Novela de Antonio Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes
Inspirada na Obra de Dias Gomes
Fonte: http://youtu.be/zIuryHGvAVc
CAPÍTULO 58
Personagens deste capítulo:
VÍTOR
ARAKEN
DELEGADO FONTOURA
JUREMA
RICARDINHO
OLIVEIRA RAMOS
D. CONSUELO
MISS JULY
SAMUCA
DOM JOSÉ
HELÔ
EMILIANO
BABI
VERINHA
MARIO MALUCO
MARCOS
ARAKEN
DELEGADO FONTOURA
JUREMA
RICARDINHO
OLIVEIRA RAMOS
D. CONSUELO
MISS JULY
SAMUCA
DOM JOSÉ
HELÔ
EMILIANO
BABI
VERINHA
MARIO MALUCO
MARCOS
CENA 1 - PENSÃO PRIMAVERA - QUARTO DE VÍTOR - INT. - DIA.
Continuação Imediata da Última Cena do Capítulo Anterior.
VÍTOR - (calmo e decidido) O sofrimento, a desilusão, a revolta, fizeram de mim um outro homem. Quando o senhor veio falar comigo pela primeira vez, eu lhe pedi pra deixar Nívea em paz. Agora, sou eu quem lhe diz: é preciso que todos saibam porque ela morreu, porque tudo isso aconteceu! É preciso apontar os culpados! Denunciar! Punir!
ARAKEN OLHAVA PARA VÍTOR COM ESPANTO.
ARAKEN - Mas você sabe quem são os verdadeiros culpados?
VÍTOR - Sei, sim. Muita gente a matou. Inclusive com a nossa cumplicidade, com a nossa omissão.
ARAKEN - Não estou entendendo!
VÍTOR - Importa muito pouco quem a empurrou lá de cima do paredão. Outros a vieram empurrando antes para lá. E esses outros não são menos culpados! São os verdadeiros culpados! Esses é que é preciso denunciar, desmascarar, destruir!
ARAKEN - (continuava atônito) De que maneira? Com que armas? Pela imprensa?
VÍTOR - Isso mesmo (fez um sinal com a cabeça) Estou disposto a escrever uma série de artigos ou reportagens, dando o meu depoimento pessoal sobre tudo isso. Sobre o mundo em que Nívea viveu e que a matou. Sem omitir nada, sem livrar ninguém. Sem contemplação.(fez uma pausa e prosseguiu, mais lentamente) Sei que vou mexer com gente poderosa, gente sem escrúpulos, gente vingativa, mas lutarei de peito aberto contra eles. Pra acabar com eles!
ARAKEN - Eu não acredito que você acabe com eles. Acredito que eles acabem com você. Veja bem, Vítor: eu estou do seu lado. Mas quanto à “Folha do Rio”, perca as esperanças! Não vão publicar nada. Contudo... há outros jornais, não vendidos a Oliveira Ramos. O “Correio da Tarde”, por exemplo... (estendeu a mão para Vítor) Conte comigo! Estou com você, nessa! Bem, eu tenho que voltar pra Redação.
VÍTOR - (apertou-lhe a mão, com gratidão) Muito obrigado, Araken.
ARAKEN - Não precisa me agradecer. Você me considerou capaz de topar a briga do seu lado. Esse foi o maior elogio que já recebi como profissional. E eu nem sei se mereço.
CORTA PARA:
CENA 2 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA - INT. - DIA.
RICARDINHO ESTAVA À FRENTE DE FONTOURA, QUE ENCARAVA-O, COM FRIEZA.
RICARDINHO - Como é, seu Delega, posso ver Jurema?
DELEGADO FONTOURA - (coçou o queixo, refletindo, e decidiu-se) Cabo Jorge, acompanhe o senhor Ricardo Miranda à cela de Jurema de Alencar.
CORTA PARA:
CENA 3 - DELEGACIA - CELA DE JUREMA - INT. - DIA.
O CABO JORGE ABRIU A PORTA DE FERRO E JUREMA ATIROU-SE NOS BRAÇOS DE RICARDINHO, EMOCIONADA.
JUREMA - Meu querido, que saudade!...
RICARDINHO - E aí, como é que você tá?
JUREMA - (mostrou o aposento à sua volta) Preciso responder? Tou a ponto de enlouquecer nesse lugar horrível!...
RICARDINHO - Temos que dar um jeito de tirar você daqui... mas como?
JUREMA - O Dr. Celso Barroso, meu advogado, esteve aqui, hoje de manhã. Ele acredita na minha inocência. Vai entrar com um pedido de revisão criminal.
RICARDINHO - Revisão criminal?
JUREMA - É. Ele disse que tem sérios motivos pra acreditar que Helô Oliveira Ramos é a assassina de Nívea!
RICARDINHO - (irritado) Olha, Jurema, tudo isso é besteira. Besteira! Livrar você e engaiolar Helô! Ele tá maluco? Então o Oliveira Ramos vai deixar que alguma coisa aconteça com Helô? Qual é, não viaja...
JUREMA - (desconfiou por instinto) Ela ainda tá casada com o padre?
RICARDINHO - Não. Se separaram.
AO DIZER ISSO, RICARDINHO SE TRAIU. E O OLHAR DE JUREMA FOI DE QUEM VIU REFORÇADA UMA FORTE SUSPEITA.
JUREMA - (desconfiada) Está acontecendo alguma coisa que eu não sei? Ricardinho... você tem alguma coisa pra me dizer?
RICARDINHO - Não. Para de bobeira, pô!
JUREMA - Bobeira, é? Sei!...
CORTA PARA:
CENA 4 - CASA DE D. CONSUELO - PISCINA - EXT. - DIA.
USANDO UM ENORME CHAPÉU E ÓCULOS DE SOL, D. CONSUELO ACOMPANHAVA, SENTADA NUMA ESPREGUIÇADEIRA, CADA BRAÇADA DE SAMUCA NA PISCINA. DOM JOSÉ A AVISTOU, DO LIVING, E FOI AO SEU ENCONTRO.
DOM JOSÉ - D. Consuelo! D. Consuelo! Fue su procura!
D. CONSUELO - Estoy aqui, Dom José. Mira, Samuquito no parece un niño feliz en la piscina?
DOM JOSÉ - Estoy muy preocupado! Dr. Oliveira Ramos llamó. Él quiere volver a verla con urgencia! Quiere que vayas al banco ahora!
D. CONSUELO - (sem demonstrar reação) Ahora non puedo, Dom José. Yo estoy a mirar Samuquito nadar. Vá usted!
DOM JOSÉ - (assustado) Y... yo?!
D. CONSUELO - Si, si. Usted. No es mi procurador?
CORTA PARA:
CENA 5 - PENSÃO PRIMAVERA - QUARTO DE VÍTOR - INT. - DIA.
VÍTOR AGUARDAVA, ANSIOSAMENTE, ENQUANTO O JORNALISTA ACABAVA DE LER A SUA PRIMEIRA REPORTAGEM.
VÍTOR - Que tal?
ARAKEN - Rapaz, isto vai ser uma bomba! Você vai abalar os alicerces da República de Ipanema! Para o “Correio da Tarde”, isto vai ser um presente do céu. Vão dobrar de tiragem, garanto. E o Gouveia Neto vai se morder de raiva por não poder publicar. Sim, porque é o tipo de matéria que ele gosta. Tem aquilo que chamamos de impacto de opinião pública. E isso faz vender jornal. (pôs a mão no ombro de Vítor) De amanhã em diante, meu caro, se prepare: sua vida vai ficar muito mais agitada! Será uma guerra!
CORTA PARA:
CENA 5 - BANCO OLIVEIRA RAMOS - SALA DE OLIVEIRA - INT. - DIA.
OLIVEIRA ACENDEU UM CHARUTO E ESTENDEU A CAIXA PARA DOM JOSÉ. VIROU-SE PARA EMILIANO, QUE TRAZIA UMA PAPELADA.
OLIVEIRA RAMOS - O caso é o seguinte: não é que haja nenhuma desconfiança de nossa parte, mas as informações de praxe, o senhor sabe, que tivemos que pedir ao México, são bastante contraditórias e não coincidem com as que D. Consuelo nos deu sobre seus bens, ações, etc.
DOM JOSÉ - Pero, no es posible...
OLIVEIRA RAMOS - Seu Emiliano, mostre a Dom José.
DOM JOSÉ EXAMINOU OS PAPÉIS, COM AS MÃOS TRÊMULAS.
DOM JOSÉ - (tentou desesperadamente explicar, enrolando tudo propositalmente) Pero, señores, no puede ser... debe haver un equívoco, verdad?
OLIVEIRA RAMOS - Sim, é claro que há um equívoco. O que nós queremos saber é: onde está o equívoco?
VINTE MINUTOS MAIS TARDE, OLIVEIRA E EMILIANO JÁ ESTAVAM COM A PACIÊNCIA ESGOTADA. O DIÁLOGO PROSSEGUIA COM DOM JOSÉ, O PROCURADOR DE D. CONSUELO, BATENDO SEMPRE NA MESMA TECLA:
DOM JOSÉ - Hay un equívoco sí, verdad?
OLIVEIRA RAMOS - (deu um murro na mesa e gritou) Basta!
DOM JOSÉ SE EMPERTIGOU.
OLIVEIRA RAMOS - (estendeu-lhe a mão) Tomara que haja, realmente, um equívoco, Dom José Quintana!
O MEXICANO SAIU COM EMILIANO.
CENA 6 - BANCO OLIVEIRA RAMOS - SALA DE ESPERA - INT. - DIA.
EMILIANO ACOMPANHOU DOM JOSÉ ATÉ A PORTA, ONDE SE DESPEDIRAM, E VIU UM JORNAL SOBRE A MESA DA RECEPCIONISTA. A MANCHETE LHE CHAMOU A ATENÇÃO. ELE APANHOU O JORNAL E COMEÇOU A LER. SUAS FEIÇÕES FORAM SE ALTERANDO E ELE CORREU, APRESSADO, DE VOLTA AO GABINETE DE ONDE SAÍRA.
CENA 7 - BANCO - SALA DE OLIVEIRA RAMOS - INT. - DIA.
EMILIANO - Dr. Oliveira, o senhor já viu este jornal?
OLIVEIRA RAMOS - (pegou o jornal e leu) “Quem realmente matou Nívea”. (e mais abaixo) “Numa série de reportagens que iniciamos hoje, o Padre Vítor Mariano aponta os verdadeiros culpados!” (sob a manchete, uma foto de Nívea) Mas que loucura é essa!... (leu a reportagem da primeira à última linha) Que houve com esse rapaz? Enlouqueceu? Não há dúvida que é ele mesmo. Quem podia saber de tantas particularidades do meu primeiro casamento, da doença de minha mulher, dos traumas de infância de Helô, senão ele?
EMILIANO - É... eu mesmo ignorava essas coisas.
OLIVEIRA RAMOS - Poucas, pouquíssimas pessoas sabem que minha primeira mulher esteve vinte anos num sanatório! E ele diz aqui, inclusive, que eu enganei minha filha durante todo esse tempo a respeito disso! Quem ler essa reportagem, o que há de pensar de mim?! Que sou um monstro! E esta é apenas a primeira de uma série!
CORTA PARA:
CENA 8 - CASA DE D. CONSUELO - SALA DE JANTAR - INT. - DIA.
A CRIADA ENCAMINHAVA-SE COM UMA BANDEJA DE SUCOS E SANDUÍCHES PARA A PISCINA, QUANDO D. CONSUELO FOI AO SEU ENCONTRO.
D. CONSUELO - Puede dejar, Matilde, me tomo el lanche de mi marido.
TOMOU-LHE A BANDEJA DAS MÃOS E DIRIGIU-SE PARA A PISCINA.
CENA 9 - CASA DE D. CONSUELO - PISCINA - EXT. - DIA.
D. CONSUELO - Samuquito! Trago el lanche a tí, mi amore!
SENTADO NA ESPREGUIÇADEIRA, SAMUCA LIA O “CORREIO DA TARDE“.
SAMUCA - (sem tirar os olhos do jornal) Caramba! O padre botou pra quebrar!
D. CONSUELO - (olhando por cima do ombro do marido) ¿Qué estás leyendo, Samuquito?
SAMUCA - O padre Vítor, marido de Helô, resolveu botar todos os podres do Oliveira pra fora! Isso vai dar o maior bolo!
MATILDE, A CRIADA, APROXIMOU-SE EM COMPANHIA DE DOM JOSÉ.
DOM JOSÉ - (com gestos nervosos) Señora, necesitamos hablar!
D. CONSUELO - (para Samuca) Come el sándwich, amor. Vuelvo en seguida!
PREOCUPADA, D. CONSUELO AFASTOU-SE ALGUNS METROS, SEGUIDA POR DOM JOSÉ, SOB O OLHAR DE CURIOSIDADE DE SAMUCA.
DOM JOSÉ - Fui pressionado pelo senõr Oliveira Ramos! El sospecha de que hay algo mui errado! Señora, no hay otra solución: tenemos llamar Dom Carvajal!
D. CONSUELO - (olhou discretamente para Samuca) No, no es el momento. Acalma-te, Dom José! Ahora no es hora de hablar sobre esto. Después conversamos!
DOM JOSÉ - Mas... mas...
D. CONSUELO VIROU-LHE AS COSTAS E VOLTOU PARA JUNTO DO MARIDO. DOM JOSÉ BALANÇOU A CABEÇA, RESIGNADO E RETIROU-SE EM SEGUIDA.
SAMUCA - O que ele queria? Dom José tava com uma cara esquisita!...
D. CONSUELO - Y yo sé? (respondeu, servindo-se de um copo de suco) Dom José no está muy bien de la cabeça, me parece...
SAMUCA - (desconfiado) Nem ele, nem você. Que era que vocês tanto discutiam, há pouco?
Continuação Imediata da Última Cena do Capítulo Anterior.
VÍTOR - (calmo e decidido) O sofrimento, a desilusão, a revolta, fizeram de mim um outro homem. Quando o senhor veio falar comigo pela primeira vez, eu lhe pedi pra deixar Nívea em paz. Agora, sou eu quem lhe diz: é preciso que todos saibam porque ela morreu, porque tudo isso aconteceu! É preciso apontar os culpados! Denunciar! Punir!
ARAKEN OLHAVA PARA VÍTOR COM ESPANTO.
ARAKEN - Mas você sabe quem são os verdadeiros culpados?
VÍTOR - Sei, sim. Muita gente a matou. Inclusive com a nossa cumplicidade, com a nossa omissão.
ARAKEN - Não estou entendendo!
VÍTOR - Importa muito pouco quem a empurrou lá de cima do paredão. Outros a vieram empurrando antes para lá. E esses outros não são menos culpados! São os verdadeiros culpados! Esses é que é preciso denunciar, desmascarar, destruir!
ARAKEN - (continuava atônito) De que maneira? Com que armas? Pela imprensa?
VÍTOR - Isso mesmo (fez um sinal com a cabeça) Estou disposto a escrever uma série de artigos ou reportagens, dando o meu depoimento pessoal sobre tudo isso. Sobre o mundo em que Nívea viveu e que a matou. Sem omitir nada, sem livrar ninguém. Sem contemplação.(fez uma pausa e prosseguiu, mais lentamente) Sei que vou mexer com gente poderosa, gente sem escrúpulos, gente vingativa, mas lutarei de peito aberto contra eles. Pra acabar com eles!
ARAKEN - Eu não acredito que você acabe com eles. Acredito que eles acabem com você. Veja bem, Vítor: eu estou do seu lado. Mas quanto à “Folha do Rio”, perca as esperanças! Não vão publicar nada. Contudo... há outros jornais, não vendidos a Oliveira Ramos. O “Correio da Tarde”, por exemplo... (estendeu a mão para Vítor) Conte comigo! Estou com você, nessa! Bem, eu tenho que voltar pra Redação.
VÍTOR - (apertou-lhe a mão, com gratidão) Muito obrigado, Araken.
ARAKEN - Não precisa me agradecer. Você me considerou capaz de topar a briga do seu lado. Esse foi o maior elogio que já recebi como profissional. E eu nem sei se mereço.
CORTA PARA:
CENA 2 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA - INT. - DIA.
RICARDINHO ESTAVA À FRENTE DE FONTOURA, QUE ENCARAVA-O, COM FRIEZA.
RICARDINHO - Como é, seu Delega, posso ver Jurema?
DELEGADO FONTOURA - (coçou o queixo, refletindo, e decidiu-se) Cabo Jorge, acompanhe o senhor Ricardo Miranda à cela de Jurema de Alencar.
CORTA PARA:
CENA 3 - DELEGACIA - CELA DE JUREMA - INT. - DIA.
O CABO JORGE ABRIU A PORTA DE FERRO E JUREMA ATIROU-SE NOS BRAÇOS DE RICARDINHO, EMOCIONADA.
JUREMA - Meu querido, que saudade!...
RICARDINHO - E aí, como é que você tá?
JUREMA - (mostrou o aposento à sua volta) Preciso responder? Tou a ponto de enlouquecer nesse lugar horrível!...
RICARDINHO - Temos que dar um jeito de tirar você daqui... mas como?
JUREMA - O Dr. Celso Barroso, meu advogado, esteve aqui, hoje de manhã. Ele acredita na minha inocência. Vai entrar com um pedido de revisão criminal.
RICARDINHO - Revisão criminal?
JUREMA - É. Ele disse que tem sérios motivos pra acreditar que Helô Oliveira Ramos é a assassina de Nívea!
RICARDINHO - (irritado) Olha, Jurema, tudo isso é besteira. Besteira! Livrar você e engaiolar Helô! Ele tá maluco? Então o Oliveira Ramos vai deixar que alguma coisa aconteça com Helô? Qual é, não viaja...
JUREMA - (desconfiou por instinto) Ela ainda tá casada com o padre?
RICARDINHO - Não. Se separaram.
AO DIZER ISSO, RICARDINHO SE TRAIU. E O OLHAR DE JUREMA FOI DE QUEM VIU REFORÇADA UMA FORTE SUSPEITA.
JUREMA - (desconfiada) Está acontecendo alguma coisa que eu não sei? Ricardinho... você tem alguma coisa pra me dizer?
RICARDINHO - Não. Para de bobeira, pô!
JUREMA - Bobeira, é? Sei!...
CORTA PARA:
CENA 4 - CASA DE D. CONSUELO - PISCINA - EXT. - DIA.
USANDO UM ENORME CHAPÉU E ÓCULOS DE SOL, D. CONSUELO ACOMPANHAVA, SENTADA NUMA ESPREGUIÇADEIRA, CADA BRAÇADA DE SAMUCA NA PISCINA. DOM JOSÉ A AVISTOU, DO LIVING, E FOI AO SEU ENCONTRO.
DOM JOSÉ - D. Consuelo! D. Consuelo! Fue su procura!
D. CONSUELO - Estoy aqui, Dom José. Mira, Samuquito no parece un niño feliz en la piscina?
DOM JOSÉ - Estoy muy preocupado! Dr. Oliveira Ramos llamó. Él quiere volver a verla con urgencia! Quiere que vayas al banco ahora!
D. CONSUELO - (sem demonstrar reação) Ahora non puedo, Dom José. Yo estoy a mirar Samuquito nadar. Vá usted!
DOM JOSÉ - (assustado) Y... yo?!
D. CONSUELO - Si, si. Usted. No es mi procurador?
CORTA PARA:
CENA 5 - PENSÃO PRIMAVERA - QUARTO DE VÍTOR - INT. - DIA.
VÍTOR AGUARDAVA, ANSIOSAMENTE, ENQUANTO O JORNALISTA ACABAVA DE LER A SUA PRIMEIRA REPORTAGEM.
VÍTOR - Que tal?
ARAKEN - Rapaz, isto vai ser uma bomba! Você vai abalar os alicerces da República de Ipanema! Para o “Correio da Tarde”, isto vai ser um presente do céu. Vão dobrar de tiragem, garanto. E o Gouveia Neto vai se morder de raiva por não poder publicar. Sim, porque é o tipo de matéria que ele gosta. Tem aquilo que chamamos de impacto de opinião pública. E isso faz vender jornal. (pôs a mão no ombro de Vítor) De amanhã em diante, meu caro, se prepare: sua vida vai ficar muito mais agitada! Será uma guerra!
CORTA PARA:
CENA 5 - BANCO OLIVEIRA RAMOS - SALA DE OLIVEIRA - INT. - DIA.
OLIVEIRA ACENDEU UM CHARUTO E ESTENDEU A CAIXA PARA DOM JOSÉ. VIROU-SE PARA EMILIANO, QUE TRAZIA UMA PAPELADA.
OLIVEIRA RAMOS - O caso é o seguinte: não é que haja nenhuma desconfiança de nossa parte, mas as informações de praxe, o senhor sabe, que tivemos que pedir ao México, são bastante contraditórias e não coincidem com as que D. Consuelo nos deu sobre seus bens, ações, etc.
DOM JOSÉ - Pero, no es posible...
OLIVEIRA RAMOS - Seu Emiliano, mostre a Dom José.
DOM JOSÉ EXAMINOU OS PAPÉIS, COM AS MÃOS TRÊMULAS.
DOM JOSÉ - (tentou desesperadamente explicar, enrolando tudo propositalmente) Pero, señores, no puede ser... debe haver un equívoco, verdad?
OLIVEIRA RAMOS - Sim, é claro que há um equívoco. O que nós queremos saber é: onde está o equívoco?
VINTE MINUTOS MAIS TARDE, OLIVEIRA E EMILIANO JÁ ESTAVAM COM A PACIÊNCIA ESGOTADA. O DIÁLOGO PROSSEGUIA COM DOM JOSÉ, O PROCURADOR DE D. CONSUELO, BATENDO SEMPRE NA MESMA TECLA:
DOM JOSÉ - Hay un equívoco sí, verdad?
OLIVEIRA RAMOS - (deu um murro na mesa e gritou) Basta!
DOM JOSÉ SE EMPERTIGOU.
OLIVEIRA RAMOS - (estendeu-lhe a mão) Tomara que haja, realmente, um equívoco, Dom José Quintana!
O MEXICANO SAIU COM EMILIANO.
CENA 6 - BANCO OLIVEIRA RAMOS - SALA DE ESPERA - INT. - DIA.
EMILIANO ACOMPANHOU DOM JOSÉ ATÉ A PORTA, ONDE SE DESPEDIRAM, E VIU UM JORNAL SOBRE A MESA DA RECEPCIONISTA. A MANCHETE LHE CHAMOU A ATENÇÃO. ELE APANHOU O JORNAL E COMEÇOU A LER. SUAS FEIÇÕES FORAM SE ALTERANDO E ELE CORREU, APRESSADO, DE VOLTA AO GABINETE DE ONDE SAÍRA.
CENA 7 - BANCO - SALA DE OLIVEIRA RAMOS - INT. - DIA.
EMILIANO - Dr. Oliveira, o senhor já viu este jornal?
OLIVEIRA RAMOS - (pegou o jornal e leu) “Quem realmente matou Nívea”. (e mais abaixo) “Numa série de reportagens que iniciamos hoje, o Padre Vítor Mariano aponta os verdadeiros culpados!” (sob a manchete, uma foto de Nívea) Mas que loucura é essa!... (leu a reportagem da primeira à última linha) Que houve com esse rapaz? Enlouqueceu? Não há dúvida que é ele mesmo. Quem podia saber de tantas particularidades do meu primeiro casamento, da doença de minha mulher, dos traumas de infância de Helô, senão ele?
EMILIANO - É... eu mesmo ignorava essas coisas.
OLIVEIRA RAMOS - Poucas, pouquíssimas pessoas sabem que minha primeira mulher esteve vinte anos num sanatório! E ele diz aqui, inclusive, que eu enganei minha filha durante todo esse tempo a respeito disso! Quem ler essa reportagem, o que há de pensar de mim?! Que sou um monstro! E esta é apenas a primeira de uma série!
CORTA PARA:
CENA 8 - CASA DE D. CONSUELO - SALA DE JANTAR - INT. - DIA.
A CRIADA ENCAMINHAVA-SE COM UMA BANDEJA DE SUCOS E SANDUÍCHES PARA A PISCINA, QUANDO D. CONSUELO FOI AO SEU ENCONTRO.
D. CONSUELO - Puede dejar, Matilde, me tomo el lanche de mi marido.
TOMOU-LHE A BANDEJA DAS MÃOS E DIRIGIU-SE PARA A PISCINA.
CENA 9 - CASA DE D. CONSUELO - PISCINA - EXT. - DIA.
D. CONSUELO - Samuquito! Trago el lanche a tí, mi amore!
SENTADO NA ESPREGUIÇADEIRA, SAMUCA LIA O “CORREIO DA TARDE“.
SAMUCA - (sem tirar os olhos do jornal) Caramba! O padre botou pra quebrar!
D. CONSUELO - (olhando por cima do ombro do marido) ¿Qué estás leyendo, Samuquito?
SAMUCA - O padre Vítor, marido de Helô, resolveu botar todos os podres do Oliveira pra fora! Isso vai dar o maior bolo!
MATILDE, A CRIADA, APROXIMOU-SE EM COMPANHIA DE DOM JOSÉ.
DOM JOSÉ - (com gestos nervosos) Señora, necesitamos hablar!
D. CONSUELO - (para Samuca) Come el sándwich, amor. Vuelvo en seguida!
PREOCUPADA, D. CONSUELO AFASTOU-SE ALGUNS METROS, SEGUIDA POR DOM JOSÉ, SOB O OLHAR DE CURIOSIDADE DE SAMUCA.
DOM JOSÉ - Fui pressionado pelo senõr Oliveira Ramos! El sospecha de que hay algo mui errado! Señora, no hay otra solución: tenemos llamar Dom Carvajal!
D. CONSUELO - (olhou discretamente para Samuca) No, no es el momento. Acalma-te, Dom José! Ahora no es hora de hablar sobre esto. Después conversamos!
DOM JOSÉ - Mas... mas...
D. CONSUELO VIROU-LHE AS COSTAS E VOLTOU PARA JUNTO DO MARIDO. DOM JOSÉ BALANÇOU A CABEÇA, RESIGNADO E RETIROU-SE EM SEGUIDA.
SAMUCA - O que ele queria? Dom José tava com uma cara esquisita!...
D. CONSUELO - Y yo sé? (respondeu, servindo-se de um copo de suco) Dom José no está muy bien de la cabeça, me parece...
SAMUCA - (desconfiado) Nem ele, nem você. Que era que vocês tanto discutiam, há pouco?
D. CONSUELO - Tonteiras, Samuquito. Pero, que dice el periódico?
SAMUCA - Faz uma devassa na vida do Oliveira Ramos, que vou te contar! Nele e numa porção de gente. E diz que vai continuar... Continuar?
SAMUCA FECHOU A CARA, PREOCUPADO. NÃO RIA MAIS.
CORTA PARA:
CENA 10 - APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS - SALA - INT. - NOITE.
MISS JULY ANDAVA DE UM LADO PARA O OUTRO, MUITO NERVOSA, QUANDO OLIVEIRA RAMOS VOLTOU PARA CASA, APÓS MAIS UM DIA DE TRABALHO.
MISS JULY - (respirou aliviada) Ai, graças a Deus o senhor chegou, Doutor Oliveira!
OLIVEIRA RAMOS - O que aconteceu. Miss July? Onde está Helô?
MISS JULY - Ela vai ficar uma fera quando souber que eu contei... mas não dá pra ficar quieta!
OLIVEIRA RAMOS - (impaciente) Fale de uma vez! O que ela aprontou desta vez?
MISS JULY - Aquele tal de Ricardinho veio buscar ela aqui! Nesse momento estão dando uma festa no apartamento dela!
CORTA PARA:
CENA 11 - APARTAMENTO DE HELÔ - SALA - INT. - NOITE.
A FESTINHA ESTAVA NO AUGE, QUANDO OLIVEIRA RAMOS CHEGOU. ESTAVAM PRESENTES, ALÉM DE RICARDINHO, MARIO MALUCO, BABI, MARCOS E VERINHA. O APARTAMENTO PARECIA PEQUENO PARA TANTA GENTE. O BANQUEIRO FICOU ESPANTADO COM O QUE VIU.
OLIVEIRA RAMOS - (avistou a filha e aproximou-se) Que é isso, minha filha? Você está louca? Pense na sua situação. Você se separou de seu marido há menos de uma semana!
HELÔ - E que tem isso? Não estou me incomodando, ou você acha que devo entrar pra um convento? Estou apenas me divertindo com meus amigos.
OLIVEIRA RAMOS - (passou a vista pela sala) Essa turma eu conheço muito bem!
HELÔ SE AFASTOU E ELE FICOU UM INSTANTE INDECISO. BABI SE APROXIMOU DELE, DANÇANDO.
BABI - Oi, coroa...
OLIVEIRA OLHOU PARA ELA, A PRINCÍPIO OFENDIDO, DEPOIS COM CURIOSIDADE.
OLIVEIRA RAMOS - Quem é você?
BABI - (estendeu a mão, sorrindo, maliciosa) Eu sou a Babi.
OLIVEIRA RAMOS - Você é muito bonita... (T) Bem, eu tenho que ir. Boa noite.
BABI - Chau.
O BANQUEIRO RETIROU-SE. HELÔ ABRIU PASSAGEM ENTRE OS CASAIS QUE DANÇAVAM E DIRIGIU-SE PARA A VARANDA. DEBRUÇOU-SE E OLHOU PARA A RUA, COM O PENSAMENTO LONGE...
RICARDINHO, QUE NÃO A PERDIA DE VISTA UM SEGUNDO SEQUER, SEGUIU-A E TOCOU-LHE O OMBRO.
HELÔ - (voltou-se) Ah, é você...
RICARDINHO - Eu tou louco pra fazer uma coisa... e vai ser agora!
NUM ÍMPETO, RICARDINHO TOMOU-A NOS BRAÇOS E BEIJOU-A NOS LÁBIOS, COM ARDOR.
FIM DO CAPÍTULO 58
e no próximo capítulo...
*** Renatão e Samuca estão preocupados com a repercussão das reportagens de Vítor.
*** Samuca, desconfiado, exige a verdade! D. Carvajal decide contar-lhe todo o mistério que envolve
Consuelo!
Renatão e Helô encontram-se no desfile de Rodolfo Augusto e ele convida-a para beber um vinho em seu apartamento.
NÃO PERCA O CAPÍTULO 60 DE
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