO A ELEGER-SE PRESIDENTE DA
ASSOCIAÇÃO DOS GARIMPEIROS.
#POTIRA TENTA SEDUZIR JERÔNIMO, QUE REAGE COM VIOLÊNCIA.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 11 DE
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