domingo, 5 de outubro de 2014

O HOMEM QUE DEVE MORRER - Capítulo 67


Novela de Janete Clair

Adaptação de Toni Figueira

CAPÍTULO 67

Participam deste capítulo

Cyro  -  Tarcísio Meira
Ester  -  Gloria Menezes
Paulus  -  Emiliano Queiroz
Orjana  -  Neusa Amaral
Dr. Max  -  Álvaro Aguiar
Godoy  -  Ivan Cândido

 CENA 1  -  RODOVIA  -  EXTERIOR  -  NOITE

ESTER ACONCHEGAVA-SE AO OMBRO DO MÉDICO, QUE A RODEAVA COM O BRAÇO DIREITO. COM A MÃO ESQUERDA, MANOBRAVA O VOLANTE, CONDUZINDO O AUTOMÓVEL A VELOCIDADE MÉDIA PELA ESTRADA DE ACESSO À CAPITAL PAULISTA. ERA NOITE E A RODOVIA, ÀS ESCURAS, ERA CORTADA A TODO INSTANTE POR VEÍCULOS PESADOS, QUE OFUSCAVAM COM FARÓIS POSSANTES, OS CARROS MENORES, QUE TRAFEGAVAM EM SENTIDO CONTRÁRIO. CYRO DIRIGIA COM TODO O CUIDADO E ATENÇÃO.

ESTER  -  Quando vamos chegar a São Paulo?

CYRO  -  De manhã cedo. Vamos diretamente para o Consulado da Bolívia. Está tudo preparado para nos casarmos.

ESTER  -  Desistiu da ideia de morarmos por lá?

CYRO  -  Tenho muito o que fazer em Santa Catarina, amor. E já não existe razão para nos afastarmos. Não corremos mais nenhum risco. Por outro lado, eu sinto que Otto precisa ainda muito de mim. Essa dependência dele garante a nossa tranquilidade.

ESTER APERTOU-SE AINDA MAIS CONTRA O AMANTE.

ESTER  -  Sabe... é muito certo quando dizem... que há males que vem para bem.

CORTA PARA:

CENA 2  -  SÃO PAULO  -  CONSULADO DA BOLÍVIA  -  INTERIOR  -  DIA

SENTADOS DIANTE DA GRANDE MESA DE MOGNO, CYRO E ESTER ASSINAVAM UM LIVRO VOLUMOSO E DE TAMANHO FORA DO COMUM. COM AS ARMAS DA BOLÍVIA EM DOURADO NA CAPA. O FUNCIONÁRIO DIPLOMÁTICO EXAMINOU O DOCUMENTO E ENTREGOU UM PAPEL AO MÉDICO, APERTANDO AS MÃOS DOS RECÉM-CASADOS. CYRO MOSTROU A CERTIDÃO À ESPOSA.

CORTA PARA:

CENA 3  -  SÃO PAULO  -  HOTEL REAL  -  APARTAMENTO DE CYRO E ESTER  -  INTERIOR  -  DIA

JÁ NO LUXUOSO APARTAMENTO DO HOTEL NA AVENIDA SÃO JOÃO, OLHANDO A CIDADE QUE SE ABRIA NUM PANORAMA DE CONCRETO E AÇO, OS DOIS LEMBRARAM-SE DA PEQUENA E LÍRICA PORTO AZUL.

E DECIDIRAM COMUNICAR-SE COM ORJANA.

O TELEFONE CHAMOU E A MÃE DO MÉDICO CORREU A ATENDER. ESPERAVA PELA CHAMADA INTERESTADUAL. SABIA QUE O FILHO NÃO DEIXARIA DE LHE FALAR NO DIA MAIS IMPORTANTE DE SUA VIDA.

ORJANA  -  Ah, Cyro, diga! Já casados? Meus parabéns, filho! (Dr. Max ouvia o telefone, bebendo um gole de uísque. Orjana avisou-o, sorridente) Cyro já está casado com Ester, Dr. Max.

DR. MAX  -  Preciso falar com ele.

ORJANA ENTREGOU-LHE O FONE.

DR. MAX  -  Alô, Cyro! Meu abraço para vocês! Sim, estive lá, hoje, pela manhã. Examinei o Otto. Está relativamente bem. Teve um choque quando lhe dei a notícia do seu casamento.  Você não me pediu segredo...

ESTER UNIA SEU OUVIDO AO DO MARIDO, PROCURANDO ESCUTAR A CONVERSA.

CYRO  -  Claro, Max! Fez muito bem. Não era para fazer segredo. E qual foi a reação dele? Péssima? Eu faço uma ideia... Não, não tem importância. Faça-me um favor, Max. Volte amanhã de novo, para vê-lo. Você acha que posso ficar afastado três dias? Bem... se houver novidade, você sabe onde me encontrar... Voltamos hoje para Santa Catarina, mas não vamos para casa imediatamente... embora minha mulher já esteja querendo voltar. Acho que se decepcionou com... o casamento.

ESTER RIU E ARRANCOU O TELEFONE DE SUA MÃO.

ESTER  -  Mentira, Dr. Max. Mentira dele. Só disse que podíamos dar uma passada em casa e depois iríamos para nossa lua-de-mel improvisada, aí mesmo, em Florianópolis. Mas ele é muito egoísta e não quer os parentes, nem os amigos! Como ele é dominador, tenho de submeter-me à sua vontade. Mas estou muito feliz... com o casamento!

CORTA PARA:


CENA 4  -  MANSÃO DE OTTO MULLER  -  ESCRITÓRIO DE OTTO  -  INTERIOR  -  DIA

GODOY DE CASTRO POSSUÍA A ALMA DO MAU JORNALISTA, PREOCUPADO NÃO COM A INFORMAÇÃO SENSATA E PURA DOS ACONTECIMENTOS, MAS COM A REPERCUSSÃO MALDOSA DAS INVENCIONICES ASSACADAS CONTRA AQUELES DE QUEM NÃO  GOSTAVA. E CYRO VALDEZ OCUPAVA A CABEÇA DA LISTA DOS SEUS DESAFETOS. O JORNALISTA HÁ SEMANAS TENTAVA SABER O NOME DO DOADOR DO CORAÇÃO DE OTTO. INSINUARA-SE NOS MEIOS HOSPITALARES E MÉDICOS DA CAPITAL, USARA ARTIFÍCIOS, DINHEIRO, MAS OBTIVERA ÊXITO. FOI QUASE SEM QUERER QUE TOMOU CONHECIMENTO DA EXISTENCIA DO PROFESSOR SPINEZZI. E ESTIMULADO POR PAULUS, CONSEGUIU REALIZAR A REPORTAGEM QUE JULGAVA FUNDAMENTAL PARA  A DESTRUIÇÃO DA FAMA E DO RENOME INTERNACIONAL DO CIRURGIÃO CYRO VALDEZ.

NO ESCRITÓRIO DE OTTO MULLER, COM OS PÉS EM CIMA DA MESA DE MÁRMORE, O ADVOGADO ACABARA DE LER A MATÉRIA E SORRIA SATISFEITO. ENTREGOU O JORNAL AO DR. MAX.

PAULUS  -  Veja este depoimento de um médico paulista. Muito grave, por sinal. Leia, por favor.

O MÉDICO COMEÇOU A LER, ENQUANTO A EMPREGADA CONCEIÇÃO ENCHIA OS COPOS, PREPARANDO DOSES DE UÍSQUE. OUVIA AENTA, A PRINCÍPIO SEM COMPREENDER E AOS POUCOS PERTURBANDO-SE COM AS PALAVRAS DO MÉDICO. MAX LIA EM VOZ ALTA, A PEDIDO DO ADVOGADO.

MAX  -  “Cirurgião condena transplante e acusa Dr. Cyro Valdez. – O Professor Geraldo Spinezzi, da Universidade de São Paulo, condenou hoje o Dr. Cyro Valdez, acusando-o de buscar popularidade, mediante o transplante do coração que, em última análise – diz ele – foi realizado à custa do sacrifício da vida de um homem. De um pobre homem. A fim de conseguir um coração vivo, pulsando, que é essencial para a citada operação, o Dr. Cyro Valdez inventou a “morte cerebral”, afirmando que o cérebro do doador estava destruído e a morte era iminente. Mas hoje todos os centros neurológicos do mundo contestam essa teoria absurda. Em primeiro lugar – prossegue o cientista paulista – o eletroencefalograma apagado não é sinal de morte iminente, principalmente num prazo de duas horas, como quer o Dr. Cyro Valdez. Dizer que o coração é ressuscitado no receptor é confessar uma eutanásia por omissão. Então, por que não ressuscitá-lo no doador? O professor observa que o eletro, para significar morte, tem de ser nulo. Na massa encefálica e não no couro cabeludo. Durante 24 horas e não apenas duas. Lembra ainda os numerosos casos de acidentados, com eletrochoques, que depois de vários dias, se recuperaram inteiramente. Por tudo isso, o Professor Spinezzi garante que no caso do paciente do Dr. Cyro Valdez, o doador teve o coração retirado em vida. O que constitui um crime.”

A NEGRA CONCEIÇÃO MAL PODIA SUSTENTAR-SE EM PÉ.

PAULUS  -  (apoiou-se na palavra final do especialista de São Paulo) O que constitui um crime. Na opinião do professor Spinezzi, o Dr. Cyro é um criminoso.

DR. MAX  -  Feriu a ética. Deve e vai ser punido pela Ordem. É uma opinião muito particular, dele. Não é a opinião geral. E ele não tem condições de contradizer Barnard, Zerbini e outros cirurgiões de renome internacional. Este médico é, decididamente contra transplantes. Já é conhecido. Não é seu primeiro depoimento, neste sentido. Apenas faz aí algumas considerações de ordem pessoal, que atingem a honra de um profissional como o Dr. Cyro Valdez.

PAULUS  -  Mas sua opinião torna-se muito válida, quando se trata de respeitar uma vida humana. Se ele acusa o Dr. Cyro Valdez de ter arrancado o coração do doador ainda com vida e diz que poderia haver uma possibilidade do homem viver... o senhor há de convir que se trata de um crime!

O MÉDICO COMEÇAVA A DEMONSTRAR NERVOSISMO, DIANTE DA ARGUMENTAÇÃO INSISTENTE DO ADVOGADO.

DR. MAX  -  O Dr. Cyro estava certo de que não havia a mínima possibilidade de sobrevivência. Para isso são feitos testes.

GODOY  -  (que se mantinha silencioso, no findo da sala) Nós sabemos. Mas o Professor acusa-o de não ter esperado o tempo suficiente. Esperou apenas duas horas... quando, necessariamente, seriam precisas 24 horas.

DR. MAX  -  Este médico... não pode dizer uma coisa dessas! Se o resultado da prova foi nulo em duas horas... é porque o homem já estava clinicamente morto!

PAULUS  -  Pode convencer ao senhor, que é favorável ao transplante. Mas... convencerá à família do morto, por exemplo?

DR. MAX  -  Repito, senhores. Esta declaração não faz sentido. É capciosa, leviana, mal intencionada. E só tem um propósito: destruir a boa reputação do Dr. Cyro Valdez. Com licença!

O MÉDICO DEIXOU O APOSENTO, VISIVELMENTE CONTRARIADO.

CORTA PARA:

CENA 5  -  FLORIANÓPOLIS  -  HOSPITAL  -  SALA DE REUNIÕES  -  INTERIOR  -  DIA

A CAMPANHA COMEÇARA. E NOS DIAS SEGUINTES OS JORNAIS ABRIRAM ESPAÇOS E MANCHETES PARA FOCALIZAR O QUE JÁ QUALIFICAVAM DE “CRIME CIENTÍFICO”. NO RÁDIO E NA TELEVISÃO, O NOME DE CYRO VALDEZ TORNARA-SE UM SINÔNIMO DE AVENTUREIRO DA CIENCIA. E OS DIRETORES DOS ÓRGÃOS DE IMPRENSA EXIGIAM UMA ENTREVISTA COLETIVA COM O MÉDICO PARA TIRAR A LIMPO O QUE REALMENTE ACONTECERA. COMEÇAVAM, INCLUSIVE, A ESPECULAR E EXIGIR A REVELAÇÃO DO NOME DO DOADOR. O DIRETOR DO HOSPITAL RESOLVEU DAR UM PARADEIRO NA CAMPANHA E A MUITO CUSTO OBTEVE A APROVAÇÃO DE CYRO VALDEZ. ELE ACEITAVA AVISTAR-SE COM OS JORNALISTAS, DESDE QUE SUAS PALAVRAS NÃO FOSSEM DISTORCIDAS E ELES NÃO VOLTASSEM A SOLICITAR NOVOS DEPOIMENTOS.

O DR. MAX OLHOU A SALA DE REUNIÕES DO HOSPITAL. REPLETA DE REPÓRTERES, FOTÓGRAFOS, CINEGRAFISTAS E HOMENS DE MICROFONE EM PUNHO, TESTANDO FITAS E GRAVADORES.

DR. MAX  -  Boa tarde, senhores. O Dr. Cyro Valdez já chegou ao hospital e irá, em seguida, conceder a entrevista aos senhores. Ele vai falar sobre o transplante que realizou nesta casa e mostrar aos senhores a prova definitiva... de que não existia no doador a mínima condição de sobreviver.

CYRO VALDEZ ENTROU TRANQUILO, SEGUIDO POR UM HOMEM POUCO CONHECIDO NA CAPITAL: MESTRE JONAS. O PESCADOR PROCUROU UM CANTO ONDE PUDESSE PERMANECER DESPERCEBIDO.

O CIRURGIÃO CUMPRIMENTOU OS JORNALISTAS, ENQUANTO ESPOCAVAM FLASHES E AS LUZES OFUSCANTES DO APARELHAMENTO DE ILUMINAÇÃO DA TV ENCHIAM DE CLARIDADE SOLAR O RECINTO DE ESTUDOS E DEBATES DO HOSPITAL.

DR. CYRO  -  Estou aqui para me defender. Fiquem à vontade.

GODOY DE CASTRO ABRIU O ROL DE PERGUNTAS.

GODOY  -  Dr. Cyro, em primeiro lugar, qual era o estado do paciente, isto é, do doador, no momento em que foi realizado o transplante?

CYRO  -  Apresentava lesões cerebrais que tornavam impossível a sua recuperação. Em outras palavras... ele se encontrava cerebralmente morto.

GODOY  -  Isto foi uma opinião sua, no momento, ou um fato comprovado?

CYRO  -  Era um fato comprovado pelo eletroencefalograma.

GODOY  -  Foi tentada alguma cirurgia para salvá-lo?

CYRO  -  Não, porque o eletro era nulo.

UM DOS REPÓRTERES PEDIU UM ESCLARECIMENTO.

REPÓRTER  -  O senhor pode explicar, em palavras simples, o que quer dizer um eletroencefalograma nulo?

CYRO  -  É muito simples. É quando a linha traçada pela agulha não apresenta ondulação de espécie alguma. É uma linha reta.

REPÓRTER  -  E o que é um eletroencefalograma chato?

CYRO  -  É quando essa linha apresenta ligeiras ondulações, quase imperceptíveis. E é esse o equívoco do Dr. Spinezzi. Ele  julga que o último eletro do doador era chato e não nulo. E, nesse caso levanta a hipótese de que o paciente poderia ter alguma chance, mesmo remota, de recuperação. Eu não vou discutir esse assunto com os senhores. Vou apenas provar que o Dr. Spinezzi agiu levianamente. Tenho em meu poder (mostrou dois envelopes brancos) o último eletro realizado no doador e, como os senhores verão, ele é absolutamente nulo, não restando qualquer dúvida de que o paciente morreria dentro de algumas horas. (abriu o envelope que tinha nas mãos, retirou o exame e mostrou-o aos jornalistas) Faço questão de que cada um dos senhores o examine, detidamente.

À MEDIDA QUE OS REPÓRTERES O EXAMINAVAM, AS EXPRESSÕES SE TRANSMUDAVAM E UMA ONDA DE COCHICHOS ENCHEU A SALA.

CYRO  -  (intrigado) O que há? Não estão entendendo?

GODOY  -  Não estamos, mesmo. Pelo que o senhor nos explicou, este não é um eletro nulo!

CYRO  -  (aproximou-se do grupo, tomou o eletro das mãos do repórter e analisou-o) Não... não é esse! Trocaram o eletro!

GODOY TROCOU OLHARES IRÔNICOS COM OS COLEGAS E PRESSENTIU A DERROTA DO HOMEM A QUEM ODIAVA.

GODOY  -  Como é que trocaram, Dr. Cyro? Não estavam em seu poder?

CYRO  -  Estavam... estavam no meu cofre particular, no meu consultório!

DR. MAX  -  O que aconteceu, Cyro?

CYRO  -  Veja isto, Dr. Max! Eu não entendo!

DR. MAX  -  (admirado) Não é o resultado verdadeiro!

POR UM MOMENTO OS MÉDICOS FICARAM PERPLEXOS E NÃO PERCEBERAM QUE O ENVELOPE COM O NOME DO DOADOR CAÍRA AOS PÉS DE GODOY DE CASTRO. O REPÓRTER RECOLHEU O PAPEL E LEU EM VOZ ALTA, PARA QUE TODOS OUVISSEM, NA SALA.

GODOY  -  O nome do doador é... aqui está... Senhor Marques... apenas um sobrenome. Marques... acidentado no dia 20 de maio de 1968, traumatismo craniano.

CYRO  -  Sim... não há engano. O envelope é do doador. Mas este resultado do exame é falso.

REPÓRTER  -  (exaltado) Não é possível! Como é isso?

CYRO  -  Só posso explicar como... como uma troca de exames. Eu vou averiguar... o que está acontecendo, senhores. Com licença.

CYRO DEIXOU A SALA SOB OS OLHARES DESCONFIADOS DO GRUPO.

IMEDIATAMENTE, GODOY CORREU AO TELEFONE. DISCOU O NÚMERO DA RESIDENCIA DE OTTO MULLER.

GODOY  -  Dr. Paulus? Olha, o senhor vai cair de costas! Podemos conversar?

PAULUS  -  Fale!

GODOY  -  Aconteceu um troço, rapaz! O Dr. Cyro Valdez está perdido, arrasado, graças a Deus! Já era, o imbecil!

PAULUS  -  Fale logo!

GODOY  -  Ninguém sabe como, nem por que... mas os exames que podiam comprovar a impossibilidade de sobrevivência do doador... desapareceram. Pelo menos ele afirma que desapareceram. O que ele mostrou foi um exame com possibilidade de vida!

PAULUS BATEU PALMAS DE ALEGRIA E SEUS OLHOS BRILHARAM COM A NOTÍCIA.

PAULUS  -  Incrível! Como pode ter acontecido?

GODOY  -  Ah... outra grande descoberta. Eu já tenho o nome... ou melhor... o sobrenome do doador! Vi no envelope dos exames. Um tal senhor Marques, ou Marquês, não sei!

PAULUS  -  Ótimo! Excelente nova! Venha jantar conosco hoje. Otto e Lia se casam.

FIM DO CAPÍTULO 67


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