Roteirizado por Toni Figueira
do original de Janete Clair
CAPÍTULO 82
PARTICIPAM DESTE CAPÍTULO:
JERÔNIMO
POTIRA
PEDRO BARROS
JUCA CIPÓ
RODRIGO
DUDA
PAULA
DAMIÃO
CENA 1 - GARIMPO - GRUNA - INT. - DIA.
Não havia saída. A água minava por terras e rochas, e começava a empoçar-se e a penetrar, perigosamente, no interior da gruna. A qualquer instante o resto podia ruir. Jerônimo escavava á procura de áreas menos compactas onde pudesse trabalhar com as mãos, afastando a parede de detritos que obstruiam a entrada. Mais ao fundo, Potira encolhia-se, trêmula de frio e emoção. Depois de alguns minutos o jovem voltou, sombrio.
JERÔNIMO - Tamo perdidos. A gente vai morrer mesmo aqui dentro.
POTIRA - É mesmo sem esperança?
JERÔNIMO - Sem esperança. Ninguém vai adivinhar que a gente tá aqui. Logo, logo, a água do rio vai subir e tomar conta da gruna. Só isso tá sustentando (apontou a viga no teto) Num vai aguentar mais que algumas horas. O rio vem por cima de nós.
POTIRA - Se num vier o rio... a gente morre sem ar!
JERÔNIMO - É. É isso. Se não vem a água, a gente morre sem ar.
POTIRA - Se a gente vai morrê... por que, então... a gente num morre junto? (sugeriu, estendendo os braços morenos na direção do homem a quem amava).
Jerônimo deu alguns passos, lentos, encaminhando-se para o seu lado. Ajoelhou-se e tomou as mãos da jovem entre as suas.
JERÔNIMO - Morrê!
POTIRA - Já que a gente num se amô na vida, Deus deu o direito de se amá na morte! (puxou-o para mais perto) Vem! Agora sou tua, toda. A morte uniu nós dois. E eu bendigo ela... que fez tu voltá pra mim... e a gente é um do outro... um no coração do outro. (Jerônimo debruçou-se, por inteiro, sobre o corpo da mulher. Respirações ofegantes, os lábios procuravam-se, enquanto as mãos descobriam regiões desconhecidas. Potira balbuciava) Um no pensamento do outro... sem nada, nem a natureza pra impedi... que eu seja tua... e tu seja meu... pra sempre... pra sempre... pro resto da vida... e além da morte.
Enquanto os corpos se uniam, o vento soprava em fúria e as águas desabavam sobre a terra, encharcando-a. O temporal assumia aspecto aterrador.
Por um momento os olhos de Jerônimo fitaram a viga no teto. As horas tinham passado como num filme e com a cabeça apoiada no colo da mulher, ele apercebia-se da situação. Potira alisava-se o cabelo, ainda úmido.
POTIRA - Que horas deve de sê, agora?
JERÔNIMO - Num tenho a menor idéia.
Ela levantou os olhos para o teto, num movimento gracioso. Havia satisfação no olhar da mestiça.
POTIRA - A viga tá guentando.
JERÔNIMO - Não vai aguentar muito mais!
POTIRA - (beijando os lábios do amante) Se a gente saí daqui... o que vai acontecê?
JERÔNIMO - Não pensei nisso... da gente sair. Juro que eu só pensei na morte. Mas... acontece que eu não quero morrer!
De um instante para outro, Jerônimo estava de pé, nervoso, ajeitando as vestes. Cruzou os poucos metros que o distanciavam da entrada da gruna. Tornou a fazer uma tentativa de remover os destroços..
JERÔNIMO - Eu quero viver! (bradou inquieto) Droga! Por que não vem alguém pra tirar a gente daqui? Abram essa joça! (gritou enlouquecido, batendo com os punhos cerrados nas paredes rochosas) Abram esta joça! (Potira observava-lhe as reações com um misto de medo e pena).
As horas passavam. Sentado com a cabeça apoiada nos joelhos, Jerônimo cismava. Sentia fome e sêde e sabia que a companheira também sofria. De repente, um ruído fraco chegou aos ouvidos de ambos. O rapaz encostou o rosto aos escombros. Alguém cavava, cèleremente, do lado de fora. Ele levantou as mãos, agitado, e voltou-se para a mulher.
JERÔNIMO - Tá ouvindo?
POTIRA - Tão cavando!
JERÔNIMO - É... tão cavando! Já sabem que a gente tá aqui! Grita... e pergunta alguma coisa! (ordenou, apertando o braço da mestiça) Grita!
POTIRA - Tão me ouvindo? (a voz saía-lhe fraca. Tornou a gritar) Tão me ouvindo? Responde! Tão me ouvindo?
Como se proveniente do fundo do inferno, a voz de Pedro Barros colheu os ouvidos atentos do casal.
PEDRO BARROS - Calma! Tou ouvindo, sim! Tenha calma! Vamos tirar ocê daí!
CORTA PARA:
CENA 2 - GARIMPO - GRUNA - INT. - DIA.
Os minutos voavam e os ruídos a cada instante se tornavam mais fortes. A terra começava a mover-se no interior da gruna. Potira tentou abraçar o amante. Jerônimo, num gesto rude, afastou os braços que começavam a envolver-lhe o pescoço.
POTIRA - Jeromo... o que foi?
JERÔNIMO - Há uma esperança... esperança da vida.
POTIRA - A gente vai sai daqui... vamo vivê. Jeromo! Vamo vivê, agora... os dois... sozinhos! Os dois... com o amor que a gente descobriu hoje. Agora... você me conhece toda... a gente é um do outro!
JERÔNIMO - (reagiu movido pela realidade) Acho que... ocê se enganou, Potira. A gente num pode viver roubando, viver traindo, viver destruindo... E eu nem sei como é que vou olhar pra minha cara num espelho! (desvencilhou-se grosseiramente da mulher, que tornava a procurar abraçá-lo) A gente sai daqui... cada um vai pro seu lado... pior do que antes! Mais afastado... do que antes! (a consciencia vergastava-o moralmente).
POTIRA - (súplice) Tu não me quer?
JERÔNIMO - Não... eu não quero. Tu vai voltar pro teu marido e ficar calada. Vai esquecer... isso... que aconteceu aqui. Faz de conta que o tempo parou e voltou a andar.
A voz do coronel cortou o diálogo como uma lâmina.
PEDRO BARROS - Potira! Tu tá me ouvindo?
JERÔNIMO - Responde!
POTIRA - Por que não responde tu?
JERÔNIMO - Porque ninguém precisa saber que eu tou aqui!
PEDRO BARROS - (insistia) Tá me ouvindo?
POTIRA - Tou! Tou ouvindo!
PEDRO BARROS - (fingia desconhecer a presença do rapaz) Tá sozinha?
POTIRA - Tou! Tou sozinha!
PEDRO BARROS - Já estamos perto. Paciencia!
A mestiça, trincando os dentes de raiva, voltou-se para o rapaz, que passeava nervoso no interior da gruta.
POTIRA - Pode se esconder. Eu não vou te comprometê.
JERÔNIMO - (vociferou, raivoso, contrariado pela insensatez da outra) É você, a tua honra, que eu quero salvar, não a mim!
Jerônimo parou por alguns segundos.
POTIRA - Eu te entendo... Covarde! Covarde!
A claridade do dia investia como um sopro de vida enchendo de luz o ambiente fúnebre da caverna em ponto pequeno. Jerônimo escapuliu por entre as rochas, escondendo-se numa reentrância ao fundo. Potira subiu, molemente, escorada ás rochas laterais, até alcançar o braço forte de um dos capangas do coronel. Pedro Barros recebeu-a com um sorriso velado. Ganhara um trunfo valioso para as partidas futuras. Com um olhar arredio devassou o fundo da gruta, negro e silencioso. Não lhe interessava outra atitude.
CORTA PARA:
CENA 3 - GARIMPO - GRUNA - EXT. - DIA.
Em meio á lama e ao barro escorregadio, Rodrigo abraçava a esposa, em desespero. O longo abraço era como que a certeza de que tudo não passara de um pesadelo. Rodrigo queria obter a confirmação, apertando a esposa entre os braços. Pedro Barros quebrou o silencio.
PEDRO BARROS - Bem, minha gente, graças a Deus, tudo acabou bem... mas a moça deu um susto muito grande...
JUCA CIPÓ - Não fosse eu... e tava tudo perdido!
Barros agarrou o filho pelo pescoço, carinhosamente.
PEDRO BARROS - Foi Juca que te salvou, moça.
RODRIGO - (apertou a mão do jagunço) Eu lhe agradeço... muito, Juca. Espero retribuir, um dia. Você tem em mim um grande amigo, deste momento em diante.
Enquanto os homens do coronel, Chico, Oto, Raimundo, recolhiam o material de trabalho – pás, picaretas, enxadas, etc. – Juca arriscava uma olhada no interior da gruna.
PEDRO BARROS - (chamou-o, àsperamente) Vamos, Juca. O homem tem razão pra se esconder. Se meteu num buraco... Vamos ver se ele consegue sair.
CORTA PARA:
CENA 4 - SÃO PAULO - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - DIA.
Roberto Carlos enchia de ritmo a sala moderna do apartamento de Duda. O LP girava e giravam as cabeças em compasso cadenciado, acompanhando o balanço da música jovem. Damião entregou-lhe um telegrama. Duda abriu, aflito. E num salto atlético, seguido de um grito alegre, anunciou aos presentes:
DUDA - Vou ler: “Criança nasceu maternidade São Félix pt Ritinha passando bem pt Felicitações Silvia Almeida”. A criança nasceu! Meu filho nasceu! Uááááááá!
PAULA - (sem erguer os olhos, interrogou, com desprezo) Filho... ou filha?
DUDA - Não disse... Dona Silvia não disse. Só diz criança... criança nasceu.
DAMIÃO - Parabéns, papai!
DUDA - (tomou um gole de bebida e solicitou um favor do amigo) Dami... me providencia uma passagem de avião. Vou ver Ritinha na maternidade.
DAMIÃO - Vai ver, Duda? Mas... se ela não quiser te receber? Sabe o quanto ela está zangada com você!
Eduardo levantou-se e girou em torno do sofá, passando as pernas por cima do encosto.
DUDA - Mesmo assim eu vou. Ela pode não querer me ver, mas eu tenho o direito de ver a criança. Eu sou o pai, não sou? Anda (deu um tapinha nas costas do amigo) vai ver uma passagem pra amanhã, bem cedo.
PAULA - (emergiu do silencio em que mergulhara) Ainda bem que teu filho fez um milagre. Você voltou a ser gente. Que se emociona, que se alegra, que sente.
DUDA - (batia palmas de contentamento) Pôxa! Pôxa vida... meu filho nasceu!
E NO PRÓXIMO CAPÍTULO...
*** DR. MACIEL RECEBE A NOTÍCIA DE QUE A NETA, GABRIELA, NASCEU.
*** PEDRO BARROS COMEÇA A CHANTAGEAR JERÔNIMO E EXIGIR QUE FAÇA TODAS AS SUAS VONTADES, OU VAI DESTRUIR A HONRA DE POTIRA!
Não havia saída. A água minava por terras e rochas, e começava a empoçar-se e a penetrar, perigosamente, no interior da gruna. A qualquer instante o resto podia ruir. Jerônimo escavava á procura de áreas menos compactas onde pudesse trabalhar com as mãos, afastando a parede de detritos que obstruiam a entrada. Mais ao fundo, Potira encolhia-se, trêmula de frio e emoção. Depois de alguns minutos o jovem voltou, sombrio.
JERÔNIMO - Tamo perdidos. A gente vai morrer mesmo aqui dentro.
POTIRA - É mesmo sem esperança?
JERÔNIMO - Sem esperança. Ninguém vai adivinhar que a gente tá aqui. Logo, logo, a água do rio vai subir e tomar conta da gruna. Só isso tá sustentando (apontou a viga no teto) Num vai aguentar mais que algumas horas. O rio vem por cima de nós.
POTIRA - Se num vier o rio... a gente morre sem ar!
JERÔNIMO - É. É isso. Se não vem a água, a gente morre sem ar.
POTIRA - Se a gente vai morrê... por que, então... a gente num morre junto? (sugeriu, estendendo os braços morenos na direção do homem a quem amava).
Jerônimo deu alguns passos, lentos, encaminhando-se para o seu lado. Ajoelhou-se e tomou as mãos da jovem entre as suas.
JERÔNIMO - Morrê!
POTIRA - Já que a gente num se amô na vida, Deus deu o direito de se amá na morte! (puxou-o para mais perto) Vem! Agora sou tua, toda. A morte uniu nós dois. E eu bendigo ela... que fez tu voltá pra mim... e a gente é um do outro... um no coração do outro. (Jerônimo debruçou-se, por inteiro, sobre o corpo da mulher. Respirações ofegantes, os lábios procuravam-se, enquanto as mãos descobriam regiões desconhecidas. Potira balbuciava) Um no pensamento do outro... sem nada, nem a natureza pra impedi... que eu seja tua... e tu seja meu... pra sempre... pra sempre... pro resto da vida... e além da morte.
Enquanto os corpos se uniam, o vento soprava em fúria e as águas desabavam sobre a terra, encharcando-a. O temporal assumia aspecto aterrador.
Por um momento os olhos de Jerônimo fitaram a viga no teto. As horas tinham passado como num filme e com a cabeça apoiada no colo da mulher, ele apercebia-se da situação. Potira alisava-se o cabelo, ainda úmido.
POTIRA - Que horas deve de sê, agora?
JERÔNIMO - Num tenho a menor idéia.
Ela levantou os olhos para o teto, num movimento gracioso. Havia satisfação no olhar da mestiça.
POTIRA - A viga tá guentando.
JERÔNIMO - Não vai aguentar muito mais!
POTIRA - (beijando os lábios do amante) Se a gente saí daqui... o que vai acontecê?
JERÔNIMO - Não pensei nisso... da gente sair. Juro que eu só pensei na morte. Mas... acontece que eu não quero morrer!
De um instante para outro, Jerônimo estava de pé, nervoso, ajeitando as vestes. Cruzou os poucos metros que o distanciavam da entrada da gruna. Tornou a fazer uma tentativa de remover os destroços..
JERÔNIMO - Eu quero viver! (bradou inquieto) Droga! Por que não vem alguém pra tirar a gente daqui? Abram essa joça! (gritou enlouquecido, batendo com os punhos cerrados nas paredes rochosas) Abram esta joça! (Potira observava-lhe as reações com um misto de medo e pena).
As horas passavam. Sentado com a cabeça apoiada nos joelhos, Jerônimo cismava. Sentia fome e sêde e sabia que a companheira também sofria. De repente, um ruído fraco chegou aos ouvidos de ambos. O rapaz encostou o rosto aos escombros. Alguém cavava, cèleremente, do lado de fora. Ele levantou as mãos, agitado, e voltou-se para a mulher.
JERÔNIMO - Tá ouvindo?
POTIRA - Tão cavando!
JERÔNIMO - É... tão cavando! Já sabem que a gente tá aqui! Grita... e pergunta alguma coisa! (ordenou, apertando o braço da mestiça) Grita!
POTIRA - Tão me ouvindo? (a voz saía-lhe fraca. Tornou a gritar) Tão me ouvindo? Responde! Tão me ouvindo?
Como se proveniente do fundo do inferno, a voz de Pedro Barros colheu os ouvidos atentos do casal.
PEDRO BARROS - Calma! Tou ouvindo, sim! Tenha calma! Vamos tirar ocê daí!
CORTA PARA:
CENA 2 - GARIMPO - GRUNA - INT. - DIA.
Os minutos voavam e os ruídos a cada instante se tornavam mais fortes. A terra começava a mover-se no interior da gruna. Potira tentou abraçar o amante. Jerônimo, num gesto rude, afastou os braços que começavam a envolver-lhe o pescoço.
POTIRA - Jeromo... o que foi?
JERÔNIMO - Há uma esperança... esperança da vida.
POTIRA - A gente vai sai daqui... vamo vivê. Jeromo! Vamo vivê, agora... os dois... sozinhos! Os dois... com o amor que a gente descobriu hoje. Agora... você me conhece toda... a gente é um do outro!
JERÔNIMO - (reagiu movido pela realidade) Acho que... ocê se enganou, Potira. A gente num pode viver roubando, viver traindo, viver destruindo... E eu nem sei como é que vou olhar pra minha cara num espelho! (desvencilhou-se grosseiramente da mulher, que tornava a procurar abraçá-lo) A gente sai daqui... cada um vai pro seu lado... pior do que antes! Mais afastado... do que antes! (a consciencia vergastava-o moralmente).
POTIRA - (súplice) Tu não me quer?
JERÔNIMO - Não... eu não quero. Tu vai voltar pro teu marido e ficar calada. Vai esquecer... isso... que aconteceu aqui. Faz de conta que o tempo parou e voltou a andar.
A voz do coronel cortou o diálogo como uma lâmina.
PEDRO BARROS - Potira! Tu tá me ouvindo?
JERÔNIMO - Responde!
POTIRA - Por que não responde tu?
JERÔNIMO - Porque ninguém precisa saber que eu tou aqui!
PEDRO BARROS - (insistia) Tá me ouvindo?
POTIRA - Tou! Tou ouvindo!
PEDRO BARROS - (fingia desconhecer a presença do rapaz) Tá sozinha?
POTIRA - Tou! Tou sozinha!
PEDRO BARROS - Já estamos perto. Paciencia!
A mestiça, trincando os dentes de raiva, voltou-se para o rapaz, que passeava nervoso no interior da gruta.
POTIRA - Pode se esconder. Eu não vou te comprometê.
JERÔNIMO - (vociferou, raivoso, contrariado pela insensatez da outra) É você, a tua honra, que eu quero salvar, não a mim!
Jerônimo parou por alguns segundos.
POTIRA - Eu te entendo... Covarde! Covarde!
A claridade do dia investia como um sopro de vida enchendo de luz o ambiente fúnebre da caverna em ponto pequeno. Jerônimo escapuliu por entre as rochas, escondendo-se numa reentrância ao fundo. Potira subiu, molemente, escorada ás rochas laterais, até alcançar o braço forte de um dos capangas do coronel. Pedro Barros recebeu-a com um sorriso velado. Ganhara um trunfo valioso para as partidas futuras. Com um olhar arredio devassou o fundo da gruta, negro e silencioso. Não lhe interessava outra atitude.
CORTA PARA:
CENA 3 - GARIMPO - GRUNA - EXT. - DIA.
Em meio á lama e ao barro escorregadio, Rodrigo abraçava a esposa, em desespero. O longo abraço era como que a certeza de que tudo não passara de um pesadelo. Rodrigo queria obter a confirmação, apertando a esposa entre os braços. Pedro Barros quebrou o silencio.
PEDRO BARROS - Bem, minha gente, graças a Deus, tudo acabou bem... mas a moça deu um susto muito grande...
JUCA CIPÓ - Não fosse eu... e tava tudo perdido!
Barros agarrou o filho pelo pescoço, carinhosamente.
PEDRO BARROS - Foi Juca que te salvou, moça.
RODRIGO - (apertou a mão do jagunço) Eu lhe agradeço... muito, Juca. Espero retribuir, um dia. Você tem em mim um grande amigo, deste momento em diante.
Enquanto os homens do coronel, Chico, Oto, Raimundo, recolhiam o material de trabalho – pás, picaretas, enxadas, etc. – Juca arriscava uma olhada no interior da gruna.
PEDRO BARROS - (chamou-o, àsperamente) Vamos, Juca. O homem tem razão pra se esconder. Se meteu num buraco... Vamos ver se ele consegue sair.
CORTA PARA:
CENA 4 - SÃO PAULO - APARTAMENTO DE DUDA - SALA - INT. - DIA.
Roberto Carlos enchia de ritmo a sala moderna do apartamento de Duda. O LP girava e giravam as cabeças em compasso cadenciado, acompanhando o balanço da música jovem. Damião entregou-lhe um telegrama. Duda abriu, aflito. E num salto atlético, seguido de um grito alegre, anunciou aos presentes:
DUDA - Vou ler: “Criança nasceu maternidade São Félix pt Ritinha passando bem pt Felicitações Silvia Almeida”. A criança nasceu! Meu filho nasceu! Uááááááá!
PAULA - (sem erguer os olhos, interrogou, com desprezo) Filho... ou filha?
DUDA - Não disse... Dona Silvia não disse. Só diz criança... criança nasceu.
DAMIÃO - Parabéns, papai!
DUDA - (tomou um gole de bebida e solicitou um favor do amigo) Dami... me providencia uma passagem de avião. Vou ver Ritinha na maternidade.
DAMIÃO - Vai ver, Duda? Mas... se ela não quiser te receber? Sabe o quanto ela está zangada com você!
Eduardo levantou-se e girou em torno do sofá, passando as pernas por cima do encosto.
DUDA - Mesmo assim eu vou. Ela pode não querer me ver, mas eu tenho o direito de ver a criança. Eu sou o pai, não sou? Anda (deu um tapinha nas costas do amigo) vai ver uma passagem pra amanhã, bem cedo.
PAULA - (emergiu do silencio em que mergulhara) Ainda bem que teu filho fez um milagre. Você voltou a ser gente. Que se emociona, que se alegra, que sente.
DUDA - (batia palmas de contentamento) Pôxa! Pôxa vida... meu filho nasceu!
FIM DO CAPÍTULO 82
Potira reencontra Rodrigo ao sair da gruna. |
*** DR. MACIEL RECEBE A NOTÍCIA DE QUE A NETA, GABRIELA, NASCEU.
*** PEDRO BARROS COMEÇA A CHANTAGEAR JERÔNIMO E EXIGIR QUE FAÇA TODAS AS SUAS VONTADES, OU VAI DESTRUIR A HONRA DE POTIRA!
NÃO PERCA O CAPÍTULO 83 DE
Nenhum comentário:
Postar um comentário