Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 92
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
DR. RAFAEL
MARIA DE LARA
PEDRO BARROS
DALVA
FAUSTO PAIVA
DAMIÃO
DUDA
LOURENÇO
CENA 1 - COROADO - CLUBE DE JOGOS - INT. - NOITE.
Daquela vez a dor de cabeça superara as anteriores. Era como se um estilete houvesse penetrado em seu cérebro. Dor cegante. Fortíssima. Diana perdeu os sentidos em poucos segundos.
O telefonema levou o coronel e o Dr. Rafael ao clube do Souza, ainda conturbado pela presença inesperada do grupo de foragidos.
A moça havia recuperado os sentidos e ajeitava femininamente os cabelos, num coque jeitoso e informal.
DR. RAFAEL - Por favor...
A moça voltou-se, sorriu com meiguice, mostrando dentes claros e certos. Havia um quê inteiramente inédito em seus gestos e movimentos. Não parecia Lara. E muito menos Diana.
MARIA DE LARA - Desculpe-me. Estava distraída.
O médico percebeu tudo. Uma terceira personalidade apoderara-se da moça e – quem sabe? – talvez de forma definitiva.
DR. RAFAEL - Quero que cumprimente este senhor (disse, apresentando o coronel).
MARIA DE LARA - (estendeu-lhe a mão) Muito prazer... o senhor é...
DR. RAFAEL - Pedro Barros...
PEDRO BARROS - E ela... quem é... desta vez?
MARIA DE LARA - (respondeu sorrindo) Eu sou Márcia!
O tempo parou no ambiente tenso. Rafael suava.
PEDRO BARROS - Márcia... quem é Márcia?
MARIA DE LARA - Sou Márcia, apenas. Isto não lhe basta? (perguntou com naturalidade).
PEDRO BARROS - Você é minha filha!
MARIA DE LARA - Lamento, mas creio que o senhor está enganado. E se me dá licença... (afastou-se, deixando o local).
PEDRO BARROS - (puxou do lenço e enxugou o suor que lhe caía do rosto) Que quer dizer isto, doutor? Que feitiço o senhor fez pra ela? Que sujeita é essa... tão firme... tão diferente das outras... que apareceu de repente?
DR. RAFAEL - Confesso que meu espanto não foi menor do que o seu, quando ela apareceu. Apesar de esperar que isso acontecesse a qualquer momento.
PEDRO BARROS - (mostrou-se interessado) Como esperava? Me explica! Não entendo nada!
DR. RAFAEL - Seu Barros... “Márcia” já havia se manifestado três vezes antes... não pessoalmente, mas por atitudes... e por cartas. Da primeira vez ela salvou a vida de Lara, recorda-se? Da segunda, ela deixou um bilhete sugerindo a cura... foi o mesmo que sugerir que se chamasse por ela. E a terceira vez foi a carta serena e firme que ela escreveu ao João, apontando soluções lógicas, que se tivessem sido obedecidas teriam resolvido o problema de ambos. Agora... ela decidiu aparecer... e foi a coisa mais espantosa que já vi até hoje.
PEDRO BARROS - Foi isso, então?
DR. RAFAEL - Exatamente. Quem é, por que apareceu, de onde veio... eu ainda não sei. Só sei que é a manifestação de uma mulher até então desconhecida, que demonstra capacidade de poder e de julgamento bem adultos, uma mulher firme, serena e confiante, que nada tem em comum nem com Lara, nem com Diana. (diminuiu a voz e fez a proposta que pretendia) Eu lhe peço permissão para levá-la agora mesmo para minha clínica, onde ficará sob rigorosa observação e estudo.
PEDRO BARROS - (aquiesceu, com a cabeça baixa e as mãos entrelaçando-se) Tem toda a minha permissão. Eu até prefiro. Quero mesmo que ninguém tome conhecimento disso É uma coisa do outro mundo e acho que ninguém vai compreender. Leva ela, doutor, vela ela e só me devolve ela curada. E das três mulheres que dominam ela, eu juro... gostei muito mais dessa tal de Márcia. Seja quem for... não me incomodo, porque me parece que essa fulana... tem mais juízo. Pelo menos ela não falou nenhuma vez em João.
DR. RAFAEL - É uma observação interessante. Ela de fato não mencionou nenhuma vez o nome do marido.
PEDRO BARROS - Isso é bom. Isso é mesmo bom! Vai, leva ela, doutor.
CORTA PARA:
CENA 2 - RIO DE JANEIRO - CLÍNICA DO DR. RAFAEL - QUARTO - INT. - DIA.
E o médico cumpriu o prometido. O quarto de paredes brancas era um convite ao descanso, á tranquila meditação. Lá fora, muito ao longe, a cidade em rebuliço, entrecortada de ruídos os mais diversos. Na clínica de repouso Lara, ou Diana, ou Márcia... sorria com meiguice.
DR. RAFAEL - Conhece esta senhora?
MARIA DE LARA - Certamente. Ela, com certeza, é que não me conhece.
DALVA - (cumprimentou-a indecisa) Alô... como está passando?
MARIA DE LARA - Muito bem. E a senhora? (mudou ràpidamente de assunto, dirigindo-se ao médico) Ah, doutor, estive na redação de um jornal. E, com a sua apresentação, parece que vou conseguir um lugar de repórter.
DR. RAFAEL - (bateu palmas de satisfação) Ótimo. Só que você não deve se comprometer agora. Pelo menos para trabalhar durante os próximos meses.
MARIA DE LARA - Por que, doutor?
DR. RAFAEL - Eu só posso responder esta pergunta... a Lara. É com Lara que eu preciso falar, agora. Você me deixaria falar com ela, Márcia?
MARIA DE LARA - Prometi não criar obstáculos. O que é que devo fazer para isso?
Sem dizer palavra, o médico deitou-a num sofá com travesseiro fino e baixo.
DR. RAFAEL - Apenas... deve obedecer às minhas ordens (disse, enquanto girava as mãos diante dos seus olhos. Minutos depois chamou-a com energia) Lara!
Como que por encanto, o rosto torturado de Lara acordou para a vida. Trêmula, insegura, incerta.
MARIA DE LARA - Doutor... tia Dalva... o que é que eu estou fazendo aqui?
DR. RAFAEL - Está em tratamento, Lara. (segurou as mãos da mulher entre as suas, insuflando-lhe confiança) Eu tenho uma revelação a lhe fazer, minha filha.
MARIA DE LARA - Qual, doutor?
DR. RAFAEL - Você vai ser mãe, Lara!
CORTA PARA:
CENA 3 - SÃO PAULO - PARQUE SÃO JORGE - CONCENTRAÇÃO - INT. - DIA.
Fausto Paiva percorreu o Parque São Jorge de ponta a ponta. Todas as portas fechadas. A enfermaria com dois ou três jogadores jogando damas. No barzinho, diretores reunidos e na quadra de basquete a maior parte dos craques a divertir-se numa animada pelada de salão. Duda, nada.
FAUSTO PAIVA - (perguntou a Damião) Tem uma idéia de onde ele possa ter ido?
DAMIÃO - Sei lá. Amanhã é o casamento do irmão dele, o tal prefeito de Coroado. Mas ele não ia fazer a loucura de fugir e abandonar o jogo do mesmo dia. Ele me parece muito desnorteado com aquele sujeito que viu um dia na joalheria...
FAUSTO PAIVA - (lembrou-se do episódio) O morto-vivo? Como é mesmo a história?
DAMIÃO - Duda cismou que viu um sujeito que já morreu. O fulano que dizem que o irmão matou.
FAUSTO PAIVA - (com seu jeitão grosseiro) Está é doido! (incrédulo) Precisa é de um tratamento psiquiátrico!
DAMIÃO - Ele é bem capaz de ter fugido para voltar àquele hotel.
FAUSTO PAIVA - (aborrecido) Que hotel?
DAMIÃO - Um hotelzinho vagabundo, perto da Estação da Luz.
CORTA PARA:
CENA 4 - SÃO PAULO - HOTEL CONFÔRTO - CORREDOR - INT. - DIA.
E, realmente, perto da Estação da Luz, Duda parou á frente do edifício. Leu o nome: Hotel Confôrto, pintado em letras vivas. Entrou, empurrando a porta de vaivém. Era ali. Quarto 26-A. Bateu à porta.
VOZ - (off) Quem é?
DUDA - (imitando sotaque paulista) Garçom!
VOZ - Não pedi nada! (disse o homem, entreabrindo a porta).
CENA 5 - SÃO PAULO - HOTEL CONFÔRTO - QUARTO - INT. - DIA.
Com um rápido empurrão com o bico do sapato, Duda forçou entrada no aposento. A ação inesperada pegou desprevenido o homem que se encontrava ali. Duda segurou-o fortemente pela camisa e olhou-o dentro dos olhos.
DUDA - Era você, desgraçado! Era você!
Lourenço aplicou-lhe um gancho de direita, aproveitando o momento de surpresa. Duda caiu sobre o lençol amarfanhado da cama de ferro. Num átimo, o ladrão escapuliu pela porta aberta.
CORTA PARA:
CENA 6 - SÃO PAULO - HOTEL CONFORTO - CORREDOR - INT. - DIA.
Fausto Paiva e Damião esbarraram com o homem no corredor. Desalinhado, com os cabelos despenteados e resfolegante.
FAUSTO PAIVA - Estamos procurando um rapaz...
HOMEM - O jogador? Entrem. Está aqui.
CENA 7 - SÃO PAULO - HOTEL CONFÔRTO - QUARTO - INT. - DIA.
Duda continuava estirado na cama, desacordado.
DAMIÃO - O que foi isso?
Correram até o rapaz, Fausto amparando-lhe a cabeça.
FAUSTO PAIVA - Duda! Duda!
HOMEM - (procurava explicar, balbuciante) Esse... cara... cismou comigo... chega aqui... me agride... cismando que sou não sei quem. Eu tive que me defender. Ia até chamar a polícia.
O treinador bateu com a mão aberta no rosto do rapaz. Uma... duas... três vezes. Várias vezes. Duda movimentou as pálpebras e abriu os olhos, sonolento.
DUDA - (levantando o tórax) Cadê aquele patife?
DAMIÃO - Quem, Duda?
DUDA - Lourenço D’Ávila. Eu lutei com ele. Tava quase dando conta dele.
O técnico apontou, com um dedo grosso o comparsa do falso morto.
FAUSTO PAIVA - Você lutou com esse homem.
HOMEM - É... foi... comigo!
De um salto o jogador se pôs de pé e encarou o desconhecido. Agarrou-o pelo paletó, com força.
DUDA - Não. Não foi ele. Tava quase dando conta do outro. Foi com Lourenço. Na certa enquanto eu estive desmaiado eles fizeram uma trama e o outro escapuliu. Mas não deve estar longe, Seu Fausto. (fez menção de sair).
FAUSTO PAIVA - (com azedume) Rapaz, vou mandar te examinar a cuca. Vamos indo! (ordenou enérgico).
DUDA - Esperem. Eu lutei com Lourenço. Eu dei nele. Tenho certeza.
HOMEM - Não me chamo Lourenço, moço. Meu nome é Ernesto Bianchinni.
FAUSTO PAIVA - Acho que o negócio é mais sério do que eu pensava. Deve ter sido aquela bolada na cabeça, no último jogo.
Duda gritava como um possesso, enquanto Fausto e Damião o arrastavam para fora.
DUDA - Eu volto, ouviu? Eu volto! E venho com a polícia!
Quando todos saíram, Lourenço apareceu, vindo do interior do banheiro.
LOURENÇO - O negócio tá se complicando. O jogador me viu... Agora, a gente tem que dá um jeito nele. Um jeito definitivo... compreendeu?
Daquela vez a dor de cabeça superara as anteriores. Era como se um estilete houvesse penetrado em seu cérebro. Dor cegante. Fortíssima. Diana perdeu os sentidos em poucos segundos.
O telefonema levou o coronel e o Dr. Rafael ao clube do Souza, ainda conturbado pela presença inesperada do grupo de foragidos.
A moça havia recuperado os sentidos e ajeitava femininamente os cabelos, num coque jeitoso e informal.
DR. RAFAEL - Por favor...
A moça voltou-se, sorriu com meiguice, mostrando dentes claros e certos. Havia um quê inteiramente inédito em seus gestos e movimentos. Não parecia Lara. E muito menos Diana.
MARIA DE LARA - Desculpe-me. Estava distraída.
O médico percebeu tudo. Uma terceira personalidade apoderara-se da moça e – quem sabe? – talvez de forma definitiva.
DR. RAFAEL - Quero que cumprimente este senhor (disse, apresentando o coronel).
MARIA DE LARA - (estendeu-lhe a mão) Muito prazer... o senhor é...
DR. RAFAEL - Pedro Barros...
PEDRO BARROS - E ela... quem é... desta vez?
MARIA DE LARA - (respondeu sorrindo) Eu sou Márcia!
O tempo parou no ambiente tenso. Rafael suava.
PEDRO BARROS - Márcia... quem é Márcia?
MARIA DE LARA - Sou Márcia, apenas. Isto não lhe basta? (perguntou com naturalidade).
PEDRO BARROS - Você é minha filha!
MARIA DE LARA - Lamento, mas creio que o senhor está enganado. E se me dá licença... (afastou-se, deixando o local).
PEDRO BARROS - (puxou do lenço e enxugou o suor que lhe caía do rosto) Que quer dizer isto, doutor? Que feitiço o senhor fez pra ela? Que sujeita é essa... tão firme... tão diferente das outras... que apareceu de repente?
DR. RAFAEL - Confesso que meu espanto não foi menor do que o seu, quando ela apareceu. Apesar de esperar que isso acontecesse a qualquer momento.
PEDRO BARROS - (mostrou-se interessado) Como esperava? Me explica! Não entendo nada!
DR. RAFAEL - Seu Barros... “Márcia” já havia se manifestado três vezes antes... não pessoalmente, mas por atitudes... e por cartas. Da primeira vez ela salvou a vida de Lara, recorda-se? Da segunda, ela deixou um bilhete sugerindo a cura... foi o mesmo que sugerir que se chamasse por ela. E a terceira vez foi a carta serena e firme que ela escreveu ao João, apontando soluções lógicas, que se tivessem sido obedecidas teriam resolvido o problema de ambos. Agora... ela decidiu aparecer... e foi a coisa mais espantosa que já vi até hoje.
PEDRO BARROS - Foi isso, então?
DR. RAFAEL - Exatamente. Quem é, por que apareceu, de onde veio... eu ainda não sei. Só sei que é a manifestação de uma mulher até então desconhecida, que demonstra capacidade de poder e de julgamento bem adultos, uma mulher firme, serena e confiante, que nada tem em comum nem com Lara, nem com Diana. (diminuiu a voz e fez a proposta que pretendia) Eu lhe peço permissão para levá-la agora mesmo para minha clínica, onde ficará sob rigorosa observação e estudo.
PEDRO BARROS - (aquiesceu, com a cabeça baixa e as mãos entrelaçando-se) Tem toda a minha permissão. Eu até prefiro. Quero mesmo que ninguém tome conhecimento disso É uma coisa do outro mundo e acho que ninguém vai compreender. Leva ela, doutor, vela ela e só me devolve ela curada. E das três mulheres que dominam ela, eu juro... gostei muito mais dessa tal de Márcia. Seja quem for... não me incomodo, porque me parece que essa fulana... tem mais juízo. Pelo menos ela não falou nenhuma vez em João.
DR. RAFAEL - É uma observação interessante. Ela de fato não mencionou nenhuma vez o nome do marido.
PEDRO BARROS - Isso é bom. Isso é mesmo bom! Vai, leva ela, doutor.
CORTA PARA:
CENA 2 - RIO DE JANEIRO - CLÍNICA DO DR. RAFAEL - QUARTO - INT. - DIA.
E o médico cumpriu o prometido. O quarto de paredes brancas era um convite ao descanso, á tranquila meditação. Lá fora, muito ao longe, a cidade em rebuliço, entrecortada de ruídos os mais diversos. Na clínica de repouso Lara, ou Diana, ou Márcia... sorria com meiguice.
DR. RAFAEL - Conhece esta senhora?
MARIA DE LARA - Certamente. Ela, com certeza, é que não me conhece.
DALVA - (cumprimentou-a indecisa) Alô... como está passando?
MARIA DE LARA - Muito bem. E a senhora? (mudou ràpidamente de assunto, dirigindo-se ao médico) Ah, doutor, estive na redação de um jornal. E, com a sua apresentação, parece que vou conseguir um lugar de repórter.
DR. RAFAEL - (bateu palmas de satisfação) Ótimo. Só que você não deve se comprometer agora. Pelo menos para trabalhar durante os próximos meses.
MARIA DE LARA - Por que, doutor?
DR. RAFAEL - Eu só posso responder esta pergunta... a Lara. É com Lara que eu preciso falar, agora. Você me deixaria falar com ela, Márcia?
MARIA DE LARA - Prometi não criar obstáculos. O que é que devo fazer para isso?
Sem dizer palavra, o médico deitou-a num sofá com travesseiro fino e baixo.
DR. RAFAEL - Apenas... deve obedecer às minhas ordens (disse, enquanto girava as mãos diante dos seus olhos. Minutos depois chamou-a com energia) Lara!
Como que por encanto, o rosto torturado de Lara acordou para a vida. Trêmula, insegura, incerta.
MARIA DE LARA - Doutor... tia Dalva... o que é que eu estou fazendo aqui?
DR. RAFAEL - Está em tratamento, Lara. (segurou as mãos da mulher entre as suas, insuflando-lhe confiança) Eu tenho uma revelação a lhe fazer, minha filha.
MARIA DE LARA - Qual, doutor?
DR. RAFAEL - Você vai ser mãe, Lara!
CORTA PARA:
CENA 3 - SÃO PAULO - PARQUE SÃO JORGE - CONCENTRAÇÃO - INT. - DIA.
Fausto Paiva percorreu o Parque São Jorge de ponta a ponta. Todas as portas fechadas. A enfermaria com dois ou três jogadores jogando damas. No barzinho, diretores reunidos e na quadra de basquete a maior parte dos craques a divertir-se numa animada pelada de salão. Duda, nada.
FAUSTO PAIVA - (perguntou a Damião) Tem uma idéia de onde ele possa ter ido?
DAMIÃO - Sei lá. Amanhã é o casamento do irmão dele, o tal prefeito de Coroado. Mas ele não ia fazer a loucura de fugir e abandonar o jogo do mesmo dia. Ele me parece muito desnorteado com aquele sujeito que viu um dia na joalheria...
FAUSTO PAIVA - (lembrou-se do episódio) O morto-vivo? Como é mesmo a história?
DAMIÃO - Duda cismou que viu um sujeito que já morreu. O fulano que dizem que o irmão matou.
FAUSTO PAIVA - (com seu jeitão grosseiro) Está é doido! (incrédulo) Precisa é de um tratamento psiquiátrico!
DAMIÃO - Ele é bem capaz de ter fugido para voltar àquele hotel.
FAUSTO PAIVA - (aborrecido) Que hotel?
DAMIÃO - Um hotelzinho vagabundo, perto da Estação da Luz.
CORTA PARA:
CENA 4 - SÃO PAULO - HOTEL CONFÔRTO - CORREDOR - INT. - DIA.
E, realmente, perto da Estação da Luz, Duda parou á frente do edifício. Leu o nome: Hotel Confôrto, pintado em letras vivas. Entrou, empurrando a porta de vaivém. Era ali. Quarto 26-A. Bateu à porta.
VOZ - (off) Quem é?
DUDA - (imitando sotaque paulista) Garçom!
VOZ - Não pedi nada! (disse o homem, entreabrindo a porta).
CENA 5 - SÃO PAULO - HOTEL CONFÔRTO - QUARTO - INT. - DIA.
Com um rápido empurrão com o bico do sapato, Duda forçou entrada no aposento. A ação inesperada pegou desprevenido o homem que se encontrava ali. Duda segurou-o fortemente pela camisa e olhou-o dentro dos olhos.
DUDA - Era você, desgraçado! Era você!
Lourenço aplicou-lhe um gancho de direita, aproveitando o momento de surpresa. Duda caiu sobre o lençol amarfanhado da cama de ferro. Num átimo, o ladrão escapuliu pela porta aberta.
CORTA PARA:
CENA 6 - SÃO PAULO - HOTEL CONFORTO - CORREDOR - INT. - DIA.
Fausto Paiva e Damião esbarraram com o homem no corredor. Desalinhado, com os cabelos despenteados e resfolegante.
FAUSTO PAIVA - Estamos procurando um rapaz...
HOMEM - O jogador? Entrem. Está aqui.
CENA 7 - SÃO PAULO - HOTEL CONFÔRTO - QUARTO - INT. - DIA.
Duda continuava estirado na cama, desacordado.
DAMIÃO - O que foi isso?
Correram até o rapaz, Fausto amparando-lhe a cabeça.
FAUSTO PAIVA - Duda! Duda!
HOMEM - (procurava explicar, balbuciante) Esse... cara... cismou comigo... chega aqui... me agride... cismando que sou não sei quem. Eu tive que me defender. Ia até chamar a polícia.
O treinador bateu com a mão aberta no rosto do rapaz. Uma... duas... três vezes. Várias vezes. Duda movimentou as pálpebras e abriu os olhos, sonolento.
DUDA - (levantando o tórax) Cadê aquele patife?
DAMIÃO - Quem, Duda?
DUDA - Lourenço D’Ávila. Eu lutei com ele. Tava quase dando conta dele.
O técnico apontou, com um dedo grosso o comparsa do falso morto.
FAUSTO PAIVA - Você lutou com esse homem.
HOMEM - É... foi... comigo!
De um salto o jogador se pôs de pé e encarou o desconhecido. Agarrou-o pelo paletó, com força.
DUDA - Não. Não foi ele. Tava quase dando conta do outro. Foi com Lourenço. Na certa enquanto eu estive desmaiado eles fizeram uma trama e o outro escapuliu. Mas não deve estar longe, Seu Fausto. (fez menção de sair).
FAUSTO PAIVA - (com azedume) Rapaz, vou mandar te examinar a cuca. Vamos indo! (ordenou enérgico).
DUDA - Esperem. Eu lutei com Lourenço. Eu dei nele. Tenho certeza.
HOMEM - Não me chamo Lourenço, moço. Meu nome é Ernesto Bianchinni.
FAUSTO PAIVA - Acho que o negócio é mais sério do que eu pensava. Deve ter sido aquela bolada na cabeça, no último jogo.
Duda gritava como um possesso, enquanto Fausto e Damião o arrastavam para fora.
DUDA - Eu volto, ouviu? Eu volto! E venho com a polícia!
Quando todos saíram, Lourenço apareceu, vindo do interior do banheiro.
LOURENÇO - O negócio tá se complicando. O jogador me viu... Agora, a gente tem que dá um jeito nele. Um jeito definitivo... compreendeu?
FIM DO CAPÍTULO 92
Dr. Rafael (Renato Master) e Maria de Lara (Gloria Menezes) |
e no próximo capítulo...
*** Pedro Barros e o Delegado Falcão fotografam no bosque o encontro amoroso de Jerônimo e Potira!
*** A igreja de Coroado estava lotada para o casamento de Jerônimo e Lídia, quando João entrou, surprendendo a todos, para assistir o enlace do irmão!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 93 DE
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