domingo, 9 de outubro de 2011

IRMÃOS CORAGEM -Capítulo 76


Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair 

CAPÍTULO 76
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DELEGADO FALCÃO
SINHANA
MARGARIDA
JOÃO
JERÔNIMO
DEOLINDA
DIANA / MARIA DE LARA
DALVA

CENA 1  -  COROADO  -  DELEGACIA  -  INT.  -  DIA.

Os homens foram chegando, um a um. E depois de se apresentarem ao delegado, recebiam armas e munição. Diogo Falcão reuniu o grupo para transmitir as instruções demoradamente planejadas.


DELEGADO FALCÃO  -  Vamos ajeitar tudo quanto é voluntário que queira me acompanhar nessa caçada. Agora, sou eu que vou na frente. Quero agarrar o João, eu mesmo. Pra mim, chega de tapeação. Chega de prejudicar minha carreira, meu bom nome... por causa de um sentimento impossível. (falava como se conversasse consigo mesmo. Resmungava)  Quando tiver de ser, vai ser na raça. Já me enchi com esse cara. Agora, tou falando com vocês. (aumentou o tom de voz)  Presta atenção: vou fazer um juramento pra mim mesmo. Vou trazer João de volta. Vou botá as mãos nele, vivo ou morto!  (abriu a porta da delegacia e saiu, acompanhado dos policiais e voluntários, arregimentados em Coroado e nas povoações próximas)  Vamos lá! Vamos ver os outros!

CORTA PARA:

CENA 2  -  CASA DO RANCHO CORAGEM  -  SALA  -  INT.  -  DIA.

Sinhana acabara de entregar a xícara de café ao filho. Quentinho e forte, com pouco açúcar, como ele gostava.


SINHANA  -  Tu num tem medo, filho?

JOÃO  -  De morrê? Gosto da vida, mãe. Mas, gosto muito de vivê bem, com minha dignidade. Pra vivê assim, pouco tou me importando.

SINHANA  -  E o que é que tu pretende fazê?

JOÃO  -  Tou lutando... pra podê vivê como quero.

Por entre as dobras da cortina, olhou mais uma vez a parte externa do rancho. Tudo silencio. Calma até na copa das árvores. O vento aliara-se á tranquilidade que caía sobre as terras de Coroado. Nos céus a lua se escondera numa nuvem triste. Sinhana lembrou-se da razão de tudo.

SINHANA  -  Onde será que foi pará o diamante, filho?

JOÃO  -  Sumi, ele não sumiu, velha. Deve de tá com alguém, em alguma parte deste mundo. E eu vou achá ele.

SINHANA  -  Olha, eu tou contigo. Só num gosto desse negócio de roubá e matá.

JOÃO  -  (revoltado)  Ninguém vai fazê isso, mãe.  Essa é a minha lei! Ninguém faz isso ou é excomungado pra sempre.

SINHANA  -  Eu confio em ocê, filho (falou, acarinhando o rosto do filho. A barba tomava-lhe três quartas partes da cara. A linha dos lábios desaparecia no meio dos cabelos negros. Sinhana tornou a falar)  Que é que tu qué que eu faça pra te ajudá?

JOÃO  -  Mãe, a gente tem que tê dinheiro pra garantir nossa sobrevivência. Eu tenho o direito no garimpo que é meu e de meu irmão Jerônimo. Não posso trabalhá na minha parte. Preciso de alguém que trabalhe pra mim...

SINHANA  -  (encarou, firme, o olhar do filho)  Eu vou garimpá procê, filho! Vou sim. Graças a Deus, tenho dois braço bem forte.

CORTA PARA:

CENA 3  -  COROADO  -  ASSOCIAÇÃO DOS GARIMPEIROS  -  INT.  -  DIA.

Na sede da Associação, a azáfama chegava ao auge. Os garimpeiros movimentavam-se num vaivém incessante, batendo pregos e serrando ripas de madeira, para construir a cabina secreta. As eleições deveriam realizar-se dali a horas. Jerônimo cessara a campanha, para ajudar nos preparativos e enquanto tratava de ajeitar a mesa e o local determinado, Margarida e a mãe colaboravam nos trabalhos de decoração.


MARGARIDA  -  Você hoje está tão sério... se aborreceu ontem de noite?

JERÔNIMO  -  Não é pra menos... Depois daquela cena do mano...

MARGARIDA  -  Não se preocupe. Todo mundo está sabendo que você não tem nada a ver com os atos do seu irmão. Até mamãe (olhou para a senhora ao lado)  já andou tirando essa idéia da cabeça de muita gente, hoje.

JERÔNIMO  -  Sua mãe confia em mim?

MARGARIDA  -  Claro. Confia muito mais... depois que eu disse a ela... aquelas coisas que você me revelou, ontem. Se lembra?

Jerônimo parou um pouco o trabalho e segurou a mão de Margarida.

JERÔNIMO  -  Que eu quero me casar com você?

MARGARIDA  -  É. Ela ficou satisfeita. E você sabe, papai era um homem muito querido, um ótimo prefeito. Se mamãe apoiar você, antes das eleições... se a gente ficar noivo... sua vitória é certa.

Margarida jogara as cartas. Abrira os trunfos diante dos olhos do namorado. Jerônimo sorriu, compreendendo a jogada. A dupla se entendia perfeitamente. A esposa do falecido prefeito aproximava-se, sorridente.

DEOLINDA  -  Jerônimo, estamos fazendo tudo por você, meu filho. Acho que só você mesmo pode substituir meu finado Jorginho, que Deus o guarde!

JERÔNIMO  -  Obrigado, Dona Deolinda! Muito obrigado!

O pensamento do garimpeiro voava por terras distantes. A prefeitura serviria de plataforma para vôos mais largos.

CORTA PARA:

CENA 4  -  CABANA DA FLORESTA  -  INT.  -  NOITE.

 
A cena fôra rápida na cabana afastada da floresta onde Diana deitara-se para repousar. Ainda não tinha mudado de roupa. Meditava tranquilamente, fitando o teto de telhas gastas pela ação do tempo. Era como se uma voz, um eco, vinda do fundo do infinito, gritasse pelo seu nome. Diana assustou-se.


VOZ  -  (off)  Diana! Diana!

DIANA  -  (erguendo o busto)  Quem é?

VOZ  -  (off)  Você só faz coisas erradas!

DIANA  -  (insistiu, agitada)  Quem está falando?

VOZ  -  (off)  Não importa quem está falando. Você é atrevida, petulante, cínica. Você não tinha o direito de decidir o destino de Lara. Você fez muito mal em tomar aquela atitude.

DIANA  -  Não é Lara quem está falando?

VOZ  -  (off)  Não. Não é Lara.

DIANA  -  Quem é, então? Quem é?

Num átimo a mulher levantou-se e circulou pela choupana á procura da dona da voz misteriosa. O teto parecia rodar. O chão dançava sob seus pés. Gritou, atordoada, e caiu desfalecida sobre o barro amarelado que cobria quase toda a área diamantífera de Coroado. Diana dormia serena, com o rosto de encontro ao barro sêco.


CORTA PARA:

CENA  5  -  CABANA NA FLORESTA  -  INT.  -  NOITE.

Os criados, apesar do medo oriundo da lenda que envolvia a trágica história da casa da floresta, correram a avisar à irmã do coronel. Alguém havia gritado durante alguns minutos; depois tudo voltara ao silencio. E a voz era de mulher. Dalva reuniu alguns serviçais e se encominhou para o local, á luz de archotes. Lutando contra o terror que lhe afetava os nervos, entrou na casinha lúgubre. À luz de um candeeiro, avistou o corpo inanimado da sobrinha. Aflita, ergueu-a, amparando-a no colo. Lara abriu os olhos, de olheiras roxas, e, incontinenti, pressionou a nuca com a mão direita. A expressão era pura e doce. Bem diferente do ar doidivanas da outra personalidade.


DALVA  -  Que é que você tem, filha? Que foi que aconteceu?

MARIA DE LARA  -  Só uma dor de cabeça forte... já está passando.

Lara olhou em volta, espantada, e procurou explicação. Dalva percebeu a indecisão da moça.

DALVA  -  Você estava caída aqui...

MARIA DE LARA  -  Eu... nem sei o que fazia neste lugar.

O jeito e as atitudes da moça confirmaram as suposições da tia. Era Lara, de novo. Diana deixara de comandar, partira para os mistérios do desconhecido interior. Lara vivia e era o que importava.


DALVA  -  Lara! Até que enfim...

MARIA DE LARA  -  Acho que dormi um pouco.

DALVA  -  Vamos embora.  Você precisa descansar. É muito tarde. Mais de meia-noite.

A jovem observou os vestidos no chão, rasgados e amarrotados.

MARIA DE LARA  -  Quem fez isso?

DALVA  -  Não sei. Depois comnversaremos. Vai tomar o sedativo e descansar.

Lara não conseguia tirar os olhos das roupas espalhadas no lençol de barro. Mais adiante, num velho móvel, os olhos da moça pousaram num papel estranhamente dobrado. Perto uma caneta esferográfica.

O bilhete fôra redigido numa caligrafia harmoniosa, de traços bem desenhados. Lembrava a letra de Maria de Lara, mas não era a dela. A filha de Pedro Barros leu. Sua expressão sofria sucessivas transformações. Ora de espanto, ora de temor. Vez por outra, de incredulidade.

MARIA DE LARA  -  (perguntou, entregando o papel á tia)  Quem escreveu?

DALVA  -  (leu alto)  “A soluçaõ é tão fácil, a cura tão lógica. Por que vocês não a encontram? Por que deixar uma criatura á mercê de Diana, que vai destruí-la aos poucos?”

MARIA DE LARA  -  Titia, o que significa isso? Quem escreveu este bilhete?

DALVA  -  Como posso saber, Lara? Se nem sei o que se passou aqui. (mostrou as roupas destroçadas)  Quem destruiu estas roupas de Diana?

MARIA DE LARA  -  Não sei. Não sei de nada.

Dalva examinou outra vez o papel, aproximando-se mais do lampião.

DALVA  -  Esta letra é a mesma... do primeiro bilhete...

MARIA DE LARA  -  (assentiu, balançando a cabeça)  Sim, parece... mas é a minha letra! Seja quem for que escreveu isso, está querendo me ajudar, não acha?

DALVA  -  Eu acho que por hoje, chega. Vamos guardar este bilhete para mostrar ao Dr. Rafael.

MARIA DE LARA  -  O mais estranho em tudo isso... é que eu sinto uma sensação de paz... como se nada tivesse acontecido de mal. A cabeça passou... e eu estou calma. Veja  (estendeu as mãos).

FIM DO CAPÍTULO 76
Dalva (Mirian Pires)

E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

*** BRAZ É PRESO. JOÃO TEM UM ENCONTRO CHEIO DE MÁGOAS COM LARA, E A ACUSA DE TER ENTREGUE BRAZ À POLICIA. POR FIM, PEDE A SEPARAÇÃO.

*** LOURENÇO REAPARECE. RECEBE UMA CARTA DE ESTELA E É SUPREENDIDO POR BRANCA, QUE AMEAÇA ENTREGÁ-LO AO DELEGADO.

*** É DIVULGADO O RESULTADO DAS URNAS E JERÔNIMO É ELEITO O NOVO PREFEITO DE COROADO!


NÃO PERCA O CAPÍTULO 77 DE

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