segunda-feira, 23 de maio de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 20


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 20
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO: 
MARIA DE LARA
PEDRO BARROS
DR. MACIEL
DELEGADO FALCÃO
ESTELA
PADRE BENTO
DALVA
JOÃO
RODRIGO
POTIRA
JERÔNIMO
SINHANA
RITINHA
DUDA
PAULA

CENA 1  -  FAZENDA DE PEDRO BARROS  -  CASA- GRANDE   -  SAL  -  INT.  -  NOITE.

Na casa de Pedro Barros, Maria de Lara , de verdade, bela e meiga, descia as escadas para falar com o pai. O coronel reduziu o som da vitrola, quando viu a filha. Correu a abraçá-la. Olhou para os presentes: Maciel, Falcão e Estela.

 
PEDRO  BARROS  -  Gente, tenho uma coisa pra dizer proceis.(olhou para a filha, com orgulho. Alisou-lhe a fronte)   Minha filha aqui... é meu orgulho... graças a Deus, tá mais melhor.

MARIA DE LARA  -  Melhor, pai.

PEDRO BARROS  -  Pois é. Melhor.  (chamou o Delegado Falcão)  Vem cá, Falcão, se aproxime...

O Delegado se aproximou, desajeitado, palito a dançar no canto da boca.

PEDRO BARROS  -  Minha filha... eu acabo de fazer um trato com o Seu Delegado Falcão. Acabo de dá sua mão em casamento prêle.

CENA 2  -  COROADO  -  IGREJA  -  INT.  -  DIA.

Maria de Lara não desistia da idéia. Tinha de saber minúcias dos acontecimentos ocorridos naquele dia. Ninguém melhor que o padre Bento para lhe fornecer os esclarecimentos desejados. Voltou á Igreja de Coroado. Ela e a tia Dalva.


PADRE BENTO  -  Minhas filhas... que Deus as abençoe.
   
MARIA DE LARA  -  Padre, eu queria saber como e por que eu estava naquele dia em companhia do Senhor João Coragem...

O jovem Coragem – sem que ninguém soubesse – encontrava-se escondido por trás de uma coluna. Ouvia, atento, as indagações da mulher a quem amava.

 
PADRE BENTO  -  Acho melhor falarmos sobre isso em outra ocasião.
  
MARIA DE LARA  -  Papai já lhe contou a novidade?

PADRE BENTO  -  Sobre o que?
   
DALVA  -  As loucuras do meu cunhado. Para que o delegado Falcão o ajude em determinada coisa, prometeu-lhe a mão de Lara em casamento.

João sentiu a terra fugir sob seus pés.

PADRE BENTO  -  Em casamento?

MARIA DE LARA  -  É, em casamento. Papai quer que eu me case com o Senhor Diogo Falcão.

João estava fora de si. Saiu detrás da coluna, horrorizado com a notícia.

JOÃO  -  Ela não pode... não pode se casar com ninguém!

Padre Bento o detém, com as mãos viradas para cima.


PADRE BENTO  -  Pare, João!

Maria de Lara estremeceu ao ouvir a voz de João.

MARIA DE LARA  -  Esperava uma oportunidade de encontrá-lo, Senhor João.

JOÃO  -  Pra que? Pra me agradecer?

MARIA DE LARA  -  Não.

JOÃO  -  Pra me gratificar? Eu não quero sua esmola.
  
DALVA  -  (com franqueza)  Acho ótima a oportunidade de encontrá-lo. Eu quero lhe pedir um favor. Não queremos ofendê-lo. Não. Absolutamente. Mas é preciso que se coloque no seu devido lugar. Esta é uma advertência, seu João. De uma vez por todas... deixe minha sobrinha em paz!

Dalva, - autoritária e cheia de preconceitos – puxando pelo braço da sobrinha, retirou-se de dentro da igreja. Saíram apressadas, sem levantar os olhos para o rude garimpeiro.

JOÃO  -  O senhor está do lado de quem, padre?

PADRE BENTO  -  João, estou com você, meu filho.

JOÃO  -  Não, o senhor não tá comigo. Senão... não me tinha obrigado a fazê aquele maldito juramento. O senhor tá do lado de Pedro Barros,  do lado de Falcão.

Padre Bento colocou a mão sobre os ombros do rapaz. Com gesto suave e amigo.


PADRE BENTO  -  João, este é um caso grave, particular, entre você e esta moça. Ninguém tem de saber de coisa nenhuma, nem mesmo a tia dela, ouviu?

JOÃO  -  Mas agora eu tou entendendo bem. Agora eu vejo as coisa,  padre. O senhor tá contra mim. Pra ela se casá com o Falcão.

Deu as costas ao sacerdote, dirigindo-se para a porta de saída.


CORTA PARA:

CENA 3  -  COROADO  -  IGREJA  -  EXT.  -  DIA.

Lara e Dalva aguardavam, o chofer no lado de fora do carro de Pedro Barros. O padre se aproximou do automóvel.


MARIA DE LARA  -  O que é que o Senhor João tem?  Parece fora de si.
   
PADRE BENTO  -  Está mesmo fora de si...

MARIA DE LARA  -  Coitado.  Afinal... tenho pena dele. Muita pena. Parece ser um bom rapaz.

CORTA PARA:

CENA 4  -  RANCHO CORAGEM  -  INT.  -  DIA.


Potira preparava o almoço. Panela fumegando sobre o grande fogão de ferro. Rodrigo Cesar entrou, sem bater á porta. Há muito vinha desejando ter a oportunidade de falar sozinho á índia. Vislumbrava ali, naquele momento, a grande ocasião. Aproximou-se, pé ante pé. De repente, Potira estava em seus braços. Abraçara-a apertadamente, por trás.


RODRIGO  -  Não se assuste...

A índia reagiu, valentemente.

POTIRA  -  Me deixa...

RODRIGO  -  Desculpe... mas... estou louco por você.

Procurou os lábios da moça com terrível ânsia. Potira aceitou o beijo do promotor. Nem ouviram as passadas fortes do irmão mais velho. João viu toda a cena.

 
JOÃO  -  Que é que há, seu doutô? Vamo com calma...

Potira correu a esconder-se, envergonhada.

JOÃO  -  Essa índia não é de brincadeira, seu doutô.

RODRIGO  -  Por favor, João, não leve a mal...

JOÃO  -  Essa índia é fogo, seu doutô Rodrigo. Ninguém brinca com ela sem saí queimado...

RODRIGO  -  Eu sei. Não pretendo brincar... mas foi irresistível, João..

João viu a foto, imensa, caída no chão.

JOÃO  -  Que foto é essa?

Rodrigo aproveitou para mudar de assunto.

RODRIGO  -  Eu trouxe... para você ver, João, a importância da arma que nós temos na mão.

O grandalhão admirou o retrato em ponto grande, ele e Lara, no beijo da choupana. Não cansava de admirar a foto. Rodrigo achou que era hora de intervir.


RODRIGO  -  Você me entendeu bem? Viu a arma que nós temos nas mãos?

João ainda estava alheio, admirando a foto.

JOÃO  -  Agora... me diga...  como é que pode... como é que acontece uma coisa assim na vida de um homem? Se eu contasse pra alguém... tudo o que aconteceu comigo e com a filha do Coronel Barros... iam dizer que eu tava louco.  Eu também penso que andei tendo sonho ruim... que aquilo tudo num foi verdade, que é invenção da minha cabeça. Mas... tá aqui. Tá aqui a prova de que num inventei,  nem sonhei!

RODRIGO  -  Eu nunca duvidei da sua palavra, João.

JOÃO  -  Agora... o que há com essa moça é que eu não sei. Por que ela finge , daquele jeito, que é duas pessoas? E como é que pode fingir tão bem?

Rodrigo apanhou um copo e deu outro a João. Serviram-se de uma dose de cachaça.

RODRIGO  -  Eu explico, João. É uma aventureira... seu único objetivo é se divertir... veio da cidade, com todos os defeitos das moças livres. Chegando aqui, teve que vestir uma capa de santa. Está me entendendo, João?  Num lugar pequeno,  Lara tinha de ser outra, bem diferente. Como filha de Pedro Barros ela não podia se divertir com um garimpeiro... mas como uma moça qualquer, nada impedia. Daí, então, usou do recurso de se fazer passar por outra. Ela está enganando você, João. Como acredito que engana o pai e toda a família.

CENA  5  -  RIO DE JANEIRO  -  APARTAMENTO DE DUDA  -  INT.  -  DIA.

Ritinha e Sinhana ouviam a transmissão do jogo através do rádio. Torciam desesperadamente, a cada lance de Duda. Jerônimo voltou da sala com um telegrama na mão.

 
JERÔNIMO  -  É do Doutor Rodrigo. Tenho que voltá imediatamente.

SINHANA  -  A gente vai amanhã cedo.

RITINHA  -  Tão depressa? Vou ficar sozinha de novo...

SINHANA  -  Reza aquela oração de chamá marido que eu te ensinei. Ele não guenta. Vem correndo pro teu lado. Esteja onde estiver...

Ritinha sorriu, triste. No rádio, o locutor comentava: “Faltam 3 minutos para terminar a partida. O Flamengo vence por 3 a 1, três gols de Duda. E o Flamengo vai novamente ao ataque. Paulo Henrique...”
    

JERÔNIMO  -  (orgulhoso)  Duda é um craque, mãe.

SINHANA  -  E eu sei lá o que é isso. Era melhor que ele estivesse aqui, do lado da mulher dele. Quando é que ele volta?

RITINHA  -  Nem sempre ele volta. Há mais de um mês a gente tá casado. É sempre isso. Depois do jogo... quase sempre ele não volta para casa.

CORTA PARA:

CENA 6  -  APARTAMENTO DE PAULA  -  INT.  -  NOITE.

 
No apartamento de Paula, Duda deitado, com a cabeça em seu colo, conversava sobre o jogo. De repente, a campainha soou na sala. Paula levantou-se e se encaminhou para a porta. Abriu-a. Apareceram Ritinha e Jerônimo.


PAULA  -  Ai, meu Deus, chegou o cangaço.

DUDA  -  (off)  Quem está aí, Paula?

Duda não vira a entrada do irmão e da esposa. Olhos fechados, chamou a amante.


DUDA  -  Paula... venha coçar os meus pés.

A voz macia de Ritinha tirou-o da semi-inconsciência em que se encontrava.


RITINHA  -  É a especialidade dela, Duda?

O jovem jogador, com os olhos esbugalhados, olhou os recém-chegados.

  
JERÔNIMO  -  Nem a presença da velha te faz voltá pra casa. Cê ta mesmo perdido, mano. Inteiramente perdido. Nem merece o sobrenome honrado da família. De Coragem cê não tem nada. É um Eduardo Covarde...



FIM DO CAPÍTULO 20
Dr. Rafael (Renato Master) e Estela (Glauce Rocha)
 E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

# SINHANA, ANTES DE VOLTAR A COROADO, RESOLVE AGIR PARA DESMASCARAR A AMANTE DE DUDA E EXPULSÁ-LA DA VIDA DO FILHO.
 
# JERÔNIMO E SINHANA VOLTAM A COROADO.

# A DÚVIDA DE RITINHA SE VOLTA PARA SUA TERRA OU FICA COM O MARIDO.



NÃO PERCA O CAPÍTULO 21 DE


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