terça-feira, 10 de junho de 2014

O HOMEM QUE DEVE MORRER - Capítulo 17


Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 17

Participam deste capítulo

Ester  -  Gloria Menezes
Cyro Valdez  -  Tarcísio Meira
Comendador Liberato  -  Macedo Neto
Zoraida  -  Jurema Penna
Beth Santiago  -  Tania Scher
Baby  -  Claudio Cavalcanti
Inês  -  Betty Faria
Otto Muller  -  Jardel Filho
Paulus  -  Emiliano Queiroz
Orjana  -  Neusa Amaral
Ivanzinho  -  Rogerio Pitanga

CENA 1  -  PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO  -  SALA  -  INTERIOR  -  DIA

ESBAFORIDA, COMO QUE FUGINDO DE MIL DEMÔNIOS, A MULHER BATEU À PORTA DO PALACETE E ENTROU, MESMO SEM SER CONVIDADA PELA GOVERNANTA ZORAIDA.

BETH  -  Cadê aquele cretino? Vá chamar aquele vigarista agora!

ZORAIDA  -  Minha senhora, de quem a senhora está falando? O que é isso?

BETH  -  Não interessa; ele sabe muito bem quem eu sou! Vá chamar o Baby agora, eu nem sei do que sou capaz!

ZORAIDA  -  Minha senhora, “seu” Baby está dormindo!

BETH  -  Não me interessa, acorde esse patife que eu quero esfregar esse bilhete na cara dele! Quem ele pensa que eu sou?

ZORAIDA  -  Eu sinto muito, mas não posso fazer isso! Conheço os hábitos do “seu” Baby desde criança. Ele nunca foi de acordar a essa hora, 11 da manhã. Nesta casa não costumamos contrariar os hábitos dos patrões. E se fizer isso, “seu” Baby, sem dúvida, vira bicho!

BETH  -  Eu acho que a senhora não entendeu!

ZORAIDA  -  Não posso fazer isso. Ele deu ordem para só ser acordado à uma hora da tarde.

BETH  -  (Perdeu o controle) Pois... ou ele acorda, ou eu começo a quebrar tudo aqui dentro, até ele acordar! (e sem mais aviso, pegou um vaso de cristal, ameaçando atirá-lo contra o espelho de luxo que decorava a parede do lado oposto à lareira) Vai chamar ele ou não?

ZORAIDA  -  (estremeceu e deu um passo à frente) A senhora tá louca!

ATRAÍDO PELO DIÁLOGO ÁSPERO, O COMENDADOR ENTROU NA SALA, CRUZANDO A LARGA PORTA DE ACESSO ÀS DEPENDENCIAS INTERNAS. ESTAVA PÁLIDO E ANDAVA COM ALGUMA DIFICULDADE.

COMENDADOR LIBERATO  -  Que é isso? Que está acontecendo?

ZORAIDA  -  Essa moça... quer que eu vá acordar Seu Baby!

COMENDADOR LIBERATO  -  (encaminhou-se para a estranha) Quem é a senhora?

BETH  -  Sou Beth Santiago. E o senhor? É o pai desse vigarista?

COMENDADOR LIBERATO  -  Um momento, minha senhora...

BETH  -  Vigarista sim! Me mandou um bilhete rompendo comigo. E, ainda teve a audácia de juntar um cheque 10 mil! Quem ele pensa que eu sou?

COMENDADOR LIBERATO  -  Por quê? A senhora acha pouco? Talvez eu possa aumentar...

BETH INVESTIU FURIOSA CONTRA O VELHO, BUSCANDO ATINGI-LO COM A BOLSA DE COURO.

BETH  -  Seu velho cretino! Me respeite!

ZORAIDA CORREU EM DEFESA DO PATRÃO, ERGUENDO O BRAÇO NO INSTANTE EM QUE A BOLSA IA DESABAR SOBRE O COMENDADOR.

ZORAIDA  -  (gritou, sem medo e com um tom imperioso) Moça! O que é isso? O comendador está doente! Respeite o lar alheio! Ele não pode se aborrecer!

BETH  -  Não pode se aborrecer, mas pode me insultar! Pois olhe aqui... (abriu a bolsa com mãos nervosas, trêmulas, e rasgando o cheque, atirou-o na cara do milionário) Diga ao cretino do seu filho que eu não preciso do dinheiro dele! Nem do seu, seu velho nojento!

SAIU FURIOSA, ENQUANTO O COMENDADOR DESABOU NUMA POLTRONA, COM A MÃO SOBRE O PEITO.

COMENDADOR LIBERATO  -  (pediu à governanta) Traga um copo d’água!

DO ALTO DA ESCADA, BABY, DESCABELADO, SURGIU PARA RECLAMAR:

BABY  -  Que barulheira é essa? Não se pode mais dormir nesta casa?

COMENDADOR LIBERATO  -  (esticado na cadeira, muito pálido e ofegante) Claro... enquanto o “senhor” não mudar de vida... não vai mesmo ser... possível!

BABY DESCEU OS DEGRAUS E SE APROXIMOU DO PAI.

BABY  -  Eu ouvi a voz de Beth... foi ela quem esteve aqui?

COMENDADOR LIBERATO  -  Foi. E quase me agrediu! Rasgou um cheque que você mandou pra ela e jogou na minha cara!

BABY  -  (sorriu) Ela não quis o cheque? Bem... (encolheu os ombros) então o prejuízo foi menor do que eu esperava.

COMENDADOR LIBERATO  -  O prejuízo maior, meu filho, é que essas coisas repercutem mal. Prejudicam a sua reputação. Eu lhe pedi para mudar de vida...

BABY  -  E não é isso que estou fazendo? (acrescentou com leve toque de sarcasmo e ironia) Chutei a Beth pra me livrar dela... Estou no caminho certo da regeneração... e do sacrifício, pela Companhia de Mineração Novo Mundo.

CORTA PARA:
Lia (Arlete Sales), Otto (Jardel Filho) e Ester (Gloria Menezes)

CENA 2  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  RUA  -  EXTERIOR   -   NOITE

O CARRO DE LUXO FREOU COM ESTARDALHAÇO DIANTE DA PORTA DO PALACETE. VÁRIOS AUTOMÓVEIS JÁ SE ENCONTRAVAM ESTACIONADOS SOBRE A CALÇADA, NO QUARTEIRÃO DE RESIDENCIAS RICAS.

BABY ACELEROU A MÁQUINA E DESLIGOU A CHAVE.

INÊS  -  (apontando a mansão iluminada) Que é isso aí?

BABY  -  É a casa do meu primo Otto. Ele está aniversariando hoje. O velho me pediu para passar aqui e dar um abraço nele. Acho melhor você esperar aqui.

INÊS  -  Por quê? Tem vergonha que seu primo te veja comigo?

BABY  -  (pegou-lhe o queixo) Não, meu anjo. É que... eu não vou me demorar. E deve ser muito chato... você vai se chatear...

INÊS  -  Tá! Então vê se não demora. Eu não posso chegar muito tarde em casa. O pai já anda me marcando...

BABY  -  É um minuto.

BEIJOU A MOÇA E ENTROU NA CASA.

CORTA PARA:

CENA 3  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  SALA  -  INTERIOR  -  NOITE

OTTO VEIO AO SEU ENCONTRO.

OTTO  -  Até que enfim vejo você sozinho! Tá sempre muito bem acompanhado.

OS PRIMOS TROCARAM UM ABRAÇO, ENQUANTO BABY LHE FALAVA DA IMPOSSIBILIDADE DO PAI COMPARECER PESSOALMENTE À FESTA.

BABY  -  Ainda não está cem por cento. Mas me pediu para transmitir a você os parabéns pela data. E Lia, como vai?

ERA LIA QUEM SE DIRIGIA ATÉ OS DOIS. OS OLHOS DE BABY DIVISARAM O CASAL QUE AGUARDAVA À ENTRADA DO GRANDE SALÃO.

OTTO  -  Aquele não é o Dr. Cyro Valdez?

BABY  -  Ele mesmo.

OTTO  -  Quem o convidou?

LIA  -  Fui eu. Você não mandou que convidasse algumas personalidades?

A SECRETÁRIA DE OTTO MULLER ADIANTOU-SE PARA RECEPCIONAR O CÉLEBRE CIRURGIÃO E SUA MÃE. OTTO SEGUIU-A, COM UM SORRISO FALSO NOS LÁBIOS.

LIA  -  Boa noite, doutor. É uma agradável surpresa.

CYRO  -  Obrigado. (apresentou Orjana) Minha mãe!

OTTO  -  Muito prazer e parabéns pelo filho que teve. Não importam as circunstâncias...

CYRO FECHOU OS PUNHOS, ENQUANTO ORJANA FECHAVA A CARA, IRRITADA.

LIA  -  (procurou salvar a situação) Entrem, quero apresentá-los a outras pessoas.

O MÉDICO TRAJAVA SMOKING DE CORTE BRITÂNICO. ORJANA VESTIA UM MODELO EM NEGRO, DE FIGURINO FRANCÊS, SIMPLES, COM POUCAS JÓIAS. OS CONVIDADOS, EM GRANDE PARTE, JÁ ERAM CONHECIDOS DO MÉDICO, PESSOAS INFLUENTES DA SOCIEDADE LOCAL. HOMENS DE NEGÓCIOS, TÉCNICOS, E ALTOS DIRIGENTES ESTADUAIS. AS RELAÇÕES DE OTTO MULLER PRIMAVAM PELA QUALIDADE E ARISTOCRACIA.

OTTO  -  (aproximou-se dos dois) Creio que já conhecem todo mundo. Menos meu filho. Vou apresentá-lo. (voltou-se para a escada, onde Ester e o filho desciam a passos lentos) Venha cá, Ivanzinho. Quero lhe apresentar o Dr. Cyro...

O MÉDICO CURVOU-SE E ABRAÇOU O MENINO. SEM DÚVIDA, LEMBRAVA-LHE A FISIONOMIA DE ALGUÉM. POR SOBRE A CABEÇA DO GAROTO, AO FUNDO, A FIGURA EM BRANCO ACABARA DE DESCER A ESCADA. CYRO SENTIU COMO QUE UMA DESCARGA ELÉTRICA PERCORRER-LHE O CORPO. RECONHECERA A MULHER. ELA, TAMBÉM, QUEDARA-SE IMÓVEL, APOIADA AO CORRIMÃO. OS OLHOS TINHAM-SE ENCONTRADO COMO POLOS OPOSTOS DE UM ÍMÃ PODEROSO.

CYRO  -  (perguntou, como um autômato) Ele é... seu filho?

ESTER  -  É. Meu filho.

O LEVE TREMOR NAS MÃOS DO MÉDICO NÃO PASSOU DESPERCEBIDO AO OLHAR PERSPICAZ DO RICO PROPRIETÁRIO DE MINAS DE CARVÃO.

DIRIGIU-SE Á MULHER QUE PERMANECIA PARADA Á SUBIDA DA ESCADARIA DE MÁRMORE.

OTTO  -  Venha cá, Ester. (conduziu-a até os convidados) Conhece o Dr. Cyro Valdez? A senhora mãe do doutor.

ESTER TINHA AS MÃOS FRIAS E AS NARINAS DILATADAS, À PROCURA DE AR. DE AR PURO, COM O QUAL PUDESSE RECOMPOR AS FORÇAS QUE A ABANDONAVAM.

ESTER  -  Muito prazer...

OTTO  -  Esperem... (falou com um sorriso sádico) disseram-me que um dia você passou mal e mandou chamar o doutor...

ESTER  -  É... é verdade. O doutor me fez uma visita.

OTTO  -  (com malícia) Por que não disseram logo?

CYRO  -  (tentando dominar a situação) A senhora tem passado bem, desde aquela noite?

ESTER  -  Muito bem. Os remédios que o senhor receitou tiveram efeito imediato.

OTTO  -  (gozando a situação) Não sabia que você sofria do coração... a não ser que tenha pegado de mim. Mas, pelo que sei, as doenças do coração não são contagiosas... (riu da própria piada) não é, doutor? 

CYRO  -  Dona Ester não sofre do coração, propriamente. Ela se assustou sem motivo.

TOMANDO O MENINO PELA MÃO, O MILIONÁRIO LEVOU-O A OUTROS CONVIDADOS. LIA CONVIDOU ORJANA “PARA CONHECER A MÃE DO DR. OTTO”.

LADO A LADO, COMO SE TROCASSEM IDÉIAS SOBRE ASSUNTOS BANAIS, DA SOCIEDADE, CYRO E ESTER NÃO SE FITAVAM.

CYRO  -  Eu poderia esperar tudo, menos encontrá-la aqui.

ESTER  -  (com um sorriso distante) Você não sabia mesmo?

CYRO  -  Juro! Palavra que não!

ESTER  -  Agora... já pode compreender certas coisas.

CYRO  -  Agora... é que eu não compreendo nada!

ESTER  -  Então esqueça (e cumprimentou um casal que acabava de chegar).

CYRO  -  Não posso. Tenho muito que falar com você.

ESTER  -  Não aqui. (retribuía o sorriso disfarçado do rapaz) Você está louco?

CYRO  -  Aonde, então?

ESTER  -  Não sei... acho que em lugar nenhum.

CYRO  -  (pediu) Não diga isso. Eu não vou me conformar com esta resposta.

ESTER  -  Pois vai ter... (percebeu o olhar sinistro do Dr. Paulus, por entre as cabeças que já tomavam o grande salão de festas da residência de Otto Muller). Vai ter que se conformar.

CYRO  -  O que houve entre nós não foi assim, tão sem importância.

ESTER  -  (rogou) Por Deus, pare de falar nisso!

OTTO RETORNOU DO RÁPIDO GIRO PELO SALÃO.

OTTO  -  Você precisa modificar a educação dessa criança. Parece um bicho. E só vive agarrado em sua saia.

OTTO DEU UM PEQUENO CASCUDO, DE BRINCADEIRA, NA CABEÇA DO GAROTO. IVANZINHO BAIXOU A CABEÇA, ENCABULADO, ENQUANTO O ABRAÇAVA SORRIDENTE.

ESTER  -  Eu vou levá-lo para o quarto (disse, visivelmente agastada e com a emoção a anuviar-lhe o espírito) O doutor vai me dar licença... Eu também não estou me sentindo bem.

OTTO  -  (indignou-se com a atitude da ex-esposa) Ester! Você não vai fazer isso! É uma desfeita para comigo e para os nossos convidados.

ESTER  -  Já disse que não estou passando bem. Boa noite!

AFASTOU-SE EM DIREÇÃO À ESCADA.

OTTO  -  Ester! (gritou, enraivecido, esquecendo-se dos convidados) Não repare, doutor! Há mulheres que só estragam tudo!

CYRO  -  Eu acho que Dona Ester deve estar realmente doente...

OTTO  -  Nada, ela fez isso para me irritar. Sempre teve prazer nisso. Mas não vai conseguir estragar meu bom humor. (mudou de assunto) Como vai o tio Liberato?

CYRO  -  Creio que não tem mais nenhum problema (afiançou, com os olhos fixos na mulher que desaparecia na parte superior da mansão) Recuperou-se totalmente.

OTTO  -  Eu soube que o senhor andou visitando nossa mina de carvão.

CYRO  -  É verdade. Por sinal que houve um acidente com um mineiro...

OTTO  -  E o senhor o socorreu...

PAULUS JUNTOU-SE AOS DOIS, DEPOIS DE COCHICHAR ALGUMAS COISAS AO OUVIDO DO PATRÃO. OTTO FRANZIU A TESTA.

CYRO  -  Exatamente. Mas fui forçado a arrombar o posto médico, que estava fechado. E soube que, por causa disso, um mineiro havia sido despedido. E falei com o comendador...

OTTO  -  É... o comendador me telefonou hoje mandando readmiti-lo.

CYRO LEMBROU-SE DO PEDIDO FEITO AO COMENDADOR, DEPOIS DE APRESENTADAS AS RAZÕES DA DEMISSÃO DO MINEIRO. LIBERATO HAVIA ATENDIDO A SEU APELO.

TAMBÉM O SUPERINTENDENTE DA COMPANHIA ATINAVA, AGORA, COM AS RAZÕES, ATÉ ENTÃO SECRETAS, DA ORDEM QUE HAVIA RECEBIDO. AGORA, TUDO SE ESCLARECIA. FÔRA POR INTERFERÊNCIA DO MÉDICO QUE O PRESIDENTE DA COMPANHIA TINHA ORDENADO A READMISSÃO DO MISERÁVEL NEGRO.

CYRO  -  Ainda bem, estava com remorsos de ter sido o causador involuntário dessa demissão. Além do mais, era uma injustiça. O pobre homem não teve a menor participação no caso.

OTTO  -  Disseram-me que ele havia ajudado o senhor.

CYRO  -  Não é verdade. Eu assumo a responsabilidade total do que fiz.

OTTO  -  (em tom de brincadeira, mas com tintas de franqueza) Aliás, o Dr. Paulus, meu advogado, deve classificar o que o senhor fez como violação de propriedade.

CYRO  -  E o senhor acha que eu devia deixar o homem sem socorro, só para respeitar uma porta fechada?

OTTO  -  (cruel) Eu acho que toda porta fechada merece respeito. Senão, que segurança cada um de nós podia ter em suas casas?  Não acha, Dr. Paulus?

PAULUS  -  Claro! Este é o princípio da propriedade privada.

CYRO  -  (com autoridade) Os senhores me desculpem. Mas eu sou um médico. Para mim, acima de tudo está meu dever de curar, de aliviar os sofrimentos físicos dos que precisam. Não há nada mais precioso, nada que mereça maior respeito do que a vida humana. E acho que esse respeito não deve depender da cor da pele.

A REFERÊNCIA À DISCRIMINAÇÃO RACIAL FERIU OS BRIOS DO ORGULHOSO DIRETOR DA MINA. ERA UM DE SEUS PONTOS FRACOS. IA DAR UMA RESPOSTA AO MÉDICO, QUANDO ORJANA SE APROXIMOU DO GRUPO. ELA HAVIA PERCEBIDO AS DIFICULDADES EM QUE SE ENCONTRAVA O FILHO, MESMO À DISTANCIA.

ORJANA  -  (buscava socorrê-lo) Meu filho... que está havendo?

CYRO  -  (tranquilizou-a) Nada, mãe. Eu e o senhor Otto estamos discutindo alguns conceitos filosóficos.

OTTO  -  Seu filho, aliás, tem ideias muito interessantes.


FIM DO CAPÍTULO  17



 ... e na próxima sexta, o 18. capítulo!



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