domingo, 1 de maio de 2011

IRMÃOS CORAGEM - CAPÍTULO 8


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair

CAPÍTULO 8

PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:

JOÃO
MARIA DE LARA
DALVA
GENTIL PALHARES
PEDRO BARROS
RITINHA
SINHANA
DUDA
RODRIGO CÉSAR
PADRE BENTO
JERÔNIMO
SINHANA
DR. MACIEL
DOMINGAS


CENA 01  -  COROADO  -  IGREJA  -  EXT.  -  DIA.
 
A Igreja estava repleta. Dezenas de curiosos atravessavam a praça em demanda do templo. O carro de Pedro Barros estacionara diante da casa de Deus.

CORTA PARA:

INTERIOR DA IGREJA.

João, ajoelhado, rezava contrito. Á entrada de Lara, conduzida pela mãe, e Dalva, sua tia, Gentil Palhares sentiu um choque.


GENTIL PALHARES  -  (cutucando a esposa)   Conhece essa aí? É a mesma moça que vem perturbando o sossego da cidade.

Maria de Lara, Estela, Dalva e Pedro Barros colocaram-se atrás do banco onde se encontrava, rezando, João Coragem. Gentil não se deu por satisfeito. Esgueirou-se por entre os presentes e alcançou o jovem garimpeiro.

GENTIL PALHARES  -  Lembra-se dessa zinha aí atrás?

0 jovem voltou os olhos para o banco de trás e viu a moça. 

JOÃO  -  (perguntou á meia-voz)    Diana... que é que você ta fazendo aqui?

Lara olhou para a tia, indignada.

MARIA DE LARA  -  O que é que ele está dizendo?

DALVA  -  Você o conhece?

MARIA DE LARA  -  É um dos inimigos de papai...

JOÃO  -  (sem se conter)  Onde conseguiu esse vestido... pra vim nesse chique todo?

MARIA DE LARA  -  Eu não entendo o que o senhor está dizendo.

JOÃO  -  Você roubou? De quem?

Maria de Lara estava perto do desespero. As lágrimas lhe vinham aos olhos. Dalva tomou a frente da sobrinha.

DALVA  -  O senhor sabe com quem está falando?

JOÃO  -  Claro que eu sei!

DALVA  -  Esta moça é Lara, minha sobrinha. Filha de Pedro Barros.

JOÃO  -  Filha... dele!

João Coragem emudeceu de espanto.

Já fazia alguns minutos que Ritinha, levada ao altar pelas mãos de Pedro Barros, aguardava o noivo. Os cochichos começavam a tomar conta da Igreja quando, de braço com Sinhana, Eduardo entrou – expressão feroz, testa franzida. Ao lado do Promotor Rodrigo César. Dirigiram-se ao altar sob os olhares interessados dos presentes.

PADRE BENTO  -  Aproxime-se, filho. (brincou) É a primeira vez que faço um casamento em que a noiva é que espera pelo noivo...

PADRE BENTO  -  Ajoelhem-se, filhos.

CORTA PARA:

CENA 02  -  COROADO  -  ADRO DA IGREJA  -  EXT.  -  DIA.

 
Lara deixara o banco da Igreja, forçada pelos olhares insistentes de João Coragem. Agora, discutiam no adro da igrejinha.


JOÃO  -  Como é que você tem coragem de fingir desse jeito, depois da gente passar uma noite...

MARIA DE LARA  -  O quê?

JOÃO  -  Você sabe bem o que tou querendo lhe fazer entender. Tá certo, diante dos outros você pode fingir. Mas, agora que a gente tá sozinho, os dois, me diga... pra que o orgulho? Quer me endoidecer?

MARIA DE LARA  -  (sem acreditar no que ouvia)  Olha aqui, Senhor João Coragem. Eu estou sendo muito paciente. Quero chegar a um acordo com o senhor. Sou compreensiva, humana. E lhe digo que estou muito agradecida por ter me socorrido naquele dia. E lhe digo mais: estou muito arrependida por ter fugido no seu cavalo. Espero que o tenha recuperado...

JOÃO  -  Agora tá se lembrando de tudo. Não se lembra também de que eu comprei você?

MARIA DE LARA  -  (horrorizada)  Me... me comprou?

JOÃO  -  Você mesma disse, não se lembra? O dinheiro da Igreja... eu paguei... a caixa da santa que você roubou.

MARIA DE LARA  -  Mas... isto é uma loucura!

CORTA PARA:

CENA 03  -  IGREJA  -   SEQUENCIA  -  INT.  -  DIA.

O Padre benzeu as alianças. Fez as perguntas de praxe.


PADRE BENTO  -  Que Deus os abençoe. Estão casados, meus filhos, com a graça de Deus. Deste momento em diante, são marido e mulher.

Duda deu um beijo na testa da esposa.

CORTA PARA:

CENA 04  -  ADRO DA IGREJA  -  EXT.  -  DIA.
  
João agarrou Maria de Lara  pelo braço, quase feroz.


JOÃO  -  Vem cá. Se você quer que eu esconda que a filha de Pedro Barros é minha propriedade... que se vendeu por muito pouco... tem de ao menos reconhecer o que fez.
 
MARIA DE LARA  -  (quase sem voz)   Me deixe ir embora...

João apertava-a mais fortemente.

JOÃO  -  Anda, moça... tem de reconhecer. Tem de reconhecer ou eu... eu perco a cabeça, Diana!

Lara estremeceu, como que tocada por um fio de alta tensão.

MARIA DE LARA  -  Diana!

JOÃO  -  É. Diana. O nome que você me deu. Mas não é Diana coisa nenhuma. É Maria de Lara. Maria de Lara, não é?

CORTA PARA:

CENA 05 -  COROADO  -  IGREJA  -  INT.  -  DIA.

 
O casamento acabara. A igreja voltava a agitar-se. Gente á procura da saída; gente á procura do altar.


DUDA  -  (movimentava-se nervosamente)  Acho que a gente pode ir andando, não?

SINHANA  -  Tudo vai dar certo, filho. Te alegra também!

PADRE BENTO  -  Faltam os cumprimentos...

DUDA  -  Nós temos pressa.

DR. MACIEL  -  (dirigindo-se para o altar)  Mas eu tenho que abraçar minha filha.

RITINHA  -  (escondendo o rosto entre as mãos)  Que Deus me perdoe,  mas eu desconheço esse homem.
E tomando as mãos do marido entre as suas, afastou-se célere do local. Maciel sentou-se no banco da primeira fila. Feições abatidas, inteiramente tomado pelo desconforto.

CORTA PARA:

CENA 06  -  RANCHO CORAGEM  -  INT.  -  NOITE.

Eduardo discutia com os irmãos durante o jantar.


DUDA  -  ... veio tudo em cima de mim. Todas as responsabilidades. A honra, a moral da família. Tudo! Até a segurança de vocês. Rodrigo me chamou e me pôs todas essas coisas sobre os ombros. Eu não tinha saída.

Rita não suportou. Levantou-se transtornada pela raiva.

RITINHA  -  Pois eu te desobrigo, ta ouvindo? Eu te desobrigo! Pode anular a porcaria desse casamento. Ainda está em tempo.

O desespero assumia proporções a cada palavra.

RITINHA  -  Se você estava com medo dos tiros dos jagunços de Pedro Barros, agora não há o que temer. Você fingiu que estava casado. Pode anular o casamento. Pode ir embora de Coroado em paz!

Duda sentiu a revolta interior.

DUDA  -  Não me casei com você com medo dos tiros dos jagunços.

RITINHA  -  Casou, sim. Casou por medo. Você é covarde! É covarde!

Saiu correndo para o quarto, ante os olhares espantados da família reunida. A forte pancada da porta que se fechava, abalou o silencio que tomara conta do ambiente.

CORTA PARA:

CENA 07  -  RANCHO CORAGEM  -  QUARTO DE DUDA  -  INT.  -  NOITE.

 
Eduardo entrou no quarto com expressão feroz.


DUDA  -  Isto aqui é seu. Domingas está aí. Trouxe isto. É toda a roupa que você vai levar.

RITINHA  -  (voltou-se sobressaltada)  Levar pra onde?

DUDA  -  Pra cidade, ora! Você não vai comigo?

RITINHA  -  Eduardo... o que é que você pretende de mim? Seja franco. O que é que você vai fazer comigo?

Duda sentou-se na cama, nervoso, atordoado com os acontecimentos das últimas horas.

DUDA  -  Sei lá, Rita. Sei lá.

RITINHA  -  Acha... que nunca... nunca vai poder gostar de mim?

DUDA  -  Não gosto, nem deixo de gostar... Oh, Ritinha, se você soubesse. São tantos os problemas... Se você soubesse...

Rita abraçou-o repentinamente, impelida pelos sentimentos que não podia controlar.

RITINHA  -  Eduardo... Eduardo, me de uma leve esperança! Diga que você vai fazer tudo pra gostar de mim. Olhe, eu vou ser boazinha pra você, vou ser paciente, vou ser tudo, tudo o que você quiser. Mas, diga que vai se esforçar. Diga, por favor, Eduardo!

O rapaz sentiu o remorso invadir-lhe a alma, a consciência a recriminar-lhe as atitudes grosseiras contra a jovem, pura e boa, que como ele fôra envolvida no torvelinho dos acontecimentos.

DUDA  -  Está bem, eu vou me esforçar, Ritinha...

CORTA PARA:

CENA 08 -  COROADO  -  ESTAÇÃO  -  EXT.  -  DIA.

Duda e Ritinha despediam-se de João, Jerônimo, Sinhana e Domingas, e eram observados á distância por Maciel. Entraram  no trem, que partiu, deixando a família com lágrimas nos olhos.

A vida da cidadezinha voltava ao corriqueiro: desavenças pessoais, as lutas nos garimpos, o disse-me-disse das solteironas e o caso dos Coragens contra o banditismo de Pedro Barros.

CORTA PARA:


CENA 09 -  RANCHO CORAGEM  -  INT.  -  DIA.
 
Rodrigo visitava o rancho (gostava de admirar a beleza de Potira) e reservara algumas surpresas para João Coragem.


JERÔNIMO  -  Vamo, entra logo no assunto, Dr. Rodrigo.

RODRIGO  -  Fizemos uma descoberta sensacional.

JOÃO  -  Descobriro uma grupiara?

RODRIGO  -  Grupiara?

JOÃO  -  Lugar onde a gente acha diamante sem fuçá muito.

RODRIGO  -  Não, João. Não se trata de diamante. Eu estou falando da filha de Pedro Barros. Sabemos quem ela é.

O jovem Coragem estremeceu nos alicerces.

RODRIGO  -  (referia-se a Potira)  Posso dizer na presença da mocinha?

JERÔNIMO  -  (ordenou)  Sai, Potira.

RODRIGO  -  A filha de Pedro Barros é uma aventureira. Chegamos á conclusão de que ela gosta de se divertir á maneira de louca.

JERÔNIMO  -  Vi hoje a sem-vergonha, na casa dele.  Reconheci ela. É a mesma que furtou a igreja, a mesma que você tirou da cadeia... a mesma que você levou pra casa do Braz pra Cema cuidar.

JOÃO  -  E o que tem isso? Que ela seja a mesma... ou outra?

RODRIGO  -  João,  nós podemos usar isso como arma contra o pai dela. Não foi ele que obrigou o seu irmão a casar com Rita... para limpar a honra da cidade?

JOÃO  -  E ocêis acham que vou me aproveitar disso... pra lutar contra esse home?

JERÔNIMO  -  É a nossa oportunidade pra derrubar ele.
 
RODRIGO  -  Não é a arma que ele usa, João? A desmoralização? Ele está fazendo tudo contra nós. Isso é direito, João?

JOÃO  -  Acho melhor deixá a moça em paz. Eu... eu não tenho certeza de nada... se as duas... são uma só. Me entendem? É capaz de não ser... eu não sei, não entendo. E se não for? Com que cara a gente vai ficar?

FIM DO CAPÍTULO  8

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

# CHEGANDO AO RIO DE JANEIRO, RITINHA PASSA A NOITE DE NÚPCIAS SOZINHA, POIS O MARIDO É OBRIGADO A FICAR NA CONCENTRAÇÃO.

# JOÃO CORAGEM ESTÁ CADA VEZ MAIS ENVOLVIDO POR DIANA LEMOS, AO PONTO DE ENTRAR EM CONFLITO COM A MÃE E O IRMÃO EM DEFESA DA AMADA.



NÃO PERCA O CAPÍTULO 9 DE...

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