Novela de Toni Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes
Fonte: http://youtu.be/zIuryHGvAVc
CAPÍTULO 54
Personagens deste capítulo:
DELEGADO FONTOURA
ADELAIDE
RENATÃO
SAMUCA
RICARDINHO
D. CONSUELO
DOM JOSÉ
ARAKEN
D. CONSUELO
GOUVEIA NETO
JUREMA
LEOPOLDO
ADVOGADO CELSO BARROSO
MARIO MALUCO
BABI
OLIVEIRA RAMOS
DELEGADO FONTOURA
ADELAIDE
RENATÃO
SAMUCA
RICARDINHO
D. CONSUELO
DOM JOSÉ
ARAKEN
D. CONSUELO
GOUVEIA NETO
JUREMA
LEOPOLDO
ADVOGADO CELSO BARROSO
MARIO MALUCO
BABI
OLIVEIRA RAMOS
CENA 1 - TRIBUNAL - SALA DO JÚRI - INT. - NOITE.
NA SALA DO TRIBUNAL, JUREMA ESTAVA SENTADA, ESPERANDO A REMOÇÃO PARA O PRESÍDIO. HAVIA UM SOLDADO NA PORTA. O ADVOGADO CELSO BARROSO ENTROU.
DR. CELSO - A senhora desculpe o meu fracasso... Eu esperava um resultado um pouco melhor. Mas não desanime. Vamos continuar lutando.
JUREMA ERGUEU PARA ELE OS OLHOS SECOS.
JUREMA - (perguntou, sem nenhum interesse) Continuar lutando? Ainda há alguma coisa a fazer?
DR. CELSO - Sempre há! Amanhã mesmo começarei a lutar pela revisão do processo. Não vai ser fácil, mas também não será impossível conseguir um novo julgamento.
CORTA PARA:
CENA 2 - “FOLHA DO RIO” - SALA DE GOUVEIA NETO - INT. - NOITE.
O DIRETOR DA “FOLHA DO RIO” FALAVA AO TELEFONE, QUANDO ARAKEN ENTROU EM SEU GABINETE.
GOUVEIA NETO - É, sim, a manchete é a primeira: “Condenada a Fera de Ipanema”. (voltou-se para o repórter) E a reportagem do século?
ARAKEN ENTREGOU-LHE ALGUMAS FOLHAS IMPRESSAS NO COMPUTADOR. GOUVEIA NETO LEU AS PRIMEIRAS LINHAS, O TÍTULO, E SE ESPANTOU.
GOUVIEA NETO - Ei, mas você está louco? “Um Clamoroso Erro Judiciário”. Mas o jornal não pode dizer isso!
ARAKEN - E por que não?
GOUVEIA NETO - Porque essa é a sua opinião pessoal. Não é a opinião do Tribunal do Júri, não é a opinião do povo.
ARAKEN - (arrancando as folhas de papel das mãos do diretor) Vamos falar claro, Gouveia: não é a opinião que interessa ao Oliveira Ramos,não é isso que você quer dizer?!
GOUVEIA NETO - Doutor Oliveira Ramos não tem nada com isso. Eu só lhe pedi pra não envolver o nome da família dele nessa história.
ARAKEN - (pôs-se em guarda) Mas eu não envolvi ninguém do clã Oliveira Ramos nesta reportagem.
GOUVEIA NETO - Ora, mas você quer que o jornal tome uma posição impopular, e isso eu não posso permitir. Não foi só um Júri de sete pessoas que condenou Jurema de Alencar; foi uma população de 190 milhões .
ARAKEN - (dominou a sua impaciência) Então faça o que quiser. Corte o que quiser ou jogue no lixo. Eu estou enojado.
ATIROU DE VOLTA A REPORTAGEM SOBRE A MESA DO DIRETOR E SAIU.
CORTA PARA:
CENA 3 - APARTAMENTO DO DELEGADO FONTOURA - SALA - INT. - NOITE.
O DELEGADO ZÉLIO FONTOURA ATENDEU O TELEFONE. ERA O DETETIVE JONAS.
DELEGADO FONTOURA - Fala, Jonas. Sim, acabei de saber da condenação. A TV deu uma edição especial (e mudando de assunto) Tudo bem aí no Distrito? Ah, sim... (fez cara de espanto) Na Curva do Calombo? Mande um choque pra lá.
DESLIGOU O TELEFONE E VOLTOU-SE PARA ADELAIDE.
DELEGADO FONTOURA - Do Distrito. O Detetive Jonas pensou que eu ainda não sabia da condenação de Jurema. Agora eu só queria ver a cara do Araken Teixeira, que vivia dizendo que ela era inocente. Hoje vou dormir com a consciência tranquila. A propósito, Mariozinho saiu de moto?
ADELAIDE - Acho que sim. Por quê?
DELEGADO FONTOURA - (com ar de preocupação) O Detetive disse que os doidinhos da motocicleta estão na Curva do Calombo, apostando corrida. Será que ele está no meio?
CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA - INT. - NOITE.
“ALELUIA” “ALELUIA” “ALELUIA”! JÁ PASSAVAM DE ONZE DA NOITE QUANDO A CAMPAINHA TOCOU INSISTENTEMENTE. KONSTANTÓPULUS JÁ SE RECOLHERA PARA DORMIR E RENATÃO ABRIU A PORTA. BABI ENTROU FEITO UM FURACÃO.
BABI - Seu bicão mentiroso! Cachorro!
RENATÃO ARREGALOU OS OLHOS, SEM ENTENDER.
RENATÃO - Babi! Mas o que é isso? O que foi que eu fiz?
BABI - Você não vale nada, Renatão, não tem o menor escrúpulo!
RENATÃO - (segurou-a pelos ombros) Calma! Calma! Quer fazer o favor de me dizer o que aconteceu, antes de me agredir?
BABI - Pois bem, eu digo: você falou que ia me apresentar ao Guel Arraes. Há uma semana que tá me enrolando com essa história. Acontece que, hoje à noite, eu fui no “Garota de Ipanema”, encontrei o Alex Viany e descobri que ele e o Guel são amigos. Me deu o endereço dele, eu fui até lá e fiquei com a cara no chão! Sabe por que, seu Renatão? O Guel Arraes me disse que não tem negócio nenhum com você e nem sequer lhe conhece! Me expulsou da casa dele, me chamou de louca, e disse que esse truque é velho!
RENATÃO EMPALIDECEU.
RENATÃO - (balbuciou) Eu... eu posso explicar... não é bem...
BABI NÃO O DEIXOU CONCLUIR. FORA DE SI, ESTALOU UMA BOFETADA NA CARA DO PLAYBOY.
BABI - Cafajeste! Que joguinho sujo pra conquistar uma mulher! Deve fazer isso com todas, aposto! Não me procure mais!
RENATÃO - (massageando o rosto) Não, Babi, com você é diferente, eu juro! (a jovem encaminhou-se para a porta e não ouviu as palavras finais) Eu... eu me apaixonei por você!
CORTA PARA:
CENA 5 - LAGOA - CURVA DO CALOMBO - EXT. - NOITE.
RICARDINHO, MARIO MALUCO E O RESTO DA TURMA CONTINUAVAM O PEGA, QUANDO OUVIRAM A SIRENA DO CARRO DA POLÍCIA SE APROXIMANDO.
MARIO MALUCO - Vamos se mandá, gente! A cana vem aí!
SAÍRAM EM DISPARADA, RUMO A IPANEMA. PARARAM JUNTO A UMA BANCA DE JORNAIS, ONDE, PENDURADA, A “FOLHA DO RIO” MOSTRAVA EM MANCHETE: “CONDENADA A FERA DE IPANEMA”.
MARIO MALUCO - Você esperava que ela fosse condenada?
RICARDINHO - Não... mas tinha que acontecer. Ela é muito burra. Tudo isso é porque ela é muito burra...
MARIO MALUCO - 14 anos... é tempo pra caramba! Ela deve sair de lá um bagulho!
RICARDINHO - (sacudiu a cabeça, enervado) E porque você olha pra mim? Eu tenho culpa?
MARIO MALUCO - Não tou dizendo isso, cara.
CORTA PARA:
CENA 6 - APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA - INT. - DIA.
RENATÃO E SAMUCA CONVERSAVAM SOBRE OS ACONTECIMENTOS DO DIA ANTERIOR.
SAMUCA - Temos que dar graças a Deus por os advogados não terem se aprofundado na história das fotos... aí a coisa ia ficar feia pra gente!
RENATÃO FEZ UM SINAL DISCRETO, MOSTRANDO KONSTANTÓPULUS, QUE ESCUTAVA A CONVERSA. O MORDOMO RETIROU-SE, AO SER SURPREENDIDO.
SAMUCA - Ué, você não tem confiança nele?
RENATÃO - Tenho, mas até certo ponto (levantou-se e serviu-se de um uísque. Ofereceu a Samuca) Quer?
SAMUCA - Quero. Hoje tou com vontade de encher a cara. Não por causa da condenação de Jurema, mas devido à minha própria condenação. Ontem a coisa estourou. Minha situação tá complicada... Joaninha tá desesperada. E parece que não vai querer olhar mais pra minha cara.
RENATÃO - (parecendo intrigado) Eu acho que a Babi também não...
SAMUCA - Babi?
RENATÃO - É... eu dei um azar danado com ela, ontem. Também, como é que eu ia imaginar que o Alex Viany ia dar o endereço do Guel Arraes pra ela? Você tem razão. A bruxa tá solta pro nosso lado. O jeito é encher a cara mesmo!
OS DOIS TOCARAM OS COPOS, NUMA SAUDAÇÃO.
RENATÃO - Tin-Tin.
SAMUCA - Coitada da Jurema, hem, Renatão?
RENATÃO - É... coitada.
O TELEFONE TOCOU. RENATÃO ATENDEU.
RENATÃO - Alô! Oi, Marisa (fez cara de impaciência) O que você quer? (pausa) Sei, sei, entendi. Pode ser amanhã? Tá bem, eu vou. Combinado. Até amanhã. (desligou e explicou a Samuca) Era Madame X. Você não vai acreditar! Ela vai mesmo voltar com o marido pra Europa e me pediu pra encontrá-la amanhã, em Niterói, na casa da Tia Coló. Quer se despedir da Carlinha, antes de viajar!
SAMUCA - Mas isso é bom demais!
RENATÃO - Bom? Esta é a melhor notícia dos últimos tempos! Temos que comemorar! (chamou o mordomo) Konstan! Traga a espingarda!
KONSTANTÓPULUS VOLTOU COM A ARMA. SOB O OLHAR DIVERTIDO DE SAMUCA, RENATÃO FOI ATÉ A JANELA, APONTOU PARA O CÉU E DISPAROU VÁRIAS VEZES.
CORTA PARA:
CENA 7 - APART-HOTEL - APARTAMENTO DE D. CONSUELO - SALA - INT. - DIA.
D. CONSUELO CAMINHAVA, MUITO NERVOSA, DE UM LADO PARA O OUTRO.
D. CONSUELO - Se non abro los ojos, aquela mujer, a tal Joaninha, va a llevar Samuquito de mi! Yo no puedo permitir! No voy a permitir! Tengo que hacer algo!
DOM JOSÉ - Pero, qué, D. Consuelo? Lo mejor que puede hacer es olvidarse de este tipo y regressar a México inmediatamente.
D. CONSUELO - Nunca! Amo Samuca con todas mis fuerzas y no puedo vivir sin él. Aún más ahora que non sé cuánto tiempo tengo que vivir...
D. CONSUELO PAROU DIANTE DA JANELA, PENSATIVA, SOB O OLHAR PREOCUPADO DE DOM JOSÉ.
D. CONSUELO - Lo sé! Yo tengo una idea! He encontrado una manera de hacer con que Samuca nunca piense en separarse de mí. Ven conmigo, Dom José.
D. CONSUELO PEGOU SUA BOLSA E ENCAMINHOU-SE PARA A PORTA.
DOM JOSÉ - Dónde vamos? ¿Qué vas a hacer?
D. CONSUELO - Nosotros vamos al Banco Oliveira Ramos!
CORTA PARA:
CENA 8 - APARTAMENTO DE JUREMA - SALA - INT. - DIA.
RICARDINHO - Tou com tanta raiva dela, que se ela entrasse aqui, agora, eu era capaz de acabar com ela de pancada!
NA VIOLENCIA DA FALA, RICARDINHO APANHOU O RETRATO DE JUREMA QUE ESTAVA SOBRE A CÔMODA E ATIROU-O CONTRA A PORTA. NO MESMO MOMENTO A PORTA SE ABRIU E LEOPOLDO ENTROU, UM POUCO ESPANTADO. MARIO MALUCO RIU. UM RISO NERVOSO.
MARIO MALUCO - Caramba, velho, por pouco você não levava com o retrato da fera pela cara!
LEOPOLDO VIU O PORTA-RETRATO QUEBRADO NO CHÃO. ABAIXOU-SE E O APANHOU.
LEOPOLDO - (olhando para o filho) Você que fez isso, é?
RICARDINHO - (com ar de desafio) Foi, e daí?
LEOPOLDO - (sem perder a serenidade) Eu vim porque pensei que você estivesse arrasado... como eu.
EM SEGUIDA, RECOLOCOU O RETRATO NO LUGAR, COM O VIDRO QUEBRADO.
RICARDINHO - Arrasado, eu? Eu tou mesmo é com muita raiva dela! Burra! Burra!
LEOPOLDO - Você está sendo injusto, ingrato. Tudo o que ela fez foi pra livrar você da cadeia!
RICARDINHO - Você a defende porque está gamado por ela!
LEOPOLDO PERDEU A SEGURANÇA, VENDO SEU JOGO DESCOBERTO.
LEOPOLDO - Não é verdade. Você está louco! Confunde uma amizade desinteressada...
RICARDINHO - Desinteressada? Corta essa!
RICARDINHO RIU, DEBOCHADO.
LEOPOLDO - Você sabe que Jurema tem idade pra ser minha filha!
RICARDINHO - Sei, e por isso mesmo você deve se mancar. Um velhote como você, devagar, quase parando...
MARIO MALUCO DEU UMA GARGALHADA NERVOSA. LEOPOLDO ESTAVA À BEIRA DE UMA CRISE DE NERVOS.
LEOPOLDO - Pare com isso! Tenha ao menos um pouco de respeito, senão a mim, ao menos a ela, que vai passar 14 anos no fundo de um cárcere!
RICARDINHO - Azar dela!
LEOPOLDO NÃO SE CONTEVE. AVANÇOU PARA O FILHO E DEU-LHE UMA BOFETADA. RICARDINHO CAIU. MAS, PASSADA A SURPRESA, LEVANTOU-SE E ARREMETEU CONTRA LEOPOLDO, DISPOSTO A SURRÁ-LO.
MARIO MALUCO - (gritou) Ricardinho! É seu pai! Você mata ele!
O PUNHO DE RICARDINHO SE IMOBILIZOU NO AR. ELE SAIU DE CIMA DO PAI, LENTAMENTE. SENTOU-SE NO CHÃO, COM O ROSTO ENTRE AS MÃOS E TEVE UMA CRISE NERVOSA. OS NERVOS HÁ MUITO TEMPO REPRESADOS, FIZERAM-SE EM PEDAÇOS. RICARDINHO SOLUÇAVA COMO UMA CRIANÇA.
LEOPOLDO SE APROXIMOU, APIEDADO.
RICARDINHO - Vá-se embora daqui! Eu não tenho pai! Eu não tenho pai!
LEOPOLDO OLHOU PARA MÁRIO.
MARIO MALUCO - Te manda, velho. Pode deixar, eu cuido dele.
LEOPOLDO - Eu vou. Foi um erro ter vindo aqui!
RICARDINHO - (soluçando) Eu não tenho pai! Eu não tenho pai!
CORTA PARA:
CENA 9 - BANCO OLIVEIRA RAMOS - SALA DE OLIVEIRA RAMOS - INT. - DIA.
MARIO MALUCO - Vamos se mandá, gente! A cana vem aí!
SAÍRAM EM DISPARADA, RUMO A IPANEMA. PARARAM JUNTO A UMA BANCA DE JORNAIS, ONDE, PENDURADA, A “FOLHA DO RIO” MOSTRAVA EM MANCHETE: “CONDENADA A FERA DE IPANEMA”.
MARIO MALUCO - Você esperava que ela fosse condenada?
RICARDINHO - Não... mas tinha que acontecer. Ela é muito burra. Tudo isso é porque ela é muito burra...
MARIO MALUCO - 14 anos... é tempo pra caramba! Ela deve sair de lá um bagulho!
RICARDINHO - (sacudiu a cabeça, enervado) E porque você olha pra mim? Eu tenho culpa?
MARIO MALUCO - Não tou dizendo isso, cara.
CORTA PARA:
CENA 6 - APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA - INT. - DIA.
RENATÃO E SAMUCA CONVERSAVAM SOBRE OS ACONTECIMENTOS DO DIA ANTERIOR.
SAMUCA - Temos que dar graças a Deus por os advogados não terem se aprofundado na história das fotos... aí a coisa ia ficar feia pra gente!
RENATÃO FEZ UM SINAL DISCRETO, MOSTRANDO KONSTANTÓPULUS, QUE ESCUTAVA A CONVERSA. O MORDOMO RETIROU-SE, AO SER SURPREENDIDO.
SAMUCA - Ué, você não tem confiança nele?
RENATÃO - Tenho, mas até certo ponto (levantou-se e serviu-se de um uísque. Ofereceu a Samuca) Quer?
SAMUCA - Quero. Hoje tou com vontade de encher a cara. Não por causa da condenação de Jurema, mas devido à minha própria condenação. Ontem a coisa estourou. Minha situação tá complicada... Joaninha tá desesperada. E parece que não vai querer olhar mais pra minha cara.
RENATÃO - (parecendo intrigado) Eu acho que a Babi também não...
SAMUCA - Babi?
RENATÃO - É... eu dei um azar danado com ela, ontem. Também, como é que eu ia imaginar que o Alex Viany ia dar o endereço do Guel Arraes pra ela? Você tem razão. A bruxa tá solta pro nosso lado. O jeito é encher a cara mesmo!
OS DOIS TOCARAM OS COPOS, NUMA SAUDAÇÃO.
RENATÃO - Tin-Tin.
SAMUCA - Coitada da Jurema, hem, Renatão?
RENATÃO - É... coitada.
O TELEFONE TOCOU. RENATÃO ATENDEU.
RENATÃO - Alô! Oi, Marisa (fez cara de impaciência) O que você quer? (pausa) Sei, sei, entendi. Pode ser amanhã? Tá bem, eu vou. Combinado. Até amanhã. (desligou e explicou a Samuca) Era Madame X. Você não vai acreditar! Ela vai mesmo voltar com o marido pra Europa e me pediu pra encontrá-la amanhã, em Niterói, na casa da Tia Coló. Quer se despedir da Carlinha, antes de viajar!
SAMUCA - Mas isso é bom demais!
RENATÃO - Bom? Esta é a melhor notícia dos últimos tempos! Temos que comemorar! (chamou o mordomo) Konstan! Traga a espingarda!
KONSTANTÓPULUS VOLTOU COM A ARMA. SOB O OLHAR DIVERTIDO DE SAMUCA, RENATÃO FOI ATÉ A JANELA, APONTOU PARA O CÉU E DISPAROU VÁRIAS VEZES.
CORTA PARA:
CENA 7 - APART-HOTEL - APARTAMENTO DE D. CONSUELO - SALA - INT. - DIA.
D. CONSUELO CAMINHAVA, MUITO NERVOSA, DE UM LADO PARA O OUTRO.
D. CONSUELO - Se non abro los ojos, aquela mujer, a tal Joaninha, va a llevar Samuquito de mi! Yo no puedo permitir! No voy a permitir! Tengo que hacer algo!
DOM JOSÉ - Pero, qué, D. Consuelo? Lo mejor que puede hacer es olvidarse de este tipo y regressar a México inmediatamente.
D. CONSUELO - Nunca! Amo Samuca con todas mis fuerzas y no puedo vivir sin él. Aún más ahora que non sé cuánto tiempo tengo que vivir...
D. CONSUELO PAROU DIANTE DA JANELA, PENSATIVA, SOB O OLHAR PREOCUPADO DE DOM JOSÉ.
D. CONSUELO - Lo sé! Yo tengo una idea! He encontrado una manera de hacer con que Samuca nunca piense en separarse de mí. Ven conmigo, Dom José.
D. CONSUELO PEGOU SUA BOLSA E ENCAMINHOU-SE PARA A PORTA.
DOM JOSÉ - Dónde vamos? ¿Qué vas a hacer?
D. CONSUELO - Nosotros vamos al Banco Oliveira Ramos!
CORTA PARA:
CENA 8 - APARTAMENTO DE JUREMA - SALA - INT. - DIA.
RICARDINHO - Tou com tanta raiva dela, que se ela entrasse aqui, agora, eu era capaz de acabar com ela de pancada!
NA VIOLENCIA DA FALA, RICARDINHO APANHOU O RETRATO DE JUREMA QUE ESTAVA SOBRE A CÔMODA E ATIROU-O CONTRA A PORTA. NO MESMO MOMENTO A PORTA SE ABRIU E LEOPOLDO ENTROU, UM POUCO ESPANTADO. MARIO MALUCO RIU. UM RISO NERVOSO.
MARIO MALUCO - Caramba, velho, por pouco você não levava com o retrato da fera pela cara!
LEOPOLDO VIU O PORTA-RETRATO QUEBRADO NO CHÃO. ABAIXOU-SE E O APANHOU.
LEOPOLDO - (olhando para o filho) Você que fez isso, é?
RICARDINHO - (com ar de desafio) Foi, e daí?
LEOPOLDO - (sem perder a serenidade) Eu vim porque pensei que você estivesse arrasado... como eu.
EM SEGUIDA, RECOLOCOU O RETRATO NO LUGAR, COM O VIDRO QUEBRADO.
RICARDINHO - Arrasado, eu? Eu tou mesmo é com muita raiva dela! Burra! Burra!
LEOPOLDO - Você está sendo injusto, ingrato. Tudo o que ela fez foi pra livrar você da cadeia!
RICARDINHO - Você a defende porque está gamado por ela!
LEOPOLDO PERDEU A SEGURANÇA, VENDO SEU JOGO DESCOBERTO.
LEOPOLDO - Não é verdade. Você está louco! Confunde uma amizade desinteressada...
RICARDINHO - Desinteressada? Corta essa!
RICARDINHO RIU, DEBOCHADO.
LEOPOLDO - Você sabe que Jurema tem idade pra ser minha filha!
RICARDINHO - Sei, e por isso mesmo você deve se mancar. Um velhote como você, devagar, quase parando...
MARIO MALUCO DEU UMA GARGALHADA NERVOSA. LEOPOLDO ESTAVA À BEIRA DE UMA CRISE DE NERVOS.
LEOPOLDO - Pare com isso! Tenha ao menos um pouco de respeito, senão a mim, ao menos a ela, que vai passar 14 anos no fundo de um cárcere!
RICARDINHO - Azar dela!
LEOPOLDO NÃO SE CONTEVE. AVANÇOU PARA O FILHO E DEU-LHE UMA BOFETADA. RICARDINHO CAIU. MAS, PASSADA A SURPRESA, LEVANTOU-SE E ARREMETEU CONTRA LEOPOLDO, DISPOSTO A SURRÁ-LO.
MARIO MALUCO - (gritou) Ricardinho! É seu pai! Você mata ele!
O PUNHO DE RICARDINHO SE IMOBILIZOU NO AR. ELE SAIU DE CIMA DO PAI, LENTAMENTE. SENTOU-SE NO CHÃO, COM O ROSTO ENTRE AS MÃOS E TEVE UMA CRISE NERVOSA. OS NERVOS HÁ MUITO TEMPO REPRESADOS, FIZERAM-SE EM PEDAÇOS. RICARDINHO SOLUÇAVA COMO UMA CRIANÇA.
LEOPOLDO SE APROXIMOU, APIEDADO.
RICARDINHO - Vá-se embora daqui! Eu não tenho pai! Eu não tenho pai!
LEOPOLDO OLHOU PARA MÁRIO.
MARIO MALUCO - Te manda, velho. Pode deixar, eu cuido dele.
LEOPOLDO - Eu vou. Foi um erro ter vindo aqui!
RICARDINHO - (soluçando) Eu não tenho pai! Eu não tenho pai!
CORTA PARA:
CENA 9 - BANCO OLIVEIRA RAMOS - SALA DE OLIVEIRA RAMOS - INT. - DIA.
D. CONSUELO, EM COMPANHIA DE DOM JOSÉ, ESTAVA SENTADA À MESA DO BANQUEIRO, QUE A RECEBEU COM UM LARGO SORRISO NO ROSTO.
OLIVEIRA RAMOS - É um prazer recebê-la, D. Consuelo. Em que posso servi-la?
D. CONSUELO - Gracias, Dr. Oliveira. Es usted muy amable. Necesito un préstamo. Tengo la intención de realizar investimientos en Brasil y eligió a su banco para hacer mis transacciones. Todos mis investimientos, activos, se encuentran en México y quiero llevar todo a este país, he elegido como mi nueva casa.
OLIVEIRA RAMOS - Fico muito contente com a notícia e honrado em poder contar com a sua confiança. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para atendê-la da melhor maneira possível!
D. CONSUELO FALOU, SOB O OLHAR DE DESESPÊRO DE DOM JOSÉ.
D. CONSUELO - Muy bien. Como ya he dicho, necesito un préstamo. Se trata de una pequeña fortuna, ya que la intención de comprar una casa bonita, un buen automóvil y un yate! Estas son las cosas que tengo en México y que tengo mucha necessidad en Brasil!
OLIVEIRA RAMOS - Compreendo. Muito justo, D. Consuelo. Se pretende fixar residência em nosso país, não pode abrir mão de, digamos assim, “pequenos confortos” a que estava acostumada! De quanto a senhora precisa?
FIM DO CAPÍTULO 54
e no próximo capítulo...
*** Marisa vai à casa da Tia Coló despedir-se da filha.
*** Leopoldo visita Jurema na prisão.
*** O Dr. Celso Barroso vai à casa de Marieta e ela conta-lhe sobre o medalhão encontrado junto ao corpo de Nívea. Muito interessado na história, o advogado vai à procura de Helô.
*** Entra em cena uma nova personagem: a piriguete a louca pela fama Maria Regina. E adivinhem em que porta ela vai bater? Se imaginaram Renatão, acertaram em cheio!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 55 DE
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