sexta-feira, 2 de março de 2012

ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - Capítulo 15

Novela de Toni Figueira
Inspirada na obra de Dias Gomes
 http://youtu.be/zIuryHGvAVc

Participam deste capítulo:

PADRE VÍTOR (Francisco Cuoco)
HELÔ (Dina Sfat)
MARIO MALUCO (Osmar Prado)
EMILIANO (Paulo Padilha)
VERINHA (Djenane Machado)
MARIETA (Wanda Lacerda)
ARAKEN (Ivan Cândido)
KONSTANTÓPULUS (Lajar Muzuris)
NELSON MOTA (Nelson Mota)
RENATÃO (Jardel Filho)
MISS JULY (Lídia Mattos)
OLIVEIRA RAMOS (Mario Lago)
SAMUCA (Paulo José)
RICARDINHO (Carlos Vereza)
GOUVEIA NETO (Fernando José)
VIRGÍNIA
CAIXA DO BANCO
REPÓRTERES
FOTÓGRAFOS

CENA  1  -  DELEGACIA  -  SALA DO DELEGADO FONTOURA  -  INT.  -  DIA.

FONTOURA ENCAROU COM FRIEZA E ADMIRAÇÃO A CORAGEM DA MÃE E FILHA DO GUARDA-VIDAS ZÉ GREGÓRIO EM ENFRENTÁ-LO.

DELEGADO FONTOURA  -  (falou pausadamente) Era só o que faltava! As senhoras ficaram malucas?

D. DIDI  -  Não, seu delegado! Ainda não, mas juro que vamos ficar se o senhor insistir em manter o meu marido atrás das grades!

MARIA LÚCIA  -  (balançou a cabeça, afirmativamente) É isso mesmo! E o senhor não sabe do que somos capazes quando ficamos loucas!

DELEGADO FONTOURA  -  (fitou o Detetive Amadeu, que acabara de entrar) Ouviu isso, Amadeu? Essas duas malucas estão ameaçando o delegado! Dá pra acreditar?

D. DIDI  -  Seu delegado, se o senhor espera que vamos ficar de braços cruzados enquanto o senhor prende um inocente, tá muito enganado!

DETETIVE AMADEU  -  Doutor Fontoura, não seria melhor...

DELEGADO FONTOURA  -  (soltou os braços, em sinal de impotência) Está bem, está bem. Chega de escândalo na minha delegacia. Ademais, não será necessário prender nem o Zé nem as senhoras. (chamou o cabo) Cabo Jorge! Pode soltar o Zé Gregório!

CORTA PARA:
            
CENA 2  -  IPANEMA  -  RUA  VISCONDE DE PIRAJÁ  -  EXT.  -  DIA.

SAMUCA CAMINHAVA DISTRAÍDAMENTE, QUANDO BATEU OS OLHOS NO PAPEL DOBRADO CAÍDO NO CHÃO, JUNTO A UM POSTE. OLHOU PARA OS LADOS, DISFARÇADAMENTE, DEIXOU CAIR UM MOLHO DE CHAVES E ABAIXOU-SE PARA APANHAR, JUNTO AO PAPEL. APRESSOU O PASSO E, MAIS Á FRENTE, NA PRAÇA GENERAL OSÓRIO, SENTOU-SE NUM BANCO E ABRIU O PAPEL COM CUIDADO.

SAMUCA  -  (arregalou os olhos,  sem acreditar)  Um cheque ao portador...  de 200 mil!

NERVOSO, LEVANTOU-SE, LIMPOU O SUOR DA TESTA, CERTIFICOU-SE DE QUE NINGUÉM O OBSERVAVA E ENCAMINHOU-SE PARA O BANCO OLIVEIRA RAMOS, PRÓXIMO DALI.

CORTA PARA:

CENA 3  -  BANCO OLIVEIRA RAMOS - AGENCIA  -  INT.  -  DIA.

SAMUCA ENTROU NO BANCO, TENTANDO APARENTAR UMA CALMA QUE, NA VERDADE, NÃO POSSUÍA. HAVIA BASTANTE MOVIMENTO ÀQUELA HORA. APROXIMOU-SE DO CAIXA E ENTREGOU O CHEQUE AO FUNCIONÁRIO, QUE EXAMINOU O PAPEL, COM CUIDADO.

CAIXA  -  Um momento, por favor.

O CAIXA AFASTOU-SE POR ALGUNS INSTANTES E VOLTOU COM O CHEQUE NAS MÃOS.

CAIXA  -  Senhor, este cheque não pode ser descontado, a não ser com autorização do gerente do banco.

SAMUCA  -  O... obrigado! (agradeceu, nervoso) Eu... volto depois. Até...

CORTA PARA:

CENA 4  -  BANCO OLIVEIRA RAMOS  -  EXT.  -  DIA.

SAMUCA PAROU NA PORTA DO BANCO, INDECISO E OLHOU PARA OS LADOS. RESPIROU FUNDO E, DECIDIDO, ENTROU NOVAMENTE NA AGÊNCIA.

CORTA PARA:

CENA 5  -  BANCO OLIVEIRA RAMOS  -  SALA DE OLIVEIRA  -  INT.  -  DIA

PELO INTERFONE, O BANQUEIRO ATENDIA A SECRETÁRIA.

SECRETÁRIA  -  (off)  Desculpe, doutor Oliveira, mas está aqui um senhor, seu Samuel Pereira, que insiste em  lhe falar. Diz que é assunto do seu interesse.

OLIVEIRA RAMOS  -  (a contragosto)  Está bem, D. Virgínia. Hoje está um dia calmo. Mande entrar.

SAMUCA ENTROU NA SALA DO BANQUEIRO, TÍMIDO E RECEOSO.

SAMUCA -  Com licença, doutor Oliveira.

 
OLIVEIRA RAMOS  -  (examinou-o por trás dos óculos) Aproxime-se, rapaz. O que deseja?

SAMUCA  -  (estendeu a mão) Sou Samuca, amigo da sua filha Helô...

OLIVEIRA RAMOS  -  (cortou) Não estou lembrado de já ter lhe visto. Mas que seja. Por favor, vá direto ao assunto.

SAMUCA TIROU O CHEQUE DO BOLSO E ENTREGOU AO BANQUEIRO.

SAMUCA  -  Encontrei este cheque na rua... Vi que é do seu banco... Estou  lhe  devolvendo  porque  é  uma  quantia muito  alta. Posso estar em dificuldades financeiras... mas sou um cara honesto, tenho caráter e jamais tentaria sacar  uma grana que não é minha! 

OLIVEIRA RAMOS CONFERIU O CHEQUE E ARREGALOU OS OLHOS. ENCAROU SAMUCA, E SUA EXPRESSÃO ILUMINOU-SE NUM SORRISO AMIGÁVEL.

OLIVEIRA RAMOS  -  Seu Samuel, quero lhe dar meus parabéns! Hoje em dia, é muito difícil encontrar um jovem com a sua honestidade, com seu caráter!

OLIVEIRA RAMOS DEU A VOLTA NA GRANDE MESA E ABRAÇOU O SURPRÊSO SAMUCA.

OLIVEIRA RAMOS  -  O senhor é um exemplo para os jovens! É preciso que todo mundo saiba que ainda existem pessoas com a sua grandeza, com sua decência!

O BANQUEIRO ORDENOU PELO INTERFONE Á SECRETÁRIA:

OLIVEIRA RAMOS  -  D. Virgínia, chame a imprensa! Diga pra virem com urgência!

CORTA PARA:
 
CENA  6  -  BANCO OLIVEIRA RAMOS  -  SALA DE OLIVEIRA  -  INT.  -  DIA.

SAMUCA ERA ALVO DA ATENÇÃO DOS REPÓRTERES E FOTÓGRAFOS. POSOU COM O BANQUEIRO EM DIVERSOS ÂNGULOS,  MOSTRANDO O CHEQUE, ORGULHOSO.

OLIVEIRA RAMOS  -  Seu Samuel Pereira, para coroar esta sua atitude tão digna, tão nobre, ofereço-lhe o cargo de sub-gerente do Banco Oliveira Ramos na agência Ipanema!

TODOS APLAUDIAM, ENTUSIASMADOS, EM MEIO AOS FLASHES QUE ESTOURAVAM NA SALA DE OLIVEIRA RAMOS.

CORTA PARA:

CENA 7  -  CEMITÉRIO SÃO JOÃO BATISTA  -  TÚMULO DE NÍVEA -  EXT.  -  DIA.

AO SOM DO QUARTETO DE CORDAS E EM CLIMA DE MUITA COMOÇÃO, UMA PEQUENA MULTIDÃO SE AGLOMERAVA EM VOLTA DO CAIXÃO, QUE JÁ BAIXARA. COM OS OLHOS VERMELHOS, MARIETA, AMPARADA PELO MARIDO, EMILIANO, JOGOU UMA ROSA BRANCA.

O TEMPO TODO OS FOTÓGRAFOS COM SEUS FLASHES, REPÓRTERES SUSSURRANDO.

RENATÃO, HELÔ, MISS JULY, SUSI, VERINHA, MARIO MALUCO, RICARDINHO, MARIA LUCIA, JOANINHA, ARAKEN, NELSON MOTA  E LAURO LEMOS, UM ATRÁS DO OUTRO, JOGAVAM ROSAS BRANCAS NO CAIXÃO E SE AFASTAVAM. HELÔ FOI A ÚLTIMA.

HELÔ  -  Até breve, minha amiga!

VENCIDA PELO SOFRIMENTO, MARIETA SOLUÇAVA ABRAÇADA AO MARIDO.
 
MARIETA  -  (soluçando) Nossa princesinha foi embora, Emiliano! Era tão linda, tão querida, tão cheia de vida! Ah, meu Deus, que dor horrível! O que vai ser de nossa vida, agora?

EMILIANO  -  (esforçando-se para não desabar)  Coragem, Marieta... Temos que encontrar forças para continuar...

MARIETA  -  Mães não poderiam sobreviver aos filhos, jamais! Jamais! É muito injusto!...
         
CORTA PARA:

CENA 8  -  CASTELINHO  -  INT.  -  NOITE.

VERINHA E SEUS AMIGOS, OS COLUNISTAS  NELSON MOTA E LAURO LEMOS ESTAVAM SENTADOS A UMA MESA DO BAR. O CLIMA ERA DE TRISTEZA. NINGÚEM FALAVA NADA.

VERINHA  - (quebrou o silencio) Eu não me conformo. A gente podia ter socorrido ela. Nós ouvimos os gritos.

NELSON MOTA – Pare com isso, Verinha. Como é que a gente podia saber que era ela?

VERINHA  -  Fosse quem fosse! Sabe o que eu acho? Que a gente tá virando bicho!

LAURO LEMOS OLHOU VERINHA COM UM OLHAR SARCÁSTICO.
     
LAURO LEMOS  -  Sabe que, ás vezes, por incrível que pareça, você diz coisas inteligentes? Todos nós já viramos bicho há muito tempo. Você é uma onça, uma oncinha domesticada. Nelson Mota é um perdigueiro. Renatão é um leão de circo. Ricardinho é um jaguar. Konstantópulus é um porco.

NELSON MOTA  -  E você?

LAURO LEMOS  -  Eu sou um bode. Animal muito pra frente, precursor dos metaleiros.
 
CORTA PARA:

CENA 9  -  APARTAMENTO DE RENATÃO  -  SALA  -  INT.  -  NOITE

RENATÃO E SAMUCA  CONVERSAVAM SOBRE OS ACONTECIMENTOS DO DIA ENQUANTO KONSTANTÓPULUS PREPARAVA  UM UÍSQUE.

SAMUCA  -  (entusiasmado) ... e agora, meu amigo, você está diante do novo subgerente do Banco Oliveira Ramos, agencia Ipanema!

RENATÃO  -  (divertido)  Você é mesmo incrível, Samuca! Imagina, tudo porque achou um cheque na rua!

SAMUCA  -  Eu sabia que um dia a sorte ia sorrir pra mim! Isso é só o começo, Renatão! Pode escrever!

RENATÃO  -  (sério)  Por isso você não foi ao enterro da Nívea...

SAMUCA  -  Pois é... mas eu não curto essa de cemitério, cara. Sei lá, tenho medo... (T) Mas,  por  falar  em  Nívea... tou meio preocupado com aquelas fotos... Afinal, eu fui o intermediário do seu contato com os gringos...

KONSTANTÓPULUS SERVIU OS DRINQUES. SAMUCA PROSSEGUIU.

SAMUCA  -  Quando ela voltou de Ibiúna, tava desesperada, queria  as fotos de qualquer maneira...

RENATÃO  -  (completou)  ...e me pediu que as devolvesse, que restituiria o dinheiro, quando tivesse. Até me chantageou. Ameaçou contar meu caso com Susi pro doutor Oliveira...

SAMUCA  -  (pensativo)  Bem, quando li a notícia nos jornais, lembrei logo da sua preocupação com a ameaça que ela fez...

RENATÃO  -  E daí? Você acha que fui eu que a matei?

SAMUCA  -  Não, não estou dizendo isso.

RENATÃO  -  Pois é melhor que você esqueça essa história das fotos e o resto, tá entendendo? Se a polícia souber disso, pode desconfiar de nós, pois você foi o intermediário e seria considerado cúmplice.

SAMUCA  -  (meio espantado)  Mas é claro! Eu não vou falar nada. Por que iria falar... esqueci... esqueci...

CORTA PARA:

CENA 10  -  APARTAMENTO DE EMILIANO  -  SALA  -  INT. -  NOITE

PADRE VÍTOR ENTROU NA CASA DOS PAIS DE NÍVEA E IMEDIATAMENTE PERCEBEU QUE ALGO DE ANORMAL ESTAVA SE PASSANDO.

VÍTOR  -  Oh, desculpem... Parece que não cheguei em boa hora. Nívea está em casa? Sabe, senhor Emiliano, fui a São Paulo falar com o senhor Bispo, que prometeu nos ajudar. Acho que Nívea vai ficar contente quando souber... Onde está ela?
  
 
FIM DO CAPÍTULO 15
Vítor (Francisco Cuoco)
e no próximo capítulo... 

*** Vítor está inconsolável com a morte de Nívea.

*** O delegado Fontoura inicia as investigações, ao receber o laudo pericial, em busca do(a)  assassino(a) de Nívea Louzada!

NÃO PERCA O CAPÍTULO 16 DE


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