Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 84
Participam deste
capítulo
Baby -
Claudio Cavalcanti
Inês -
Betty Faria
Ester -
Glória Menezes
Paulus -
Emiliano Queiroz
Júlia - Ida
Gomes
Cesário -
Carlos Eduardo Dolabella
Zoraida -
Jurema Penna
Mestre Jonas -
Gilberto Martinho
Vanda Vidal - Dina
Sfat
OTTO MULLER TINHA A PRETENSÃO DE SE TORNAR PREFEITO DE PORTO
AZUL. A CAMPANHA FÔRA RÁPIDA E DE RESULTADOS SURPREENDENTES. EM DOIS OU TRÊS
COMÍCIOS NA PRACINHA, OTTO PRESSENTIA O SUCESSO DE SUA CANDIDATURA. PROMETIA
UMA “NOVA ERA DE DESENVOLVIMENTO PARA A CIDADE, RUAS LIMPAS, PROGRESSO,
MORALIZAÇÃO DOS COSTUMES...” E OS HABITANTES HUMILDES DE PORTO AZUL
ENFEITIÇARAM-SE DIANTE DA PALAVRA FIRME E SENSATA DO HOMEM QUE ENFRENTARA A
MORTE E VIVIA PARA LHES DAR UM FUTURO PROMISSOR. O ÚNICO QUE DISPUNHA DE
CONDIÇÕES ECONÔMICAS E PRESTÍGIO SUFICIENTE PARA LIQUIDAR COM O PLAYBOY
DESAJUIZADO QUE PRESIDIA SUA MAIS IMPORTANTE INDÚSTRIA.
FOI ASSIM QUE OTTO MULLER COMEÇOU A
GANHAR A PREFEITURA DE PORTO AZUL.
QUATRO MESES E ALGUNS DIAS JÁ SE HAVIAM PASSADO DESDE OS
ACONTECIMENTOS DA FESTA DE CASAMENTO DE DANIEL E LUANA. O MUNDO SEGUIRA SUA
TRAJETÓRIA E A VIDA DOS PERSONAGENS TOMARA CAMINHOS INDEFINIDOS. OTTO NA LUTA
PELA PREFEITURA. IA BEM. CYRO EM BUSCA DE SUA VERDADE. MEIO PERDIDO. ESTER À
PROCURA DO AUTOR DO ASSASSINATO DE IVANZINHO.
CENA 1 -
PORTO AZUL - CHOUPANA DE MESTRE JONAS -
QUARTO DE INÊS - INTERIOR
- DIA
NAQUELA TARDE CYRO ERGUEU A CRIANÇA NOS BRAÇOS E MOSTROU-A A
INÊS.
CYRO - Apresento seu filho!
INÊS - Menino?
Cyro - Menino!
INÊS - (olhou o pequerrucho, encantada) Vai sê
Leandro como o pai.
ZORAIDA - (não escondia a emoção) Olha... é a cara dele
quando nasceu!
INÊS - Avisa, avisa a ele, Zoraida!
ZORAIDA - Eu aviso... agora mesmo... aviso! Gente, tou
tão contente!
CYRO - (sorriu) Vá, Zoraida. Tenta avisar ao Baby!
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CENA 2 - ALTO
MAR -
EXTERIOR - DIA
MESTRE JONAS, EM SEU BARCO, SINGRAVA AS ONDAS, EM ALTO MAR.
CORTA PARA:
CENA 3 -
PORTO AZUL - CADEIA
- CELA -
INTERIOR - DIA
BABY SONHAVA, ATIRADO NA CAMA IMUNDA DO XADREZ. AGUARDAVA A
CONCLUSÃO DO PROCESSO.
ZORAIDA NÃO SABIA POR ONDE COMEÇAR, MAS ACABOU RELATANDO A
GRANDE NOVIDADE.
ZORAIDA - Você é pai! Um machão, Baby!
BABY - Então... é um menino?
ZORAIDA - Tão bonito, Baby! Parecido com você.
BABY - E... ela? Está passando bem?
ZORAIDA - Tá, sim! Foi o Dr. Cyro quem me mandou te
avisar.
BABY - (virou o rosto para a parede) Agradeço, mas
acho que você está avisando a pessoa errada.
ZORAIDA - Que Deus te perdoe pela injustiça! O menino
se parece muito com você.
SEM SE IMPORTAR COM AS PALAVRAS DA GOVERNANTA, BABY COBRIU O
ROSTO COM O LENÇOL E DESPEDIU-SE DELA.
BABY - Até outro dia, Zoraida. Agora quero dormir.
CENA 4 - FLORIANÓPOLIS - CASA
DE ESTER - SALA - INTERIOR
- DIA
ESTER LEVANTOU-SE AGITADA E SENTIU ÂNSIA DE EXPULSAR VANDA
VIDAL DE SUA CASA.
ESTER - Eu não tenho obrigação de lhe responder!
VANDA - (imperturbável, gozou a situação) Certa vez
você me procurou e eu estava bêbada. O que queria me perguntar? Não era se eu
estava gostando de Cyro?
ESTER - Como sabe?
VANDA - Sou vivida.
ESTER - Bem... era... mas não pela razão que você
pensa. Eu estava interessada em saber de... de algum caso de Cyro... porque...
porque eu ia pedir divórcio. Queria argumentos...
VANDA LEU NAS ENTRELINHAS A VERDADE OCULTA. ESTER AINDA AMAVA
O MARIDO, APESAR DA ATITUDE QUE VINHA TOMANDO CONTRA ELE. NADA MAIS, NADA MENOS
QUE UMA CENA DE CIÚME.
VANDA - E
pediu?
ESTER - Pedi! Claro! Tanto que estou esperando minha
liberação pelo consulado... onde nos casamos...
VANDA - (decidiu ferir um pouco a vaidade da outra)
Naquela época eu não podia responder afirmativamente.
ESTER - E... agora... pode?
VANDA - Agora posso. Eu tenho um caso com Cyro.
ESTER - (sentiu a revelação, mas evitou externar a
emoção que lhe ia na alma) Bem... ele... nunca me enganou.
VANDA - Eu quero saber se você está com ciúmes dele,
porque eu estou com ciúmes de você. Eu quero que você me diga que não sente
mais nada por ele... só assim vou poder dormir em paz.
ESTER - Eu não sinto nada por ele. Pode dormir em
paz.
VANDA - (olhou firme nos olhos de Ester) Se eu
disser... que nosso primeiro encontro foi na praia... e que eu me declarei a
ele... e que nos beijamos muito... que é que você sente?
ESTER - Nada.
VANDA - Se eu disser que ele voltou a me ver no meu
quarto... nem assim você reage?
ESTER - Nem assim...
VANDA - Se eu disser que ele está querendo me fazer
mudar de vida... pra ser sua companheira... você não me diz nada?
ESTER - (explodiu) Por que não aceita logo? O que é
que eu tenho com isso? Por que tem de me dizer essas coisas?
VANDA - Droga! Porque tudo o que eu disse é mentira!
Com exceção daquela primeira noite na praia... o resto é mentira! Tudo vontade
minha! Ele não me procurou mais... porque ele não te esquece! Me entende agora?
Por isso é que eu venho te dizer tudo isso! Porque eu quero que você saia da
vida dele!
ESTER - Eu já saí da vida dele!
VANDA - Mas ele não te esquece! Faça alguma coisa
para isso, droga! Você pode! Se case com outro, se manca! Dá o fora daqui! Mas
veja se deixa ele em paz!
COMO UMA DOIDA, VANDA DEIXOU A SALA SEM SEQUER OLHAR PARA A
MULHER A QUEM DETESTAVA. ESTAVA INTEIRAMENTE FORA DE SI.
ESTER - (gritou, correndo ao bar) Paulus! Paulus!
PREPAROU UMA DOSE REFORÇADA DE UÍSQUE PURO, COM GÊLO. O
ADVOGADO APARECEU, VINDO DO INTERIOR DA CASA.
PAULUS - Ester, meu amor, o que foi isso?
ESTER - (atirou-se nos braços do homem) Paulus!
Paulus! Me ajude! Quase... quase que eu fraquejei... por pouco... cheguei a
pensar em ir atrás dele! Me ajude! Não me deixe sozinha nunca mais!
PAULUS - (afagando-a com ternura) Calma! Calma! Eu
estou aqui, meu bem... trago novidades ótimas! Recebi resposta do consulado. O
divórcio foi concedido! Você está livre de Cyro Valdez!
ESTER - Isto é muito bom. Agora eu posso agir. Tomar
uma atitude. Pelo amor de Deus, me ajude a fazer alguma coisa! Eu não quero
fraquejar, Paulus! Por Ivan, meu filho... eu não quero me deixar vencer por
amor a esse homem... assassino do meu filho!
CORTA PARA:
CENA 5 -
FLORIANÓPOLIS - CASA DE ESTER
- SALA -
INTERIOR - DIA
JÚLIA - Dona Ester! Dona Ester!
JÚLIA ENTROU NA RESIDENCIA PUXANDO CESÁRIO PELA MÃO. ELE,
VESTIDO COM UM TERNO BRANCO, DE LINHO ORDINÁRIO, CAMISA LISTRADA, GRAVATA
BERRANTE, ESTAVA DESAJEITADO. CÔMICO.
ESTER - (apareceu, assustada) O que é isso, Júlia?
JÚLIA - Olha... temos uma notícia maravilhosa! Eu...
e o Cesário... nós vamos nos casar!
ESTER OLHOU PARA O RAPAGÃO E NOTOU A INDIFERENÇA REFLETIDA EM
SEU ROSTO FALSO. ESTAVA NA CARA QUE CESÁRIO JAMAIS HAVIA GOSTADO DA BOA MULHER.
MAS O JEITO ERA LHE DAR OS PARABÉNS PELA AQUISIÇÃO DE UM MARIDO JOVEM E
BONITÃO.
ESTER - Parabéns, Júlia. Eu tinha quase certeza...
Cesário...
CESÁRIO - Pois é.... pra senhora ver como são as
coisa...
JÚLIA - Só que não vamos nos casar aqui. Tenho de ir
a Curitiba amanhã cedo. Então... vamos seguir agora e lá mesmo nos casaremos.
Só estou muito preocupada com a senhora. Não quero que fique sozinha...
ESTER - (beijando-a na face) Ora, eu me arranjo. E
você... pretende voltar?
JÚLIA - Voltamos, com certeza! Eu estou rica, mas não
quero abandonar a senhora.
ESTER - Eu agradeço muito, Júlia.
JÚLIA - Bem... vou buscar minha mala.
JÚLIA SUBIU OS DEGRAUS DA ESCADA PARA ALCANÇAR OS SEUS
APOSENTOS NO ANDAR SUPERIOR. ESTER APROVEITOU PARA CONVERSAR COM O MINEIRO.
ESTER - Vai fazer um ótimo casamento.
CESÁRIO - Sei disso. Só vou sentir muita falta da
senhora. Tou só pensando se vale a pena eu ir... deixando a senhora sozinha.
ESTER - (fingindo não entender as segundas intenções
do noivo de Júlia) Ora! É uma preocupação tola!
ESTER VOLTOU-LHE AS COSTAS E CESÁRIO TEVE ÍMPETOS DE ACARICIAR-LHE
A NUCA.
CESÁRIO - Quero que saiba que sonhei muito com a
senhora.
ESTER - Como assim?
CESÁRIO - Digo... sonhei... que eu tava sempre aqui...
lhe fazendo companhia... ajudando... e que a senhora aceitava a minha ajuda...
com... com muita atenção e carinho.
ESTER - (com frieza) Eu não acredito em sonhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário