Novela de Toni Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes
http://youtu.be/zIuryHGvAVc
CAPÍTULO 22
Participam deste capítulo:
HELÔ (Dina Sfat)
MISS JULY (Lidia Mattos)
RENATÃO (Jardel Filho)
VÍTOR (Francisco Cuoco)
DELEGADO FONTOURA (Urbano Lóes)
SAMUCA (Paulo José)
OLIVEIRA RAMOS (Mario Lago)
ROSE
KONSTANTÓPULUS (Lajar Muzuris)
DETETIVE JONAS (Solon de Almeida)
TIA COLÓ (Henriqueta Brieba)
CARLINHA (Carla Cavalcanti)
CENA 1 - APARTAMENTO DE RENATÃO – SALA - INT. – DIA
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.
RENATÃO NÃO SE ALTEROU COM A TERCEIRA VISITA DO PADRE. RESOLVEU ENFRENTÁ-LO.
RENATÃO - Sim, fui eu quem tirou as fotos! E o senhor vem aqui para quê? Para me acusar de pecado mortal? De quem será o pecado? Meu ou dela?
VÍTOR - Eu não sabia a que tipo de fotos ela se referia no diário. Agora tudo começa a ficar claro! Ela diz no diário que estava desesperada para recuperar essas fotos... e tudo indica que ela esteve com o senhor antes de morrer. Esse fato o coloca numa situação muito delicada, sabe disso, não é?
MARCELÃO EMPALIDECEU.
RENATÃO - Tudo bem, eu fiz as fotos... mas ela não foi obrigada! Veio aqui porque quis e porque precisava muito do dinheiro! Ninguém pode me acusar de nada!
VÍTOR - Sabe, no seu lugar eu não ficaria tão seguro assim... porquê isso torna o senhor um dos principais suspeitos do assassinato de Nívea. Bem, isso é tudo. Tenha um bom dia, seu Renatão!
COM A CERTEZA DE TER ABALADO AS ESTRUTURAS DO PLAYBOY, VÍTOR DEU-LHE AS COSTAS E RETIROU-SE DO APARTAMENTO.
RENATÃO - (trincou os dentes) Droga!
CORTA PARA:
CENA 2 - DELEGACIA - SALA DE ZÉLIO FONTOURA - INT. – DIA.
O CENÁRIO ERA O MESMO. ALIÁS, SEMPRE VOLTAVA AO MESMO. OS PERSONAGENS É QUE, VEZ POR OUTRA, MUDAVAM. DESTA VEZ QUEM ESTAVA NA FRENTE DE ZÉLIO FONTOURA ERA O SAMUCA.
DELEGADO FONTOURA - Não adianta negar nada, porque o correspondente da revista estrangeira já esclareceu tudo isso. Nívea estava querendo desfazer o negócio quando foi assassinada.
SAMUCA - Mas isso não era motivo para ninguém matá-la.
DELEGADO FONTOURA - Quem sabe? Ela podia ter-se tornado inconveniente, incômoda...
SAMUCA - Mas por quê?
DELEGADO FONTOURA - É o que eu quero saber. E hei de saber, seu Samuca. Pode ir embora.
SAMUCA - (levantou-se) Então eu vou indo... Até logo, seu delegado.
SAMUCA RETIROU-SE. FONTOURA PASSOU A MÃO PELA CABEÇA, PREOCUPADO.
DELEGADO FONTOURA - (para o detetive) É, Jonas, a coisa tá ficando muito complicada.
JONAS - Eu lhe disse no início: manda esse “rolo” para a Delegacia de Homicídios. Eles lá que desenrolem.
DELEGADO FONTOURA - Como é que eu podia? Havia um suspeito...
JONAS - E agora tem três ou quatro. Agora é esse tal de Renatão. Ele é o dono do cavalo que ganhou o Hunter, o Andaluz!
DELEGADO FONTOURA - Esse Renatão leva uma vida muito misteriosa. Ninguém sabe do que ele vive. Diz-se produtor de cinema, mas nunca fez um filme. Tou no calcanhar dele desde domingo. A única profissão que eu sei que ele tem até agora é a de bicão. Jonas, quero que você fique na cola desse cara. Vou mandar seguir também a atriz, Jurema de Alencar.
CORTA PARA:
CENA 3 - BANCO OLIVEIRA RAMOS - RECEPÇÃO - INT. - DIA.
ERA QUASE MEIO DIA QUANDO O BANQUEIRO OLIVEIRA RAMOS RETORNARA Á AGENCIA DEPOIS DE UMA CANSATIVA REUNIÃO NO BANCO CENTRAL.
OLIVEIRA RAMOS - (parou em frente à mesa vazia de Samuca e chamou Rose, a nova recepcionista) Dona Rose, por favor...
ROSE - Pois não, doutor Oliveira...
O BANQUEIRO APONTOU PARA A MESA VAZIA, ONDE VIA-SE A PLACA COM O NOME “SAMUEL PEREIRA – SUB-GERENTE””.
OLIVEIRA RAMOS - Onde está o seu Samuel Pereira?
ROSE - Ele... ainda não chegou, doutor.
OLIVEIRA RAMOS - (entredentes) Segunda vez esta semana... Quando seu Samuca.... quer dizer, seu Samuel chegar, diga que quero falar com ele.
CORTA PARA:
CENA 4 - APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA - INT. – DIA.
RENATÃO ESTAVA SE PREPARANDO PARA VIAJAR E DAVA AS ÚLTIMAS INSTRUÇÕES A KONSTANTÓPULUS.
RENATÃO - Talvez volte ainda hoje... não sei... Se alguém perguntar, já sabe: viajei a negócios. E se Madame X aparecer, você diz que só volto daqui a um mês.
KONSTANTÓPULUS - Pode deixar, seu Renatão, vá em paz.
RENATÃO - (baixando a voz, quase num suspiro) Aquele tira ainda continua rondando por aí?
KONSTANTÓPULUS ESGUEIROU-SE POR TRÁS DA CORTINA E OLHOU PARA O CALÇADÃO LÁ EMBAIXO.
KONSTANTÓPULUS - Aproveite pra sair agora, patrão.Ele não está na frente do prédio. Deve ter ido tomar um café...
CORTA PARA:
CENA 5 - BANCO - SALA DE OLIVEIRA RAMOS - INT. - TARDE.
VIRGÍNIA, A SECRETÁRIA DE OLIVEIRA RAMOS, ANUNCIOU PELO INTERFONE A PRESENÇA DE SAMUCA.
OLIVEIRA RAMOS - Mande entrar, Dona Virgínia.
SAMUCA ENTROU. APESAR DA ELEGÂNCIA DO TERNO BEM CORTADO, PARECIA POUCO À VONTADE DENTRO DAQUELAS VESTES.
SAMUCA - Com licença, Dr. Oliveira.
COMO DE COSTUME, OLIVEIRA FALOU DURO E SEM MEIAS PALAVRAS.
OLIVEIRA RAMOS - Seu Samuel Pereira, é a segunda vez que o senhor chega atrasado esta semana.
SAMUCA - Desculpe, doutor Oliveira. Eu tive um assunto sério pra resolver e...
OLIVEIRA RAMOS - (cortou) Aprenda uma coisa, seu Samuel: nada é mais sério, mais importante que o seu trabalho, o seu ganha - pão. O que estou vendo é que o senhor está desperdiçando a excelente oportunidade que eu lhe dei. O senhor imagina quantas pessoas, aqui dentro, matariam pra estar no seu lugar?
SAMUCA - (sem graça, sorriso amarelo) Eu... eu imagino, doutor...
OLIVEIRA RAMOS - Pois então, abra o ôlho, seu Samuca. Abra o ôlho, antes que o seu emprêgo desça ladeira abaixo. (T) Isso é tudo o que eu tenho a dizer. Pode voltar à agencia.
OLIVEIRA RAMOS VOLTOU A EXAMINAR UMA PILHA DE PAPÉIS EM SUA MESA, IGNORANDO A PRESENÇA DE SAMUCA, QUE RETIROU-SE, ENVERGONHADO.
SAMUCA - Com licença, doutor Oliveira...
CORTA PARA:
CENA 6 - APARTAMENTO DE OLIVEIRA RAMOS – QUARTO DE HELÔ - INT. – DIA.
HELÔ ESTAVA DEITADA NA CAMA, OUVINDO UM CD DE BALADAS ROMÂNTICAS, O PENSAMENTO VOLTADO PARA VÍTOR. LEMBRAVA-SE DO ENCONTRO NA PRAIA, QUANDO O SALVOU DA AGRESSÃO E SORRIU, AR SONHADOR.
BATIDAS LEVES NA PORTA A TROUXERAM DE VOLTA Á REALIDADE.
HELÔ - Entre!
MISS JULY ENTROU, COM UM ENVELOPE NAS MÃOS.
MISS JULY - Helô, chegou uma carta pra você. É de sua mãe.
HELÔ LEVANTOU-SE DE UM SALTO E ARRANCOU A CARTA DAS MÃOS DA GOVERNANTA.
HELÔ - Minha mãe!
RASGOU O ENVELOPE, ANSIOSA, E LEU RÁPIDAMENTE.
MISS JULY - Ela... está bem?
HELÔ - (ar triste) Sim, está... Ela mora em Nova Iorque. Diz que sente saudades, que queria me ver, mas não pode, quem sabe ano que vem...
MISS JULY - O importante é que ela está bem, querida.
HELÔ - É, o importante é que ela está bem... (T) Miss July... você conheceu minha mãe?
MISS JULY - (embaraçada) Pouco... muito pouco. Infelizmente, logo eles se separaram e ela viajou. Desde então, não soube mais notícias dela...
HELÔ - Meu pai e ela viviam bem? Eles se amaram algum dia?
MISS JULY - (desconversou) Querida...eu não posso responder essas perguntas. Acho até que já falei demais, porque não sei de nada. Bem... eu vou pra cozinha: tou cheia de coisa pra fazer. Se precisar, me chama, tá?
MISS JULY RETIROU-SE. HELÔ DEITOU-SE NA CAMA E LEU A CARTA MAIS UMA VEZ.
CORTA PARA:
CENA 7 - NITERÓI - ESTAÇÃO DAS BARCAS - EXT. - DIA.
O CATAMARÃ ATRACOU NA PLATAFORMA E A MULTIDÃO ENCAMINHOU-SE, APRESSADA PARA A SAÍDA. RENATÃO AFASTOU-SE DO BURBURINHO, DIRIGIU-SE PARA A PISTA E FEZ SINAL PARA UM TAXI. LOGO ATRÁS, O DETETIVE JONAS, SEM SER VISTO, FEZ SINAL A OUTRO TAXI, QUE PARTIU EM SEGUIDA.
CORTA PARA:
CENA 8 - NITERÓI - CASA DE TIA COLÓ - EXT. - DIA.
O TAXI PAROU EM FRENTE A UMA CASA ANTIGA, PINTADA DE BRANCO, DE JANELAS GRANDES. RENATÃO SALTOU, DIRIGIU-SE PARA A PORTA, GIROU A CHAVE NA FECHADURA E ENTROU.
CENA 9 - NITERÓI - CASA DE TIA COLÓ - INT. - DIA.
RENATÃO TRAZIA ALGUMAS CAIXAS AMARRADAS COM BARBANTE, QUE COLOCOU SOBRE A MESA. DEPOIS, TORNOU A ABRIR A PORTA E OLHOU PARA FORA, COMO A CERTIFICAR-SE DE NÃO DE ESTAR SENDO SEGUIDO. FECHOU A PORTA E OLHOU EM VOLTA, PROCURANDO ALGUÉM. AS PAREDES ERAM DECORADAS COM PAPEL PINTADO DE DESENHOS INFANTIS. HAVIA ALGUNS BRINQUEDOS.
CENA 10 - NITERÓI - CASA DE TIA COLÓ - EXT. - DIA.
O TAXI PAROU E O DETETIVE JONAS SALTOU. OLHOU PARA A CASA COM CURIOSIDADE E PAROU ALGUNS MINUTOS, INDECISO. EM SEGUIDA, EMPURROU A PORTA, QUE SE ABRIU.
CENA 11 - CASA DE TIA COLÓ - INT. - DIA.
JONAS SURGIU NA ENTRADA E FICOU SURPRESO COM O QUE VIU. RENATÃO ESTAVA SENTADO NO CHÃO, BRINCANDO COM UMA MENINA. AS CAIXAS ESTAVAM AO SEU LADO. ELE SE LEVANTOU.
DETETIVE JONAS - Desculpe...eu pensei...
RENATÃO - Passeando por Niterói?
TIA COLÓ ENTROU.
TIA COLÓ - Ei moço, como é que o senhor vai entrando assim, pela casa da gente?
RENATÃO - Não se preocupe, tia. Jonas é um velho amigo. Quer conversar comigo? Não precisava atravessar o Atlântico, né?
CARLINHA - Papai, descarrilhou...
RENATÃO ABAIXOU-SE E RECOLOCOU O TRENZINHO SOBRE OS TRILHOS. O TREM SE MOVIMENTOU.
RENATÃO - Pronto, Carlinha, tá tudo bem...
DETETIVE JONAS - É sua filha?
RENATÃO - É.
DETETIVE JONAS - (sorriu, sem graça) Engraçado... eu não podia imaginar... (e sério) Bem, o doutor Fontoura está à sua espera lá no Distrito. Eu... eu vou indo. Com licença.
JONAS RETIROU-SE. RENATÃO SENTOU-SE NO CHÃO E VOLTOU A BRINCAR COM A FILHA, SOB O OLHAR BONDOSO DE TIA COLÓ.
TIA COLÓ - Filho, que vida sacrificada você leva. Virgem Santíssima! Também, quem pode calcular a existência de um agente secreto internacional!
RENATÃO - É uma vida difícil mesmo, tia. Hoje estou em Niterói, mas amanhã posso estar na Jamaica, depois em Berlim. No mês passado, quase caí prisioneiro de um grupo de guerrilheiros, gente da Al-Qaeda. Uma vida de perigos.
TIA COLÓ - (sussurrou) Esse moço que apareceu aqui, de repente, tava seguindo você?
RENATÃO - (sussurrou de volta) Não quero assustar a senhora, tia… mas a senhora tá certa: esse sujeito tava me seguindo!
TIA COLÓ - Santo Deus, que perigo! Se eu soubesse disso, ia buscar o meu pau de macarrão e botava ele pra correr! Você não podia escolher um meio de vida menos perigoso, Renatinho?
RENATÃO - Agora é tarde pra mudar. Tenho que carregar essa cruz...
TIA COLÓ - Carlinha sempre pergunta: por que papai não mora com a gente, vovó?
RENATÃO - Nem preciso responder, né, tia? Tenho que proteger vocês! Como vou deixá-las sozinhas quando tiver que viajar?
TIA COLÓ - Eu compreendo. Você é um sobrinho de ouro, meu filho! E um pai maravilhoso. Nunca deixou faltar nada pra gente!
RENATÃO - Nem poderia, né, tia? A senhora sabe que, pelo menos duas vezes por mês, venho aqui ver vocês (abraçou e beijou a velha senhora) É o mínimo que posso fazer pelos meus dois amores!
UMA HORA DEPOIS, RENATÃO DESPEDIA-SE DE TIA COLÓ E DA FILHA. BEIJOU AS DUAS.
TIA COLÓ FEZ O SINAL DA CRUZ NA FRENTE DO SOBRINHO.
TIA COLÓ - Vai com Deus, meu filho. Vai com São Sebastião também. E com São Judas Tadeu!
RENATÃO SAIU. TIA COLÓ AJOELHOU-SE DIANTE DE UM NICHO COM DIVERSAS FIGURAS DE SANTOS.
TIA COLÓ - Meus santinhos queridos, vou acender uma vela pra cada um de vocês, mas não deixem de olhar pelo Renatinho nem um minuto… Ele precisa muito de vocês! Al-Qaeda… esse nome me dá arrepios só de imaginar!... Coitado do Natinho!...
FIM DO CAPÍTULO 22
Tia Coló (Henriqueta Brieba) |
e no próximo capítulo...
*** Vítor e Helô vão ao Mirante Dona Marta, e, diante da bela vista da cidade, Helô se declara para o padre, que tem uma reação inesperada!
*** Samuca procura o amigo Renatão, com um "pepino daqueles" pra resolver: Mãozinha de Veludo, ex-parceiro de pequenos golpes, quer envolvê-lo num assalto e não sabe como sair dessa! É aí que o playboy tem uma idéia muito louca - saiba tudo no capítulo 23!
*** Vítor e Helô vão ao Mirante Dona Marta, e, diante da bela vista da cidade, Helô se declara para o padre, que tem uma reação inesperada!
*** Samuca procura o amigo Renatão, com um "pepino daqueles" pra resolver: Mãozinha de Veludo, ex-parceiro de pequenos golpes, quer envolvê-lo num assalto e não sabe como sair dessa! É aí que o playboy tem uma idéia muito louca - saiba tudo no capítulo 23!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 23 DE
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