Novela de Toni Figueira
Inspirada na Obra de Dias Gomes
http://youtu.be/eUOZVNgs5Do
Quarentão Simpático (Tema de Renatão)
CAPÍTULO 25
Participam deste capítulo:
MARIETA (Wanda Lacerda)
JUREMA (Arlete Salles)
SAMUCA (Paulo José)
EMILIANO (Paulo Padilha)
DON ELISEU (Alex André)
D. DIDI (Grainda Freire)
MARIO MALUCO (Osmar Prado)
RENATÃO (Jardel Filho)
ZÉ GREGÓRIO (Adalberto Silva)
VÍTOR (Francisco Cuoco)
RICARDINHO (Carlos Vereza)
MARIA LÚCIA (Aizita Nascimento)
DELEGADO FONTOURA (Ubano Lóes)
MOTOQUEIROS
ALBERTO
CABO JORGE
POLICIAL 2
POLICIAL 1
CENA 1 - AV. VIEIRA SOUTO - EXT. - DIA.
RICARDINHO E JUREMA DAVAM UM PASSEIO DE MOTO NA AV. VIEIRA SOUTO, SENTINDO NOS ROSTOS A LEVE BRISA DO MAR NO FINAL DAQUELA TARDE DE OUTONO. VÍTOR ESTAVA PARADO NA ESQUINA DA VINÍCIUS DE MORAIS, ESPERANDO O SINAL ABRIR, QUANDO RICARDINHO O VIU E CHAMOU A ATENÇÃO DA AMANTE.
RICARDINHO - (parou a moto alguns metros à frente e mostrou o padre, discretamente) Tá vendo aquele cara, de cavanhaque, parado no sinal?
JUREMA - Quem? Ah, de camisa azul? Quem é?
RICARDINHO - É o tal padreco, com quem Nívea ia casar! Não vou com os cornos desse cara! Mario Maluco me disse que ele tá ajudando a polícia a encontrar o assassino...
JUREMA - (sem se conter) Nossa! Que gato! Um homem desses é padre? Que desperdício...
RICARDINHO NÃO AGUENTOU O COMENTÁRIO. PULOU DA MOTO, VERMELHO DE RAIVA.
RICARDINHO - Qual é, Jurema? Tá de gozação com a minha cara? Se gostou, vai lá falar com ele! Quer saber? Enchi de você! Desce! Vai pra casa à pé! Tá pensando que eu sou babaca?
JUREMA - (surpresa) Que é isso... ficou louco?
RICARDINHO - (gritou, fora de si) Desce! Sai! Sai!
DITO ISTO, PUXOU A MULHER PARA FORA DA MOTO, MONTOU E ARRANCOU, SEM OLHAR PARA TRÁS.
JUREMA - (gritou, indignada) Seu... seu grosso! Grosso!
OBRIGADA A PROSSEGUIR À PÉ, JUREMA NÃO SE DEU POR VENCIDA E CAMINHOU EM DIREÇÃO A VÍTOR, QUE COMEÇAVA A ATRAVESSAR A RUA.
JUREMA - Ei! Padre! Espere!
VÍTOR VOLTOU-SE, INCONTINENTI, ANTE A APROXIMAÇÃO DA MULHER.
VÍTOR - A senhora falou comigo?
JUREMA - Desculpe, o senhor não me conhece. Eu sou Jurema de Alencar. Sou... amiga do Ricardinho. Ele foi ex-namorado da Nívea... Sabe, me enrolaram também nessa história. Gostaria de conversar com o senhor, porém em meu apartamento. Moro perto daqui. Quer?
VÍTOR FITOU-A COM CURIOSIDADE E, APÓS ALGUNS SEGUNDOS DE INDECISÃO, CONCORDOU.
VÍTOR - Está bem, vamos.
CORTA PARA:
CENA 2 - APARTAMENTO DE JUREMA - SALA - INT. - DIA.
JUREMA SERVIU UM CAFÈZINHO E SENTOU-SE NA POLTRONA À FRENTE DE VÍTOR.
JUREMA - Loucura tudo isso, não é? A morte dessa moça... Tenho medo que acusem Ricardinho. Padre, ele é inocente!
VÍTOR - (medindo bem as palavras) O Delegado Fontoura me disse que a senhora deu um falso álibi para tentar inocentar este rapaz...
JUREMA - Eu fiz essa idiotice, é verdade. Mas só fiz porque sei que não foi o Ricardinho que matou Nívea! Tive medo que ele fosse preso!
VÍTOR - A senhora ama esse rapaz, não é?
O BARULHO DA PORTA SE ABRINDO CHAMOU A ATENÇÃO DOS DOIS, QUE VOLTARAM-SE AO MESMO TEMPO. RICARDINHO ENTROU E PAROU, SURPRESO, NO MEIO DA SALA.
RICARDINHO - Puxa, mas é mesmo um bicho de sacristia... Eu bem que tinha sacado... Bicão sem-vergonha!
JUREMA - Ricardinho... ele veio aqui porque eu pedi. Você está interpretando mal. Ele é um padre.
RICARDINHO - Padre bicão... E você, sua vagabunda!
SÚBITO, RICARDINHO AVANÇOU PARA JUREMA E A ESBOFETEOU. TENTAVA REPETIR A DOSE QUANDO VÍTOR O SEGUROU VIOLENTAMENTE E DEU-LHE UM SÔCO NO ROSTO, DEITANDO-O POR TERRA.
JUREMA SALTOU DO SOFÁ, ONDE CAÍRA AO SER AGREDIDA PELO PILANTRA, E COLOCOU-SE À FRENTE DE RICARDINHO, EM ATITUDE DE DEFESA.
JUREMA - (gritou para Vítor) Deixa ele! Quem é você pra se meter entre nós? Eu não lhe pedi pra me defender! Vá-se embora daqui! Vá-se embora daqui!
PADRE VÍTOR FICOU TREMENDAMENTE CHOCADO COM AQUELA REAÇÃO. PERPLEXO, VIROU AS COSTAS E SAIU.
JUREMA - (agarrou-se no pescoço de Ricardinho) Você se machucou? Meu amor.... meu amor....
RICARDINHO - Caramba! Pra um padre, esse cara tem a mão bem pesada.... (gemeu) Aiiiiiii!
ELA O ABRAÇOU E COBRIU-O DE BEIJOS.
CORTA PARA:
CENA 3 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA - INT. - DIA.
CABO JORGE - Doutor Fontoura, o seu Renato Itararé de Souza acaba de chegar.
DELEGADO FONTOURA - Mande-o entrar.
RENATÃO ENTROU E ESTENDEU A MÃO PARA O DELEGADO.
RENATÃO - Como vai, delegado? Recebi sua intimação e aqui estou.
DELEGADO FONTOURA - Sente-se, por favor, seu Renato. Eu desejava, agora, detalhes sobre as fotos que o senhor tirou de Nívea Louzada. Mera rotina, visto que o prazo para a conclusão do inquérito já se esgotou.
RENATÃO - Isso que dizer que... eu ainda sou suspeito de matar essa moça?
DELEGADO FONTOURA - Seu Renatão, vou lhe revelar um segredo: para mim, Ricardo Miranda ainda é o suspeito número um!
RENATÃO - Fico aliviado, delegado...
DELEGADO FONTOURA - Pensando bem... vou mandar o Detetive Jonas buscá-lo pra novo interrogatório. E quanto ao senhor, seu Renato, pode não ser o principal suspeito, mas ainda está na minha lista, até que apareça o verdadeiro culpado!
CORTA PARA:
CENA 4 - PENSÃO PRIMAVERA - SALA - INT. - DIA
D. DIDI - Seu Samuca! Que bom que o senhor está bem, já estávamos preocupados com seu sumiço!
D. DIDI, ZÉ GREGÓRIO, MARIA LÚCIA E ALBERTO ACERCARAM-SE DE SAMUCA, QUE ACABAVA DE ENTRAR NA PENSÃO COM UMA PEQUENA MALA NA MÃO.
SAMUCA - (sem jeito) Como vão vocês, D. Didi, Maria Lúcia, Zé Gregório... Desculpem, eu não tinha como avisar.
ZÉ GREGÓRIO - Onde se meteu, Homem de Deus! Depois que ressuscitou, parece que desapareceu no ar!
MARIA LÚCIA - Você foi muito ingrato, Samuca! Deixou todos aqui preocupados! Nem pra coitada da Joaninha você disse onde estava!
SAMUCA - Foi só uma semana, gente... Eu tava em Búzios. Renatão tem uma casa lá e me convidou pra passar uns dias, pra me recuperar do susto! Afinal, passei o maior perrengue! Sabe o que é quase ser enterrado vivo? Nem gosto de lembrar... E Joaninha, como é que ela tá?
MARIA LÚCIA - Coitadinha, só ficou mais tranquila quando foi no apartamento do seu Renatão e o mordomo falou que vocês viajaram juntos...
ALBERTO - Bom te ver vivo, companheiro!
CORTA PARA:
CENA 4 - DELEGACIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA - INT. - DIA.
RICARDINHO ESTAVA DIANTE DE FONTOURA, QUE OLHAVA PARA ELE ACUSADORAMENTE.
DELEGADO FONTOURA - É melhor que confesse logo de uma vez, porque nós já sabemos de tudo!
RICARDINHO - Mas eu não sei de nada e não adianta esse truque pra cima de mim!
DELEGADO FONTOURA - Você nega que combinou com certa pessoa pregar um susto em Nívea e no noivo dela?
RICARDINHO - Quem lhe disse isso? Ah, já sei. Foi o Mario Maluco.
DELEGADO FONTOURA - Foi. Foi ele mesmo.
RICARDINHO - Desgraçado! O miserável me entregou! Filho de tira só podia ser dedo-duro!
DELEGADO FONTOURA - Ele não me contou pra lhe acusar, mas querendo defender você. Só que, desejando lhe inocentar, ele me deu a chave do mistério.
RICARDINHO - Pois eu nego tudo! Sim, eu combinei isso com Mariozinho, mas desfiz o acordo na última hora.
DELEGADO FONTOURA - Claro que desfez! Você queria ficar sozinho. Deixou Mario e fingiu que pegava a Av. Niemeyer, mas voltou. Voltou e foi atrás de Nívea. Conseguiu atraí-la para a praia e lá a matou.
RICARDINHO SORRIU COM SARCASMO PARA DISSIMULAR O SEU NERVOSISMO.
RICARDINHO - Beleza de imaginação! Você dava pra escrever novela. Tá desperdiçando o seu talento aqui (e falando sério) Sim, já lhe contei. Eu estava com ódio dela. Foi uma sujeira o que ela fez comigo... me passar pra trás com aquele padreco. Mas não a matei! Não fiz nada nela! Se quer acreditar, acredite! Se não quer, que se dane!
DELEGADO FONTOURA - (entredentes) Sai da minha frente agora, antes que te prenda por desacato! Vai, some daqui!
RICARDINHO - (ergueu as duas mãos, com cinismo) Nem precisa falar duas vezes! Até logo, seu delega! Fui!
CORTA PARA:
CENA 5 - BANCO OLIVEIRA RAMOS - SALA DE OLIVEIRA - INT. - DIA.
D. VIRGÍNIA, A SECRETÁRIA, ANUNCIOU A PRESENÇA DE SAMUCA.
OLIVEIRA RAMOS - Mande-o entrar.
SAMUCA ENTROU, TÌMIDAMENTE.
SAMUCA - Bom dia, doutor Oliveira. Eu... estou me apresentando de volta ao trabalho. Sei que, depois de tudo o que aconteceu, lhe devo algumas explicações...
OLIVEIRA RAMOS - (falou com firmeza) Seu Samuca, poupe sua saliva comigo e dirija-se ao departamento de pessoal para acertar suas contas. O senhor está demitido!
SAMUCA ARREGALOU OS OLHOS, SURPRÊSO.
SAMUCA - Mas... mas...
O TELEFONE TOCOU E O BANQUEIRO ATENDEU, IGNORANDO COMPLETAMENTE A PRESENÇA DO RAPAZ NA SUA SALA. SAMUCA DIRIGIU-SE PARA A PORTA, CABISBAIXO.
CORTA PARA:
CENA 5 - PRAIA DO ARPOADOR - CALÇADÃO - EXT. - NOITE.
O RONCO SURDO DA MOTO DE RICARDINHO CHAMOU A ATENÇÃO DE MARIO MALUCO E MAIS MEIA DÚZIA DE MOTOQUEIROS QUE, DEPOIS DE UM PASSEIO ATÉ A BARRA, RETORNARAM E CURTIAM A NOITE SENTADOS A UM BANCO NO CALÇADÃO, COMO ERA DE COSTUME.
RICARDINHO SALTOU DA MOTO E DIRIGIU-SE PARA O GRUPO, EXPRESSÃO SÉRIA.
MARIO MALUCO - Pô, até que enfim tu chegou, meu bróder! Te liguei um montão e não atendeu... esqueceu o celular?
SEM RESPONDER, RICARDINHO ADIANTOU-SE E DEU TREMENDO SÔCO NA CARA DE MARIO MALUCO, FAZENDO-O CAIR PESADAMENTE NO CHÃO, SOB OS OLHARES SURPRÊSOS DA TURMA. O RAPAZ TENTOU LEVANTAR-SE, MAS OUTRO SÔCO O FEZ CAIR OUTRA VEZ, ESTATELANDO-SE CONTRA SUA MOTO, QUE CAIU COM O IMPACTO DE SEU PESO.
RICARDINHO - (arfando, irado) Isso é pra tu aprender a deixar de ser dedo-duro, seu otário!
REFEITO DO SUSTO, MARIO LEVANTOU-SE, AINDA TONTO, PASSOU A MÃO NA BÔCA, DE ONDE ESCORRIA UM FILÊTE DE SANGUE, E ATIROU-SE CONTRA RICARDINHO. OS DOIS COMEÇARAM A ROLAR NO CHÃO, ENTRE SÔCOS E PONTAPÉS, CERCADOS PELOS MOTOQUEIROS QUE ASSISTIAM A TUDO, PARALISADOS, SEM ESBOÇAR REAÇÃO. DE REPENTE A SIRENE DA RÁDIO-PATRULHA E SE FEZ OUVIR E SÓ ENTÃO PERCEBEREM A PRESENÇA DE DOIS POLICIAIS QUE SE APROXIMARAM, CORRENDO.
POLICIAL 1 - O que está acontecendo aqui?
RICARDINHO E MARIO LEVANTARAM-SE, ASSUSTADOS.
RICARDINHO - Não é nada, seu delega! A gente é amigo! Estamos só brincando! Não é, Mario?
DITO ISTO, ABRAÇOU MARIO MALUCO, QUE AINDA TENTAVA SE REFAZER DA AGRESSÃO, E CORRESPONDEU AO ABRAÇO, FINGINDO TRATAR-SE MESMO DE UMA BRINCADEIRA.
MARIO MALUCO - É brincadeira sim, delegado! (pôs a mão no coração) Somos amigos daqui, ó, do peito!
POLICIAL 1 – Circulando, vamos! Não queremos baderneiros aqui! Todo mundo, circulando, ou então vão todos pro distrito!
CORTA PARA:
CENA 6 - APARTAMENTO DE EMILIANO - INT. - DIA.
VÍTOR GIROU A CHAVE NA FECHADURA, ENTROU NO APARTAMENTO E DEPAROU COM EMILIANO, MARIETA E UM PADRE AGUARDANDO SUA CHEGADA.
MARIETA - Aí está ele! Vítor, D. Eliseu está esperando você já há algum tempo...
VÍTOR DEU UM SORRISO DE SATISFAÇÃO E ABRAÇOU O VELHO AMIGO.
VÍTOR - D. Eliseu! Mas que surpresa! Por que não avisou que viria? Eu não o deixaria esperando...
D. ELISEU - Que é isso, meu amigo! Foi um prazer. Nem senti o tempo passar, conversando com seu Emiliano e D. Marieta. Além disso, o cafezinho com biscoitos estava delicioso!
MARIETA - O senhor é muito amável, D. Eliseu...
VÍTOR - (ansioso) Alguma novidade para mim?
D. ELISEU - Sua solicitação foi atendida. Você foi desobrigado dos votos. Todos os seus vínculos com a Igreja Católica Apostólica Romana foram cortados. O padre Vítor não existe mais. Você é agora apenas Vítor Mariano, um cidadão comum.
FIM DO CAPÍTULO 25
e no próximo capítulo...
*** Vítor recebe convite de Oliveira Ramos para passar o fim de semana com sua família em seu sítio em Teresópolis, e deixa Marieta se "roendo" de ciúmes!
*** Samuca tenta convencer a noiva, Joaninha, a investir todo seu dinheiro, reserva para o casamento, numa corrida de cavalos! Joaninha concordara?
*** De volta ao Rio, Vítor diz a Helô que tomou uma importante decisão em sua vida! Qual será?
NÃO PERCA O CAPÍTULO 26 DE
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