Novela de Toni Figueira
Inspirada na obra de Dias Gomes
http://youtu.be/zIuryHGvAVc
CAPÍTULO 43
Personagens deste capítulo:
HELÔ
VÍTOR
MARISA
KONSTANTÓPULUS
RENATÃO
DETETIVE JONAS
DELEGADO FONTOURA
VERINHA
ARAKEN
MANOLO
RICARDINHO
MARIO MALUCO
CENA 1 -
BOATE DO DIABO - INT. - NOITE.
Continuação imediata da última cena do capítulo
anterior.
MESMO
ATORDOADO, VÍTOR RECONHECEU A VOZ DE RICARDINHO POR TRÁS DA MÁSCARA, E PERCEBEU
SUA JOGADA MALDOSA LIGANDO PARA HELÔ. NUM ÁTIMO, AVANÇOU PARA ELE E DEU-LHE UM
TREMENDO SOCO NO ROSTO, ATIRANDO-O LONGE.
VÍTOR
- Patife! Canalha!
RICARDINHO
CAIU. LEVANTOU-SE, PREPARANDO-SE PARA REVIDAR, MAS NÃO FOI NECESSÁRIO. VÍTOR
CAMBALEOU, SOB O EFEITO DA DROGA E CAIU PESADAMENTE NO CHÃO DA BOATE,
DESACORDADO.
RICARDINHO - Fica
aí, lambendo o chão, padreco idiota! (acenou para os presentes) Bom, pessoal,
vou meter o pé! Vem comigo, Mario?
MARIO MALUCO - Tamo
junto, mano!
CORTA PARA:
CENA
2 - APARTAMENTO DE JUREMA -
SALA - INT.
- NOITE.
ERA
MADRUGADA QUANDO RICARDINHO E MARIO MALUCO RETORNARAM AO APARTAMENTO DE JUREMA.
MARIO MALUCO - Mas
por que é que ele anda atrás dessa tal Lucrécia?
RICARDINHO - Sei lá. Eu acho que não existe Lucrécia
nenhuma. Esse foi o apelido que Nívea botou em Helô, por causa do jeito dela,
meio doidona, querendo mandar em todo mundo.
MARIO MALUCO - Boa,
essa é boa. Ele tá procurando uma mulher que é a mulher dele.
OS DOIS
RIRAM.
MARIO MALUCO -
(parou de súbito) Mas escuta,
será que não aconteceu nada com ele? Parecia morto, quando a gente saiu da
boate.
RICARDINHO - Tava
não. É que ele é frouxo. Muito frouxo.
MARIO MALUCO -
(lembrou a briga) Mas te acertou um direito que vou te contar! Mesmo
bêbado, ele é fogo!
RICARDINHO - (passou a mão no rosto machucado) É, o padreco pega bem, às vezes (olhou-se num
espelho) Tou preocupado não é com isso,
mas em descobrir por que ele quer saber quem é Lucrécia. Manolo, o garçom lá do
Castelinho, me disse que ele andou fazendo umas perguntas. Mas vai entrar bem,
olha o que tou te dizendo!
CORTA PARA;
CENA 3 -
BOATE DO DIABO - INT.
- NOITE.
HELÔ ENTROU
NA BOATE, AFLITA, E FOI LEVADA POR UM MASCARADO, À PRESENÇA DO MARIDO, QUE
PERMANECIA DESACORDADO, DEBRUÇADO A UMA MESA NUM CANTO ESCURO DA BOATE.
AUXILIADA
PELO MASCARADO, SAIU COM VÍTOR DO INFERNINHO, ARRASTANDO-O COM DIFICULDADE, APOIADO
PELOS OMBROS.
CORTA PARA:
CENA 4 -
APARTAMENTO DE HELÔ - QUARTO -
INT. - DIA.
NO DIA
SEGUINTE, VÍTOR ABRIU OS OLHOS, AINDA ATORDOADO. PROCUROU HELÔ NA CAMA, MAS SEU
LADO ESTAVA VAZIO.
VÍTOR
- Que dor de cabeça... o que
aconteceu? Helô!
HELÔ ENTROU
NO QUARTO, JÁ ARRUMADA.
HELÔ
- (falou com frieza) Tome um banho e vista-se. Precisamos ter uma
conversa.
CORTA PARA:
CENA
5 - APARTAMENTO DE HELÔ - SALA
DE JANTAR - INT.
- DIA
ENQUANTO
TOMAVAM O CAFÉ DA MANHÃ, CONVERSAVAM.
HELÔ
- Se tivesse me perguntado quem é
Lucrécia, teria nos poupado do vexame de ontem à noite!
VÍTOR
- Desculpe... eu não podia
imaginar... Você sabe quem é Lucrécia?
HELÔ - Você está diante dela! Sou eu!
VÍTOR
- (se assustou com a declaração
de Helô) Você é Lucrécia!
HELÔ SACUDIU
A CABEÇA, AFIRMATIVAMENTE.
HELÔ
- Eu também não entendo porque
você não consegue se libertar de Nívea. Ao menos em respeito a mim, você devia
fazer um esforço. Afinal, é muito chato casar com um homem e ver que ele
continua amarrado a outra mulher, embora essa mulher já tenha morrido.
VÍTOR BAIXOU
A CABEÇA.
VÍTOR
- Helô, eu não continuo preso a Nívea
do jeito que você imagina. Mas sim, ao que aconteceu a ela. Todos nós ainda
estamos presos a isso e não há maneira de nos libertarmos, enquanto tudo não
for esclarecido.
HELÔ
- (deu de ombros e respondeu,
pensativa) Mas não cabe a mim, nem a você, esclarecer nada!
VÍTOR
- Disso é que eu discordo. Não é
por Nívea, é por nós mesmos.
HELÔ
- Nívea, Nívea... Tou cheia de
ouvir esse nome! (gritou, e antes que Vítor pudesse dizer alguma coisa, saiu
abruptamente da sala de jantar).
VÍTOR
LEVANTOU-SE E FOI ATRÁS DELA.
CENA
6 - APARTAMENTO DE HELÔ -
SALA - INT.
- DIA.
VÍTOR
- Helô, você me desculpe. Mas
isso é muito importante para nós, acredite. Nossa felicidade agora depende
disso também!
HELÔ
- (ergueu os olhos e perguntou,
sarcásticamente) De quê?
VÍTOR
- De suplantarmos todos esses
problemas. Para isso, é preciso não fugirmos deles, mas sim, olharmos tudo de
frente, ter a consciência tranquila. Apenas, no momento, só estou querendo que
você me explique por que disse que é Lucrécia.
HELÔ RIU.
HELÔ - Não há nenhuma Lúcrécia. Isso era uma
brincadeira que Nívea gostava de fazer e me irritava muito. Quando nós
brigávamos, ela me chamava de Lucrécia Bórgia. Justamente porque sabia que eu
não gostava!
CORTA PARA:
CENA 7 -
DELEGACIA - SALA DO DELEGADO FONTOURA -
INT. - DIA.
FONTOURA LIA
UM JORNAL. VISÌVELMENTE NERVOSO. ATIROU-O SOBRE A MESA. LEVANTOU-SE E
DIRIGIU-SE A JONAS, QUE ENTRAVA NA SALA:
DELEGADO FONTOURA - Jurema
continua a se dizer inocente. E aquele tal de Araken Teixeira resolveu agora
fazer com ela o mesmo que fez com Nívea Louzada: de ré, Jurema passou a ser
vítima. Vítima da Polícia. De mim.
O DETETIVE
DISSE QUALQUER COISA. FONTOURA NÃO OUVIU. ESTAVA PERDIDO NAS PRÓPRIAS IDÉIAS.
DELEGADO FONTOURA -
Escute, Jonas, você está mesmo convencido de que foi ela?
DETETIVE JONAS - Estou.
DELEGADO FONTOURA - Pois
olhe, vou lhe confessar uma coisa: não estou mais. Estive revendo o processo, e
quando terminei, estava em dúvida. E esta dúvida está mexendo com meus nervos!
Justamente porque nós sabemos como a confissão foi obtida. Agora, há outros
indícios, como por exemplo a declaração do garçom de que a vítima estava com
uma moça morena, de olhos grandes, minutos antes do crime. (e súbito) Espera
aí... Verinha, minha filha, era amiga de Nívea... é morena e tem olhos
grandes...
DETETIVE JONAS - Verinha?
Será...
DELEGADO FONTOURA -
(cortou, levantando-se) Eu poderia ligar pra ela e perguntar... mas acho
melhor fazer isso pessoalmente. Jonas, vou até minha casa!
CORTA PARA:
CENA
8 - APARTAMENTO DO DELEGADO FONTOURA - SALA
- INT.
- DIA.
VERINHA -
(negou) Não. Não era eu.
DELEGADO FONTOURA -
Filha, por favor, tente se lembrar de alguma coisa... É muito
importante. Você viu ou falou com Nívea naquela noite?
VERINHA - Não,
meu pai. Não vi nem falei com Nívea. Naquela noite fui ao cinema com Lauro
Lemos. Me lembro até do filme. “Qualquer Gato Viralata”, com Cléo Pires. Depois
a gente encontrou Nelson Mota no Jangadeiros. Dali fomos para o Castelinho. Era
mais ou menos uma hora. Porém Nívea não estava lá. Pelo menos eu não vi.
CORTA PARA:
CENA 9 -
APARTAMENTO DE RENATÃO - SALA
- INT. - NOITE.
“ALELUIA,
ALELUIA”. KONSTANTÓPULUS ABRIU A PORTA. ERA MARISA.
MARISA -
(sorriu, amável) Boa noite. Eu gostaria de falar com Renatão.
O MORDOMO
OLHOU-A, DESCONFIADO. MOSTROU-LHE A POLTRONA E FOI CHAMAR O PATRÃO.
RENATÃO -
(entrando na sala, surpreso) Madame X! Quis dizer... Marisa... você!
MARISA -
Surpreso, Renato? E olhe, não precisa ficar embaraçado... eu sei que
você me chama de Madame X. Não ligo. (olhou para o mordomo) Podemos conversar
em particular?
RENATÃO -
(desconfiado) Claro... claro. Vamos pro ateliê.
CORTA PARA:
CENA 10 -
APARTAMENTO DE RENATÃO - ATELIÊ
- INT. - NOITE.
RENATÃO -
Pronto. Diga o que quer.
MARISA
APROXIMOU-SE E OLHOU-O DOS PÉS À CABEÇA, COM AR SEDUTOR.
MARISA - Você
continua bonitão, Renato. O tempo foi generoso com você. Ficou ainda mais
interessante... se é que isso é possível!
RENATÃO -
(seco) Fale de uma vez, Marisa. O que quer? O que tá planejando desta
vez, pra tirar Carlinha de mim?
MARISA -
(ofendida) Meu Deus, que imagem
terrível você faz de mim! Vim de coração aberto, desarmada, e você me trata
assim! (acariciou-lhe o rosto) Relaxa, Renato... Sabe, estive pensando muito em
tudo o que aconteceu... Não quero continuar essa guerra com você. Afinal, somos
os pais de Carlinha. Você sabe, esses laços são para toda a vida. Não é bom
para a menina ser criada assim, com os pais brigando, se odiando...
RENATÃO - Ok,
diga que não vai mais tentar tirar Carlinha de mim e que vai voltar pra Europa
pra sempre. Só assim poderemos ser os melhores amigos deste mundo!
MARISA - Pare
de me agredir, Renato! Vim aqui com a melhor das intenções! Eu... eu preciso da
sua ajuda!
RENATÃO - Pra
quê?
MARISA - Meu
marido, o armador sueco, está no Brasil à minha procura. Quer me levar pra
Europa, mas não quero voltar agora. Renato... posso ficar uns dias aqui,
escondida na sua casa?
RENATÃO -
Aqui?!
MARISA - Por
que esse espanto? Vai ser bom. Quem sabe a gente não descobre outro jeito de
resolver o problema da nossa filha?
RENATÃO - O...
o que você quer dizer com isso?
MARISA -
(fitou-o nos olhos, com ardor) Quem sabe a gente não precise mais
escolher com quem nossa filha vai ficar...
RENATÃO - (com
ironia) Ficou louca? Olha, se eu puder ajudar esse tal armador a levar você pra
sempre e o mais depressa possível, ele pode contar comigo! Nada feito, Madame
X! Não perca seu tempo! E quer um
conselho? Volte pra sua vidinha de dondoca na Europa, porque não vai levar a Carlinha
com você. Ainda mais, depois do vexame daquela bebedeira e da sua prisão!...
MARISA -
(lívida) Que você armou contra mim! Que golpe baixo, hem, Renatão!
RENATÃO -
Agora, se me dá licença, tenho uma coisa importantíssima pra fazer: vou
à praia!
MARISA
TREMIA DE RAIVA.
MARISA -
Cafajeste! Nunca fui tão humilhada! Você me paga, Renatão! Isso não vai
ficar assim!
MARISA
DEU-LHE AS COSTAS E SAIU.
RENATÃO - Ora,
mas vejam só... Madame X veio me passar uma cantada!... Era só o que faltava!!
CORTA PARA:
CENA 11 - CASTELINHO
- INT.
- NOITE.
VÍTOR E HELÔ
ENTRARAM NO BAR, DE MÃOS DADAS. VÍTOR OLHOU EM VOLTA E AVISTOU MANOLO, O
GARÇOM. PROCUROU UMA MESA EM QUE PUDESSEM SER SERVIDOS POR ELE.
HELÔ
- Gostei do convite pra jantar.
Adoro o Castelinho. Vinha muito aqui com Nív... com meus amigos.
VÍTOR
- Que bom que gostou! Tudo pra
ver minha linda esposa feliz!
VÍTOR
CONVIDOU HELÔ PARA IR AO CASTELINHO PARA QUE O GARÇOM A VISSE. SEM QUE ELA SE
APERCEBESSE, É CLARO. MAS FOI EM VÃO. SE ELE A RECONHECEU COMO A MOÇA MORENA,
DE OLHOS GRANDES, QUE ALI ESTIVERA COM NÍVEA, ANTES DO CRIME, DE MODO ALGUM O
DEMONSTROU.
MANOLO - Boa
noite. Em que posso servi-los?
VÍTOR
- (olhou para Helô) O que vai
beber, amor?
HELÔ
- Traga a carta de vinhos, por
favor!
CORTA PARA:
CENA
12 - APARTAMENTO DE HELÔ -
INT. - NOITE.
MEIA HORA
DEPOIS DE CHEGAREM EM CASA, ARAKEN LIGOU PARA O CELULAR DE VÍTOR PEDINDO-LHE
PARA RETORNAR AO CASTELINHO, COM URGÊNCIA.
HELÔ
- Quem era?
VÍTOR
- (embaraçado) Era... seu Emiliano.
Pediu para falar comigo, agora.
HELÔ
- Agora, amor? Por que tanta
urgência? Aconteceu alguma coisa com ele ou D. Marieta?
VÍTOR
- Não sei. Ele não disse. Só
pediu que eu fosse até a casa deles o mais rápido possível.
HELÔ
- Que estranho...
VÍTOR
- (beijou-a no rosto) Não demoro.
Prometo.
VÍTOR SAIU. HELÔ
DEIXOU-SE CAIR NO SOFÁ, PENSATIVA.
CORTA PARA:
CENA
13 - CASTELINHO
- INT. -
NOITE.
MEIA HORA
DEPOIS, VÍTOR ESTAVA DIANTE DO JORNALISTA.
VÍTOR
- Olá, Araken! O que tem de tão
urgente pra falar comigo?
ARAKEN - (chamou) Manolo! (o garçom aproximou-se) Diga
a ele, Manolo, quem era a moça que estava com Nívea na noite do crime.
VÍTOR
ENCAROU OS DOIS, ATORDOADO.
MANOLO -
(respondeu, olhando para Vítor) Era aquela que veio hoje aqui com o
senhor!
FIM DO CAPÍTULO 43
Babi (Sandra Bréa)
e no próximo capítulo...
*** Araken Teixeira, cada vez mais convencido de que Helô tem algo a ver com o assassinato de Nívea, atrai Vítor ao Castelinho e provoca uma briga entre o casal.
*** Helô tem outra crise nervosa, sai com o carro em disparada e atropela Leopoldo Reis, o pai de Ricardinho!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 44 DE
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