Novela de Janete Clair
Adaptação de Toni Figueira
CAPÍTULO 50
Participam deste
capítulo
Cyro -
Tarcísio Meira
Ester -
Gloria Menezes
Baby -
Claudio Cavalcanti
Ricardo -
Edney Giovenazzi
Otto -
Jardel Filho
Lia -
Arlete Sales
Catarina -
Lidia Mattos
Paulus -
Emiliano Queiroz
Dr. Avelar -
Álvaro Aguiar
Dr. Roberto -
Paulo Cesar Pereio
CENA 1 -
PORTO AZUL - IGREJA
- INTERIOR - DIA
INÊS APARECEU NA ENTRADA DA IGREJINHA CONDUZIDA PELO VELHO
PESCADOR. O VESTIDO DE NOIVA, SIMPLES, MAS DE BOM GOSTO, REALÇAVA-LHE OS TRAÇOS
BELOS, CONTRASTANDO COM A PELE QUEIMADA DE SOL. TODOS OS OLHOS SE VOLTARAM PARA
O PAR. OS MINEIROS ENCHIAM O PEQUENO TEMPLO, AO LADO DO GRANDE NÚMERO DE
PESCADORES DA REGIÃO, ONDE MESTRE JONAS ERA RESPEITADO E QUERIDO.
O PADRE RECEBEU-OS DIANTE DO ALTAR.
PADRE MIGUEL - Deus a abençoe, minha filha!
MESTRE JONAS - (intrigado, olhando os arredores) Cadê o
noivo, padre?
PADRE MIGUEL - Ainda não veio, mas não deve demorar.
DANIEL - (se aproximou) Pai, ele vem. A gente chegamos
lá e ele já tinha vindo pra cá.
INÊS - (não escondia o nervosismo) E se ele não
aparece? Que é que eu faço da minha vida?
PADRE MIGUEL - O trânsito por essas estradas está péssimo.
Hoje é domingo e todo mundo procura as praias mais distantes. Vamos aguardar um
pouco. Vamos aguardar!
CORTA PARA:
CENA 2 -
PORTO AZUL - IGREJA
- INTERIOR - DIA
OS RELÓGIOS MARCAVAM 4 HORAS. UM POUCO MAIS. E BABY LIBERATO
NÃO APARECIA. HÁ DUAS HORAS TODA A IGREJA AGUARDAVA ANSIOSA A PRESENÇA DO
PRESIDENTE DAS MINAS. QUERIA VER SUA UNIÃO COM A MOÇA SIMPLES E POBRE DAS
PRAIAS. MAS AGORA A INQUIETAÇÃO ERA FLAGRANTE. ALGUMAS VELHAS COMEÇAVAM A
COCHICHAR, ENQUANTO OS CONVIDADOS -
MUITOS DELES - PRINCIPIAVAM A
ABANDONAR O INTERIOR E OUTROS SE POSTAVAM NAS ESCADARIAS, OLHOS NA
ESTRADA, À ESPERA DO NOIVO.
INÊS CHORAVA, DISCRETAMENTE.
MESTRE JONAS - (desfigurado, dizia baixinho) Eu vou sair.
Vou procurá esse miserável desse ricaço e trago ele, nem que seja amarrado!
INÊS - (explodiu num soluço alto e incontrolável)
Gente... me leva daqui! Eu quero ir embora! Vou enfiá minha cara num buraco!
(deitou a cabeça no ombro da mãe, em choro convulsivo) Nunca mais quero ver
ninguém!
INESPERADAMENTE, A VOZ DE BABY LIBERATO OUVIU-SE CLARA EM
MEIO AO REPENTINO SILENCIO, NO INTERIOR DO TEMPLO.
BABY - Desculpe, gente... o atraso!
TODOS OS OLHARES CONCENTRAVAM-SE NO RAPAZ, DESCABELADO, SUJO
DE GRAXA, COM AS MÃOS NEGRAS, COMO SE HOUVESSE SOBREVIVIDO À EXPLOSÃO DE UM
POÇO DE PETRÓLEO.
BABY - (caminhou até o altar) Boa tarde... boa tarde
para todos. Olha aí, padre, me perdoe. Foi um pneu bandido que me deixou na
estrada (beliscou o queixo da noiva, paralisada) Oi, Inês! Oi, Dona Rosa! Olá,
velho! (deu um tapa nas costas de Mestre Jonas, atônito. – Virou-se para os
mineiros, felizes, sorridentes, confiantes) Daniel! Pé-na-Cova! Pedrão! Ei,
rapaziada, tamos aí! (bateu palmas, saudado ruidosamente pelos mineiros da
Companhia de Valongo) Alegria! Alegria!
PADRE MIGUEL - As alianças, meus filhos...
BABY - Hem?
INÊS - (cutucando o noivo) As alianças, Leandro!
BABY - (sem saída, procurou uma desculpa) Poxa! Me
esqueci! (mentiu) Ficou lá em casa!
MESTRE JONAS ADIANTOU-SE E ENTREGOU DUAS ALIANÇAS AO VIGÁRIO
DE PORTO AZUL.
MESTRE JONAS - Eu fiz uma vaquinha... e comprei.
O CASAMENTO TINHA SIDO UM SUCESSO. INFORMAL DIANTE DO
JEITÃO-QUALQUER-MANEIRA DE BABY LIBERATO. BÁRBARA E O PROFESSOR VALDEZ,
PADRINHOS DO NOIVO, VEZ POR OUTRA PUXAVAM-NO PARA A REALIDADE. ERA COMO SE O
MILIONÁRIO ESTIVESSE A MIL QUILÔMETROS DALI.
PADRE MIGUEL CHEGAVA AO FIM DA CERIMÔNIA RELIGIOSA: BENZEU AS
ALIANÇAS E ENTREGOU-AS AOS NUBENTES. INÊS SEGUROU AS MÃOS SUJAS DO RAPAZ E
ENFIOU-LHE A JÓIA PELO ANULAR ESQUERDO. O SACERDOTE FEZ SINAL PARA QUE SE
LEVANTASSEM.
PADRE MIGUEL - Estão casados, meus filhos! São marido e
mulher!
BABY - (explodiu, muito à vontade) Já? Legal às
pampas! E agora que é que a gente faz?
MESTRE JONAS - (alegre) Vamos pra minha casa. Comprei fiado
um barril de chope. A gente vai dá uma festinha. Se o Seu Baby não repara...
BABY - Estamos aí! (fez um gesto largo com o braço)
Vamos lá, minha gente! Vamos lá!
A CHUVA DE ARROZ COBRIU DE BRANCO O CASAL. PORTO AZUL
VIBRAVA. CORRERIA DAS MOCINHAS DE VESTIDOS COLORIDOS, DE CHITA E SEDA
ORDINÁRIA, QUERENDO VER O NOIVO. PADRE MIGUEL MANDOU O SACRISTÃO BADALAR O
SINO. TUDO ERA FESTA NO VILAREJO.
E O MAIS IMPORTANTE: BABY RENOVAVA A CONFIANÇA PERANTE OS
HOMENS SIMPLES DAS MINAS DE CARVÃO. AGORA, ERA UM DELES.
CORTA PARA:
Inês (Betty Faria) |
CENA 3 -
FLORIANÓPOLIS - HOSPITAL
- CONSULTÓRIO DE CYRO -
INTERIOR - DIA
DOUTOR AVELAR ENTROU AGITADO NO CONSULTÓRIO DE CYRO. MAL
FECHOU A PORTA.
DR. AVELAR - Vim avisá-lo: entrou há poucos minutos um
acidentado. Caso perdido. Fratura de crânio, com perda de substância. Em coma.
Avisei a família e mencionei a possibilidade de ser um possível doador.
CYRO - (ergue-se, abruptamente) E então?
DR. AVELAR - Houve uma reação negativa, a princípio.
Ficaram chocados com a possibilidade de aproveitarmos o coração do rapaz.
CYRO - Então, nada feito?
DR. AVELAR - Uma irmã do acidentado fez ponderações,
tentando convencer o pai. Dona Lia está lá, conversando com ele.
A PORTA SE ABRIU E A MULHER ENTROU, ESBAFORIDA.
LIA - Dr. Cyro. Dr. Avelar. A família do rapaz está
disposta a conversar com os senhores. Esperam na sala 215. Onde o moço está
morrendo.
CYRO SAIU, PRESSUROSO, ACOMPANHADO PELO COLEGA.
CORTA PARA:
CENA 4 -
HOSPITAL - SALA 215
- INTERIOR - DIA
UMA JOVEM ROBUSTA, DE PERNAS GROSSAS E FARTOS SEIOS, ATENDEU
AOS MÉDICOS.
MULHER - Desculpem meu pai. Está fora de si.
CYRO - Perfeitamente compreensível. Nós entendemos o
seu drama.
A UM CANTO, ATIRADO SOBRE UMA POLTRONA, O HOMEM, AINDA NOVO,
BEIRANDO OS 50 ANOS, ERA A IMAGEM DA DESOLAÇÃO. OLHOS FITOS NO TETO. ALHEIO AO
MUNDO. CYRO APROXIMOU-SE DELE E SENTOU-SE NA CADEIRA DE FERRO. TOCOU-LHE O
BRAÇO, DE LEVE.
CYRO - É muito difícil para nós, médicos, fazermos
um pedido destes. Me chamo Cyro Valdez, meu amigo. Cirurgião deste hospital. É
mais do que difícil. É terrível. Eu me coloco no seu lugar e entendo
perfeitamente a sua dor.
O HOMEM MOVEU A CABEÇA E FIXOU O MÉDICO. HAVIA DESESPÊRO EM
SEUS OLHOS.
HOMEM - O senhor...
não vai me pedir permissão para que meu filho, que está morrendo... seja
o doador de coração... para outro que também está morrendo?
CYRO - (confirmou) Eu vim lhe pedir. Já não tenho
coragem. Ninguém pode fazer um pedido destes. Digo-lhe apenas que uma das duas
vidas deve ser salva. Que mais posso lhe dizer? A de seu filho está perdida.
Podemos salvar a outra. Seu filho pode salvá-la...
A JOVEM ROBUSTA ABRAÇOU O HOMEM.
MULHER - Pai, o coração de meu irmão vai ficar batendo
no peito de outro homem! Pense nisso! A gente não vai perder de todo o nosso
Dadinho!
HOMEM - (a voz sofrida, abafada) Eu não quero! Não
posso aceitar isso! Compreendo o propósito de vocês, mas não aceito!
CYRO - (apertou com força a mão do homem) Nós
compreendemos. Ninguém pode forçá-lo a aceitar. Por favor, esqueça o pedido que
lhe fizemos.
QUALQUER COISA HAVIA TOCADO FUNDO O SENTIMENTO DO PAI
DESESPERADO. OLHOU FUNDO NOS OLHOS DO CIRURGIÃO, APERTANDO A MÃO QUE COMPRIMIA
A SUA.
HOMEM - Doutor... o que é que eu faço? O que é que eu
faço?
O MÉDICO LEVOU-O PARA A JANELA QUE DESCORTINAVA UM PANORAMA
BUCÓLICO. ÁRVORES FRONDOSAS, AGORA TOMADAS PELAS SOMBRAS DA NOITE QUE SE
INSINUAVA.
CYRO - Só existe um remédio capaz de amenizar a sua
dor. Procure encontrar sementes de qualquer planta, colhidas pela mão de alguém
que nunca passou por
nenhuma dor... por alguém que tenha vivos todos os seus parentes. Quando encontrar... me traga aqui... e eu
prometo preparar uma poção que há de curá-lo do seu sofrimento.
O HOMEM ENTENDEU. NADA MAIS HAVIA A FALAR. A DOR NÃO ATINGIA
APENAS UMA PESSOA NO MUNDO. ERA DA HUMANIDADE. PODIA SER RICO, BRANCO OU NEGRO
– A TODOS ELA ALCANÇA, EM QUALQUER ETAPA DA VIDA. CYRO DEIXOU O QUARTO, NO
MOMENTO EM QUE O MÉDICO E OS ENFERMEIROS REMOVIAM O CORPO IMÓVEL DO JOVEM. A
CABEÇA ESTAVA ENVOLVIDA EM GAZE E O ROSTO COMPLETAMENTE TOMADO PELOS TALHOS QUE
SE CRUZAVAM DE LADO A LADO.
CORTA PARA:
CENA 5 -
PORTO AZUL - CHOUPANA DE MESTRE JONAS -
INTERIOR - NOITE
BABY LEVANTOU OS DOIS BRAÇOS E GRITOU, NO MEIO DA PEQUENA
SALA, ENTUPIDA DE GENTE.
BABY - Bem... meus caros. Meus amigos. Eu e minha
querida esposa vamos nos mandar. Temos que ir mais cedo porque ainda temos
muita coisa a fazer (beijou-a na testa) Não é, Inês?
A MOÇA ENCOLHEU-SE, ENVERGONHADA. MESTRE JONAS SORRIU, MEIO
EMBRIAGADO. ROSA CHORAVA DE SATISFAÇÃO.
PEDRÃO - (com malícia) É. Muita coisa mesmo! Danou-se!
BABY TORNOU A GRITAR, COM EXPRESSÃO DE ALEGRIA.
ERA O CENTRO DAS ATENÇÕES.
BABY - Quem quiser dançar com a noiva... pela última
vez, que aproveite! Depois não dá mais!
CESÁRIO TIROU INÊS, ADIANTANDO-SE AOS DEMAIS. ERA O
NOVO CAPATAZ DAS MINAS, ESCOLHIDO PELO PRESIDENTE, POR INDICAÇÃO DOS MINEIROS.
BABY - (ao chefe da bandinha) Música, maestro!
UMA MOÇA DESDENTADA, ESQUELÉTICA, PELE ACINZENTADA,
ADIANTOU-SE.
MOÇA - (berrou, esperançosa) Joga o véu!
INÊS ATIROU VÉU E BUQUÊ PARA O GRUPO.
BABY PUXOU-A PELO BRAÇO.
BABY - Agora chega! A noiva vai embora com o noivo!
Mas a festa continua! (virou-se para Mestre Jonas e Daniel) Taqui mais
dinheiro! Manda buscar mais comida e bebida pra esta gente dançar a noite toda,
sem fome! E sem sede!
DESAPARECERAM PORTA A FORA E POUCO DEPOIS O CARRO
VERMELHO VOAVA PELA ESTRADA LITORÂNEA DE PORTO AZUL.
CORTA PARA:
CENA
6 -
FLORIANÓPOLIS - PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO -
PORTÃO - EXTERIOR -
NOITE.
MINUTOS APÓS, COM ESTARDALHAÇO, BABY FREOU O AUTOMÓVEL
DIANTE DA PORTA DO PALACETE. SALTOU, ABRIU O PORTÃO DE ENTRADA DOS VEÍCULOS E
EMBICOU NA DIREÇÃO DA MANSÃO.
CORTA PARA:
CENA
7 -
PALACETE DO COMENDADOR LIBERATO
- SALA -
INTERIOR - NOITE
POR UNS SEGUNDOS, ZORAIDA FIXOU A MOÇA. PROCURANDO
RECONHECÊ-LA. POR FIM A GOVERNANTA CERTIFICOU-SE DE JAMAIS A TER VISTO NAQUELA
CASA. NEM NAS FESTAS QUE BABY COSTUMAVA DAR NOS JARDINS DA RESIDENCIA LUXUOSA.
INÊS OLHAVA O AMBIENTE COMO NUM CONTO DE FADAS.
BABY - (cortou a estupefação das duas) Quero te
apresentar Inês!
ZORAIDA ESTENDEU A MÃO PARA A JOVEM VESTIDA DE NOIVA.
BABY - Vai ficar morando aqui.
ZORAIDA - É que... não estamos precisando de criada,
meu filho. O quadro está completo!
BABY - (amuado) Quem disse que vai ficar como
criada?
ZORAIDA - Pensei...
BABY - (cortou) De pensar morreu um burro! Inês é
minha mulher!
A GOVERNANTA SEGUROU-SE AO PORTAL PARA NÃO CAIR. A
SURPRESA FÔRA DEMAIS.
ZORAIDA - Como?!
BABY - Mulher! Esposa! (completou, forçando entrada
na residência) Será que estou falando grego? Veja o quarto dela. Ela precisa
tomar banho, mudar esta roupa, para jantar comigo.
ZORAIDA - (sem acreditar) Baby, espera aí...
brincadeira tem hora!
INÊS - (com voz macia, mostrando a certidão) A gente
tá casado, mesmo. De papel e tudo. Padre Miguel juntou a gente. Agora,
casamento no religioso tem validade pra tudo. Num precisa juiz. Leandro, diz a
ela...
ZORAIDA - (colocou as mãos sobre a testa, os olhos
esbugalhados) Que loucura foi essa, meu filho? Seu pai sabe disso?
BABY - Não, mas vai saber. Cadê ele?
ZORAIDA - O comendador foi para o hospital, a chamado
da irmã. Dona Catarina pediu que ele fosse ao seu encontro. Trata-se da doença
do Senhor Otto.
BABY - (virou-se para a esposa) Olha... você fica
bonitinha aí, que eu vou dar um giro.
INÊS - Onde?
BABY - Vou por aí. Não durmo cedo. São só onze
horas. Lá pelas duas eu estou em casa.
INÊS - Deixa eu ir com você. A gente agora é marido
e mulher. Pai disse que mulher tem sempre que acompanhar o marido, em todo
canto.
BABY FOI ATÉ O BAR E COMPLETOU UMA DOSE DE UÍSQUE.
BABY - Sabe o que é? O negócio é o seguinte. Eu vou
ao clube... lá só tem barbado... a
gente joga, bebe,
fala de negócios...
sabe como é? Não é ambiente pra você. Agora, quando eu for num lugar onde
tenha senhoras, damas da alta... eu te levo. Aí você vai se esbaldar.
INÊS - E eu vou ter... de frequentar essa tal de
alta?
BABY - É. Alta roda. Onde as mulheres se vestem bem,
falam mal da vida alheia e fofocam, como qualquer mulher do povo.
INÊS - Hoje... nossa noite de núpcias... você não
podia deixar de ir nesse clube? Hoje, a gente se casou, Leandro! (abraçou-o
pelas costas, enquanto ele bebia um gole de uísque) Puxa vida, tou contente pra
burro! E você?
BABY - (com clara ironia) Estou felicíssimo... por
estar amarrado numa boboca como você.
INÊS O SOLTOU, MAGOADA.
BABY - (sorriu, pegando-lhe o queixo) E não é
boboca? Chorona, manteiga derretida?
INÊS - Leandro... (olhou-o com um brilho estranho
nos olhos) Você gosta de mim?
BABY - (rodopiou na sala, abrindo os braços,
teatralmente) Caramba! Não gosto dela! Estou casado com ela e vem com essa
novidade!
INÊS - Por que você se casou comigo?
BABY - Por que, por quê? Tudo tem de ter um porquê!
Porque quis, ora! Se não quisesse, nem teu pai, nem teu irmão, iam me obrigar!
Achei que ia ficar bem pra mim, diante dos meus empregados! Achei que ia
agradá-los com esse gesto. É gente muito boa, que já brigou por minha causa.
Não ia lhes dar uma decepção, fugindo ao compromisso.
INÊS - (chocada) Então... você casou... pra agradar
seus empregados? Só por isso?
BABY - É uma justificativa justa, ou você não acha?
Vou precisar deles, amanhã, depois, sei lá! Nunca se sabe o que vai acontecer.
É gente honesta, leal. Eu tinha de ser também honesto, também leal.
INÊS - Por que precisa deles?
BABY - Porque gosto deles, pombas! O que que é isso?
Um inquérito? (fez um gesto
teatral, como se
estivesse declamando) Vil
pecador! (ajoelhou-se) Por que se casou com esta mulher?
Responda! Nem vem, Inês! Chega, tá? Olha, eu volto daqui a pouco. Tchau!
SAIU APRESSADO SEM TOMAR CONHECIMENTO DAS REAÇÕES DA
MOÇA. INÊS OLHOU O CASARÃO VAZIO. OUVIU A VOZ DA GOVERNANTA QUE VOLTAVA À SALA.
ZORAIDA - A senhora quer fazer o favor? O seu quarto
está pronto.
A GOVERNANTA SEGUROU A MALETA DA JOVEM E DIRIGIU-SE
PARA A ESCADA. INÊS ACOMPANHOU-A.
FIM DO
CAPÍTULO 50
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