Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 45
Participam deste
capítulo
Cyro -
Tarcísio Meira
Baby -
Claudio Cavalcanti
Otto -
Jardel Filho
Paulus -
Emiliano Queiroz
Catarina -
Lidia Mattos
Ricardo -
Edney Giovenazzi
Orjana -
Neusa Amaral
Lia -
Arlete Sales
Prof. Zacarias - Arnaldo Weiss
André -
Paulo José
Godoy - Ivan Cândido
CENA 1 -
MANSÃO DE OTTO MULLER - ESCRITORIO
- INTERIOR - DIA
NO DIA SEGUINTE, OTTO MULLER PREPAROU A CENA PARA O ATO
FINAL. TINHA PEDIDO, INCLUSIVE, A OPINIÃO TÉCNICA DO DR. PAULUS. E A RESPOSTA
SERIA CONHECIDA.
OTTO - Decidi aceitar a sua proposta, tio Liberato.
PAULUS - Pensamos muito e achamos que esta é,
realmente, uma solução lógica.
OTTO - Dividindo a administração, cada um toma conta
de sua parte.
COMENDADOR LIBERATO
- (assentiu, com ar alegre) Isso
mesmo. Ainda bem que você entendeu, Otto.
O ADVOGADO REBUSCAVA ALGUNS DOCUMENTOS NUMA PASTA PRETA.
COMENDADOR LIBERATO
- Otto ficará com a parte do novo
poço.
OTTO - Claro. Para mim é muito importante explorar
os novos veios. Eu escolherei os meus empregados. Gente... de confiança.
BABY - (mascando chicletes) E eu os meus. Aviso que
Ricardo fica do meu lado.
OTTO - Discutiremos isso depois. Neste momento deve
ficar claro o modus faciendi para
dividir as duas bandas.
CORTA PARA:
CENA 2 -
ADMINISTRAÇÃO DAS MINAS - ESCRITÓRIO
- INTERIOR - DIA
OTTO, PAULUS, RICARDO E OS DOIS LIBERATOS DISCUTIAM, EM TORNO
DE VÁRIOS DOCUMENTOS ESPALHADOS SOBRE A MESA.
BABY - Estamos certos?
OTTO - De nossa, sim.
PAULUS - (com uma ponta de ironia) Como presidente da
Companhia, você tem de opinar e decidir, Baby.
COMENDADOR LIBERATO
- Meu filho está de acordo!
BABY - (irritou-se) Calma, pombas! Que é que há? Me
deixem falar!
COMENDADOR LIBERATO
- Mas você tem de estar de
acordo, meu filho. Não há outra solução!
BABY - (irônico) Certo, velho! Se você acha que eu
tenho de estar de acordo, está muito certo. Sou obrigado a baixar a cabeça e
render minhas homenagens ao primo Otto, que venceu.
OTTO - (reprimiu um sorriso) Não se trata de vencer.
Eu não vou usufruir vantagens. Só quero administrar a minha parte, em paz.
BABY - Isso. Em paz. Vamos ver se você leva a sério
esta palavra e pára de mandar surrar meus empregados. Bem... o que é que eu
tenho de fazer?
RICARDO - (mostrou os documentos em cima da mesa)
Assinar estes papéis dando autonomia a Otto para administrar a outra parte.
BABY - (leu os documentos demoradamente) Hum... os
empregados também já foram divididos.
PAULUS - De acordo com a vontade de Otto.
OTTO - Deixo você com a turma de sujos, de
malfeitores.
BABY OLHOU-O COM RAIVA E DESPRÊZO. SENTOU-SE E ASSINOU OS
PAPÉIS. A DIVISÃO DE FORÇAS ESTAVA REFERENDADA.
CORTA PARA:
CENA 3 -
ADMINISTRAÇÃO DAS MINAS - EXTERIOR
- DIA
HOUVERA UMA BRIGA ENTRE OS HOMENS DE BABY E OS DE OTTO. AO
TENTAR ACALMAR OS ÂNIMOS DOS COMBATENTES, CYRO FÔRA FERIDO E LEVADO
INCONSCIENTE PARA UMA CABANA, SENDO ACOMPANHADO POR LIA. A MULHER AFIRMAVA QUE
CYRO FALECERA ENQUANTO IAM CHAMAR UM MÉDICO E QUE ENTÃO UMA LUZ MISTERIOSA DESCERA SOBRE
ELE DEVOLVENDO-LHE A VIDA.
CORTA PARA:
CENA 4 -
PORTO AZUL - CASA DE DONA BÁRBARA -
SALA - INTERIOR
- DIA.
CERTO DIA CYRO LIA, SENTADO NA SALA, QUANDO ORJANA ENTROU
APRESSADA.
CYRO - Onde esteve?
ORJANA - O professor Zacarias mandou me chamar.
CYRO - Para quê?
ORJANA - Lia estava lá, também... tinha uma revelação
muito importante a fazer.
CYRO - (sacudindo a cabeça) Eu imagino o que seja.
ORJANA - Ela lhe falou na luz que viu cair sobre você
na hora em que levou o tiro?
CYRO - E a senhora acreditou?
LEVANTOU-SE, ABORRECIDO. O BRAÇO AINDA LHE DOÍA EM
CONSEQUENCIA DO FERIMENTO.
ORJANA - Foi a mesma luz que me perseguiu daquela vez.
CYRO - Não diga tolices, mãe!...
ORJANA - (pegou-lhe as
mãos) Cyro... você tem de começar a aceitar as coisas!
CYRO - Mas eu não aceito! Não acredito nelas!
ORJANA - Se não acredita... por que, então, só procura
fazer o bem para os outros, mesmo com prejuízo de si próprio?
CYRO - Para fazer o bem não é preciso ninguém ter
vindo de outro planeta!
ORJANA FORÇOU O FILHO A SENTAR DE NOVO, SENTANDO-SE A SEU
LADO, NA POLTRONA.
ORJANA - Por que você quer negar... se sente que está
sendo envolvido cada vez mais por forças superiores que você mesmo não sabe
explicar?
CYRO - (revoltado) Não serei mais envolvido! Vou
reagir contra isso. A senhora tem de me ajudar. Me deixe ser apenas um homem,
como outro qualquer. Não alimente histórias a meu respeito, nem as aceite.
ORJANA - (com ar místico) Não sou eu quem as inventa.
Elas existem, filho!
CYRO - (levantou-se, brusco) Eu vou sair.
ORJANA - Se quer reagir contra tudo, por que não vamos
embora daqui? Por que não voltamos para Londres?
CYRO - Porque é aqui que eu quero ficar!
O MÉDICO DIRIGIU-SE PARA A PORTA, APRESSADO.
ORJANA - Sua resistência em ficar prova tudo. Você não
pode lutar contra essa força superior.
CYRO - (voltou-se, antes de sair) Mãe... se eu lhe
disser que estou aqui por amor a uma mulher... a senhora acredita?
ORJANA - Claro! Ester deve fazer parte dessa trama astral! Tudo deve fazer parte dessa trama!
CORTA PARA:
CENA 5 -
CENTRO DE PESQUISAS ESPACIAIS
- INTERIOR - DIA.
O AMBIENTE ERA DE TENSÃO E O PROFESSOR ZACARIAS APERTAVA AS
MÃOS, NERVOSAMENTE. TUDO FICARA COMBINADO, RESTANDO APENAS A CONFIRMAÇÃO DE ORJANA. A QUALQUER INSTANTE O TELEFONE
PODERIA TOCAR. O VELHO MESTRE ESTREMECEU AO OUVIR O BARULHO ESTRIDENTE DO
APARELHO.
PROF. ZACARIAS - Pode falar... Dona Orjana? Estava aqui
esperando sua resposta... Como? Não teve coragem de tocar no assunto com seu
filho? Acha que não devemos divulgar o fato? Mas...
O REPÓRTER MOVIMENTOU OS BRAÇOS, AGILMENTE.
GODOY - Ora, se não vamos divulgar! É
importantíssimo!
ZACARIAS - (ao telefone) Devia ter falado com ele. Não
podemos desprezar um fato tão importante! Eu... eu vou pensar no caso, Dona
Orjana. (desligou, enraivecido) Boa noite!
GODOY - E então?
PROF. ZACARIAS - Ela... ficou sem coragem!
GODOY - Não faz mal. Vou abrir minha reportagem com
as declarações de Dona Lia Sanches! (tocou nas costas de André, calado, a um
canto da mesa) Vamos lá, ó cara! Você disse que tioru fotografias de Dona
Orjana! Onde estão elas?
O PALHAÇO ABRIU UMA BOLSA E DESEMBRULHOU UMAS FOTOS TAMANHO
GRANDE.
ANDRÉ - Aqui estão!
COM MÃOS NERVOSAS, GODOY EXAMINOU AS FOTOS. A CICATRIZ NO
OMBRO DE ORJANA APARECIA COM NITIDEZ IMPRESSIONANTE. ERA UMA ESPÉCIE DE SOL,
COM RAMIFICAÇÕES ESTRANHAS. O QUE NINGUÉM SABIA É QUE AQUELAS FOTOS TINHAM SIDO
FORJADAS POR ANDRÉ, QUE PAGARA A UMA MULHER PARA POSAR DE COSTAS, DEPOIS DE
TER, ELE MESMO, PINTADO AQUELA CICATRIZ EM SEU OMBRO.
O JORNALISTA, ENTUSIASMADO, PASSOU AS FOTOS PARA O PROFESSOR
ZACARIAS.
GODOY - Sensacional! Sensacional!
PROF. ZACARIAS - (sem acreditar no que seus olhos viam) É Dona
Orjana... mesmo?
GODOY - (berrou) Claro que é, professor! Bacana,
rapaz! (abraçou André, com alegria) Que cicatriz! Que beleza de cicatriz! Vai
ser a foto mais importante do século!
O REPÓRTER GUARDOU AS FOTOS COMO BARRAS DE OURO EM FORT KNOX.
FIM DO CAPÍTULO 45
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