Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 21
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
SINHANA
VIRGÍNIA
PAULA
DUDA
RITINHA
JERÔNIMO
MÉDICO
CENA 1 - RIO DE JANEIRO - INTERIOR DO TAXI - EXT. - DIA.
Sinhana deu o endereço ao motorista e recostou-se no banco traseiro do taxi. Coordenava as idéias e os termos da conversa, enquanto velozmente o veículo cruzava as ruas movimentadas da zona sul. Pagou a corrida e, desajeitada, encaminhou-se para a entrada do prédio.
CORTA PARA:
CENA 2 - HALL E ELEVADOR DO APARTAMENTO DE PAULA - INT. - DIA.
Sinhana entrou no hall do edifício, de paredes espelhadas e farta decoração vegetal, tomou coragem e premiu o botão do elevador.
CENA 3 - APARTAMENTO DE PAULA - CORREDOR - INT. - DIA.
Segundos depois achava-se diante da porta do apartamento. Conferiu o número. Era aquele mesmo. Gorda e com ares de interiorana, a figura de Sinhana despertou a curiosidade da criada. Tentava identificar a mulher que estava á sua frente. Sinhana perguntou, sem maiores rodeios, como se fosse íntima da patroa.
SINHANA - Ela ta em casa?
CRIADA - Tá no banho. A quem anuncio?
Empurrando a porta semicerrada, a velha penetrou no apartamento.
CENA 4 - APARTAMENTO DE PAULA - SALA. - INT. - DIA.
SINHANA - Precisa anunciá nada. Eu espero ela terminá o banho. (ante o espanto da empregada, sentou-se cômodamente no sofá).
CRIADA - Minha senhora, Dona Paula vai demorar!
SINHANA - Não faz mal. Não tenho pressa.
A voz de Paula chegou-lhe aos ouvidos, vinda do fundo do apartamento.
PAULA - (off) Quem é, Virgínia?
Os olhos da criada voltaram-se incontinenti para a mulher estranha que, com total naturalidade, admirava a confortável residência.
CRIADA - É... uma mulher... que não quer dizer o nome!
PAULA - (of) Pergunte se é a mãe da moça que vai ter criança.
A empregada fez a pergunta sugerida por Paula. Com um muxoxo Sinhana virou o rosto fugindo á resposta.
CRIADA - Ela não quer dizer, Dona Paula.
PAULA - (off) Diga a ela que eu já vou.
Sinhana percebeu os olhares insistentes de Virgínia e a tentativa de aproximação que a mulata, simulando trabalho, fazia para dar continuidade á conversa. Decidiu facilitar as coisas e com um sorriso encorajou a jovem.
CRIADA - (parou diante da velha, amparada á vassoura) A gente sabe porque a senhora não quer dizer. Pode confiar em mim que eu conheço o segredo de Dona Paula. Sou liga assim com ela... Olha, foi um custo a gente achar uma pessoa nas condições da sua filha.
SINHANA - (fechando a carranca) Que condição, mulhé?
CRIADA - ... esperando filho pra daqui a sete meses. (Baixando a voz, em tom de confidência) A moça quer mesmo dar a criança logo depois que nascer? (fez uma pausa de alguns segundos esperando a resposta).
Sinhana permanecia muda.
CRIADA - Eu digo isto porque Dona Paula precisa de uma criança pra nascer no tempo certo... no mês que devia nascer o filho dela... isto é... se ela estivesse mesmo esperando criança.
Tudo se esclaracia rapidamente e a velha percebia com clareza o jogo sujo da amante do filho. Mostrou-se interessada.
SINHANA - Como disse?
Virgínia vibrou com o interesse despertado na senhora.
CRIADA - Pois então! (aproximou-se mais de Sinhana e, quase num sussurro, fez a revelação) Dona Paula não está esperando criança coisa nenhuma! Seu Hernani não lhe disse?
SINHANA - Ah... então... ela não tá esperando não?
CRIADA - Não acabei de lhe dizer, dona?
SINHANA - E pra que a... mentira?
CRIADA - (diminuiu ainda mais o volume da voz) Pra amarrar o jogador de futebol. O Duda! Nunca ouviu falar no Duda?
Satisfeita com a revelação da criada, Sinhana respondeu irônica:
SINHANA - Já! Muito!
CRIADA - Pensei que seu Hernani tinha dado o serviço direitinho á senhora. Olha... o negócio tem que ficar em segredo... mas não vamos exagerar, não é? A senhora pode saber.
Com uma toalhinha á guisa de turbante e outra de banho a envolver-lhe o corpo ainda molhado, Paula surgiu na sala. Virgínia apontou para a velha.
CRIADA - Está aí a mulher!
Paula vinha agitada.
PAULA - Prontinho, gente! Desculpem a demora! (E dirigindo-se a Sinhana) Muito prazer. Então a senhora é a mãe da moça... (Não chegou a concluir a frase. De pé, reconhecera a mulher que se encontrava em sua casa).
PAULA - A mãe do Duda!
Virgínia desapareceu pela porta da cozinha.
PAULA - (procurou controlar-se) A que... devo a honra da visita?
SINHANA - Eu vim pra lhe desmascará. Tinha uma coisa que me dizia, aqui dentro – “essa mulhé ta mentindo...”
Paula sorria, sem graça, as pernas tremendo.
PAULA - Como? Não estou entendendo o que a senhora diz. Eu menti? Menti... em quê?
SINHANA - Acho que não precisa dá explicação. A senhora mesmo se desmascarô.
Sinhana deu alguns passos em direção á saída. A jovem tentou interceptá-la.
PAULA - Minha senhora! A senhora me condena por amar o seu filho?
SINHANA - Não é por gostá dele que a senhora mentiu.
PAULA - Quem lhe garante?
SINHANA - A sua cara, dona! (abriu a porta com energia).
PAULA - (revoltada) Minha vingança e´que, nem a senhora nem a esposinha arranjada de última hora vão conseguir afastá-lo de mim. (quase suplicante, procurou saber o que, desde o primeiro instante, tanto temia) – Vai dizer tudo a ele?
SINHANA - (sem piedade na voz) Agora mesmo!
PAULA - Pensa que vai adiantar alguma coisa?
SINHANA - Vai... se ele não for trôxa! Seu desespêro, dona, é o medo de não tê quem lhe pague as conta! Mas, quer sabê de uma coisa? Cria vergonha e vai trabalhá. Pega um cabo de enxada ou mesmo uma vassoura, dona!
PAULA - Ai, que ódio! Que ódio! Que ódio!
Sapateava, histéricamente, enquanto Sinhana descia ao térreo.
CORTA PARA:
CENA 5 - RUA. - EXT. - DIA.
SINHANA - (para si) Quero vê o que o Duda vai falá quando eu contá quem é essa mulhé!
Com o coração alegre e renovadas esperanças, a mãe Coragem fez sinal com o braço estendido e o taxi parou, rangendo os freios.
CORTA PARA:
CENA 6 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
DUDA - Ela está mal, doutor?
Guardando o aparelho de pressão na maleta, o médico sorriu, dando um tapinha nas costas do rapaz.
MÉDICO - Absolutamente... tudo isto é natural no estado dela.
DUDA - Estado! Que estado?
Ritinha escondia o rosto, envergonhada.
MÉDICO - Há quanto tempo estão casados?
DUDA - Um mês e pouco, né, Ritinha?
Por entre a proteção dos travesseiros, Ritinha fez que sim com a cabeça.
MÉDICO - Pois é... Ela deve estar grávida.
DUDA - (atônito) Gra... grávida!
MÉDICO - Parabéns! O bom é assim. Deixar vir os filhos logo no início de casados. (Levantando-se, avisou Ritinha) Qualquer coisa, pode me telefonar. (E para Duda) Dentro de alguns dias ela deverá ir ao meu consultório para iniciarmos os exames pré-natais.
CENA 7 - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
Jerônimo fechou a porta. Sinhana acabara de chegar, esbaforida, pelas sucessivas aventuras no vaivém do elevador.
SINHANA - Diabo! Sê obrigada a entrá naquela joça! Quase que eu perco o ar, lá dentro!
Jerônimo suspirou, tranqüilizado com o regresso da mãe. Vivera instantes de preocupação ante a ausência de Sinhana. Ninguém sabia dizer onde fôra a velha, nem o porquê de tanta demora.
JERÔNIMO - Por onde andou, mãe?
Ignorando a pergunta do filho, Sinhana dirigiu-se a Duda, que se sentara sobre o tapete de feltro.
SINHANA - Olha aí, filho. Fui desmascarar aquela tipa que dizia que ia sê mãe de um filho teu...
DUDA - (ergueu-se como se movido a jato) Qual foi a bobagem que a senhora andou fazendo?
SINHANA - (recriminando-o) Bobagem! Bobagem! Bôbo é você! Pois eu fui lá e fiquei sabendo que ela tá te enganando!
DUDA - O quê? A senhora obrigou ela a dizer isso?
SINHANA - Obriguei, nada. A empregada dela pensou que eu era mãe de uma moça que ia dá uma criança... pra ela te enganá, seu bobalhão! E me deu todo... como é mesmo? Ah... o “serviço”!
DUDA - (absolutamente incrédulo) A senhora está brincando!
JERÔNIMO - Mãe não é disso! Acredita nas palavras dela e não se arrepende, irmão! E vamo acabá logo com essa conversa que tá na hora da gente picá a mula...
Incontinenti, abriu a porta do quarto da cunhada.
JERÔNIMO - Ritinha, tá na hora. Vem ou não vem?
Agarrado á mãe, Eduardo procurava confirmação.
DUDA - Mãe, essa história é pra valer? A senhora descobriu isso mesmo? Não é engano seu?
SINHANA - Engano... engano ia sê o seu, bôbo. Precisa abri os olho com essa mulhé sabida, filho. (Afagou, carinhosamente, a cabeça do rapaz).
Ritinha apareceu com a maleta na mão, vestido simples, de chita, em padrão florido.
RITINHA - Estou pronta. A gente pode ir.
Duda correu a abraçá-la. Instintivamente, a moça recuou, procurando a proteção de Jerônimo.
CENA 8 - APARTAMENTO DE DUDA - QUARTO - INT. - DIA.
Fôra tudo repentino. E a própria Sinhana optou pela reconsideração. Ritinha acabou ficando, para alegria do marido. E agora, meio desajeitado, mas ansioso para mostrar suas aptidões domésticas, Duda levava uma xícara de chá á esposa deitada.
DUDA - Olha, fui eu que fiz. Mãe me ensinou. Não sei se acertei a fazer o chá pra você... (Sentou-se á beira da cama com a xícara na mão).
RITINHA - (ressentida) Obrigada. Não quero dar trabalho.
Duda colocou a xícara na mesinha de cabeceira e pegou na mão da esposa.
DUDA - Vou te arranjar uma empregada. Estou ganhando uma nota, Rita. Ontem, enchi meus bolsos de grana. Fiz 3 gols! Mandei brasa! Você tem que esnobar como esposa do grande Duda!
RITINHA - (revoltada) É... eu compreendo. Você tem mania de grandeza. Por isso tem duas mulheres. É o grande Duda. Tem direito a isso.
DUDA - Não fala bobagem. Não te disse que agora as coisas vão ser diferentes? A sujeita me tapeou. E ninguém ilude o Duda, não! Ah, essa não!
Ritinha, menos enfurecida, aceitou o diálogo.
RITINHA - Afinal... ficou mesmo provado que ela estava mentindo?
DUDA - Peguei Hernani no pulo. O safado deu mil desculpas... “é, eu estava contra, mas sabe... ela é minha irmã, etc., etc.”. (Mudando de tom) Hernani é boa praça, não quero mal a ele. E toma conta dos meus negócios direitinho. A irmã dele... não quero ouvir mais o nome dela.
Passara a raiva e Ritinha era toda ternura.
RITINHA - Jura, Eduardo?
DUDA - É preciso, amor?
Sinhana deu o endereço ao motorista e recostou-se no banco traseiro do taxi. Coordenava as idéias e os termos da conversa, enquanto velozmente o veículo cruzava as ruas movimentadas da zona sul. Pagou a corrida e, desajeitada, encaminhou-se para a entrada do prédio.
CORTA PARA:
CENA 2 - HALL E ELEVADOR DO APARTAMENTO DE PAULA - INT. - DIA.
Sinhana entrou no hall do edifício, de paredes espelhadas e farta decoração vegetal, tomou coragem e premiu o botão do elevador.
CENA 3 - APARTAMENTO DE PAULA - CORREDOR - INT. - DIA.
Segundos depois achava-se diante da porta do apartamento. Conferiu o número. Era aquele mesmo. Gorda e com ares de interiorana, a figura de Sinhana despertou a curiosidade da criada. Tentava identificar a mulher que estava á sua frente. Sinhana perguntou, sem maiores rodeios, como se fosse íntima da patroa.
SINHANA - Ela ta em casa?
CRIADA - Tá no banho. A quem anuncio?
Empurrando a porta semicerrada, a velha penetrou no apartamento.
CENA 4 - APARTAMENTO DE PAULA - SALA. - INT. - DIA.
SINHANA - Precisa anunciá nada. Eu espero ela terminá o banho. (ante o espanto da empregada, sentou-se cômodamente no sofá).
CRIADA - Minha senhora, Dona Paula vai demorar!
SINHANA - Não faz mal. Não tenho pressa.
A voz de Paula chegou-lhe aos ouvidos, vinda do fundo do apartamento.
PAULA - (off) Quem é, Virgínia?
Os olhos da criada voltaram-se incontinenti para a mulher estranha que, com total naturalidade, admirava a confortável residência.
CRIADA - É... uma mulher... que não quer dizer o nome!
PAULA - (of) Pergunte se é a mãe da moça que vai ter criança.
A empregada fez a pergunta sugerida por Paula. Com um muxoxo Sinhana virou o rosto fugindo á resposta.
CRIADA - Ela não quer dizer, Dona Paula.
PAULA - (off) Diga a ela que eu já vou.
Sinhana percebeu os olhares insistentes de Virgínia e a tentativa de aproximação que a mulata, simulando trabalho, fazia para dar continuidade á conversa. Decidiu facilitar as coisas e com um sorriso encorajou a jovem.
CRIADA - (parou diante da velha, amparada á vassoura) A gente sabe porque a senhora não quer dizer. Pode confiar em mim que eu conheço o segredo de Dona Paula. Sou liga assim com ela... Olha, foi um custo a gente achar uma pessoa nas condições da sua filha.
SINHANA - (fechando a carranca) Que condição, mulhé?
CRIADA - ... esperando filho pra daqui a sete meses. (Baixando a voz, em tom de confidência) A moça quer mesmo dar a criança logo depois que nascer? (fez uma pausa de alguns segundos esperando a resposta).
Sinhana permanecia muda.
CRIADA - Eu digo isto porque Dona Paula precisa de uma criança pra nascer no tempo certo... no mês que devia nascer o filho dela... isto é... se ela estivesse mesmo esperando criança.
Tudo se esclaracia rapidamente e a velha percebia com clareza o jogo sujo da amante do filho. Mostrou-se interessada.
SINHANA - Como disse?
Virgínia vibrou com o interesse despertado na senhora.
CRIADA - Pois então! (aproximou-se mais de Sinhana e, quase num sussurro, fez a revelação) Dona Paula não está esperando criança coisa nenhuma! Seu Hernani não lhe disse?
SINHANA - Ah... então... ela não tá esperando não?
CRIADA - Não acabei de lhe dizer, dona?
SINHANA - E pra que a... mentira?
CRIADA - (diminuiu ainda mais o volume da voz) Pra amarrar o jogador de futebol. O Duda! Nunca ouviu falar no Duda?
Satisfeita com a revelação da criada, Sinhana respondeu irônica:
SINHANA - Já! Muito!
CRIADA - Pensei que seu Hernani tinha dado o serviço direitinho á senhora. Olha... o negócio tem que ficar em segredo... mas não vamos exagerar, não é? A senhora pode saber.
Com uma toalhinha á guisa de turbante e outra de banho a envolver-lhe o corpo ainda molhado, Paula surgiu na sala. Virgínia apontou para a velha.
CRIADA - Está aí a mulher!
Paula vinha agitada.
PAULA - Prontinho, gente! Desculpem a demora! (E dirigindo-se a Sinhana) Muito prazer. Então a senhora é a mãe da moça... (Não chegou a concluir a frase. De pé, reconhecera a mulher que se encontrava em sua casa).
PAULA - A mãe do Duda!
Virgínia desapareceu pela porta da cozinha.
PAULA - (procurou controlar-se) A que... devo a honra da visita?
SINHANA - Eu vim pra lhe desmascará. Tinha uma coisa que me dizia, aqui dentro – “essa mulhé ta mentindo...”
Paula sorria, sem graça, as pernas tremendo.
PAULA - Como? Não estou entendendo o que a senhora diz. Eu menti? Menti... em quê?
SINHANA - Acho que não precisa dá explicação. A senhora mesmo se desmascarô.
Sinhana deu alguns passos em direção á saída. A jovem tentou interceptá-la.
PAULA - Minha senhora! A senhora me condena por amar o seu filho?
SINHANA - Não é por gostá dele que a senhora mentiu.
PAULA - Quem lhe garante?
SINHANA - A sua cara, dona! (abriu a porta com energia).
PAULA - (revoltada) Minha vingança e´que, nem a senhora nem a esposinha arranjada de última hora vão conseguir afastá-lo de mim. (quase suplicante, procurou saber o que, desde o primeiro instante, tanto temia) – Vai dizer tudo a ele?
SINHANA - (sem piedade na voz) Agora mesmo!
PAULA - Pensa que vai adiantar alguma coisa?
SINHANA - Vai... se ele não for trôxa! Seu desespêro, dona, é o medo de não tê quem lhe pague as conta! Mas, quer sabê de uma coisa? Cria vergonha e vai trabalhá. Pega um cabo de enxada ou mesmo uma vassoura, dona!
PAULA - Ai, que ódio! Que ódio! Que ódio!
Sapateava, histéricamente, enquanto Sinhana descia ao térreo.
CORTA PARA:
CENA 5 - RUA. - EXT. - DIA.
SINHANA - (para si) Quero vê o que o Duda vai falá quando eu contá quem é essa mulhé!
Com o coração alegre e renovadas esperanças, a mãe Coragem fez sinal com o braço estendido e o taxi parou, rangendo os freios.
CORTA PARA:
CENA 6 - RIO DE JANEIRO - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
DUDA - Ela está mal, doutor?
Guardando o aparelho de pressão na maleta, o médico sorriu, dando um tapinha nas costas do rapaz.
MÉDICO - Absolutamente... tudo isto é natural no estado dela.
DUDA - Estado! Que estado?
Ritinha escondia o rosto, envergonhada.
MÉDICO - Há quanto tempo estão casados?
DUDA - Um mês e pouco, né, Ritinha?
Por entre a proteção dos travesseiros, Ritinha fez que sim com a cabeça.
MÉDICO - Pois é... Ela deve estar grávida.
DUDA - (atônito) Gra... grávida!
MÉDICO - Parabéns! O bom é assim. Deixar vir os filhos logo no início de casados. (Levantando-se, avisou Ritinha) Qualquer coisa, pode me telefonar. (E para Duda) Dentro de alguns dias ela deverá ir ao meu consultório para iniciarmos os exames pré-natais.
CENA 7 - APARTAMENTO DE DUDA - INT. - DIA.
Jerônimo fechou a porta. Sinhana acabara de chegar, esbaforida, pelas sucessivas aventuras no vaivém do elevador.
SINHANA - Diabo! Sê obrigada a entrá naquela joça! Quase que eu perco o ar, lá dentro!
Jerônimo suspirou, tranqüilizado com o regresso da mãe. Vivera instantes de preocupação ante a ausência de Sinhana. Ninguém sabia dizer onde fôra a velha, nem o porquê de tanta demora.
JERÔNIMO - Por onde andou, mãe?
Ignorando a pergunta do filho, Sinhana dirigiu-se a Duda, que se sentara sobre o tapete de feltro.
SINHANA - Olha aí, filho. Fui desmascarar aquela tipa que dizia que ia sê mãe de um filho teu...
DUDA - (ergueu-se como se movido a jato) Qual foi a bobagem que a senhora andou fazendo?
SINHANA - (recriminando-o) Bobagem! Bobagem! Bôbo é você! Pois eu fui lá e fiquei sabendo que ela tá te enganando!
DUDA - O quê? A senhora obrigou ela a dizer isso?
SINHANA - Obriguei, nada. A empregada dela pensou que eu era mãe de uma moça que ia dá uma criança... pra ela te enganá, seu bobalhão! E me deu todo... como é mesmo? Ah... o “serviço”!
DUDA - (absolutamente incrédulo) A senhora está brincando!
JERÔNIMO - Mãe não é disso! Acredita nas palavras dela e não se arrepende, irmão! E vamo acabá logo com essa conversa que tá na hora da gente picá a mula...
Incontinenti, abriu a porta do quarto da cunhada.
JERÔNIMO - Ritinha, tá na hora. Vem ou não vem?
Agarrado á mãe, Eduardo procurava confirmação.
DUDA - Mãe, essa história é pra valer? A senhora descobriu isso mesmo? Não é engano seu?
SINHANA - Engano... engano ia sê o seu, bôbo. Precisa abri os olho com essa mulhé sabida, filho. (Afagou, carinhosamente, a cabeça do rapaz).
Ritinha apareceu com a maleta na mão, vestido simples, de chita, em padrão florido.
RITINHA - Estou pronta. A gente pode ir.
Duda correu a abraçá-la. Instintivamente, a moça recuou, procurando a proteção de Jerônimo.
CENA 8 - APARTAMENTO DE DUDA - QUARTO - INT. - DIA.
Fôra tudo repentino. E a própria Sinhana optou pela reconsideração. Ritinha acabou ficando, para alegria do marido. E agora, meio desajeitado, mas ansioso para mostrar suas aptidões domésticas, Duda levava uma xícara de chá á esposa deitada.
DUDA - Olha, fui eu que fiz. Mãe me ensinou. Não sei se acertei a fazer o chá pra você... (Sentou-se á beira da cama com a xícara na mão).
RITINHA - (ressentida) Obrigada. Não quero dar trabalho.
Duda colocou a xícara na mesinha de cabeceira e pegou na mão da esposa.
DUDA - Vou te arranjar uma empregada. Estou ganhando uma nota, Rita. Ontem, enchi meus bolsos de grana. Fiz 3 gols! Mandei brasa! Você tem que esnobar como esposa do grande Duda!
RITINHA - (revoltada) É... eu compreendo. Você tem mania de grandeza. Por isso tem duas mulheres. É o grande Duda. Tem direito a isso.
DUDA - Não fala bobagem. Não te disse que agora as coisas vão ser diferentes? A sujeita me tapeou. E ninguém ilude o Duda, não! Ah, essa não!
Ritinha, menos enfurecida, aceitou o diálogo.
RITINHA - Afinal... ficou mesmo provado que ela estava mentindo?
DUDA - Peguei Hernani no pulo. O safado deu mil desculpas... “é, eu estava contra, mas sabe... ela é minha irmã, etc., etc.”. (Mudando de tom) Hernani é boa praça, não quero mal a ele. E toma conta dos meus negócios direitinho. A irmã dele... não quero ouvir mais o nome dela.
Passara a raiva e Ritinha era toda ternura.
RITINHA - Jura, Eduardo?
DUDA - É preciso, amor?
FIM DO CAPÍTULO 21
Ritinha (Regina Duarte) e Duda (Claudio Marzo) |
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
JERÔNIMO E SINHANA VOLTAM A COROADO.
O PROMOTOR RODRIGO, NA COMPANHIA DE JOÃO CORAGEM, VAI Á FAZENDA DE PEDRO BARROS E EXIGE QUE JUCA CIPÓ ENTREGUE SUA ARMA PARA SER PERICIADA. CONSEGUIRÃO SEU INTENTO?
TENTANDO DESPERTAR OS CIÚMES DE JERÔNIMO, POTIRA SE INSINUA E DIZ QUE O PROMOTOR A BEIJOU NA BOCA.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 22 DE
JERÔNIMO E SINHANA VOLTAM A COROADO.
O PROMOTOR RODRIGO, NA COMPANHIA DE JOÃO CORAGEM, VAI Á FAZENDA DE PEDRO BARROS E EXIGE QUE JUCA CIPÓ ENTREGUE SUA ARMA PARA SER PERICIADA. CONSEGUIRÃO SEU INTENTO?
TENTANDO DESPERTAR OS CIÚMES DE JERÔNIMO, POTIRA SE INSINUA E DIZ QUE O PROMOTOR A BEIJOU NA BOCA.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 22 DE
Nenhum comentário:
Postar um comentário