Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 81
Participam deste
capítulo
Baby -
Claudio Cavalcanti
Inês -
Betty Faria
Luana - Léa
Garcia
Ester -
Gloria Menezes
Paulus -
Emiliano Queiroz
Conceição - Zeni
Pereira
Delegado -
Vinicius Salvatori
CENA 1 - VALONGO - MINA
ABANDONADA - INTERIOR
- NOITE
O COMENDADOR PROIBIRA A ENTRADA DE BABY EM QUALQUER
DEPENDENCIA DAS MINAS E A POLÍCIA O PROCURAVA POR TODA PARTE. FÔRA ACUSADO DA
MORTE DOS TRÊS MINEIROS E APONTADO COMO A PESSOA QUE ACENDERA O ESTOPIM,
PROVOCANDO A EXPLOSÃO E O DESABAMENTO DAS GALERIAS.
O FACHO DE LUZ INCIDIU DIRETAMENTE CONTRA O ROSTO DE BABY,
ACORDANDO-O. UM SILENCIO PESADO DOMINAVA OS VELHOS TÚNEIS DA MINA ABANDONADA
ONDE O RAPAZ SE ACOMODARA, ENFRENTANDO O FRIO E OS INSETOS VENENOSOS.
INÊS E LUANA COLOCARAM O LAMPIÃO EM CIMA DE UMA ELEVAÇÃO
ROCHOSA.
BABY SALTOU, INCOMODADO.
BABY - Tira essa luz da minha cara!
INÊS - Leandro, sou eu. Vim te buscar. Eu e Luana.
Vamos te escondê antes que a polícia te encontre.
BABY - Por que polícia?
INÊS - Tão dizendo aí que a polícia vai te prendê
porque você foi culpado do desmoronamento das galerias.
LUANA - Foi sim. A gente tava lá visitando os home
que vão ser enterrado amanhã. As viúva tudo tão revoltada. Seu Otto, mais seu
Comendador Liberato tivero lá e prometero a elas fazê justiça, pelo que
conteceu.
BABY - Meu pai... também?
INÊS - Luana... sai um pouco. Eu quero falar com
ele.
BABY - Vai embora você também... me deixa em paz!
A MULATA AFASTOU-SE, DEIXANDO O CASAL SOZINHO.
INÊS - A gente acredita em você... a gente sabe que
você não tem culpa! (Baby não respondeu; Inês tirou um cigarro da bolsa de
couro, a tiracolo, e entregou ao marido. Deu-lhe um sanduíche de carne assada)
Trouxe tudo para você... no caso de ter de se esconder da polícia. Eu não quero
que te agarrem. Tou com muito medo, Leandro!
BABY - Sua preocupação chegou muito tarde!
INÊS - (segurou a mão do marido) Eu sei. Eu sei
mesmo que você tá muito zangado comigo... e não te nego razão, não, viu? Se
você pensa aquelas coisa... tudo ruim... a meu respeito... Pra seu conforto...
aconteça o que acontecer... quero que você saiba que está sendo injusto comigo.
As coisa que imagina não tem razão de ser...
BABY - (sentou-se, fumando o cigarro) Vai... vai
embora!
INÊS - Leandro... você quer me ouvir? Dois minutos
só?
BABY - Não! Some daqui!
INÊS - Se você soubesse... eu te quero tanto... eu
te amo tanto... tanto, tanto!
BABY - Não me sai da cabeça... aqueles corpos
feridos... o pavor nos olhos deles...
INÊS - Leandro... eu só quero que você saiba do
seguinte...
BABY - O estado deles... a fraqueza deles... os
corpos sendo retirados... a lama, a morte e a vida misturados!
INÊS - Um dia, Leandro... um dia... eu vou fazer
você reconhecer o seu engano!
CENA 2 - CASA
DE CONCEIÇÃO - SALA - INTERIOR
- DIA
DE INVESTIGAÇÃO EM INVESTIGAÇÃO, AS PISTAS LEVARAM O DELEGADO
AO CASEBRE DA NEGRA CONCEIÇÃO. E LÁ ESTAVA. IMEDIATAMENTE, A AUTORIDADE MANDOU
CHAMAR ESTER KELLER E O DR. PAULUS, COM QUEM MANTINHA CONTATOS DIÁRIOS. A
MULHER LHE EXIGIA UMA SOLUÇÃO PARA O CRIME. QUERIA A CABEÇA DO ASSASSINO DE
IVANZINHO, A QUALQUER PREÇO.
ESTER - Encontrou alguma coisa, delegado?
DELEGADO - Encontrei... isto!
MOSTROU A LUGGER, NAZISTA, ENVOLTA NUM LENÇO BRANCO.
CONCEIÇÃO NÃO ENTENDIA O QUE ESTAVA OCORRENDO. VIRA OS
POLICIAIS ENTRAREM NA SUA CASA, REVISTAREM TUDO E DE REPENTE A ORDEM PARA
CHAMAR DONA ESTER.
CONCEIÇÃO - O que é isso, gente?
DELEGADO - (autoritário, com a cara amarrada) Eu é que
lhe pergunto: o que significa?
CONCEIÇÃO - Eu... num sei!
ESTER - Onde estava esta arma, delegado?
DELEGADO - No quarto dela. Debaixo do assoalho.
CONCEIÇÃO - Ah... o sinhô tá brincando! Eu nunca guardei
nada debaixo do assoalho! Quanto mais esse negócio aí, que eu nunca vi!
PAULUS - Como encontrou, delegado?
DELEGADO - Uma tábua solta me chamou a atenção. Estava
aqui... venham ver. Cavaram um buraco... e esconderam a Lugger.
PAULUS - (segurando o braço de Ester) Foi você,
Conceição?
CONCEIÇÃO - Gente, eu num fiz isso! Nem sabia que existia
arma nessa casa!
ESTER - (com frieza) O mais importante em tudo isso,
delegado, é saber se esta arma é a do crime.
DELEGADO - É, Dona Ester. Só pode ter sido esta a arma
do assassino.
CONCEIÇÃO - (choramingava) Gente, pelo amor de Deus,
pensa um pouco! Eu nem tava perto, lembra?
ESTER - (investiu, furiosa) Você não estava por
perto... mas mandou alguém e está protegendo o culpado! Tanto é verdade, que a
arma estava em sua casa.
CONCEIÇÃO - Meu Deus do Céu! Não tou entendendo nada. Me
ajuda, Dr. Paulus. Diga prêles que isto não é verdade!
PAULUS - Eu nada posso fazer, Conceição. O melhor
seria você dizer por que esta arma se encontrava no seu quarto... talvez eu
possa ajudá-la.
ESTER - Ajudá-la como, Paulus? Se ela sabe quem matou
meu filho e está ajudando o criminoso!
DELEGADO - Esperem... eu não disse que esta é a arma do
crime. Eu disse que pode ter sido.
Estava justamente procurando uma Lugger. Foi a arma assassina. Não é uma
pistola comum... mas nesta cidade podem existir duas ou três... a balística vai
confirmar.
ESTER - Mas o senhor não acha muita coincidência que
a arma venha parar justamente neste lugar?
PAULUS - Se quer ajuda, Conceição, confesse a verdade:
de quem é esta arma? Para quem a esconde? A quem está protegendo?
CONCEIÇÃO - Ninguém, gente! Eu tou inocente! Eu nunca vi
esta arma na minha vida! Eu num escondi ela e num tou protegendo ninguém. Juro.
ESTER - Bem... o que vai fazer, delegado?
DELEGADO - Sinto muito, Conceição. Tenho de levar
você... para que confesse a verdade.
FIM DO CAPÍTULO 81
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