Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 8
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JOÃO
MARIA DE LARA
DALVA
GENTIL PALHARES
PEDRO BARROS
RITINHA
SINHANA
DUDA
RODRIGO CÉSAR
PADRE BENTO
JERÔNIMO
SINHANA
DR. MACIEL
JOÃO
MARIA DE LARA
DALVA
GENTIL PALHARES
PEDRO BARROS
RITINHA
SINHANA
DUDA
RODRIGO CÉSAR
PADRE BENTO
JERÔNIMO
SINHANA
DR. MACIEL
DOMINGAS
CENA 01 - COROADO - IGREJA - EXT. - DIA.
A Igreja estava repleta. Dezenas de curiosos atravessavam a praça em demanda do templo. O carro de Pedro Barros estacionara diante da casa de Deus.
A Igreja estava repleta. Dezenas de curiosos atravessavam a praça em demanda do templo. O carro de Pedro Barros estacionara diante da casa de Deus.
CORTA PARA:
INTERIOR DA IGREJA.
João, ajoelhado, rezava contrito. Á entrada de Lara, conduzida pela mãe, e Dalva, sua tia, Gentil Palhares sentiu um choque.
GENTIL PALHARES - (cutucando a esposa) Conhece essa aí? É a mesma moça que vem perturbando o sossego da cidade.
Maria de Lara, Estela, Dalva e Pedro Barros colocaram-se atrás do banco onde se encontrava, rezando, João Coragem. Gentil não se deu por satisfeito. Esgueirou-se por entre os presentes e alcançou o jovem garimpeiro.
GENTIL PALHARES - Lembra-se dessa zinha aí atrás?
0 jovem voltou os olhos para o banco de trás e viu a moça.
JOÃO - (perguntou á meia-voz) Diana... que é que você ta fazendo aqui?
Lara olhou para a tia, indignada.
MARIA DE LARA - O que é que ele está dizendo?
DALVA - Você o conhece?
MARIA DE LARA - É um dos inimigos de papai...
JOÃO - (sem se conter) Onde conseguiu esse vestido... pra vim nesse chique todo?
MARIA DE LARA - Eu não entendo o que o senhor está dizendo.
JOÃO - Você roubou? De quem?
Maria de Lara estava perto do desespero. As lágrimas lhe vinham aos olhos. Dalva tomou a frente da sobrinha.
DALVA - O senhor sabe com quem está falando?
JOÃO - Claro que eu sei!
DALVA - Esta moça é Lara, minha sobrinha. Filha de Pedro Barros.
JOÃO - Filha... dele!
João Coragem emudeceu de espanto.
Já fazia alguns minutos que Ritinha, levada ao altar pelas mãos de Pedro Barros, aguardava o noivo. Os cochichos começavam a tomar conta da Igreja quando, de braço com Sinhana, Eduardo entrou – expressão feroz, testa franzida. Ao lado do Promotor Rodrigo César. Dirigiram-se ao altar sob os olhares interessados dos presentes.
PADRE BENTO - Aproxime-se, filho. (brincou) É a primeira vez que faço um casamento em que a noiva é que espera pelo noivo...
PADRE BENTO - Ajoelhem-se, filhos.
CORTA PARA:
CENA 02 - COROADO - ADRO DA IGREJA - EXT. - DIA.
Lara deixara o banco da Igreja, forçada pelos olhares insistentes de João Coragem. Agora, discutiam no adro da igrejinha.
JOÃO - Como é que você tem coragem de fingir desse jeito, depois da gente passar uma noite...
MARIA DE LARA - O quê?
JOÃO - Você sabe bem o que tou querendo lhe fazer entender. Tá certo, diante dos outros você pode fingir. Mas, agora que a gente tá sozinho, os dois, me diga... pra que o orgulho? Quer me endoidecer?
MARIA DE LARA - (sem acreditar no que ouvia) Olha aqui, Senhor João Coragem. Eu estou sendo muito paciente. Quero chegar a um acordo com o senhor. Sou compreensiva, humana. E lhe digo que estou muito agradecida por ter me socorrido naquele dia. E lhe digo mais: estou muito arrependida por ter fugido no seu cavalo. Espero que o tenha recuperado...
JOÃO - Agora tá se lembrando de tudo. Não se lembra também de que eu comprei você?
MARIA DE LARA - (horrorizada) Me... me comprou?
JOÃO - Você mesma disse, não se lembra? O dinheiro da Igreja... eu paguei... a caixa da santa que você roubou.
MARIA DE LARA - Mas... isto é uma loucura!
CORTA PARA:
CENA 03 - IGREJA - SEQUENCIA - INT. - DIA.
O Padre benzeu as alianças. Fez as perguntas de praxe.
PADRE BENTO - Que Deus os abençoe. Estão casados, meus filhos, com a graça de Deus. Deste momento em diante, são marido e mulher.
Duda deu um beijo na testa da esposa.
CORTA PARA:
CENA 04 - ADRO DA IGREJA - EXT. - DIA.
João agarrou Maria de Lara pelo braço, quase feroz.
JOÃO - Vem cá. Se você quer que eu esconda que a filha de Pedro Barros é minha propriedade... que se vendeu por muito pouco... tem de ao menos reconhecer o que fez.
MARIA DE LARA - (quase sem voz) Me deixe ir embora...
João apertava-a mais fortemente.
JOÃO - Anda, moça... tem de reconhecer. Tem de reconhecer ou eu... eu perco a cabeça, Diana!
Lara estremeceu, como que tocada por um fio de alta tensão.
MARIA DE LARA - Diana!
JOÃO - É. Diana. O nome que você me deu. Mas não é Diana coisa nenhuma. É Maria de Lara. Maria de Lara, não é?
CORTA PARA:
CENA 05 - COROADO - IGREJA - INT. - DIA.
O casamento acabara. A igreja voltava a agitar-se. Gente á procura da saída; gente á procura do altar.
DUDA - (movimentava-se nervosamente) Acho que a gente pode ir andando, não?
SINHANA - Tudo vai dar certo, filho. Te alegra também!
PADRE BENTO - Faltam os cumprimentos...
DUDA - Nós temos pressa.
DR. MACIEL - (dirigindo-se para o altar) Mas eu tenho que abraçar minha filha.
RITINHA - (escondendo o rosto entre as mãos) Que Deus me perdoe, mas eu desconheço esse homem.
E tomando as mãos do marido entre as suas, afastou-se célere do local. Maciel sentou-se no banco da primeira fila. Feições abatidas, inteiramente tomado pelo desconforto.
CORTA PARA:
CENA 06 - RANCHO CORAGEM - INT. - NOITE.
Eduardo discutia com os irmãos durante o jantar.
DUDA - ... veio tudo em cima de mim. Todas as responsabilidades. A honra, a moral da família. Tudo! Até a segurança de vocês. Rodrigo me chamou e me pôs todas essas coisas sobre os ombros. Eu não tinha saída.
Rita não suportou. Levantou-se transtornada pela raiva.
RITINHA - Pois eu te desobrigo, ta ouvindo? Eu te desobrigo! Pode anular a porcaria desse casamento. Ainda está em tempo.
O desespero assumia proporções a cada palavra.
RITINHA - Se você estava com medo dos tiros dos jagunços de Pedro Barros, agora não há o que temer. Você fingiu que estava casado. Pode anular o casamento. Pode ir embora de Coroado em paz!
Duda sentiu a revolta interior.
DUDA - Não me casei com você com medo dos tiros dos jagunços.
RITINHA - Casou, sim. Casou por medo. Você é covarde! É covarde!
Saiu correndo para o quarto, ante os olhares espantados da família reunida. A forte pancada da porta que se fechava, abalou o silencio que tomara conta do ambiente.
CORTA PARA:
CENA 07 - RANCHO CORAGEM - QUARTO DE DUDA - INT. - NOITE.
Eduardo entrou no quarto com expressão feroz.
DUDA - Isto aqui é seu. Domingas está aí. Trouxe isto. É toda a roupa que você vai levar.
RITINHA - (voltou-se sobressaltada) Levar pra onde?
DUDA - Pra cidade, ora! Você não vai comigo?
RITINHA - Eduardo... o que é que você pretende de mim? Seja franco. O que é que você vai fazer comigo?
Duda sentou-se na cama, nervoso, atordoado com os acontecimentos das últimas horas.
DUDA - Sei lá, Rita. Sei lá.
RITINHA - Acha... que nunca... nunca vai poder gostar de mim?
DUDA - Não gosto, nem deixo de gostar... Oh, Ritinha, se você soubesse. São tantos os problemas... Se você soubesse...
Rita abraçou-o repentinamente, impelida pelos sentimentos que não podia controlar.
RITINHA - Eduardo... Eduardo, me de uma leve esperança! Diga que você vai fazer tudo pra gostar de mim. Olhe, eu vou ser boazinha pra você, vou ser paciente, vou ser tudo, tudo o que você quiser. Mas, diga que vai se esforçar. Diga, por favor, Eduardo!
O rapaz sentiu o remorso invadir-lhe a alma, a consciência a recriminar-lhe as atitudes grosseiras contra a jovem, pura e boa, que como ele fôra envolvida no torvelinho dos acontecimentos.
DUDA - Está bem, eu vou me esforçar, Ritinha...
CORTA PARA:
CENA 08 - COROADO - ESTAÇÃO - EXT. - DIA.
Duda e Ritinha despediam-se de João, Jerônimo, Sinhana e Domingas, e eram observados á distância por Maciel. Entraram no trem, que partiu, deixando a família com lágrimas nos olhos.
A vida da cidadezinha voltava ao corriqueiro: desavenças pessoais, as lutas nos garimpos, o disse-me-disse das solteironas e o caso dos Coragens contra o banditismo de Pedro Barros.
CORTA PARA:
CENA 09 - RANCHO CORAGEM - INT. - DIA.
Rodrigo visitava o rancho (gostava de admirar a beleza de Potira) e reservara algumas surpresas para João Coragem.
JERÔNIMO - Vamo, entra logo no assunto, Dr. Rodrigo.
RODRIGO - Fizemos uma descoberta sensacional.
JOÃO - Descobriro uma grupiara?
RODRIGO - Grupiara?
JOÃO - Lugar onde a gente acha diamante sem fuçá muito.
RODRIGO - Não, João. Não se trata de diamante. Eu estou falando da filha de Pedro Barros. Sabemos quem ela é.
O jovem Coragem estremeceu nos alicerces.
RODRIGO - (referia-se a Potira) Posso dizer na presença da mocinha?
JERÔNIMO - (ordenou) Sai, Potira.
RODRIGO - A filha de Pedro Barros é uma aventureira. Chegamos á conclusão de que ela gosta de se divertir á maneira de louca.
JERÔNIMO - Vi hoje a sem-vergonha, na casa dele. Reconheci ela. É a mesma que furtou a igreja, a mesma que você tirou da cadeia... a mesma que você levou pra casa do Braz pra Cema cuidar.
JOÃO - E o que tem isso? Que ela seja a mesma... ou outra?
RODRIGO - João, nós podemos usar isso como arma contra o pai dela. Não foi ele que obrigou o seu irmão a casar com Rita... para limpar a honra da cidade?
JOÃO - E ocêis acham que vou me aproveitar disso... pra lutar contra esse home?
JERÔNIMO - É a nossa oportunidade pra derrubar ele.
RODRIGO - Não é a arma que ele usa, João? A desmoralização? Ele está fazendo tudo contra nós. Isso é direito, João?
JOÃO - Acho melhor deixá a moça em paz. Eu... eu não tenho certeza de nada... se as duas... são uma só. Me entendem? É capaz de não ser... eu não sei, não entendo. E se não for? Com que cara a gente vai ficar?
FIM DO CAPÍTULO 8
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
# CHEGANDO AO RIO DE JANEIRO, RITINHA PASSA A NOITE DE NÚPCIAS SOZINHA, POIS O MARIDO É OBRIGADO A FICAR NA CONCENTRAÇÃO.
# JOÃO CORAGEM ESTÁ CADA VEZ MAIS ENVOLVIDO POR DIANA LEMOS, AO PONTO DE ENTRAR EM CONFLITO COM A MÃE E O IRMÃO EM DEFESA DA AMADA.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 9 DE...
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