Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 59
Participam deste
capítulo
Baby -
Claudio Cavalcanti
Cesário -
Carlos Eduardo Dolabela
Delegado -
Vinicus Salvatori
Cyro -
Tarcisio Meira
Otto -
Jardel Filho
Paulus -
Emiliano Queiroz
Lia -
Arlete Sales
Catarina -
Lidia Matos
Conceição - Zeni
Pereira
CENA 1 -
DELEGACIA DE VALONGO - INTERIOR
- DIA
(continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
(continuação imediata da última cena do capítulo anterior)
DELEGADO - Muito bem. Um cara está fazendo chantagem.
Quem é ele? Me diga que eu boto as mãos nele, seu Baby. Tenho nojo desse tipo
de gente!
CESÁRIO CORREU A MÃO PELO PESCOÇO. UM SUOR FRIO CORRIA-LHE
PELO CORPO.
BABY - Cesário também conhece. Ele vinha lhe dizer a
mesma coisa. Não é verdade, Cesário? Nós apostamos... quem chegaria primeiro...
para revelar o nome do bandido. Mas, pensando bem, eu deixo que ele mesmo diga.
Afinal, sou pelo direito. Ele chegou na minha frente!
DELEGADO - (autoritário) Qual é o nome do cara, Cesário?
CESÁRIO EMUDECERA.
BABY - (estimulou-o) Estou mandando, rapaz. Diga o
nome do sujeito que anda explorando o nosso amigo!
CESÁRIO - (cerrou os punhos, tenso) Não é nada disso.
Eu... eu não ia dizer nada. Vamos parar por aqui!
CESÁRIO SAIU APRESSADAMENTE, SEM DAR EXPLICAÇÕES.
DELEGADO - (curioso) Bem... diga então o senhor, seu
Baby.
BABY - Não... deixa pra lá.
DELEGADO - Agora eu quero saber!
BABY - Vamos fazer uma coisa. Eu... vou esperar mais
um pouco. Se o cara continuar a explorar meu amigo, eu venho aqui e lhe digo o
nome dele. Tá OK?
BABY VOLTOU ÁS MINAS ENQUANTO O POLICIAL FICAVA NÃO
ENTENDENDO NADA.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CENA 2 - FLORIANÓPOLIS -
MANSÃO DE OTTO MULLER - HALL - INTERIOR
- DIA
OS CRIADOS POSTAVAM-SE, EM FILA, NO HALL DE ENTRADA, ENQUANTO
OTTO MULLER OS EXAMINAVA E CUMPRIMENTAVA, UM A UM.
CIDA, A GOVERNANTA, CRIADA MAIS IDOSA E QUE VIRA OTTO MENINO,
FALOU EM NOME DO GRUPO.
CIDA - Estamos satisfeitos do patrão ter voltado
bom. Todos nós... sentimos sua falta nestes dois meses.
OTTO - Hum... você é uma empregada muito educada e
amiga. Mamãe... aumente o ordenado dela.
CYRO, QUE O ACOMPANHARA, PARECIA RECONHECER A CARA DO
MOTORISTA. JÁ O VIRA EM ALGUMA PARTE. NÃO AO VOLANTE DO CARRO DE OTTO. TINHA
CERTEZA – PENSAVA.
OTTO - (dirigiu-se a uma jovem loura, com traços
estrangeiros) Você... é nova aqui?
EMPREGADA - (nervosa) Sou, sim, senhor.
OTTO - Quem a empregou?
EMPREGADA - A patroa.
OTTO - Foi você, mamãe?
CATARINA - Foi, meu filho... é uma ótima empregada... Já
trabalhou em casas de grandes famílias, inclusive na dos Antunes Graça.
Deram-me ótimas informações dela.
MAIS ADIANTE, O ALEMÃO PAROU FRENTE A UMA VELHA GORDA, DE
CABELOS BRANCOS.
OTTO - E você, como se chama?
EMPREGADA 2 - Conceição.
OTTO - Quem a trouxe?
CONCEIÇÃO - A patroa, também.
CYRO RECONHECEU, DE PRONTO, A VELHA NEGRA.
OTTO - (sem tirar os olhos da negra) Que é que ela
faz, mãe?
CATARINA - Cozinheira, filho. Da mesma forma, tem ótimas
referencias.
CONCEIÇÃO - O sinhô... vai ficá satisfeito comigo... lhe
prometo. Vou fazê de tudo pra lhe agradá. Eu... eu gosto muito do sinhô... pode
me acreditá, patrão. Gosto muito, mesmo.
A VELHA PEGOU AS MÃOS DE OTTO, BEIJANDO-AS COM CARINHO. ELE
AS RETIROU BRUTALMENTE, EMPURRANDO-A CONTRA O CHÃO.
OTTO - (berrou) Esta mulher está louca! Levem-na
daqui!
LIA - Podem se retirar! Por favor! Voltem aos seus
serviços. O patrão já conhece todos vocês e... agora precisa descansar.
CYRO - (ordenou, enérgico) Levem o Sr. Otto para o
quarto. Já vou ter com ele. Com licença... voltarei em seguida.
CYRO VIRA O CHOFER QUE SE RETIRAVA DISFARÇADAMENTE E CORREU
AO SEU ENCONTRO.
CORTA PARA:
Paulus (Emiliano Queiroz), Cesário (Carlos E. Dolabela) e Mestre Jonas (Gilberto Martilnho), com uma correção ao erro da revista: Mestre Jonas não era vilão. |
CENA 3 -
MANSÃO DE OTTO MULLER - JARDIM
- EXTERIOR - DIA
O HOMEM HAVIA PENETRADO NO JARDIM DA RESIDENCIA, MAS CYRO NÃO
O PERDERA DE VISTA.
CYRO - (gritou) Espera aí, rapaz. Quero falar com
você!
O MOTORISTA DOBROU UMA DAS ALAS DO PRÉDIO E CORREU PARA O
FUNDO DO QUINTAL.
CYRO - (continuava na
perseguição, gritando como um alucinado) Não adianta você fugir. Eu te agarro!
Eu sei que foi você quem tentou me matar naquela noite. Está me ouvindo? Sei
que foi você!
NUMA DAS CURVAS, CYRO AVISTOU OS PÉS DE UM HOMEM, POR TRÁS DE
UNS ARBUSTOS. CAMINHOU PÉ-ANTE-PÉ E AFASTOU O MATO.
O ROSTO DO DR. PAULUS APARECEU, POR ENTRE A FOLHAGEM.
PAULUS - Falando sozinho, Dr. Cyro?
CYRO - Sabe que não, meu caro. Estou seguindo o
homem que atentou contra a minha vida, em frente à casa de Ester. O senhor pode
me dizer onde o escondeu?
PAULUS - (não se zangou) Que é isso, Dr. Cyro? Não
estou entendendo suas palavras... eu não escondi ninguém. Cheguei aqui, há
pouco, e ouvi o senhor chamar por alguém.
CYRO - O senhor sabe onde ele está!
PAULUS - Não sei... não percebo o que quer insinuar...
repito... não estou entendendo!
CYRO - Pode abrir o jogo, Dr. Paulus. Estou
preparado. Aliás, eu nunca me iludi a seu respeito!
PAULUS - Dr. Cyro, o senhor está me fazendo uma
acusação muito grave. Se tem alguma dúvida de minha pessoa... por que não deu
parte à polícia? Eu prefiro defender-me na justiça do que frente a frente com o
senhor. A justiça me dá direitos de defesa. O senhor me acusa... sem provas!
Não tenho culpa se o senhor tem muitos inimigos. Se alguém tentou matá-lo, não
foi por minha iniciativa ou participação!
CYRO - Quem tentou me matar trabalha aqui. Para Otto
Muller. É muita coincidência, o senhor não acha?
PAULUS - Pois aponte esse sujeito. Se o senhor o
reconheceu, diga quem é e vamos tirar isso a limpo. Pode ser que não passe de
uma impressão. Diga... quem é o homem a quem procura?
CYRO - Seu chofer. Ou melhor, o chofer do seu
patrão. O mesmo que estava há poucos minutos diante dele.
PAULUS - O Santos? O chofer particular de Otto é o
Santos. Vamos ver se o encontramos. Venha comigo.
SEGUIRAM POR ENTRE AS ALAS DE ARBUSTOS E ÁRVORES, ATÉ UM
LOCAL DE CHÃO BATIDO, NUMA ÁREA LARGA, SUJA DE ÓLEO.
PAULUS - Felizmente, ali está ele. O senhor pode tirar
a dúvida (apontou um homem de terno cinza acocorado próximo a um automóvel
luxuoso. Gritou pelo homem) Santos! Venha cá. Quero falar com você.
AO APROXIMAR-SE, CYRO PERCEBEU NÃO TRATAR-SE DO MESMO HOMEM.
CYRO - Este... é o chofer do Sr. Otto?
PAULUS - Sim... é este. Santos, o Dr. Cyro tem uma
pergunta a lhe fazer.
CYRO - Não é ele. Tenho perguntas a fazer ao outro
sujeito que estava agora mesmo lá dentro. Este é outro homem.
PAULUS - É o mesmo, Dr. Cyro.
CYRO - Quer me enganar?
PAULUS - Diga a ele, Santos. Não foi você quem esteve
há poucos minutos na presença do Sr. Otto?
HOMEM - Foi. Ele mandou chamar a gente. Por quê?
CYRO - (asseverou, aborrecido) Eu persegui o sujeito
que deixou a sala... e não foi você!
HOMEM - Fui eu, sim. O senhor correu atrás de mim e
eu corri do senhor, porque fiquei com medo.
CYRO IRRITOU-SE DE VEZ. PERCEBEU A TRAMA ARQUITETADA PELO
PROCURADOR DO SEU PACIENTE. ESTAVA ENTRE CRIMINOSOS HÁBEIS E UNIDOS. NÃO
ADIANTAVA FORÇAR A BARRA.
CYRO - Vamos parar com essa brincadeira. Por que o
senhor ficaria com medo de mim? Sou algum monstro?
HOMEM - Dizem que o senhor hipnotiza a gente... tão
dizendo... que o senhor faz o que quer da gente. Senti medo disto...
PAULUS -
(sorridente) Se tem poderes sobre-humanos, Dr. Cyro, deve ver que este
homem está falando a verdade.
CYRO
- Sei me defender muito bem sem
usar tais poderes. Eu encontro aquele outro. Pode estar certo.
O CIRURGIÃO REGRESSOU À MANSÃO,
ENQUANTO O ADVOGADO ACENDIA UM CIGARRO E FAZIA UM GESTO COM O POLEGAR PARA O
MOTORISTA.
PAULUS - Você
representou muito bem. Mas não pense que o enganamos. Esse homem é astucioso e
vivo. Tem uma mente poderosíssima. É um perigo para nós. Em todo o caso ele não
terá provas, por enquanto. Onde está o Santos?
HOMEM
- Na garagem, escondido.
PAULUS - Diga
a ele para desaparecer. Evaporar-se. Pelo menos por algum tempo. (tirou um maço
de notas do bolso e o entregou ao homem) Dê a ele. E diga ao idiota para
aproveitar as férias e exercitar sua pontaria... que é péssima!
CORTA PARA:
CENA 4 - MANSÃO DE OTTO MULLER -
QUARTO DE OTTO - INTERIOR
- DIA
OTTO
- (já deitado e agasalhado,
perguntou ao médico) Por que saiu correndo para o jardim, Dr. Cyro?
CYRO
- Tive a impressão de ter visto o
homem que tentou me matar, no mês passado.
OTTO
- (espantou-se) Aqui? Quem?
CYRO
- O seu chofer!
OTTO
- O Santos? O Santos tentou
matá-lo? Chame Paulus aqui, mamãe. Mande trazer o Santos!
CYRO
- Eu estive com o Santos... ou
com o falso Santos. Na verdade não era o homem a quem segui. Era outro. Parece
que houve uma oportuna troca de pessoas. Em todo o caso não vou criar um caso
com o senhor. Não deve se preocupar com isso. Eu vou encontrar aquele outro...
e ele nos dirá por que tentou me eliminar.
OTTO
- Não vá pensar o doutor que
estou a par de coisas como esta...
CYRO VOLTOU-SE PARA A ENFERMEIRA QUE
ACABARA DE APLICAR UMA INJEÇÃO NO PACIENTE E ALI FICARIA, POR ALGUM TEMPO,
ACOMPANHANDO O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DO OPERADO.
CYRO
- Qualquer anormalidade no estado
geral dele, avise-me imediatamente (depois despediu-se de todos) Até amanhã,
gente. Boa tarde para todos.
CORTA PARA:
CENA 5 - MANSÃO DE OTTO MULLER -
QUARTO DE OTTO - INTERIOR
- DIA
ENQUANTO O MÉDICO TOMAVA O CARRO E A
ENFERMEIRA IA AOS SEUS APOSENTOS, OTTO CHAMOU A VELHA.
OTTO
- Mamãe! Aquele imbecil cretino
do Paulus... Vá chamá-lo! Com certeza foi ele... que fez alguma burrada!
PAULUS APARECEU, MINUTOS DEPOIS.
OTTO
- (berrou, querendo levantar-se
para esbofeteá-lo) Quadrúpede! Energúmeno!
PAULUS -
(enfureceu-se com a atitude do patrão) Otto... Otto, você está me
ofendendo. (ameaçou) Uma hora eu não agüento mais, Otto!
OTTO
- Pois reaja! Vamos. Faça alguma
coisa. Reaja, se você tiver um pouco de miolo nesta cabeça. Ou sangue limpo nas
suas veias! Reaja!
PAULUS - Como
vou reagir... se você está num leito? É covardia, Otto. E depois... eu sou seu
amigo, não sou? Ou você se esqueceu dos nossos laços de amizade?
OTTO
- (irônico) E você... pensou nos
nossos laços de amizade... quando mandou atirar no homem a quem devo a vida?
Você só faz burrada, Paulus!
PAULUS - Tudo
o que eu faço é só tentando protegê-lo. Dr. Cyro vai fugir com Ester e com o
menino, não vai?
OTTO
- Eu sei como impedir... sem ter
de eliminar esse homem! Preciso dele, junto de mim, o resto da vida, Paulus!
PAULUS - Acho
impossível retê-lo junto de você. Ele está apaixonado por Ester e tem planos
juntos! Você sabe disso muito bem!
OTTO
- Pois chegou o momento... de
atingirmos Ester!
PAULUS -
(interessou-se) Como, Otto? Como? Você só insinua, não chega a uma
conclusão do que se deve fazer.
FIM DO CAPÍTULO 59
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