quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

O HOMEM QUE DEVE MORRER - Capítulo 104


Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 104

Participam deste capítulo

Cyro  -  Tarcisio Meira
Otto  -  Jardel Filho
Paulus  -  Emiliano Queiroz
Von Muller  -   Jorge Cherques
Catarina  -  Lidia Mattos
Lia  -  Arlete Salles


CENA 1  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  SALA  -  INTERIOR  -  DIA

TAMBÉM VON MULLER PREOCUPARA-SE COM A RESSONÂNCIA DA REPORTAGEM, ASSUNTO-BOMBA EM TODOS OS RECANTOS DA CAPITAL E DAS CIDADES MAIS PRÓXIMAS. NAQUELA TARDE O EX-CARRASCO NAZISTA PROCUROU O FILHO EM SUA RESIDENCIA. ENCONTROU OTTO MULLER GRUDADO AOS JORNAIS.

OTTO  -  Estava esperando você, papai. Precisamos conversar.

VON MULLER  -  Ia... Ia. Eu já saberr do que se trata. Li jornais.

PAULUS  -  Estamos num beco sem saída. O escândalo não vai resolver coisa alguma, se Naná não está disposta a impedir a posse dos novos proprietários.

OTTO  -  Podemos obrigá-la a impedir!

VON MULLER  -  Acabo de saberr que Naná foi viajar, parra fugir das repórteres... naturalmente querr fugirr de nós também.

OTTO  -  Então, nada feito. E eu não sei mais o que fazer. Em último caso vou impedir pela força.

PAULUS  -  (voltou-se para o velho alemão) Estava exatamente dizendo que ele não pode fazer isso. Vai perder a prefeitura em questão de horas. Qualquer ato menos honesto e o governo manda intervir e aí será muito pior para ele.

VON MULLER  -  Non, non pode. Você tem de estarr dentro da lei, Otto.

OTTO  -  Mas  se eu não posso agir dentro da lei, o que é que eu faço?

VON MULLER  -  Você pode, e vai agirr. Eu trazer o solução.

OS OLHARES SE CONCENTRARAM NO ROSTO ODIENTO DO EX-CRIMINOSO DE GUERRA. VON MULLER SE LEMBRAVA DAS TRAMAS MAQUIAVÉLICAS DA GESTAPO PARA INCRIMINAR UM HOMEM.

OTTO  -  Não há solução a não ser que consigamos impedir a viagem de Naná e a obriguemos a assinar o impedimento... pela força.

VON MULLER  -  (sorriu sinistramente) Nana vai darr procuração parra Dr. Paulus agirr em nome dela... sem que parra isso tenhamos que interromperr viagem...

OTTO  -  Como, papai? Não entendo...

VON MULLER  -  Vamos falsificar assinatura dela!

PAULUS  -  (quase pulou da cadeira) Falsificar?! Mas... como?

OTTO  -  (recriminou-o) Fale baixo, idiota!

VON MULLER  -  Otto não poderr usarr seu cargo parra tomar medidas mais enérgicas. Serria o mesmo que se destituir, pois ele ter de dar satisfação à assembleia e às autoridades. Mas, dentro da lei, ele poderr agirr com razão.

PAULUS  -  Falsificar uma assinatura não é andar dentro da lei!

OTTO  -  (tornou a investir contra o assecla) Só nós sabemos disso, imbecil! E se você não der com a língua nos dentes, ninguém jamais saberá o que fizemos.

PAULUS  -  (trêmulo e indeciso) Sinceramente... eu tenho... medo. No momento em que for descoberto, não só você terá de prestas contas... mas eu também. Confesso que gostaria de me limpar para poder ter um futuro junto da mulher que amo. E desta maneira... parece que afundamos cada vez mais!

OTTO  -  Se quiser, saia da jogada! Eu o despeço. Mas vou fazer tudo para que você não se case com Ester! Será que não entende? É a única oportunidade que temos de lutar contra aqueles patifes que estão escondendo e protegendo Cyro Valdez. Agora, se você não está de acordo em que devemos destruir esse homem, afaste-se definitivamente de nós. Eu e papai agiremos sozinhos contra ele!

VON MULLER  -  Se perdermos esse oportunidade, jamais conseguirremos vencê-lo.

OTTO  -  O que devemos fazer, papai?

VON MULLER  -  Onde estão cartas de Elisa? Por elas posso fazer um estudo de seu letra.

OTTO ABRIU A GAVETA DA ESCRIVANINHA E ENTREGOU AO PAI O MAÇO DE CARTAS. VON MULLER EXAMINOU ALGUMAS DETIDAMENTE. AJEITOU-AS SOBRE A MESA.

VON MULLER  -  (com entusiasmo) Eu conseguirr... Mas eu precisarr de um advogado de confiança.

PAULUS  -  Está certo... contem comigo. Mas devemos ter muito cuidado. Depois disso, Otto, não podemos nos comprometer em outra coisa tão perigosa. Pense no seu cargo... pense no que nos acontecerá se isso que estamos fazendo vier a público. Seremos todos presos, Otto! Você, principalmente, será o maior prejudicado... você sabe que não se pode brincar com a lei. Muito menos um prefeito!

OTTO  -  Droga! Largue tudo, se quiser! Mas não agoure! Ninguém vai descobrir nada!

PAULUS  -  Então... vamos lá... vamos tratar da procuração de Elisa Liberato.
XXXX

O CERCO CONTRA CYRO VALDEZ FORA PERFEITO E A AÇÃO DO DELEGADO NÃO PODERIA TER SIDO MAIS RACIONAL. O EMISSÁRIO FINGINDO-SE DOENTE TINHA IDO À VILA EM BUSCA DE SOCORROS MÉDICOS. CYRO NÃO O TINHA ATENDIDO, MAS O DR. TOLEDO VERIFICARA, AO PRIMEIRO EXAME, QUE O HOMEM NADA REGISTRAVA DE MAL.

VEIO A FALSA CONFISSÃO. O EMISSÁRIO SE DECLARARA PAGO POR ESTER PARA LHE TRAZER UM RECADO. A MULHER ESPERAVA CYRO NUM HOTEL, À BEIRA DA ESTRADA, NAS PROXIMIDADES DA PONTA DOS MARISCOS. APESAR DOS CONSELHOS DE JONAS E DOS DEMAIS COMPANHEIROS, CYRO CAIU NUMA CILADA.

A LUTA FOI DESLEAL. UM HOMEM SÓ CONTRA UM CHOQUE POLICIAL. MAS OS PODERES MENTAIS DO MÉDICO, OU SEJA LÁ O QUE FOSSE, FAVORECERAM SUA FUGA, MESMO COM O EIXO DO CARRO QUEBRADO. CYRO CONSEGUIU FUGIR PARA UM POVOADO PRÓXIMO E ALI, AO LADO DOS AMIGOS, OPÔS RESISTÊNCIA FÉRREA AOS HOMENS DO DELEGADO. E FUGIU.


CENA 2  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  SALA  -  INTERIOR  -  NOITE

OTTO MULLER ENTROU LÍVIDO EM SUA RESIDENCIA, PUXANDO DE UMA PERNA. VIU LIA DE COSTAS PREPARANDO UM DRINQUE E DONA CATARINA LENDO UM ROMANCE, ESTIRADA NO SOFÁ.

CATARINA  -  (perguntou, ao vê-lo de cara fechada) Era Cyro mesmo?

OTTO  -  Não, mamãe! Não era ele! Conseguiu escapar mais uma vez. Quem foi preso foi um companheiro dele.

LIA VOLTOU-SE, GARGALHOU DOIDAMENTE. OTTO OLHOU-A ESPANTADO, COM AS MÃOS CRISPADAS.

OTTO  -  O que é que ela tem, mamãe?

LIA  -  Estou alegre! Porque não prenderam o Dr. Cyro! Bem feito, Otto! Bem feito! Bem feito!

CATARINA  -  Ela bebeu demais, meu filho.

OTTO  -  Percebe-se. Agora deu para isso.

LIA  -  (tomando mais uma dose) Bebi, sim. E vou beber muito mais. Sabe pra que, Otto? Pra esquecer que sou casada com um tipo como você!

O ALEMÃO FECHOU OS PUNHOS, AMEAÇADOR. LIA IGNOROU-LHE A RAIVA.

OTTO  -  Você está me irritando!

LIA  -  Eu sei que estou te irritando. Você não gosta quando alguém lhe diz verdades. Você prefere que todo mundo finja na sua frente. Que minta para você.

OTTO  -  Ninguém nunca me mentiu, nem fingiu para mim...

LIA  -  (levou as mãos à boca) Meu Deus do Céu! Só fazem mentir e fingir pra você! Sua mãe, eu... Dr. Paulus, seus assessores... seus capangas todos! Todos mentem para você!

OTTO  -  Todos podem ser hipócritas, fingidos... mas mamãe não! Mamãe nunca mentiu pra mim!

E OTTO CORREU PARA A VELHA.

LIA  -  (impiedosa) Quando ela diz que você é o homem mais forte do mundo... o mais belo... o mais ágil... o mais poderoso... ela está mentindo! Porque ela sabe que você é um covarde, um pretensioso, um fraco, um débil mental, com jeito de bicha! E ela mente, por sentir pena de você! O que todos sentem é só isso. Pena. Pena de você!

OTTO LEVANTOU-SE E ESBOFETEOU VIOLENTAMENTE A ESPOSA.

OTTO  -  Mentirosa! Mentirosa! Má! Má!

LIA BERRAVA AINDA, ENQUANTO OTTO SUBIA ARFANTE A ESCADA QUE O CONDUZIRIA AOS SEUS APOSENTOS.

LIA  -  O mais forte! O mais belo! O mais ágil! O mais poderoso homem do mundo! Viva Otto Muller! O machão! Viva!

CATARINA ERGUEU AS SAIAS E APREENSIVA, CORREU ATRÁS DO FILHO. SUBIU APRESSADA AS ESCADAS E ENTROU NO QUARTO DE OTTO MULLER. OTTO RESFOLEGAVA, DEITADO SOBRE O COBERTOR ROSA.

CATARINA SENTOU-SE AO SEU LADO E ALISOU-LHE A TESTA. PEGOU NO TELEFONE, ALI, NA MESINHA DE CABECEIRA E DISCOU NERVOSAMENTE UM NÚMERO.

CATARINA  -  Dr. Max! Venha depressa! Otto está passando mal! Por favor! Obrigada! (voltou-se para o filho) Meu amor, ela está bêbada! E pessoa embriagada só diz bobagens! Ela tem inveja porque eu digo a você que é o homem mais belo do mundo! Ela queria que você pedisse a ela para dizer! Como você nunca pediu... ela se sente... em segundo plano na sua vida! É com isso que ela não se conforma. Tem ciúmes porque eu e você nos damos muito bem. (Otto a observava, assustado, com o coração aos saltos; a mão comprimindo o peito) Você, meu filho, ainda é o homem mais belo do mundo, o mais forte, o mais atraente!

OTTO  -  (com a voz afinando) Não sou! Não sou! Você está mentindo!

CATARINA  -  Olhe... espere... eu tenho uma coisa aqui para provar o que estou dizendo! (remexeu em alguns papéis numa gaveta e retirou uma revista alemã) Veja isto aqui (a revista datava de 1938. Berlim) É a descrição de um homem de raça pura... é idêntico a você... veja. O mesmo físico, o mesmo semblante... a mesma cor dos olhos. Tudo! Parece até aquele artista de cinema... famoso... como é mesmo o nome dele? Ah, Yul Brynner! Lembra-se? Cabecinha careca como a sua!

OTTO  -  Você está mentindo!

CATARINA  -  (folheou rapidamente a revista) E depois... veja isto aqui! Olhe! As medidas exatas de um halterofilista! São exatamente as suas medidas! Eu não estou mentindo, veja!

OTTO PEGOU NA REVISTA E FIXOU O MODELO. UM ALEMÃO DE PEITO LARGO E BRAÇOS CHEIOS DE MONTANHAS.

OTTO  -  Estou vendo!

CATARINA  -  Observe... medida do pescoço... a sua. Do pulso... exatamente a sua. Medida do antebraço... sua também! Está vendo, não está?

OTTO  -  Estou.

CATARINA  -  Então acha que eu tenho necessidade de mentir?

OTTO  -  (fechou a revista e caiu nos braços da mãe, a soluçar) Ninguém gosta de mim, mamãe! Só você! Só!

CATARINA  -  Oh, meu querido! Mas que bobagem! Chorar por causa disso! Lia é uma tonta! Não existe ninguém como você na face da terra! (pegou na ponta do queixo do filho e cochichou-lhe ao ouvido) Há muitas mulheres apaixonadas por você! É que ninguém quer dizer ou pode dizer a verdade! Você é um homem muito importante! Casado! Queria ver se você fosse um artista de cinema ou de televisão, por exemplo! Se tivesse oportunidade de aparecer nas telas! Seria um ídolo, meu filho! Capaz de despertar paixões nas mulheres mais honestas e recatadas! Elas iriam morrer de desejo por você!

OTTO  -  É verdade, mamãe? Você acha?

CATARINA LEVANTOU-SE, APANHOU UM ESPELHO DE MÃO E ENTREGOU-O AO FILHO. OTTO EVITOU OLHAR-SE NO PEQUENO OBJETO EM FORMA DE CORAÇÃO.

CATARINA  -  Veja como é bonito!

ENQUANTO A MÃE BEIJAVA-LHE A TESTA E SE AFASTAVA DO QUARTO, OTTO MOVEU A MÃO E EMPUNHOU O ESPELHO. SORRIA, MOVENDO O ROSTO PARA TODOS OS LADOS. E SE CONVENCIA, DEFINITIVAMENTE, DE QUE NÃO EXISTIA OUTRO HOMEM MAIS BELO EM QUALQUER PARTE DO MUNDO.

OTTO  -  (com ar feliz) Machão e belo!

FIM DO CAPÍTULO 104


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O HOMEM QUE DEVE MORRER - Capítulo 103


Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 103

Participam deste capítulo

Cyro  -  Tarcisio Meira
Prof. Valdez  -  Enio Santos
Ricardo  -  Edney Giovenazzi
Naná  - 
Baby  -  Claudio Cavalcanti
Inês  -  Betty Faria
Cesário  -  Carlos Eduardo Dolabella
Coice de Mula  -  Dary Reis
Otto  -  Jardel Filho
Catarina  -  Lidia Mattos
Lia  -  Arlete Sales
Paulus  -  Emiliano Queiroz


CENA 1  -  CASA DE DONA BÁRBARA  -  SALA  -  INTERIOR  -  DIA

O PROFESSOR VALDEZ AJEITOU OS ÓCULOS E SE CONCENTROU NA NOTÍCIA QUE OCUPAVA TRÊS COLUNAS DO JORNAL.

PROF. VALDEZ  -  (leu em voz alta) “Esposa de eminente figura de nossa sociedade aparece após muitos anos de ausência. Esposa legítima do Comendador Augusto Liberato vai reclamar na Justiça direitos sobre a fortuna Liberato.” Mas... o que é isso?

RICARDO  -  Um escândalo atingindo Baby. Escândalo que poderá ter sérias consequências.

PROF. VALDEZ  -  São declarações do prefeito!

RICARDO  -  Exato. Declarações de Otto Muller.

PROF. VALDEZ  -   Elisa Liberato ou Naná, do cabaré de Porto Azul, é a mãe verdadeira de Baby Liberato! Mas onde se viu? Onde se viu coisa assim?! Isto vai ser um choque para o Baby!

CORTA PARA:

CENA 2  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  SALA  -  INTERIOR  -  DIA

NA MANSÃO DOS MULLER, OTTO SORRIA, AO LADO DA MÃE, DE PAULUS E DE LIA.

OTTO  -  É o que devia ter sido feito há muito tempo. Meu beijo, mamãe... Tou bonito, hoje?

CATARINA  -  Otto, você está certo de que esse escândalo vai ajudá-lo? Afinal de contas... nós também podemos ser atingidos...

OTTO  -  Por quê? Não podemos ser culpados pelos erros de titia Elisa!

CATARINA  -  Nossa família! Nosso nome!

OTTO  -  Vamos lamentar, vamos nos aborrecer muito... mas isto precisava ser feito mamãe!

FOI COM ESPANTO QUE TODOS OS OLHOS SE MOVERAM PARA A PORTA DE ENTRADA E PARA A MULHER QUE, EMPURRANDO COM BRUTALIDADE A CRIADA, ENTROU PELA CASA ADENTRO. ERA NANÁ.

A MULHER PARECIA INTEIRAMENTE TRANSTORNADA E SE DIRIGIU A OTTO MULLER, ATIRANDO-LHE O JORNAL NA CARA.

NANÁ  -  Olha aqui, seu careca sem-vergonha! Eu vim te dizer que isto não me mete medo! Você não pense que pode fazer o que pretende contra meu filho!

OTTO  -  Seu filho vai morrer de vergonha quando ler este jornal!

NANÁ  -  Ele pode morrer de vergonha, mas você não vai conseguir o que pretende, está me ouvindo?

OTTO  -  Vou mandar fechar seu cabaré!

NANÁ  -  Você desconhece que existe lei e que um simples desejo do prefeito não pode resolver nada? Feche, se puder. Mas de mim você não vai conseguir nada!

E QUANDO A MULHER AMEAÇOU AVANÇAR CONTRA O HOMENZARRÃO, OTTO ESCONDEU-SE, AMEDRONTADO, POR TRÁS DA MÃE, AGARRANDO-LHE O BRAÇO COM NERVOSISMO. DAVA SALTINHOS HISTÉRICOS.

OTTO  -  Faça essa mulher sair daqui!

CORTA PARA:

CENA 3  -  CASA DE BABY E INÊS  -  SALA  -  INTERIOR  -  NOITE.

JÁ ERA NOITE FECHADA QUANDO RICARDO ALCANÇOU A PORTA DA MODESTA RESIDENCIA DE BABY E INÊS. SEM MUITA CONVERSA, O ENGENHEIRO ENTREGOU O JORNAL ABERTO AO RAPAZ.

BABY  -  O que é?

RICARDO  -  Leia. Vai entender.

À MEDIDA QUE TOMAVA CONHECIMENTO DA MATÉRIA, AS FEIÇÕES DE BABY SE TRANSTORNAVAM. ERAM AGORA AS DE UM HOMEM ENVELHECIDO E ANGUSTIADO.

BABY  -  Como... é possível? O que é isso?! É a revelação de tudo... de toda a minha vida. A verdade sobre... sobre Naná!

INÊS ESPANTOU-SE VENDO A TRANSFORMAÇÃO DO MARIDO.

INÊS  -  Gente... o que foi?!

BABY  -  Aquele vigarista! Eu disse a você, Inês... e não me enganei. Veja isto aqui. Declarações de minha... minha mãe, imagine!

INÊS  -  O que é que ela diz, Leandro?

BABY  -  Que voltou e vai reclamar na Justiça seus direitos sobre a fortuna Liberato! Era isso o que ela queria, viu? Agora está se mostrando! Botou as garras de fora! E você, muito penalizada, ainda achava que eu estava sendo cruel com a coitadinha!

INÊS  -  Não acredite nisso, Leandro! Não pode ser! Sua mãe não faria isso com você. Ela nunca demonstrou interesse por dinheiro.

BABY  -  (bateu com a mão espalmada na folha de jornal) Mas está aqui, não está? Revelações dela!

RICARDO  -  Baby, sou seu amigo e você sabe disso. Não quero defender ninguém, mas... como podemos afirmar que essas declarações foram dadas por sua mãe? Os jornais estão à procura de sensacionalismo. Infelizmente, há uma parte da imprensa que lida com essas coisas... essa espécie de matéria desagradável. Só o escândalo tem valor para esse tipo de jornal. Não é toda a imprensa... reconheça. Você se recorda que Cyro foi vítima de uma campanha igual. E veja as declarações... são também de Otto Muller. Isto já é um voto de descrédito na validade de qualquer reportagem.

INÊS  -  Dr. Ricardo tem razão, Leandro. Não faça juízo precipitado à primeira vista. A gente tem de saber das coisas antes de tudo. Ter certeza se Dona Naná disse mesmo isso.

BABY  -  Diz aqui que ela vai embargar a posse dos bens que doei aos meus companheiros....

INÊS  -  Não acredite, Leandro!Ela não está pensando em fazer isso, te garanto!

CORTA PARA:
Pé-na-Cova (Antonio Pitanga), Das Dores (Ruth de Souza) e Cesário (Carlos Eduardo Dolabella)

CENA 4  -  VILA DOS PESCADORES  -  CHOUPANA DE CYRO  -  INTERIOR  -  DIA

CYRO  -  Está mais calma?

NANÁ  -  Estou.

NANÁ AINDA NÃO SE RECUPERARA DO ABALO QUE A NOTÍCIA HAVIA LHE PRODUZIDO. E PROCURARA CYRO VALDEZ PARA SER O PORTADOR DE TODA A VERDADE AO FILHO.

NANÁ  -  Vou esperar que ele me procure. E se for necessário... eu estarei disposta a dar minha autorização em qualquer momento que necessitar.

CYRO  -  (apertando-lhe as mãos) Eu direi a ele, sim.

NANÁ  -  (visivelmente emocionada, os olhos lacrimosos) Só quero... que ele me procure. Que ele mesmo me peça isso. Não é por nada... é um prazer que eu quero ter... de ajudar a meu filho... pessoalmente, de alguma forma.

CYRO  -  Vá tranquila, eu direi.

CORTA PARA:

CENA 5  -  PORTO AZUL  -  CABARÉ  -  INTERIOR  -  NOITE

O MOVIMENTO NO CABARÉ ERA INTENSO ÀQIELA HORA, QUANDO A TARDE CAÍA SOBRE PORTO AZUL. VÁRIOS CARROS DE REPORTAGEM ESTAVAM ESTACIONADOS DE UM LADO E OUTRO DA RUA LARGA, SOMBREADA PELOS ARVOREDOS.

DEBRUÇADO NO BALCÃO, CESÁRIO BEBIA SÔFREGAMENTE, ENQUANTO OS REPÓRTERES ASSEDIAVAM A DONA DO CABARÉ.

REPÓRTER 1  -  Uma palavra para o Jornal da Tarde, Dona Naná. A senhora é mesmo a mãe de Baby Liberato?

REPÓRTER  -  2  -  Vai reclamar a herança na Justiça?

REPÓRTER 1  -  Há quanto tempo estava ausente?

REPÓRTER  3  -  Que pretende fazer com tanto dinheiro?

REPÓRTER  2  -  Vai montar uma rede de cabarés?

REPÓRTER  1  -  Onde morou durante todo esse tempo?

REPÓRTER  2  -  Qual é o seu nome verdadeiro?

REPÓRTER 3  -  Onde es...

NANÁ  -  (explodiu, enfurecida, face vermelha, olhos arregalados) Chega! Eu não vou reclamar nada... não vou montar prostíbulos... nem chamar vagabundas para trabalhar comigo. Nada. Por que não me deixam em paz?Eu não tenho nada a dizer. E agora, sumam todos daqui! Sumam!

COM ENERGIA, NANÁ FOI EMPURRANDO OS JORNALISTAS PARA FORA DO ESTABELECIMENTO. OS FOTÓGRAFOS BATIAM CHAPAS APROVEITANDO O INCIDENTE QUE FARIA, COM CERTEZA, A MANCHETE DO DIA SEGUINTE. VENDA GARANTIDA DE TODA A EDIÇÃO.

CESÁRIO PERCEBEU A PRESENÇA DE COICE DE MULA AO SEU LADO E COMPLETOU A DOSE QUE IA PELA METADE.

CESÁRIO  -  Ahhh!

COICE DE MULA  -  Que é que foi, rapaz?

CESÁRIO  -  Estava te esperando. Preciso de você, meu amigão (e apertou o braço musculoso do capataz das minas) Você é ou não é meu amigão?

VALTER CARPINELLI PENSOU UM POUCO, ANTES DE RESPONDER. NÃO ATINAVA COM AS RAZÕES QUE TINHAM LEVADO CESÁRIO A CHAMÁ-LO E A SE MOSTRAR TÃO ESQUISITO.

COICE DE MULA  -  Sou, sou... mas quero saber que bicho te mordeu. Dizem que tu anda fazendo bobagens por aí...

CESÁRIO ARREGALOU OS OLHOS COMO SE VISSE UM FANTASMA. MOVEU A CABEÇA EM CÍRCULO POR TODO O RECINTO DO CABARÉ.

CESÁRIO  -  Válter... ela... aquela mulher anda me perseguindo!

COICE DE MULA  -  (em voz baixa) Quem?

CESÁRIO  -  Júlia! (Carpinelli espantou-se) Anda atrás de mim o tempo todo! Conhece meus passos, onde eu vou, ela está atrás! Aqui mesmo... ela deve estar por aí, me vigiando. Ali... ali está ela, Válter! (esticou o dedo, apontando um ponto na junção de duas paredes. Coice de Mula olhou. Não havia nada) Manda essa mulher embora daqui. Ela quer me matar, Válter! Quer me matar da mesma forma como morreu!

COICE DE MULA  -  Você está sofrendo da bola! Vamos sair daqui!

FIM DO CAPÍTULO 103

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O HOMEM QUE DEVE MORRER - Capítulo 102

Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 102

Participam deste capítulo

Ester  -  Gloria Menezes
Cyro  -  Tarcisio Meira
Otto  -  Jardel Filho
Paulus  -  Emiliano Queiroz
Catarina  -  Lidia Mattos
Comendador Liberato  -   Macedo Netto
Orjana  -  Neusa Amaral
Von Muller  -  Jorge Cherques
Delegado  -  Vinicius Salvatori
Ricardo  -  Edney Giovenazzi


CENA 1  -  PORTO AZUL  -  PREFEITURA  -  GABINETE DE OTTO  -  INTERIOR  -  DIA

WERNER VON MULLER EXPLICAVA AO FILHO SEU NOVO E DIABÓLICO PLANO. OTTO OUVIA, ATENTO.

VON MULLER  -  Repito... é preciso usarr de estratégia parra... agarrarr esse homem. Ninguém quererr ouvirr velho Werner. A policia põe mãos nele, simplesmente... como um prisioneiro comum. Ele não serr um homem comum...

CORTA PARA:

CENA 2  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  SALA  -  INTERIOR  -  NOITE

O COMENDADOR LIBERATO ACABARA DE CONVERSAR COM A IRMÃ, AMBOS AFOGUEADOS PELAS DISCUSSÕES, MAS UNIDOS AINDA ASSIM PELA FORÇA DO SANGUE.

CATARINA  -  (dirigindo-se ao filho) Seu tio está cansado e quer dormir, Otto.

COMENDADOR  -  (com as pernas trôpegas) Realmente, estou cansado. Mas gostei de saber que não conseguiram agarrar Cyro Valdez.

AMBOS AFASTARAM-SE ENQUANTO PAULUS SE JUNTAVA AOS DOIS HOMENS.

OTTO  -  Aquele imbecil do delegado não tem um plano em mente?

PAULUS  -  (ajeitando os óculos) Creio que temos de ajudá-lo, Otto.

CATARINA RETORNOU DOS APOSENTOS  SUPERIORES DA MANSÃO E DIRIGIU-SE AO GRUPO.

CATARINA  -  Agora vocês podem me dizer por que me fizeram convidar meu irmão  a vir passar uma temporada comigo? Confesso que não entendi nada até agora.

VON MULLER  -  Non disse a ela, Otto?

OTTO  -  Não, papi. Ainda não falei da verdadeira causa que nos obriga a ter esse verme aqui.

CATARINA  -  Pois falem.

PAULUS  -  Precisamos que a senhora nos consiga as cartas de Elisa, Dona Catarina.

CATARINA  -  As cartas? Mas como?!

PAULUS  -  Sabemos que o Comendador a conserva junto dos seus objetos particulares.

CATARINA  -  As cartas... que provam a traição de Elisa?

OTTO  -  Exatamente. As cartas que provam a traição de Elisa ou Naná... que é a mesma coisa.

CATARINA  -  Mas... para quê?

OTTO  -  Consiga as cartas e verá a utilidade delas, mamãe. Não aceito recusa. Vá hoje mesmo ao quarto de titio Liberato quando ele estiver dormindo... sei que ele toma sedativos muito fortes... Aí será fácil para a senhora.

CATARINA  -  (voltou-se para Von Muller, o ex-marido) Isto é plano seu, não é, Von Muller?

VON MULLER  -  (balançou a cabeça afirmativamente) Eu estarr apenas ajudando meu filho.

CATARINA  -  Queira Deus que esteja mesmo.

E RETORNOU AOS SEUS APOSENTOS NO ANDAR SUPERIOR DA MANSÃO.

CORTA PARA:

CENA 3  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  CORREDOR  -  INTERIOR  -  NOITE

ERA MADRUGADA E O SILENCIO IMPUNHA UM QUÊ DE MISTÉRIO AO VULTO QUE SE DESLOCAVA MACIAMENTE PELO CORREDOR. FRENTE À PORTA DO QUARTO DO COMENDADOR, CATARINA PAROU E GIROU A MAÇANETA. COMO ESPERAVA, O VELHO NÃO FECHARA O APOSENTO A CHAVE. A PORTA SE ABRIU LENTAMENTE E A MULHER ENTROU COMO UM GATO LADRÃO. VIU A UM CANTO, PRÓXIMO À CAMA, A MALA DE VIAGEM DO COMENDADOR QUE RESSONAVA, DESLIGADO DO MUNDO. CATARINA CONHECIA O CÔMODO E DESLIZOU POR SOBRE O TAPETE ONDE ESTAVA A MALA. PREMIU A FECHADURA E DEBAIXO DE UM LIVRO POLICIAL NOTOU O PEQUENO MAÇO DE CARTAS AMARELADAS PELO TEMPO. IMEDIATAMENTE TROCOU-O POR UM OUTRO QUE TROUXERA PARA ESSE FIM. RETIROU A FITA E ENVOLVEU O MAÇO DE CARTAS FALSAS. SEM SE MOVER, OLHOU O IRMÃO, QUE SE MEXERA NA CAMA. NÃO HAVIA PERIGO. LIBERATO DORMIA PROFUNDAMENTE.

CORTA PARA:

CENA 4  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  QUARTO DE OTTO  -  INTERIOR  -  NOITE

OTTO VIU A MÃE ENTRAR EM SEU QUARTO PÁLIDA, OFEGANTE.

OTTO  -  Conseguiu?

CATARINA  -  Acho que sim! Uff! Não sei se me enganei. Não sei se este maço é o que você queria, mas retirei isto da mala de meu irmão.

OTTO  -  (enérgico) Me dê, rápido!

CATARINA ENTREGOU O MAÇO DE PAPÉIS E DIRIGIU O FOCO DE LUZ DO ABAJUR PARA O COLO DO FILHO. OTTO COMEÇOU A LER.

OTTO  -  Ahn! São sim... as cartas de titia Elisa! Aqui está a prova de que Baby não é filho de titio! Que bom! Aqueles vagabundos não querem entregar Cyro Valdez... eu vou cercá-los por todos os lados! Eles me pagam! Aí, mamãe! Você é um anjo! Sente-se aqui e cante uma canção de embalar para mim...

COMO UMA CRIANÇA MIMADA, OTTO ESTICOU-SE NA CAMA, DESCANSANDO A CABEÇA NO COLO DA MÃE. CATARINA ALISOU-LHE A TESTA E CANTOU BAIXINHO A HISTÓRIA DO BOI DA CARA PRETA...

CORTA PARA:
Orjana (Neusa Amaral) e Prof. Valdez (Enio Santos)
CENA 5  -  PORTO AZUL  -  PREFEITURA  -  GABINETE DE OTTO  -  INTERIOR  -  DIA

DEPOIS DAS ACUSAÇÕES QUE LHE FORAM IMPUTADAS NO CASO DA MORTE DA MULHER DE TAVARES, TODA A CLASSE MÉDICA DA REGIÃO SE COLOCARA EM POSIÇÃO CONTRÁRIA À DE CYRO  VALDEZ. TORCIAM PELA CASSAÇÃO DE SEU DIPLOMA OU OUTRA QUALQUER PUNIÇÃO QUE O IMPEDISSE DE CLINICAR. E ERA O QUE ESTAVA ACONTECENDO. ANTES MESMO DE EXAMINAR O VOLUMOSO DOSSIÊ DO PROCESSO, O CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DESAUTORIZOU CYRO VALDEZ A EXERCER SUA PROFISSÃO NO ESTADO.

E O DELEGADO MOREIRA CORREU A COMUNICAR O FATO AO PREFEITO OTTO MULLER.

OTTO  -  Ah... muito bem! Até que enfim! As coisas estão caminhando no rumo certo! Quer dizer que o Dr. Cyro Valdez está proibido de clinicar, temporariamente? Ótimo!

PAULUS  -  (com o documento na mão) Ele já foi informado?

DELEGADO  -  Entreguei a notificação ao Dr. Ricardo. Com certeza a fará chegar hoje mesmo às mãos do fugitivo.

PAULUS  -  Por que não segue o Dr. Ricardo para agarrar Cyro de uma vez?

DELEGADO  -  Primeiro porque eles não são tão ingênuos a ponto de permitirem a localização do esconderijo, e segundo porque não posso dar batidas diárias na colônia dos pescadores. Eles o esconderiam em questão de segundos.

PAULUS  -  (aborrecido) Então o senhor confessa sua incapacidade de agarrá-lo?

DELEGADO  -  Lá dentro não existe possibilidade de botar a mão no homem (afirmou, com calma controlada) Fora, sim. Estava planejando mandar chamá-lo, como que para atender um doente... e prendê-lo de emboscada. Mas... diante dessa proibição, agora me parece inútil...

OTTO  -  Não, não será inútil... Ponha em prática o plano. Estou certo de que o Dr. Cyro Valdez não obedecerá à ordem do Conselho. Conheço muito bem aquele homem...

DELEGADO  -  Acham que devo executar a ideia?

OTTO  -  Imediatamente!

CORTA PARA:

CENA 6  -  VILA DOS PESCADORES  -  CHOUPANA DE CYRO  -  INTERIOR  -  DIA

CYRO RASGOU A NOTIFICAÇÃO QUE O ENGENHEIRO LHE ENTREGOU.

CYRO  -  Isto para mim não tem o mínimo valor. Um homem injustamente perseguido não necessita autorozação para dirigir sua vida.

RICARDO  -  Pode trazer sérias consequências, inclusive o fechamento de seu hospital, aqui na Colônia...

CYRO  -  Vou conseguir que um colega assuma o meu lugar, aqui. Não quero que essa gente fique prejudicada. Eu continuarei curando e só Deus pode me impedir de continuar. E ele ainda não me mandou parar.

CORTA PARA:

CENA 7  -  CASA DE ESTER  -  SALA -  INTERIOR  -  DIA

ESTER PROCURAVA NÃO ACREDITAR NO QUE A MÃE DE CYRO ESTAVA LHE DIZENDO. SENTIA QUE ELE NÃO IRIA ACATAR A DECISÃO DO CONSELHO. ERA, ACIMA DE TUDO, UM MÉDICO.

ESTER  -  É uma decisão temporária, Dona Orjana, até que o caso dele seja decidido na Justiça.

ORJANA  -  E até lá, o que vai acontecer?

ESTER  -  Eu não sei. Já me desliguei definitivamente da promotoria. Depois do pedido de prisão de Cyro, eu não podia mais continuar. Não me sentia bem. Estava seguindo um caminho errado. Agora sei que cometi muitos erros depois que meu filho morreu. Eu me desorientei (juntou as mãos contra as faces, desesperada) Meu Deus, eu não aguento mais!

ORJANA  -  Não sabia que você tinha se desligado.

ESTER  -  Pedi ontem exoneração do cargo. Vou me dedicar a cuidar de crianças. Não tenho outro objetivo na vida. Creio que é a única solução mais digna... e que vai me trazer um pouco de tranquilidade. Tenho procurado caminho às tontas. Só cometi enganos, enganos... e não fiz nada, nada em meu benefício.

ORJANA  -  Eu só vejo uma solução: você voltar para meu filho. Ele a ama, apesar de tudo.

ESTER  -  Não. Não é a solução que procuro. A satisfação do meu egoísmo, da minha paixão... não é isso. Vou viver para as crianças... só. Mais nada. Não vou me casar com ninguém... renuncio a qualquer sentimento que satisfaça minha vaidade. Não procuro mais conforto para mim. Essa criança que vou adotar, Takau, veio me abrir os olhos para muita coisa...

ORJANA  -  Eu compreendo, Ester...

ESTER  -  (pegou-lhe as mãos) Desejo sinceramente que não aconteça o pior ao seu filho. E... pode acreditar... nunca o amei tanto quanto o amo hoje.

ORJANA  -  Posso dizer isso a ele?

ESTER  -  Não. Não vai acrescentar nada. Deixe as coisas como estão. É melhor!

FIM DO CAPÍTULO 102