quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O HOMEM QUE DEVE MORRER - Capítulo 45


Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 45

Participam deste capítulo

Cyro  -  Tarcísio Meira
Baby  -  Claudio Cavalcanti
Otto  -  Jardel Filho
Paulus  -  Emiliano Queiroz
Catarina  -  Lidia Mattos
Ricardo  -  Edney Giovenazzi
Orjana  -  Neusa Amaral 
Lia  -  Arlete Sales
Prof. Zacarias  -  Arnaldo Weiss
André  -  Paulo José
Godoy  -  Ivan Cândido


CENA 1  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  ESCRITORIO  -  INTERIOR  -  DIA

NO DIA SEGUINTE, OTTO MULLER PREPAROU A CENA PARA O ATO FINAL. TINHA PEDIDO, INCLUSIVE, A OPINIÃO TÉCNICA DO DR. PAULUS. E A RESPOSTA SERIA CONHECIDA.

OTTO  -  Decidi aceitar a sua proposta, tio Liberato.

PAULUS  -  Pensamos muito e achamos que esta é, realmente, uma solução lógica.

OTTO  -  Dividindo a administração, cada um toma conta de sua parte.

COMENDADOR LIBERATO  -  (assentiu, com ar alegre) Isso mesmo. Ainda bem que você entendeu, Otto.

O ADVOGADO REBUSCAVA ALGUNS DOCUMENTOS NUMA PASTA PRETA.

COMENDADOR LIBERATO  -  Otto ficará com a parte do novo poço.

OTTO  -  Claro. Para mim é muito importante explorar os novos veios. Eu escolherei os meus empregados. Gente... de confiança.

BABY  -  (mascando chicletes) E eu os meus. Aviso que Ricardo fica do meu lado.

OTTO  -  Discutiremos isso depois. Neste momento deve ficar claro o modus faciendi para dividir as duas bandas.

CORTA PARA:

CENA 2  -  ADMINISTRAÇÃO DAS MINAS  -  ESCRITÓRIO  -  INTERIOR  -  DIA
OTTO, PAULUS, RICARDO E OS DOIS LIBERATOS DISCUTIAM, EM TORNO DE VÁRIOS DOCUMENTOS ESPALHADOS SOBRE A MESA.

BABY  -  Estamos certos?

OTTO  -  De nossa, sim.

PAULUS  -  (com uma ponta de ironia) Como presidente da Companhia, você tem de opinar e decidir, Baby.

COMENDADOR LIBERATO  -  Meu filho está de acordo!

BABY  -  (irritou-se) Calma, pombas! Que é que há? Me deixem falar!

COMENDADOR LIBERATO  -  Mas você tem de estar de acordo, meu filho. Não há outra solução!

BABY  -  (irônico) Certo, velho! Se você acha que eu tenho de estar de acordo, está muito certo. Sou obrigado a baixar a cabeça e render minhas homenagens ao primo Otto, que venceu.

OTTO  -  (reprimiu um sorriso) Não se trata de vencer. Eu não vou usufruir vantagens. Só quero administrar a minha parte, em paz.

BABY  -  Isso. Em paz. Vamos ver se você leva a sério esta palavra e pára de mandar surrar meus empregados. Bem... o que é que eu tenho de fazer?

RICARDO  -  (mostrou os documentos em cima da mesa) Assinar estes papéis dando autonomia a Otto para administrar a outra parte.

BABY  -  (leu os documentos demoradamente) Hum... os empregados também já foram divididos.

PAULUS  -  De acordo com a vontade de Otto.

OTTO  -  Deixo você com a turma de sujos, de malfeitores.

BABY OLHOU-O COM RAIVA E DESPRÊZO. SENTOU-SE E ASSINOU OS PAPÉIS. A DIVISÃO DE FORÇAS ESTAVA REFERENDADA.

CORTA PARA:

CENA 3  -  ADMINISTRAÇÃO DAS MINAS  -  EXTERIOR  -  DIA

HOUVERA UMA BRIGA ENTRE OS HOMENS DE BABY E OS DE OTTO. AO TENTAR ACALMAR OS ÂNIMOS DOS COMBATENTES, CYRO FÔRA FERIDO E LEVADO INCONSCIENTE PARA UMA CABANA, SENDO ACOMPANHADO POR LIA. A MULHER AFIRMAVA QUE CYRO FALECERA ENQUANTO IAM CHAMAR UM MÉDICO E QUE ENTÃO UMA LUZ MISTERIOSA DESCERA SOBRE ELE DEVOLVENDO-LHE A VIDA.

CORTA PARA:


CENA 4  -  PORTO AZUL  -  CASA DE DONA BÁRBARA  -  SALA  -  INTERIOR  -  DIA.

CERTO DIA CYRO LIA, SENTADO NA SALA, QUANDO ORJANA ENTROU APRESSADA.

CYRO  -  Onde esteve?

ORJANA  -  O professor Zacarias mandou me chamar.

CYRO  -  Para quê?

ORJANA  -  Lia estava lá, também... tinha uma revelação muito importante a fazer.

CYRO  -  (sacudindo a cabeça) Eu imagino o que seja.

ORJANA  -  Ela lhe falou na luz que viu cair sobre você na hora em que levou o tiro?

CYRO  -  E a senhora acreditou?

LEVANTOU-SE, ABORRECIDO. O BRAÇO AINDA LHE DOÍA EM CONSEQUENCIA DO FERIMENTO.

ORJANA  -  Foi a mesma luz que me perseguiu daquela vez.

CYRO  -  Não diga tolices, mãe!...

ORJANA -  (pegou-lhe as mãos) Cyro... você tem de começar a aceitar as coisas!

CYRO  -  Mas eu não aceito! Não acredito nelas!

ORJANA  -  Se não acredita... por que, então, só procura fazer o bem para os outros, mesmo com prejuízo de si próprio?

CYRO  -  Para fazer o bem não é preciso ninguém ter vindo de outro planeta!

ORJANA FORÇOU O FILHO A SENTAR DE NOVO, SENTANDO-SE A SEU LADO, NA POLTRONA.

ORJANA  -  Por que você quer negar... se sente que está sendo envolvido cada vez mais por forças superiores que você mesmo não sabe explicar?

CYRO  -  (revoltado) Não serei mais envolvido! Vou reagir contra isso. A senhora tem de me ajudar. Me deixe ser apenas um homem, como outro qualquer. Não alimente histórias a meu respeito, nem as aceite.

ORJANA  -  (com ar místico) Não sou eu quem as inventa. Elas existem, filho!

CYRO  -  (levantou-se, brusco) Eu vou sair.

ORJANA  -  Se quer reagir contra tudo, por que não vamos embora daqui? Por que não voltamos para Londres?

CYRO  -  Porque é aqui que eu quero ficar!

O MÉDICO DIRIGIU-SE PARA A PORTA, APRESSADO.

ORJANA  -  Sua resistência em ficar prova tudo. Você não pode lutar contra essa força superior.

CYRO  -  (voltou-se, antes de sair) Mãe... se eu lhe disser que estou aqui por amor a uma mulher... a senhora acredita?

ORJANA  -  Claro! Ester deve fazer parte dessa trama astral! Tudo deve fazer parte dessa trama!

CORTA PARA:

CENA 5  -  CENTRO DE PESQUISAS ESPACIAIS  -  INTERIOR  -  DIA.

O AMBIENTE ERA DE TENSÃO E O PROFESSOR ZACARIAS APERTAVA AS MÃOS, NERVOSAMENTE. TUDO FICARA COMBINADO, RESTANDO APENAS A CONFIRMAÇÃO DE ORJANA. A QUALQUER INSTANTE O TELEFONE PODERIA TOCAR. O VELHO MESTRE ESTREMECEU AO OUVIR O BARULHO ESTRIDENTE DO APARELHO.

PROF. ZACARIAS  -  Pode falar... Dona Orjana? Estava aqui esperando sua resposta... Como? Não teve coragem de tocar no assunto com seu filho? Acha que não devemos divulgar o fato? Mas...

O REPÓRTER MOVIMENTOU OS BRAÇOS, AGILMENTE.

GODOY  -  Ora, se não vamos divulgar! É importantíssimo!

ZACARIAS  -  (ao telefone) Devia ter falado com ele. Não podemos desprezar um fato tão importante! Eu... eu vou pensar no caso, Dona Orjana. (desligou, enraivecido) Boa noite!

GODOY  -  E então?

PROF. ZACARIAS  -  Ela... ficou sem coragem!

GODOY  -  Não faz mal. Vou abrir minha reportagem com as declarações de Dona Lia Sanches! (tocou nas costas de André, calado, a um canto da mesa) Vamos lá, ó cara! Você disse que tioru fotografias de Dona Orjana! Onde estão elas?

O PALHAÇO ABRIU UMA BOLSA E DESEMBRULHOU UMAS FOTOS TAMANHO GRANDE.

ANDRÉ  -  Aqui estão!

COM MÃOS NERVOSAS, GODOY EXAMINOU AS FOTOS. A CICATRIZ NO OMBRO DE ORJANA APARECIA COM NITIDEZ IMPRESSIONANTE. ERA UMA ESPÉCIE DE SOL, COM RAMIFICAÇÕES ESTRANHAS. O QUE NINGUÉM SABIA É QUE AQUELAS FOTOS TINHAM SIDO FORJADAS POR ANDRÉ, QUE PAGARA A UMA MULHER PARA POSAR DE COSTAS, DEPOIS DE TER, ELE MESMO, PINTADO AQUELA CICATRIZ EM SEU OMBRO.

O JORNALISTA, ENTUSIASMADO, PASSOU AS FOTOS PARA O PROFESSOR ZACARIAS.

GODOY  -  Sensacional! Sensacional!

PROF. ZACARIAS  -  (sem acreditar no que seus olhos viam) É Dona Orjana... mesmo?

GODOY  -  (berrou) Claro que é, professor! Bacana, rapaz! (abraçou André, com alegria) Que cicatriz! Que beleza de cicatriz! Vai ser a foto mais importante do século!

O REPÓRTER GUARDOU AS FOTOS COMO BARRAS DE OURO EM FORT KNOX.

FIM DO CAPÍTULO 45


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